30/06/2011

50 anos de Vaticano II: os livros que temos e os que ainda nos faltam.

Depois de 50 anos de crise, muita gente já escreveu sobre ela. Grandes livros já foram traduzidos para o português e estão à nossa disposição. Da Editora Permanência, temos O Reno se lança no Tibre e Do liberalismo à Apostasia: a Tragédia Conciliar. Temos um estudo inicial, do Cardeal Alfredo Ottaviani, sobre a Missa Nova. Temos, da Editora Sétimo Selo, A Candeia Debaixo do Alqueire, que se encontra esgotado. Temos ainda o impressionante O Derradeiro Combate do Demônio,  do Padre John Kramer.

Mas nos faltam, em vernáculo, alguns importantes livros, que as editoras brasileiras bem poderiam pensar em editar até 2012, nos 50 anos de Vaticano II. 

Refiro-me primeiramente ao magistral Iota Unum, de Romano Amério. Esta obra de Amerio é fundamental para o entendimento dos frutos do Concílio. Está tudo lá, muito bem explicado, com os fundamentos filosóficos, teológicos e doutrinários de todas as mudanças ocorridas na Igreja depois do Concílio. Não há livro mais necessário para o entendimento da crise que este.

Depois temos a trilogia de Michael Davies: Cranmer’s Godly Order, Pope John’s Council e Pope Paul’s New Mass.

Esta trilogia é obra fundamental sobre a revolução litúrgica proporcionada pelo Vaticano II.  Esta trilogia ainda está em edição, pela Angelus Press.

Michael Davies, segundo depoimento de seu próprio filho, Adrian Davies, considerava esta trilogia como seu principal trabalho, dentre uma infinidade de outros. Certa vez, ano passado, entrei em contato com Adrian, por meio da Angelus Press, e ele me disse que os direitos autorais para o português estão disponíveis. Disse-me ainda que Michael Davies, se estivesse vivo, ficaria muito feliz por suas obras aparecerem em português, pelo carinho que ele tinha com Portugal. Na época, não consegui editora interessada na compra dos direitos e na tradução da trilogia.

Há ainda o grande livro de Marcel de Corte, A Inteligência em Perigo de Morte. Alguns trechos deste livro apareceram no jornal SIM SIM NÃO NÃO. Alguns textos de de Corte podem ser encontrados no sítio da Permanência. Mas é fundamental a tradução do livro!

Rezemos para que alguma editora católica brasileira se anime agora a empreender a tradução e edição destas obras indispensáveis sobre a crise da Igreja.

28/06/2011

Blog é acusado e se defende

Um leitor deixa o seguinte comentário ao post Chesterton versus Blatchford: a irracionalidade do racionalismo (comentário não publicado no post): Muito bom. Como sou fã de Chesterton, vou colocar em meu blog. Pena que não possa citar esse blog sem ressalvas, por causa da sua heresia tradicionalista. Como um comentário tão curto pode ser tão revelador de quem o faz! Aliás, o nome de seu blog – conforme seu perfil, blog aparentemente abandonado – já diz tudo; ele é liberal! 

Vê-se logo que ele não sabe nem o que é heresia, nem o que é Tradição. É de suspeitar que seja um católico, e um católico moderno (liberal!), que pensa que tudo tem de evoluir, inclusive a Teologia e a Liturgia. O próximo vídeo de Chesterton que o blog irá legendar o decepcionará; depois dele, o leitor também não irá citar Chesterton sem ressalvas. 

Aguarde, caro leitor, o vídeo em que Stanfod Nutting pergunta a Chesterton o que ele pensa da Nova Teologia, uma destas (porque elas são muitas) a que o senhor subscreve. Preste bem atenção na resposta de Chesterton; o senhor não perde por esperar. 

O senhor não sabe o que é heresia, portanto, recomendo-lhe o livro que traduzi: As Grandes Heresias, de Hilaire Belloc, um grande amigo de Chesterton. Aí do lado, o senhor encontrará um link para a compra do livro. 

Que o senhor acuse um católico de herético por ser tradicionalista – suponho que o senhor queira designar por este termo, um católico que defende a Tradição da Igreja contra os ataques que ela sofre desde dentro da própria Igreja – não me surpreende nem um pouco. A crise da Igreja produz tal sentimento em católicos criados pela cantilena do Vaticano II; a Tradição, para estes católicos, parece heresia e o modernismo, no qual eles estão inseridos até a alma, lhes parece a mais pura doutrina católica. Este é um dos aspectos mais cruéis da crise da Igreja.

Uma boa referência sobre o que é Tradição e como diferenciá-la de outras doutrinas heréticas é o livro de São Vicente de Lerins, Comonitório

Antes de finalizar, sendo o leitor um liberal, nada como ler “Liberalismo É Pecado”, de Dom Felix Sarda y Salvani (versão em espanhol aqui). 

Agora finalizando: este blog é mantido por um Católico Apostólico Romano, sem mais adjetivos. Isto já é por demais trabalhoso, para um pecador tão contumaz.

24/06/2011

50 anos de Vaticano II: Roma sabe que há muitos bispos hereges.

Alguns amigos me perguntaram, depois do post sobre o Arcebispo de Maringá, se não se devia escrever algo e enviar a Roma. Eu me mostrei um pouco desanimado e sugeri que rezássemos à Santíssima Virgem. 

Agora, D. Fellay confirma que Roma sabe que há bispos e padres hereges; e aos borbotões. Ele diz, em artigo do Fratres: “E eis as palavras que ouvimos da boca do Secretário da Congregação para a Fé [Arcebispo Luis Francisco Ladaria Ferrer, SJ]: ‘O senhor sabe, são os padres, os bispos, as Universidades Católicas que estão repletos de heresias!’ Aí está o que nos disse, em junho de 2009, o Secretário da Congregação para a [Doutrina da] Fé!Notem a expressão: repletos de heresias! 

Um leitor me enviou, em comentário já publicado, um vídeo (http://www.youtube.com/watch?v=Lf40OrusE-U&t=2m23s) de Dom Anuar Battisti, de Maringá, em que ele nega deslavadamente o dogma Extra Ecclesiam nulla sallus. 

E a CNBB vai comemorar 50 anos de abertura do Concílio Vaticano II. Será temerário dizer, 50 anos de heresia?

23/06/2011

50 anos de Vaticano II: Bispo nega o dogma Extra Ecclesiam nulla sallus.

Ainda com as palavras da maravilhosa Sequentia da Missa de Corpus Christi nos meus ouvidos (Lauda, Sion, Salvatorem, ... Laudis thema specialis/Panis vivus et vitalis/Hódie proponitur ...), composta por Santo Tomás de Aquino, fico sabendo, por minha amiga Ana Maria (que já noticiou em seu blog), que Dom Luiz Bergozini, em palestra no dia 20 próximo passado, negou o dogma EXTRA ECCLESIAM NULLA SALLUS, promulgado pelo IV Concílio de Latrão, em 1215.

Por volta dos 16 min. da palestra o bispo afirma: “A gente não pode dizer que só se salvam aqueles que são católicos”.

Como já fez com Dom Anuar, este blog vai ajudar Dom Bergozini e lembrar-lhe as determinações do IV Concílio de Latrão, em relação ao dogma por ele “esquecido”.

Diz o texto do Concílio, primeiro em latim e depois em português:
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Una vero est fidelium universalis Ecclesia, extra quam nullus omnino salvatur, in qua idem ipse sacerdos est sacrificium Iesus Christus, cuius corpus et sanguis in sacramento altaris sub speciebus panis et vini veraciter continentur, transubstantiatis pane in corpus, et vino in sanguinem potestate divina: ut ad perficiendum mysterium unitatis accipiamus ipsi de suo, quod accepit ipse de nostro.

Ora, existe uma Igreja universal dos fiéis, fora da qual absolutamente ninguém se salva, e na qual o mesmo Jesus Cristo é sacerdote e sacrifício, cujo corpo e sangue são contidos verdadeiramente no sacramento do altar, sob as espécies do pão e do vinho, pois que, pelo poder divino, o pão é transubstanciado no corpo e o vinho no sangue; de modo que, para realizar plenamente o mistério da unidade, nós recebemos dele o que ele recebeu de nós.
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Portanto, o texto do Concílio coloca magistralmente em relevo a estreitíssima ligação entre o dogma da salvação e o sacramento da Eucaristia. Vejam onde tocam as afirmações do bispo Bergozini, vejam a gravidade de suas palavras.

Que Nossa Senhora olhe por todos nós!

22/06/2011

Arcebispo de Maringá se desculpa por Brasil ser católico: vamos ajudá-lo

Dom Anuar Battist declara “que não nos cabe culpa pelo fato histórico de ser o povo brasileiro majoritariamente católico”. Achei a declaração muito limitada e resolvi ajudar o arcebispo a pedir desculpas direito; não fiquemos limitados ao Brasil, peçamos desculpas ao mundo pelo que fizeram nossos irmãos católicos ao longo do tempo.

Peçamos desculpas, em primeiro lugar, pelo Sangue de Nosso Senhor ter sujado os pátios e ruas de Jerusalém; pelo trabalho que demos aos flageladores de Jesus, que arrancaram pedaços de Sua Carne e acabaram com Seu Sangue. Desculpas pedimos a Pilatos, que tanto matutou, para depois trocar Jesus por Barrabás. Que problema de consciência lhe causamos!

Pedimos desculpas, a seguir, por sujar as ruas de Roma com o sangue daqueles que não aceitavam renegar Cristo. E olha que isto durou uns 300 anos e deve ter causado muita dor de cabeça para os garis da cidade; limpar todo aquele sangue!, que nojo! Houve o aspecto positivo, deve-se destacar, pois alimentamos muitos leões no Coliseu. Sem nossa carne os bichinhos dariam mais despesas ao Império e menos diversão aos pagãos.

Depois, temos de pedir desculpas por estabilizarmos as sociedades, quando o Império Romano ruiu. Quando as instituições desapareceram, só a Igreja sobrou para fazer todo o tipo de serviço; por isso pedimos desculpas. Aqueles bárbaros sanguinários que nossos santos converteram; por isso também pedimos desculpas. Pedimos desculpas também por preservar os costumes e os registros culturais da humanidade, quando ninguém dava a mínima para isso. Aqueles monges copistas ... Por falar em monge, pedimos desculpas para preservarmos todos os fundamentos da civilização nos mosteiros, fundamentos estes que iriam depois servir para construir o que chamamos de Civilização Ocidental.

Pedimos desculpas por criarmos as universidades, que nasceram das escolas paroquiais. Pedimos desculpas por criarmos a Ciência, por criarmos os hospitais e por lutarmos contra os mulçumanos, que hoje parecem estar conseguindo, finalmente, invadir e dominar a Europa, que não conta mais com nossa proteção, a proteção da Igreja. Pedimos desculpas por isso também.

Pedimos desculpas por esmagarmos os cátaros que, se tivessem dominado o sul da França, dominariam a França e o mundo e o destruiria em seguida.

Pedimos desculpas por criarmos toda a arte que vale este nome. Lembremos apenas do gótico que ainda nos tira o fôlego quando o contemplamos; e do canto gregoriano que nos eleva, até hoje, a uma atmosfera realmente espiritual.

Peçamos desculpas, para finalizar, pois a lista do mal que fizemos à humanidade não tem fim, pela filosofia tomista que, todos sabem, continua a ser a coisa mais terrível para a mente de quem a estuda!

Desculpa gente! Da próxima vez que vocês entrarem num hospital ou numa universidade, lembrem-se de nós, a culpa é nossa!

21/06/2011

Leitor insinua e blog responde

Um leitor me escreve para perguntar algumas coisas sobre Chesterton, mas começa com a seguinte insinuação: Sou um "herege" protestante, que crê que fora de Cristo não há salvação, esteja tal pessoa na Igreja Católica Romana ou numa denominação protestante. Mas meu ponto não é este. Veja o comentário completo, e parte de minha resposta, no post Leitor pergunta: Por que, Angueth, você é católico? 


Comento agora a frase inicial, que é antes uma insinuação, que não é “o ponto” que o protestante desejava enfatizar, mas que é exatamente O PONTO que mais me interessou no seu comentário. Meu ponto é justamente aquilo que não é o seu ponto, caro leitor.
Há algo em torno de 30.000 denominações protestantes no mundo, algumas das quais, apóiam o aborto, a eutanásia, o milenarismo profético que nos brinda a todo instante com datas do fim do mundo. Há denominações para todos os gostos. Creio que você admitiria que todos estes estivessem salvos.


Há os espíritas, que não são protestantes, mas também dizem acreditar em Jesus Cristo. Assim, também eles devem se salvar, segundo sua concepção. 

Há os budistas, que pregam o desapego do mundo, que também é uma doutrina da Igreja de Cristo, a única que salva, e que o protestantismo, em algumas denominações, ainda mantém. Assim, quem sabe Cristo não abre uma brechinha e salva este pessoal também?
Há também os ateus bem intencionados, que até admiram o Jesus histórico, e o consideram um grande homem; um cara bacana. Será que Deus, tão bom, deixaria estes simpáticos ateus do lado de fora

Dentre os ateus, há os ambientalistas, que são panteístas, que dizem que a natureza “é tudo de bom!”. Que a natureza é tudo de bom, nós também católicos dizemos sempre; está na Bíblia e na Tradição da Igreja; vocês protestantes não devem discordar disto. Então, quem sabe, estes ambientalistas não mereceriam um lugar no céu, um lugarzinho na beira de um rio, ao lado de uma cachoeira?  

Puxa!, acabo de concluir que TODOS JÁ ESTAMOS SALVOS, pela graça de Deus. Que bom ser protestante

Esta Igreja Católica é mesmo muito MEDIEVAL!

16/06/2011

Chesterton versus Blatchford: a irracionalidade do racionalismo

O debate que vai encenado abaixo jamais ocorreu face a face, mas se desenvolveu nas páginas do jornal Clarion, de Robert Blatchford, um comunista ateu muito influente em Londres no tempo de Chesterton. Chesterton escreveu quatro artigos, dos quais dois estão traduzidos neste blog (aqui e aqui), em resposta aos argumento de Blatchford. 

A essência dos argumentos de ambos os lados aparece na ótima encenação que legendamos abaixo. Divirtam-se!


14/06/2011

75 anos da morte de Chesterton

Hoje, há 75 anos, morria Chesterton. Maise Ward em seu Gilbert Keith Chesterton, conta-nos os últimos momentos. 

“Monsenhor Smith o ungiu (...) [Padre Vicente] foi levado ao quarto do doente e cantou sobre o moribundo a Salve Regina. Este hino a Nossa Senhora é cantado na Ordem Dominicana sobre todo frade moribundo e foi certamente apropriado ao biógrafo de Santo Tomás e um ardente devoto de Nossa Senhora: ‘Salve Regina, mater misericordiae, vita dulcedo e spes nostra salve (...) E Jesum bendictum fructum ventris tui nobis post hoc exsilium ostende (...)’ 

“A caneta de Gilbert jazia sobre a mesa ao lado de sua cama e padre Vicente a tomou e a beijou. 

“Era 14 de junho de 1936, o Domingo dentro da oitava de Corpus Christi, a Festa na qual ele fora recebido na Igreja, 14 anos antes.” 

O que se seguiu foi então uma manifestação mundial de pesar. Não só seus amigos íntimos, mas muitos desconhecidos se lamentaram nas ruas de Londres. Conta-se que um homem nos escritórios do Times teria exclamado, quando soube da morte de Chesterton: “Meu Deus! Mas este não é o nosso Chesterton, é?” Um policial, no seu funeral, teria confidenciado: “Todos nós teríamos vindo, se tivéssemos podido nos afastar de nossas obrigações. Ele era um grande homem.” 

Cardeal Pacelli (depois Pio XII) enviou telegrama ao Cardeal Hynsley, em nome de Pio XI: “Santo Padre profundamente contristado pela morte do Sr. Gilbert Keith Chesterton, devotado filho da Igreja, dotado defensor da Fé Católica. Sua Santidade oferece paternal simpatia ao povo da Inglaterra assegura orações para o querido falecido, concede Benção Apostólica.” 

Fiquemos aqui, para terminar esta singela homenagem que este blog presta ao grande escritor inglês, com o último parágrafo de sua Autobiografia, livro que ele terminou de escrever poucos meses antes de morrer. 

“Esta história, portanto, só pode terminar como qualquer história de detetive deve terminar, com suas questões particulares respondidas e com seu problema principal resolvido. Milhares de histórias totalmente diferentes, com problemas totalmente diferentes terminaram com seus problemas resolvidos. Mas para mim, meu fim é meu início, segundo citação de Mary Stuart feita por Maurice Baring, e esta irresistível convicção de que há uma chave que consegue abrir todas as portas me traz de volta à memória o primeiro vislumbre do glorioso dom dos sentidos; e a sensacional experiência da sensação. E levanta-se de súbito à minha frente, com a forma clara e definida de antigamente, a figura de um homem que atravessa uma ponte e leva uma chave; da mesma forma que o vi quando, pela primeira vez, olhei para o país das fadas através do visor do peep-show[1] de meu pai. Mas eu sei que aquele que é chamado Pontifex, o Construtor da Ponte, é também chamado Porteiro, o Portador da Chave; e que tais chaves lhe foram dadas para ligar e desligar quando ele era um pobre pescador de uma província distante, às margens de um mar quase secreto.”


[1] Caixinha cheia de figurinhas que são vistas através de um visor. (N. do T.)

08/06/2011

Blog recomenda Resposta Católica

Um amigo e irmão católico, que prefere não se identicar, criou um sítio que este blog recomenda: Resposta Católica.

05/06/2011

50 anos de Vaticano II: uma visão bem humorada da teologia conciliar

Já disse aqui que vou me preparar para os 50 anos do Vaticano II, lembrando seus frutos, que são, segundo o Nosso Senhor, o modo de discernir o bem e o mal. Hoje, temos um vídeo bem humorado, mas tristemente verdadeiro sobre a teologia conciliar e até da liturgira conciliar.

Uma nota prévia ao vídeo: note que a editora que publica o compêndio teológico pós-moderno é a Agnatius, em contraposição à editora Ignatius, que publica obras católicas de peso e que é também mencionada. Note também a referência a um compositor, Marty Haugen, de músicas litúrgicas pastosas, características da Missa Nova.


03/06/2011

Carlos Nougué mata a cobra e mostra o pau

Nougué comenta sobre a reforma ortográfica que nos foi imposta. Uma frase no início dá o tom da coisa toda:

(...) a língua seria como a realidade-rio de Heráclito: seria puro fluxo, a ponto de não se poder falar duas vezes a mesma língua... (...)

Acessem  A Reforma Ortográfica — um Acinte à Sensatez (I). É imperdível!

01/06/2011

Leitora discorda, blog explica

Acerca de meu post O Papa podia, pela graça de Deus, ter ficado calado. Agora é tarde!, uma leitora me envia um comentário que me parece merecer outro post. Ela me escreve dizendo, entre outras coisas (o comentário dela está publicado na íntegra no referido post): Seu post me pareceu mto presunçoso

A presunção, suspeito, deve se referir a um pobre católico ousar discordar do Papa. Bem, nisso eu estou bem acompanhado, pois foram muitos os católicos (muito mais importantes que eu) que discordaram do Sumo Pontífice. Aliás, não há proibição alguma em se fazer isso, quando um Papa emite uma opinião puramente pessoal; e neste caso, cara leitora, uma opinião que fere, muito lamentavelmente, a Doutrina de Sempre da Igreja. 

A leitora ainda diz: O papa não fez mais do que externar o que qualquer católico de bom senso é capaz de concluir analisando a lei de Deus. Sinto muitíssimo em discordar. Pois a lei de Deus diz justo o contrário. 

O Papa diz: “Pode haver casos pontuais, justificados, como por exemplo a utilização do preservativo POR UM PROSTITUTO, em que a utilização do preservativo possa ser um primeiro passo para a moralização, uma primeira parcela de responsabilidade para voltar a desenvolver a consciência de que nem tudo é permitido e que não se pode fazer tudo o que se quer”. 

O que faz meu amigo Sidney Silveira concluir, num excelente post A camisinha do ‘prostituto’ e o Papa, o que TODO CATÓLICO DE BOM SENSO há de concluir: Ninguém dá o primeiro passo para moralizar-se pecando, mas sim arrependendo-se do pecado. Isso deveria ser o feijão-com-arroz do mais fundamental catolicismo, e mesmo do mais fundamental bom senso. 

A leitora faz ainda uma defesa do “mal menor”; o Papa estaria defendendo um mal menor. Ora, só pensa isso quem se esquece ou não conhece os NOVÍSSIMOS, quem pensa que esse papo de INFERNO é baboseira dos medievais. Para quem está rumando para o abismo, tanto faz correr (sem camisinha), como andar (com camisinha). O abismo chegará e a alma se perderá. 

A leitora aduz: Comentários como o desse post, no limite da argumentação, levam a conclusões absurdas... Como "seria melhor, então que a prostituta transmitisse hiv". Não, cara leitora, seria melhor que a (o) prostituta (o) não o fosse. Não, cara leitora, seria melhor que o Papa tivesse dito que prostituição é pecado mortal que levará quem a pratica, com ou sem camisinha, para o INFERNO. E perante a consideração acerca do INFERNO qualquer discussão sobre o uso da camisinha é, permita-me dizer, lamentável. 

A leitora termina com a lembrança do infinito: Prostitutas aidéticas existirão por mto tempo e tantas outras situações em que usar camisinha será infinitamente melhor do que não usar. Com ou sem manifestações do papa. Infinitamente melhor para quem, cara pálida? O INFERNO existe e se alguém morrer em pecado mortal é para lá que vai, com AIDS ou sem AIDS. Como escolher um mal menor numa situação como esta

Por isso eu desejei que o Papa não tivesse dito nada.