23/02/2006
Quem é esse sujeito, e porque nunca ouvi falar dele?
Quem estiver curioso é só clicar aqui. Divirtam-se!
22/02/2006
As Besteiras de Holywood e seu Comunismo Chique
Quem quiser exorcizar as besteiras de Holywood e desmascarar seu comunismo chique tem poucas chances no Brasil.
Sugiro abaixo alguns links que podem ajudar a quem se interessar.
http://www.midiasemmascara.org/artigo.php?sid=4600
http://www.olavodecarvalho.org/semana/051212dc.htm
http://www.olavodecarvalho.org/semana/060206dc.htm
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17/02/2006
Como e Porque Estudar
Hoje em dia, está na moda dizer que devemos ser autodidatas. Há mesmo aqueles que afirmam que isso é o que as escolas deveriam ensinar. Lendo esses chavões modernos, chegamos a pensar que só os ‘sábios’ contemporâneos, com todas as ferramentas da moderna pedagogia, podem nos aconselhar, quando o assunto é o estudo e o aprendizado.
Se alguém quiser desfrutar de uma tradição de aconselhamento de como e porque estudar que remonta à Idade Média, convém começar com o ‘Opúsculo sobre o Modo de Aprender e de Meditar’ de Hugo de São Vitor (1096-1141), continuar com o ‘Sobre o Modo de Estudar (De Modo Studendi)’ de Santo Tomás de Aquino (1125-1274) e chegar ao nosso tempo com ‘Le Vie Intellectuelle’, escrito em 1934, por A.D. Sertillanges, um beneditino francês. Existe uma edição em inglês dessa obra, publicada pela CUA (Catholic University of America) Press, como o título ‘The Intellectual Life: Its Spirit, Conditions, Methods’.
O filósofo brasileiro Olavo de Carvalho tem se ocupado, freqüentemente, deste tema em seus artigos semanais em jornais brasileiros e em palestras em vários fóruns. Alguns deles são de aconselhamento, como este . Outros, são de análise da conjuntura atual, mas que inclui uma boa dose de conselhos sobre como estudar, como este. Alguns deles são longas digressões sobre a educação em geral, como este.
Voltando ao beneditino francês, seu livro é, de fato, um tesouro. Para dar uma pálida idéia do seu conteúdo, traduzo alguns trechos de seu prefácio, escrito pelo jesuíta James V. Schall, para a edição de 1998. A propósito, Padre Schall também escreveu um livro de conselhos sobre como estudar. Não o conheço, mas quem se interessar pode adquiri-lo aqui.
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Os prazeres e as dores do pensar
Uma vocação não é realizada por leituras vagas e escritos esparsos.
-- A.D. Sertillanges, Introdução à Edição de 1934
Muitos de nós, mais velhos, desejaríamos que, quando mais jovens, alguém nos tivesse falado sobre certas coisas, ou sobre certos livros que, freqüentemente, quando os analisamos em retrospectiva, teriam nos ajudado, tremendamente, no projeto de nossas vidas e, em particular, nos teriam ajudado a conhecer as coisas verdadeiras. Alguns desses livros são orientados ao que é verdadeiro, à realidade, ao que é, mas alguns deles são mais direcionados à questão do “como começar a conhecer?” (...)
Sertillanges oferece muito mais do que um bom começo. Ele, explicitamente, diz como começar, como ler e escrever, como disciplinar nosso tempo, de fato, como disciplinar nossa alma. Ele também se ocupa com a vida do espírito na qual a verdadeira vida intelectual existe. Talvez, já tenhamos ouvido de Aristóteles que somos animais racionais, que a vida contemplativa é algo a que devemos aspirar. Mas, praticamente ninguém nos diz o que isso significa, se isso é algo que está disponível a nós sob alguma condição que não nos é fácil compreender. Mas, mesmo que nós, vagamente, saibamos que a vida intelectual é uma vida elevada, sabemos muito pouco sobre o que tal vida nos poderia exigir. Estamos, também, conscientes que a sabedoria vem muito mais tarde na vida do que, inicialmente, suspeitávamos,. Mesmo assim, suspeitamos que haveria caminhos que nos ajudassem, se pelo menos nós os conhecêssemos. (...)
Este breve prefácio é, simplesmente, uma explicação da razão pela qual esse livro maravilhoso e útil deve estar, sempre, disponível e ser, permanentemente, consultado por jovens estudantes de graduação, de pós-graduação, pelo pessoal mais velho e, enfim, por todos. Toda vez que usei esse livro em sala de aula, usualmente quando lecionava um curso sobre Santo Tomás de Aquino, tive alunos de graduação que, posteriormente, me disseram lembrar do livro porque ele os ensinou muito sobre como continuar pondo em prática a curiosidade intelectual, de uma maneira efetiva, não meramente enquanto estudavam, mas ao longo de suas vidas.
À primeira vista, como já insinuei, esse é um livro incomum. Depois, ele se torna um livro tremendamente exigente. Sertillanges, meticulosamente, nos diz como tomar notas, como começar a escrever e a publicar, como organizar nossas anotações e com isso, nosso pensamento. Assim, usei a palavra incomum porque nós não usamos mais, como fez Sertillanges, canetas e máquinas de datilografia, mas computadores sofisticados e processos de impressão que o teriam impressionado. Mas, lembre-se que Tomás de Aquino, sobre quem Sertillanges escreveu tão bem e de cuja inspiração deriva este livro, teve, talvez, somente vinte e cinco anos de atividade produtiva no século XIII. Ele não teve nenhuma das facilidades que mesmo Sertillanges teve nos anos 20 do século XX. Mesmo assim, Aquino produziu uma quantidade, estonteante, de material brilhante e profundo.
Como ele o fez? É altamente duvidoso que ele tivesse escrito mais ou melhor se ele dispusesse do mais avançado computador. De fato, num certo sentido, isso poderia ter sido um obstáculo. Pois, Santo Tomás desenvolveu uma memória prodigiosa e uma fantástica capacidade de acesso a todo o conhecimento dos grandes escritores seus ancestrais, incluindo a Bíblia. Essa sabedoria foi adquirida às custas de livros e leitura, mesmo para Santo Tomás, mas ele sabia como fazer essas coisas. O que Sertillanges nos ensina é como, do nosso próprio jeito, imitar as lições que podemos encontrar no grande Dominicano medieval, sobre como desenvolver uma verdadeira vida intelectual, uma vida cheia de honestidade e oração, por meio de um trabalho diligente e, no final, uma vida com o deleite de conhecer.
Ao ler o livro de Sertillanges, não podemos evitar o sentimento de que ele está nos revelando alguns dos segredos da vasta produtividade e intuição de Santo Tomás. Há tantas horas num dia, numa semana, num mês. Sertillanges não nos pede para abrirmos mão de nossa vida cotidiana e nos devotarmos, completamente, à vida intelectual da maneira como Santo Tomás fez. Ao contrário, Sertillanges nos ensina, de uma forma prática, como podemos organizar nossas vidas a fim de adquirirmos uma base inicial sólida – com sorte, quando ainda somos jovens – e continuarmos a construir sobre essa firme fundação, pelo resto de nossos dias. Em resumo, Sertillanges nos ensina sobre hábitos, sobre disciplina, sobre, sim, produtividade e verdade. Ele pensa que podemos viver uma verdadeira vida intelectual se conseguirmos reservar uma ou duas horas diárias para uma busca séria das coisas superiores. Ele não sugere nada rígido ou inexeqüível. Além disso, quando falamos em termos de horas, tendemos a perder de vista ao que Sertillanges se refere.
Qualquer tipo de aprendizado, no início, exigirá um esforço penoso. Podemos chamá-lo de um tipo de trabalho. Precisamos chegar a ponto de nos deleitarmos pelo que estamos aprendendo, a ponto de ficarmos ansiosos para voltarmos para nossas considerações, ou escritos, ou reflexões sobre algum assunto. Qualquer coisa que existe é fascinante. Chesterton, cuja vida intelectual parece ter sido tão vibrante, certa vez observou que não há coisas desinteressantes, apenas pessoas desinteressadas. Grande parte desse desinteresse existe, precisamente, porque nunca aprendemos como ou porque enxergar o que está lá.
Sertillanges nos ensina a examinar nossas vidas. Ele não deixa de mencionar que nossas falhas morais, as sérias e as mais leves, podem, de fato, nos impedir de sermos livres o suficiente para enxergarmos o que não seja ‘nós mesmos’, para enxergarmos o que é. “Você deseja ter uma vida intelectual?” Sertillanges responde, em sua Introdução da edição de 1934. “Comece por criar dentro de si uma zona de silêncio.” Vivemos num mundo cercado por barulho, por um tipo de agitação que preenche nossos dias e noites. Temos tantas coisas para nos distrair, mesmo que, às vezes, pensamos que elas nos educam. Sertillanges tem certeza que temos tempo. Mas, ele, também, tem certeza que não notamos que temos tempo porque nossas vidas parecem ser ocupadas, saturadas. Encontramos tempo nos tornando, primeiramente, interessados, desejosos de saber. Sertillanges exige um exame de consciência tanto sobre nossos pecados, quanto sobre o uso do nosso tempo.
Uma vida intelectual, contemplativa, é, em si, cheia de atividade, mas atividade proposital, que quer saber e saber a verdade. O que, comumente, chamamos “intelectual” atualmente não é, provavelmente, o que Sertillanges tinha em mente quando ele falava de “vida intelectual”. Pode-se dizer que os intelectuais como classe, como Paul Johnson escreveu em seu livro “Os Intelectuais”, desenvolvem teorias e explicações, precisamente, como um produto de suas próprias desordens morais internas. Não devemos nunca esquecer que uma vida intelectual é uma vida perigosa. O maior de todos os pecados não se origina da carne mas do espírito, como dizia Agostinho. O mais brilhante dos anjos foi o anjo caído. Essas considerações sóbrias explicam porque gosto deste pequeno livro de Sertillanges. Ele não hesita em nos alertar sobre a relação íntima entre nosso conhecimento da verdade e o não direcionamento de nossa alma ao bem. A vida intelectual pode ser e, com freqüência, é uma vida perigosa. Mas, isso não é razão para negarmos sua glória. E Sertillanges é muito cuidadoso em nos direcionar para aquelas coisas que devem ser perseguidas porque elas nos explicam o que somos, nos explicam o mundo e Deus. (...)
Tendemos a pensar que a vida intelectual é alguma enorme intuição que vem a nós numa agradável manhã, enquanto nos barbeamos ou tomamos café. Sertillanges não nega que alguma intuição nos chega dessa forma. Mas, o curso normal das coisas exigirá, ao contrário, uma preocupação permanente em perseguir a verdade, em conhecer, em ser curioso sobre a realidade. (...)
Eu colocaria A Vida Intelectual sobre a escrivaninha de todo estudante sério e da maioria dos negligentes. De fato, Platão disse que nossas vidas não são “sérias” em comparação com a de Deus. Algo do relaxado lazer, daquela sensação de liberdade que vem com o conhecimento e com o desejo de conhecimento, é instilado em nossas almas por este livro. Sua mera presença em nossas escrivaninhas ou estantes é um estímulo constante, um lembrete visível de que a vida intelectual não é algo estranho, algo que não podemos, do nosso jeito, alcançar.
Se alguém quiser desfrutar de uma tradição de aconselhamento de como e porque estudar que remonta à Idade Média, convém começar com o ‘Opúsculo sobre o Modo de Aprender e de Meditar’ de Hugo de São Vitor (1096-1141), continuar com o ‘Sobre o Modo de Estudar (De Modo Studendi)’ de Santo Tomás de Aquino (1125-1274) e chegar ao nosso tempo com ‘Le Vie Intellectuelle’, escrito em 1934, por A.D. Sertillanges, um beneditino francês. Existe uma edição em inglês dessa obra, publicada pela CUA (Catholic University of America) Press, como o título ‘The Intellectual Life: Its Spirit, Conditions, Methods’.
O filósofo brasileiro Olavo de Carvalho tem se ocupado, freqüentemente, deste tema em seus artigos semanais em jornais brasileiros e em palestras em vários fóruns. Alguns deles são de aconselhamento, como este . Outros, são de análise da conjuntura atual, mas que inclui uma boa dose de conselhos sobre como estudar, como este. Alguns deles são longas digressões sobre a educação em geral, como este.
Voltando ao beneditino francês, seu livro é, de fato, um tesouro. Para dar uma pálida idéia do seu conteúdo, traduzo alguns trechos de seu prefácio, escrito pelo jesuíta James V. Schall, para a edição de 1998. A propósito, Padre Schall também escreveu um livro de conselhos sobre como estudar. Não o conheço, mas quem se interessar pode adquiri-lo aqui.
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Os prazeres e as dores do pensar
Uma vocação não é realizada por leituras vagas e escritos esparsos.
-- A.D. Sertillanges, Introdução à Edição de 1934
Muitos de nós, mais velhos, desejaríamos que, quando mais jovens, alguém nos tivesse falado sobre certas coisas, ou sobre certos livros que, freqüentemente, quando os analisamos em retrospectiva, teriam nos ajudado, tremendamente, no projeto de nossas vidas e, em particular, nos teriam ajudado a conhecer as coisas verdadeiras. Alguns desses livros são orientados ao que é verdadeiro, à realidade, ao que é, mas alguns deles são mais direcionados à questão do “como começar a conhecer?” (...)
Sertillanges oferece muito mais do que um bom começo. Ele, explicitamente, diz como começar, como ler e escrever, como disciplinar nosso tempo, de fato, como disciplinar nossa alma. Ele também se ocupa com a vida do espírito na qual a verdadeira vida intelectual existe. Talvez, já tenhamos ouvido de Aristóteles que somos animais racionais, que a vida contemplativa é algo a que devemos aspirar. Mas, praticamente ninguém nos diz o que isso significa, se isso é algo que está disponível a nós sob alguma condição que não nos é fácil compreender. Mas, mesmo que nós, vagamente, saibamos que a vida intelectual é uma vida elevada, sabemos muito pouco sobre o que tal vida nos poderia exigir. Estamos, também, conscientes que a sabedoria vem muito mais tarde na vida do que, inicialmente, suspeitávamos,. Mesmo assim, suspeitamos que haveria caminhos que nos ajudassem, se pelo menos nós os conhecêssemos. (...)
Este breve prefácio é, simplesmente, uma explicação da razão pela qual esse livro maravilhoso e útil deve estar, sempre, disponível e ser, permanentemente, consultado por jovens estudantes de graduação, de pós-graduação, pelo pessoal mais velho e, enfim, por todos. Toda vez que usei esse livro em sala de aula, usualmente quando lecionava um curso sobre Santo Tomás de Aquino, tive alunos de graduação que, posteriormente, me disseram lembrar do livro porque ele os ensinou muito sobre como continuar pondo em prática a curiosidade intelectual, de uma maneira efetiva, não meramente enquanto estudavam, mas ao longo de suas vidas.
À primeira vista, como já insinuei, esse é um livro incomum. Depois, ele se torna um livro tremendamente exigente. Sertillanges, meticulosamente, nos diz como tomar notas, como começar a escrever e a publicar, como organizar nossas anotações e com isso, nosso pensamento. Assim, usei a palavra incomum porque nós não usamos mais, como fez Sertillanges, canetas e máquinas de datilografia, mas computadores sofisticados e processos de impressão que o teriam impressionado. Mas, lembre-se que Tomás de Aquino, sobre quem Sertillanges escreveu tão bem e de cuja inspiração deriva este livro, teve, talvez, somente vinte e cinco anos de atividade produtiva no século XIII. Ele não teve nenhuma das facilidades que mesmo Sertillanges teve nos anos 20 do século XX. Mesmo assim, Aquino produziu uma quantidade, estonteante, de material brilhante e profundo.
Como ele o fez? É altamente duvidoso que ele tivesse escrito mais ou melhor se ele dispusesse do mais avançado computador. De fato, num certo sentido, isso poderia ter sido um obstáculo. Pois, Santo Tomás desenvolveu uma memória prodigiosa e uma fantástica capacidade de acesso a todo o conhecimento dos grandes escritores seus ancestrais, incluindo a Bíblia. Essa sabedoria foi adquirida às custas de livros e leitura, mesmo para Santo Tomás, mas ele sabia como fazer essas coisas. O que Sertillanges nos ensina é como, do nosso próprio jeito, imitar as lições que podemos encontrar no grande Dominicano medieval, sobre como desenvolver uma verdadeira vida intelectual, uma vida cheia de honestidade e oração, por meio de um trabalho diligente e, no final, uma vida com o deleite de conhecer.
Ao ler o livro de Sertillanges, não podemos evitar o sentimento de que ele está nos revelando alguns dos segredos da vasta produtividade e intuição de Santo Tomás. Há tantas horas num dia, numa semana, num mês. Sertillanges não nos pede para abrirmos mão de nossa vida cotidiana e nos devotarmos, completamente, à vida intelectual da maneira como Santo Tomás fez. Ao contrário, Sertillanges nos ensina, de uma forma prática, como podemos organizar nossas vidas a fim de adquirirmos uma base inicial sólida – com sorte, quando ainda somos jovens – e continuarmos a construir sobre essa firme fundação, pelo resto de nossos dias. Em resumo, Sertillanges nos ensina sobre hábitos, sobre disciplina, sobre, sim, produtividade e verdade. Ele pensa que podemos viver uma verdadeira vida intelectual se conseguirmos reservar uma ou duas horas diárias para uma busca séria das coisas superiores. Ele não sugere nada rígido ou inexeqüível. Além disso, quando falamos em termos de horas, tendemos a perder de vista ao que Sertillanges se refere.
Qualquer tipo de aprendizado, no início, exigirá um esforço penoso. Podemos chamá-lo de um tipo de trabalho. Precisamos chegar a ponto de nos deleitarmos pelo que estamos aprendendo, a ponto de ficarmos ansiosos para voltarmos para nossas considerações, ou escritos, ou reflexões sobre algum assunto. Qualquer coisa que existe é fascinante. Chesterton, cuja vida intelectual parece ter sido tão vibrante, certa vez observou que não há coisas desinteressantes, apenas pessoas desinteressadas. Grande parte desse desinteresse existe, precisamente, porque nunca aprendemos como ou porque enxergar o que está lá.
Sertillanges nos ensina a examinar nossas vidas. Ele não deixa de mencionar que nossas falhas morais, as sérias e as mais leves, podem, de fato, nos impedir de sermos livres o suficiente para enxergarmos o que não seja ‘nós mesmos’, para enxergarmos o que é. “Você deseja ter uma vida intelectual?” Sertillanges responde, em sua Introdução da edição de 1934. “Comece por criar dentro de si uma zona de silêncio.” Vivemos num mundo cercado por barulho, por um tipo de agitação que preenche nossos dias e noites. Temos tantas coisas para nos distrair, mesmo que, às vezes, pensamos que elas nos educam. Sertillanges tem certeza que temos tempo. Mas, ele, também, tem certeza que não notamos que temos tempo porque nossas vidas parecem ser ocupadas, saturadas. Encontramos tempo nos tornando, primeiramente, interessados, desejosos de saber. Sertillanges exige um exame de consciência tanto sobre nossos pecados, quanto sobre o uso do nosso tempo.
Uma vida intelectual, contemplativa, é, em si, cheia de atividade, mas atividade proposital, que quer saber e saber a verdade. O que, comumente, chamamos “intelectual” atualmente não é, provavelmente, o que Sertillanges tinha em mente quando ele falava de “vida intelectual”. Pode-se dizer que os intelectuais como classe, como Paul Johnson escreveu em seu livro “Os Intelectuais”, desenvolvem teorias e explicações, precisamente, como um produto de suas próprias desordens morais internas. Não devemos nunca esquecer que uma vida intelectual é uma vida perigosa. O maior de todos os pecados não se origina da carne mas do espírito, como dizia Agostinho. O mais brilhante dos anjos foi o anjo caído. Essas considerações sóbrias explicam porque gosto deste pequeno livro de Sertillanges. Ele não hesita em nos alertar sobre a relação íntima entre nosso conhecimento da verdade e o não direcionamento de nossa alma ao bem. A vida intelectual pode ser e, com freqüência, é uma vida perigosa. Mas, isso não é razão para negarmos sua glória. E Sertillanges é muito cuidadoso em nos direcionar para aquelas coisas que devem ser perseguidas porque elas nos explicam o que somos, nos explicam o mundo e Deus. (...)
Tendemos a pensar que a vida intelectual é alguma enorme intuição que vem a nós numa agradável manhã, enquanto nos barbeamos ou tomamos café. Sertillanges não nega que alguma intuição nos chega dessa forma. Mas, o curso normal das coisas exigirá, ao contrário, uma preocupação permanente em perseguir a verdade, em conhecer, em ser curioso sobre a realidade. (...)
Eu colocaria A Vida Intelectual sobre a escrivaninha de todo estudante sério e da maioria dos negligentes. De fato, Platão disse que nossas vidas não são “sérias” em comparação com a de Deus. Algo do relaxado lazer, daquela sensação de liberdade que vem com o conhecimento e com o desejo de conhecimento, é instilado em nossas almas por este livro. Sua mera presença em nossas escrivaninhas ou estantes é um estímulo constante, um lembrete visível de que a vida intelectual não é algo estranho, algo que não podemos, do nosso jeito, alcançar.
13/02/2006
PADRÃO DIGITAL OU ESTATAL?
por Rodrigo Constantino
A escolha do padrão digital para a televisão brasileira vem se arrastando faz tempo. A disputa se dá entre os modelos japonês, europeu e americano. Cada um conta com um número de defensores, todos apresentando seus argumentos. O ministro das Comunicações, Hélio Costa, admite o atraso na decisão. Mas o ponto é: por que a decisão deveria caber a alguns poucos políticos e burocratas poderosos?
Quando as importantes decisões partem de cima para baixo, como se uns poucos “sábios” fossem clarividentes e honestos o suficiente para realmente focarem no interesse dos consumidores, normalmente temos escolhas erradas. Afinal, ninguém melhor que o próprio consumidor sabe qual sua preferência. A beleza do funcionamento do livre mercado é justamente delegar a cada indivíduo o poder de escolha, fazendo com que o processo decisório, de baixo para cima, ofereça o resultado mais eficiente.
O debate atual nos remete ao caso da Betamax e VHS, durante a briga pelo padrão dominante de videocassete. O modelo da Sony, o Betamax, foi introduzido em 1975, e no começo da década de 80 era bastante popular. Entretanto, por volta de 1985, o mercado se voltou claramente para o modelo concorrente, o VHS desenvolvido pela JVC. Esta empresa optou por uma rota de “open sharing”, permitindo múltiplos concorrentes produzindo no mesmo padrão. Em 1988, a Sony finalmente reconheceu a sua derrota, e também começou a produzir no padrão vencedor. O “mercado”, ou seja, os consumidores escolheram qual o padrão iria predominar.
Esta lição deveria ser mais freqüentemente lembrada por aqui. Não é a cerveja mais apreciada por alguns políticos que o povo deverá tomar, mas a que cada um preferir, de acordo com a livre concorrência dos produtores. O mesmo vale para carros, geladeiras, computadores, celulares e sim, até padrão de TV digital. O caminho alternativo, de concentrar o poder de escolha nas mãos de poucos políticos poderosos, é o caminho seguro para maior corrupção e insatisfação popular. Acabamos com grupos de interesses disputando, pela via política, quem vence a batalha. Em vez da satisfação do consumidor ser a prioridade número um, convencer os poucos burocratas passa a ser o foco principal. O suborno, para capturar a burocracia poderosa, fica irresistível. E o padrão escolhido não guardará necessariamente correlação alguma com a preferência dos indivíduos.
Por fim, o alerta do austríaco Ludwig von Mises*: “Uma política de medidas restritivas favorece os produtores, enquanto uma política que não interfere no funcionamento do mercado favorece os consumidores”.
* Quem quiser conhecer mais sobre Mises acesse este sítio. (Nota do Blog)
Publicado em 10/02/2006 em Diegocasagrande.com.br
A escolha do padrão digital para a televisão brasileira vem se arrastando faz tempo. A disputa se dá entre os modelos japonês, europeu e americano. Cada um conta com um número de defensores, todos apresentando seus argumentos. O ministro das Comunicações, Hélio Costa, admite o atraso na decisão. Mas o ponto é: por que a decisão deveria caber a alguns poucos políticos e burocratas poderosos?
Quando as importantes decisões partem de cima para baixo, como se uns poucos “sábios” fossem clarividentes e honestos o suficiente para realmente focarem no interesse dos consumidores, normalmente temos escolhas erradas. Afinal, ninguém melhor que o próprio consumidor sabe qual sua preferência. A beleza do funcionamento do livre mercado é justamente delegar a cada indivíduo o poder de escolha, fazendo com que o processo decisório, de baixo para cima, ofereça o resultado mais eficiente.
O debate atual nos remete ao caso da Betamax e VHS, durante a briga pelo padrão dominante de videocassete. O modelo da Sony, o Betamax, foi introduzido em 1975, e no começo da década de 80 era bastante popular. Entretanto, por volta de 1985, o mercado se voltou claramente para o modelo concorrente, o VHS desenvolvido pela JVC. Esta empresa optou por uma rota de “open sharing”, permitindo múltiplos concorrentes produzindo no mesmo padrão. Em 1988, a Sony finalmente reconheceu a sua derrota, e também começou a produzir no padrão vencedor. O “mercado”, ou seja, os consumidores escolheram qual o padrão iria predominar.
Esta lição deveria ser mais freqüentemente lembrada por aqui. Não é a cerveja mais apreciada por alguns políticos que o povo deverá tomar, mas a que cada um preferir, de acordo com a livre concorrência dos produtores. O mesmo vale para carros, geladeiras, computadores, celulares e sim, até padrão de TV digital. O caminho alternativo, de concentrar o poder de escolha nas mãos de poucos políticos poderosos, é o caminho seguro para maior corrupção e insatisfação popular. Acabamos com grupos de interesses disputando, pela via política, quem vence a batalha. Em vez da satisfação do consumidor ser a prioridade número um, convencer os poucos burocratas passa a ser o foco principal. O suborno, para capturar a burocracia poderosa, fica irresistível. E o padrão escolhido não guardará necessariamente correlação alguma com a preferência dos indivíduos.
Por fim, o alerta do austríaco Ludwig von Mises*: “Uma política de medidas restritivas favorece os produtores, enquanto uma política que não interfere no funcionamento do mercado favorece os consumidores”.
* Quem quiser conhecer mais sobre Mises acesse este sítio. (Nota do Blog)
Publicado em 10/02/2006 em Diegocasagrande.com.br
03/02/2006
Como Fazer Fama e Dinheiro como Cientista
Keith A. Crutcher.(Perspectives in Biol. and Med., 34:2 Winter 1991, 213-218)
(Nota do Tradutor) - Quem, ao ler o texto abaixo, imaginar seu autor, ou como um lunático, ou como um ressentido, estará errando por muito. Ele descreve, através de um texto irônico, um estado de coisas implantado na comunidade científica mundo afora.
Desde que aos departamentos acadêmicos das universidades só importa o número de publicações de um determinado professor-pesquisador, ser um pesquisador famoso é equivalente a operar o milagre da multiplicação das publicações. Isso e muito mais é analisado e ensinado no texto que se segue.
Tudo isso acontece em países desenvolvidos onde a sociedade costuma ser mais atenta a fatos dessa natureza. A situação no Brasil é um muito pior, pois, falta-nos a tradição de uma instituição acadêmica que mereça esse nome. Lembremos que nossa primeira universidade foi criada, em 1920, para dar um título ao Rei da Bélgica. Além disso, com uma sociedade com baixo nível educacional, onde nossos intelectuais(no sentido que Paul Johnson dá ao termo) só promovem o desaprendizado daquela camada que sabe ler, nossas universidades se sentem livres para fabricar reputações ao sabor das modas. Somos famosos porque nos achamos famosos. Daí o pacto da mediocridade: fingimos que somos famosos e vocês fingem que acreditam. Fingem e, claro, nos financiam.
___________________________________________________________________
Parece que muitos de nossos cientistas não recebem um treinamento básico de como ter sucesso em ciência – por exemplo, como obter financiamento, como granjear o reconhecimento dos pares, como construir uma bibliografia maior que qualquer particular publicação nela listada. Para corrigir essa deficiência, são apresentadas a seguir algumas orientações. É claro que sempre haverá uma ovelha negra que decide embarcar num caminho inteiramente original ou que escolhe renunciar às benesses de ser reconhecido como um cientista famoso, caso para o qual essas orientações não se aplicam. No entanto, atenção aos princípios enunciados abaixo deve ser suficiente para proporcionar uma sólida base sobre a qual aspirantes a cientistas possam construir suas carreiras.
1. Relaxe! Afinal, estamos, no momento, entre duas alterações de paradigmas
Muito do stress e da ansiedade que tradicionalmente são associados com a atividade científica foi aliviado pelo tremendo insight de Thomas Kuhn. Como a grande maioria dos cientistas está atualmente fazendo ciência “normal”, flutuando em águas teóricas, e avanços verdadeiros devem aguardar a próxima alteração de paradigma, muitos de nós podemos relaxar na medida em que percebemos que é improvável que nosso trabalho tenha uma influência duradoura. Há, é claro, aqueles que objetivam contribuir para, ou mesmo precipitar, uma alteração de paradigma, e é difícil que eles sejam dissuadidos de fazê-lo, mas o restante de nós deve reconhecer que o esclarecimento de um paradigma existente é necessário para a subseqüente revolução científica. Imagine como seria difícil a ciência se cada investigador fizesse alguma contribuição fundamental que envolvesse uma alteração de paradigma e nos forçasse a analisar as suposições básicas de nossa área de trabalho.
2. Torne-se Famoso
Uma vez que você tenha desenvolvido a atitude relaxada sobre a importância de seu próprio trabalho (item 1), torna-se muito mais fácil se dedicar a ser um cientista. Nesse particular, o ser famoso só perde em importância para o estar relaxado. Infelizmente, muitos cientistas subestimam a importância de ser famoso para ter sucesso em áreas como obter financiamento e conseguir viajar pelo mundo (item 5, abaixo). E ser famoso é realmente muito menos difícil que muitos imaginam. Há diversas opções. Uma das mais rápidas e garantidas é trabalhar com alguém que já é famoso. Isso garantirá uma certa quantidade de fama secundária que poderá servir de fundamento para o estabelecimento de sua própria fama. Outro método é organizar uma conferência sobre um tópico “quente” e convidar para participar as pessoas mais famosas da área, incluindo a pessoa famosa com quem você trabalha. Em seguida inclua-se na conferência. Essa técnica tem tido resultados maravilhosos para incontáveis dos, agora, famosos cientistas. Outra opção efetiva é publicar um artigo ou abstract (resumo) toda semana na sua área de escolha. (item 3). Esse método demanda mais esforço, mas com atenção ao próximo item, o trabalho pode ser minimizado e os resultados certamente farão de você um reconhecido expert em qualquer área particular.
3. Publique Sempre (Preferencialmente Abstracts)
É conhecimento geral de que os cientistas modernos não têm tempo de ler a rapidamente crescente literatura de suas áreas e, com o reconhecimento de que a maior parte da pesquisa não terá efeito duradouro (item 1), seria mesmo uma perda de tempo tentar realizar tal tarefa. Portanto, aproveite-se do fato de que a maioria de seus pares será influenciada por seu trabalho através de reconhecimento de nome. O mesmo princípio que as agências de propaganda usam, ou seja, exposição repetida, é também vital para o sucesso em ciência. Quanto mais seu nome for visto impresso, maior influência você terá e mais famoso você será (item 2). A escolha do meio de divulgação é crítica; você deve publicar, tanto quanto possível, em jornais e revistas populares, mas revistas científicas têm também seu lugar. Você deve manter uma média de um artigo ou abstract por semana e seu nome deve aparecer por último. Quanto mais co-autores você tiver, melhor, pois, todos sabem que o último autor é o verdadeiro, aquele que conta, e isso mostra que você já deve ser famoso por ter tantos cientistas trabalhando com você. Alguns argumentarão que cada publicação deve conter informação nova, mas essa visão não leva em conta as lições aprendidas na Avenida Madison. De fato, quanto mais você diz a mesma coisa, maiores suas chances de ser lembrado. Uma vez que o mesmo conjunto de dados tenha sido publicado muitas vezes, com não mais que variações mínimas, elas começarão a ter grande credibilidade nas mentes de seus colegas e na sua própria. Além disso, sua área particular de trabalho, mesmo que previamente tida como obscura e desinteressante, ganha importância crescente toda vez que ela aparece impressa.
O formato pode ter um papel vital no seu sucesso definitivo. As muitas vantagens derivadas da publicação de seu trabalho, na forma de abstract, por exemplo, são freqüentemente subestimadas. Primeiramente, as publicações lhe proporcionam oportunidades de viagem (item 5). Em segundo lugar, elas raramente passam pelo processo de revisão para publicação (e todos nós temos verdadeiras estórias de horror sobre revisões críticas recebidas, mesmo as relacionadas aos nossos melhores artigos). Em terceiro lugar, e o mais importante, as publicações proporcionam documentos que podem, ou ser citados no estabelecimento de precedência de uma observação se ela estiver correta ou for importante (ou ambas), ou podem ser facilmente deixadas de lado, se a observação se provar errada.
Em alguns casos, particularmente quando você já tiver alguma experiência, é possível publicar diversos abstracts ao mesmo tempo, cada um tratando de uma pequena variação sobre o mesmo tema. Algumas sociedades científicas permitem que você submeta apenas um abstract como primeiro autor, mas essa restrição pode facilmente ser superada. Muitos cientistas, por exemplo, já são cientes dos potenciais co-autores vindos de seus estudantes e associados, mas são freqüentemente subestimados os funcionários técnicos e administrativos, alguns dos quais ficariam satisfeitos de ver seus nomes impressos. Com um pouco de planejamento você pode ter diversos abstracts publicados simultaneamente, um com seu nome em primeiro lugar e o resto com seu nome listado por último. Conta a lenda, que um cientista foi capaz de preencher duas sessões inteiras de um encontro científico com abstracts apenas de seu laboratório.
4. Publique Somente o Que Não Possa Ser Refutado (pelo menos durante sua existência)
Muitos jovens cientistas, tristemente, interpretam erroneamente esse princípio como significando que os artigos a serem publicados devem ser trabalhados e concebidos cuidadosamente. Ao contrário, muito tempo e esforço podem ser economizados publicando-se resultados sem qualquer atenção à sua significância ou relevância. É provável que ninguém irá, afinal, ler o artigo (item 3), desta forma, não gaste seu precioso tempo analisando resultados. Ainda mais importante, desde que você restrinja sua discussão àquilo que você vê, com suficientes diferenças metodológicas de trabalhos prévios para que qualquer discrepância possa ser explicada se necessário, você nunca será flagrado em erro, particularmente se você se abstém de discutir a significância potencial dos resultados. A maneira mais simples de evitar qualquer embaraço é publicar técnicas novas e aprimoradas. A publicação de métodos novos raramente levará você a grandes discussões teóricas com seus colegas, mas ainda lhe permite vivas discussões sobre se o PH era ótimo. Ainda mais recomendável, desenvolva um reagente que seus colegas possam usar e, então, o distribua a eles, com a modesta solicitação de que você seja incluído como autor de qualquer artigo que mencione o reagente. Você se surpreenderá do quão rapidamente sua bibliografia crescerá, juntamente com sua fama. Se, por alguma razão, você se sintir obrigado a especular, por escrito, sobre seus resultados, limite sua especulação a idéias que não possam ser testada, pelo menos durante sua existência.
5. Apresente Seu Trabalho em Toda Oportunidade
Um dos muitos benefícios de ser um cientista é viajar. Quanto mais famoso você é, mais oportunidades você terá de viajar. Da mesma forma, quanto mais você é visto em público, mais famoso você será. Além disso, cada conferência proporciona a oportunidade de publicar pelo menos um abstract (item 3). Quando apresentar seu trabalho, use slides atrativos, que não estejam cheios de detalhes. Uma dica importante: deixe de fora qualquer informação estatística, especialmente na forma de gráficos, pois, isso freqüentemente tira a atenção do ponto principal do slide. Contrariamente à situação de seu trabalho escrito, sinta-se livre para especular durante sua apresentação. De fato, não se sinta limitado pelos resultados. Lembre-se que seu impacto será muito maior se você fizer afirmações e generalizações amplas e radicais, sem fundamentação no que você publicou no abstract. Se alguém lhe questionar seriamente alguma afirmação feita ou apresentar resultados contraditórios, você pode evitar qualquer embaraço alertando que ele ou ela não usou o PH ótimo.
As apresentações são necessárias, mas não suficientes, para a fama em ciência. Quando você for convidado a participar de um encontro científico, certifique-se de registrar quem o convidou, para que você seja capaz de convidar os mesmos indivíduos para a próxima conferência que você organize. Com o tempo, você descobrirá que existem suficientes pessoas para se convidarem mutuamente a diversas conferências ao ano e, se você for realmente famoso, poderá mesmo decidir estabelecer sua própria sociedade científica, consistindo de somente aqueles cientistas mais famosos (principalmente aqueles que você convidou para muitas conferências durante o ano).
6. Submeta uma Proposta de Financiamento Somente para o Trabalho que Você já Tenha Feito
Apesar disso ser uma coisa tão óbvia, há ainda cientistas, especialmente os principiantes, que solicitam financiamentos de experimentos que não estão ainda concluídos. Finalmente a maioria dos revisores de propostas de financiamento tem eliminado aqueles que continuamente propõem trabalhos inéditos, mas ainda há aqueles que têm dificuldade de entender que a aposta certa é no cavalo que já venceu. Naturalmente, você deve ser um pouco cuidadoso na publicação do trabalho proposto, de tal forma que ele não apareça impresso antes que sua proposta seja analisada (exceto, é claro, em forma de múltiplos abstracts). O cientista neófito pode se defrontar com o dilema de não ter sido capaz de realizar os experimentos antes de obter o suporte financeiro. A solução mais comum para isso é propor um trabalho similar ao que você já fez trabalhando com alguém famoso. Se essa opção não está disponível, então você será forçado a propor um trabalho que é original. Se for esse o caso, certifique-se de que a pesquisa é apenas uma pequena variação do trabalho já feito por alguém. Isso assegura aos revisores que seus experimentos particulares se encaixam no paradigma existente. Um bom exemplo seria encontrar o PH ótimo para a aplicação em um novo e aprimorado método.
7. Não Perca Tempo Dando Aulas
Lembre-se de que seu objetivo é fazer sucesso em ciência. Apesar de alguma experiência letiva ser benéfica, na medida em que o expõe aos estudantes que podem decidir trabalhar para você (e serem potenciais autores para muitos de seus abstracts), dar aulas consome muito tempo. Haverá alguma pressão de colegas e de seu chefe para que você contribua com o ensino, mas essa pressão pode ser aliviada de alguma forma, pela maneira com que você ensina. Por exemplo, sempre apresente seu material de forma a obscurecer qualquer relevância nos conteúdos que interessem aos estudantes. No ensino médico, isso tem se tornado prática comum. Outro meio efetivo é oferecer detalhes sobre métodos que você usa no laboratório, especialmente enfatizando a importância do PH ótimo. Usualmente os estudantes estão tão sobrecarregados pelo volume de informações, que eles terão dificuldade de formular perguntas inteligentes. A vantagem disso é óbvia. Com o tempo, menor carga de ensino será requerida de você e você terá mais tempo para escrever abstracts e ir a conferências.
8. Comercialize seu Produto
Fama é bom mas é muito melhor quando acompanhada de riqueza. O papel tradicional do cientista não tem sido tão lucrativo quanto outras carreiras. Isso está mudando. Uma das opções mais interessantes em ciência é identificar as potenciais aplicações comerciais de seu trabalho e comercializá-las. Numerosos cientistas estão descobrindo as vantagens financeiras de fundar suas próprias companhias, com capital inicial provenientes de fundos governamentais de pesquisa e desenvolvimento. A beleza desse sistema é que há muito pouco risco. Se a aplicação comercial não gerar lucro, você pode sempre submeter uma proposta para um outro fundo governamental de pesquisa e continuar a vida. De outro lado, se você for capaz de capitalizar seu próprio sucesso científico e fundar uma lucrativa companhia, você pode usar suas afiliações acadêmicas, suas posições em corpos editoriais de publicações e de conferências, para manter-se a par dos mais recentes desenvolvimentos na área de estudo que alimenta sua companhia. A vantagem competitiva que isso dá a você é óbvia.
Resumo
A aderência a esses princípios não garantirá o sucesso, mas o testemunho de muitos cientistas famosos confirma a hipótese de que essas orientações podem fazer crescer significativamente (p<0.03,"Wilcoxon unpaired X-test” realizado com PH 5.6) suas chances de atingir reconhecimento, adquirir riqueza e, com o tempo, ser conhecido como um cientista famoso. No mínimo, esses princípios evitarão que você esteja muito longe das fronteiras da ciência “normal” onde você poderia ser, para sempre, marcado como um causador de problemas ou um herético.
Poucos cientistas sabem a história ilustrativa do abstract (resumo). A palavra é uma contração de “Abe’s Tract” (Tratado de Abe), que foi um panfleto pouco conhecido que Lincoln fez circular quando ele, pela primeira vez, disputou um cargo político. Apesar do conteúdo do panfleto não ser conhecido, sua influência dificilmente pode ser subestimada, pois a carreira subseqüente de Lincoln é considerada inteiramente derivada desse pequeno tratado. Alguns dizem que muitas das idéias do tratado foram plagiadas de um trabalho não publicado de John Wilkes Booth, mas essa alegação nunca foi consubstanciada.
(Nota do Tradutor) - Quem, ao ler o texto abaixo, imaginar seu autor, ou como um lunático, ou como um ressentido, estará errando por muito. Ele descreve, através de um texto irônico, um estado de coisas implantado na comunidade científica mundo afora.
Desde que aos departamentos acadêmicos das universidades só importa o número de publicações de um determinado professor-pesquisador, ser um pesquisador famoso é equivalente a operar o milagre da multiplicação das publicações. Isso e muito mais é analisado e ensinado no texto que se segue.
Tudo isso acontece em países desenvolvidos onde a sociedade costuma ser mais atenta a fatos dessa natureza. A situação no Brasil é um muito pior, pois, falta-nos a tradição de uma instituição acadêmica que mereça esse nome. Lembremos que nossa primeira universidade foi criada, em 1920, para dar um título ao Rei da Bélgica. Além disso, com uma sociedade com baixo nível educacional, onde nossos intelectuais(no sentido que Paul Johnson dá ao termo) só promovem o desaprendizado daquela camada que sabe ler, nossas universidades se sentem livres para fabricar reputações ao sabor das modas. Somos famosos porque nos achamos famosos. Daí o pacto da mediocridade: fingimos que somos famosos e vocês fingem que acreditam. Fingem e, claro, nos financiam.
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Parece que muitos de nossos cientistas não recebem um treinamento básico de como ter sucesso em ciência – por exemplo, como obter financiamento, como granjear o reconhecimento dos pares, como construir uma bibliografia maior que qualquer particular publicação nela listada. Para corrigir essa deficiência, são apresentadas a seguir algumas orientações. É claro que sempre haverá uma ovelha negra que decide embarcar num caminho inteiramente original ou que escolhe renunciar às benesses de ser reconhecido como um cientista famoso, caso para o qual essas orientações não se aplicam. No entanto, atenção aos princípios enunciados abaixo deve ser suficiente para proporcionar uma sólida base sobre a qual aspirantes a cientistas possam construir suas carreiras.
1. Relaxe! Afinal, estamos, no momento, entre duas alterações de paradigmas
Muito do stress e da ansiedade que tradicionalmente são associados com a atividade científica foi aliviado pelo tremendo insight de Thomas Kuhn. Como a grande maioria dos cientistas está atualmente fazendo ciência “normal”, flutuando em águas teóricas, e avanços verdadeiros devem aguardar a próxima alteração de paradigma, muitos de nós podemos relaxar na medida em que percebemos que é improvável que nosso trabalho tenha uma influência duradoura. Há, é claro, aqueles que objetivam contribuir para, ou mesmo precipitar, uma alteração de paradigma, e é difícil que eles sejam dissuadidos de fazê-lo, mas o restante de nós deve reconhecer que o esclarecimento de um paradigma existente é necessário para a subseqüente revolução científica. Imagine como seria difícil a ciência se cada investigador fizesse alguma contribuição fundamental que envolvesse uma alteração de paradigma e nos forçasse a analisar as suposições básicas de nossa área de trabalho.
2. Torne-se Famoso
Uma vez que você tenha desenvolvido a atitude relaxada sobre a importância de seu próprio trabalho (item 1), torna-se muito mais fácil se dedicar a ser um cientista. Nesse particular, o ser famoso só perde em importância para o estar relaxado. Infelizmente, muitos cientistas subestimam a importância de ser famoso para ter sucesso em áreas como obter financiamento e conseguir viajar pelo mundo (item 5, abaixo). E ser famoso é realmente muito menos difícil que muitos imaginam. Há diversas opções. Uma das mais rápidas e garantidas é trabalhar com alguém que já é famoso. Isso garantirá uma certa quantidade de fama secundária que poderá servir de fundamento para o estabelecimento de sua própria fama. Outro método é organizar uma conferência sobre um tópico “quente” e convidar para participar as pessoas mais famosas da área, incluindo a pessoa famosa com quem você trabalha. Em seguida inclua-se na conferência. Essa técnica tem tido resultados maravilhosos para incontáveis dos, agora, famosos cientistas. Outra opção efetiva é publicar um artigo ou abstract (resumo) toda semana na sua área de escolha. (item 3). Esse método demanda mais esforço, mas com atenção ao próximo item, o trabalho pode ser minimizado e os resultados certamente farão de você um reconhecido expert em qualquer área particular.
3. Publique Sempre (Preferencialmente Abstracts)
É conhecimento geral de que os cientistas modernos não têm tempo de ler a rapidamente crescente literatura de suas áreas e, com o reconhecimento de que a maior parte da pesquisa não terá efeito duradouro (item 1), seria mesmo uma perda de tempo tentar realizar tal tarefa. Portanto, aproveite-se do fato de que a maioria de seus pares será influenciada por seu trabalho através de reconhecimento de nome. O mesmo princípio que as agências de propaganda usam, ou seja, exposição repetida, é também vital para o sucesso em ciência. Quanto mais seu nome for visto impresso, maior influência você terá e mais famoso você será (item 2). A escolha do meio de divulgação é crítica; você deve publicar, tanto quanto possível, em jornais e revistas populares, mas revistas científicas têm também seu lugar. Você deve manter uma média de um artigo ou abstract por semana e seu nome deve aparecer por último. Quanto mais co-autores você tiver, melhor, pois, todos sabem que o último autor é o verdadeiro, aquele que conta, e isso mostra que você já deve ser famoso por ter tantos cientistas trabalhando com você. Alguns argumentarão que cada publicação deve conter informação nova, mas essa visão não leva em conta as lições aprendidas na Avenida Madison. De fato, quanto mais você diz a mesma coisa, maiores suas chances de ser lembrado. Uma vez que o mesmo conjunto de dados tenha sido publicado muitas vezes, com não mais que variações mínimas, elas começarão a ter grande credibilidade nas mentes de seus colegas e na sua própria. Além disso, sua área particular de trabalho, mesmo que previamente tida como obscura e desinteressante, ganha importância crescente toda vez que ela aparece impressa.
O formato pode ter um papel vital no seu sucesso definitivo. As muitas vantagens derivadas da publicação de seu trabalho, na forma de abstract, por exemplo, são freqüentemente subestimadas. Primeiramente, as publicações lhe proporcionam oportunidades de viagem (item 5). Em segundo lugar, elas raramente passam pelo processo de revisão para publicação (e todos nós temos verdadeiras estórias de horror sobre revisões críticas recebidas, mesmo as relacionadas aos nossos melhores artigos). Em terceiro lugar, e o mais importante, as publicações proporcionam documentos que podem, ou ser citados no estabelecimento de precedência de uma observação se ela estiver correta ou for importante (ou ambas), ou podem ser facilmente deixadas de lado, se a observação se provar errada.
Em alguns casos, particularmente quando você já tiver alguma experiência, é possível publicar diversos abstracts ao mesmo tempo, cada um tratando de uma pequena variação sobre o mesmo tema. Algumas sociedades científicas permitem que você submeta apenas um abstract como primeiro autor, mas essa restrição pode facilmente ser superada. Muitos cientistas, por exemplo, já são cientes dos potenciais co-autores vindos de seus estudantes e associados, mas são freqüentemente subestimados os funcionários técnicos e administrativos, alguns dos quais ficariam satisfeitos de ver seus nomes impressos. Com um pouco de planejamento você pode ter diversos abstracts publicados simultaneamente, um com seu nome em primeiro lugar e o resto com seu nome listado por último. Conta a lenda, que um cientista foi capaz de preencher duas sessões inteiras de um encontro científico com abstracts apenas de seu laboratório.
4. Publique Somente o Que Não Possa Ser Refutado (pelo menos durante sua existência)
Muitos jovens cientistas, tristemente, interpretam erroneamente esse princípio como significando que os artigos a serem publicados devem ser trabalhados e concebidos cuidadosamente. Ao contrário, muito tempo e esforço podem ser economizados publicando-se resultados sem qualquer atenção à sua significância ou relevância. É provável que ninguém irá, afinal, ler o artigo (item 3), desta forma, não gaste seu precioso tempo analisando resultados. Ainda mais importante, desde que você restrinja sua discussão àquilo que você vê, com suficientes diferenças metodológicas de trabalhos prévios para que qualquer discrepância possa ser explicada se necessário, você nunca será flagrado em erro, particularmente se você se abstém de discutir a significância potencial dos resultados. A maneira mais simples de evitar qualquer embaraço é publicar técnicas novas e aprimoradas. A publicação de métodos novos raramente levará você a grandes discussões teóricas com seus colegas, mas ainda lhe permite vivas discussões sobre se o PH era ótimo. Ainda mais recomendável, desenvolva um reagente que seus colegas possam usar e, então, o distribua a eles, com a modesta solicitação de que você seja incluído como autor de qualquer artigo que mencione o reagente. Você se surpreenderá do quão rapidamente sua bibliografia crescerá, juntamente com sua fama. Se, por alguma razão, você se sintir obrigado a especular, por escrito, sobre seus resultados, limite sua especulação a idéias que não possam ser testada, pelo menos durante sua existência.
5. Apresente Seu Trabalho em Toda Oportunidade
Um dos muitos benefícios de ser um cientista é viajar. Quanto mais famoso você é, mais oportunidades você terá de viajar. Da mesma forma, quanto mais você é visto em público, mais famoso você será. Além disso, cada conferência proporciona a oportunidade de publicar pelo menos um abstract (item 3). Quando apresentar seu trabalho, use slides atrativos, que não estejam cheios de detalhes. Uma dica importante: deixe de fora qualquer informação estatística, especialmente na forma de gráficos, pois, isso freqüentemente tira a atenção do ponto principal do slide. Contrariamente à situação de seu trabalho escrito, sinta-se livre para especular durante sua apresentação. De fato, não se sinta limitado pelos resultados. Lembre-se que seu impacto será muito maior se você fizer afirmações e generalizações amplas e radicais, sem fundamentação no que você publicou no abstract. Se alguém lhe questionar seriamente alguma afirmação feita ou apresentar resultados contraditórios, você pode evitar qualquer embaraço alertando que ele ou ela não usou o PH ótimo.
As apresentações são necessárias, mas não suficientes, para a fama em ciência. Quando você for convidado a participar de um encontro científico, certifique-se de registrar quem o convidou, para que você seja capaz de convidar os mesmos indivíduos para a próxima conferência que você organize. Com o tempo, você descobrirá que existem suficientes pessoas para se convidarem mutuamente a diversas conferências ao ano e, se você for realmente famoso, poderá mesmo decidir estabelecer sua própria sociedade científica, consistindo de somente aqueles cientistas mais famosos (principalmente aqueles que você convidou para muitas conferências durante o ano).
6. Submeta uma Proposta de Financiamento Somente para o Trabalho que Você já Tenha Feito
Apesar disso ser uma coisa tão óbvia, há ainda cientistas, especialmente os principiantes, que solicitam financiamentos de experimentos que não estão ainda concluídos. Finalmente a maioria dos revisores de propostas de financiamento tem eliminado aqueles que continuamente propõem trabalhos inéditos, mas ainda há aqueles que têm dificuldade de entender que a aposta certa é no cavalo que já venceu. Naturalmente, você deve ser um pouco cuidadoso na publicação do trabalho proposto, de tal forma que ele não apareça impresso antes que sua proposta seja analisada (exceto, é claro, em forma de múltiplos abstracts). O cientista neófito pode se defrontar com o dilema de não ter sido capaz de realizar os experimentos antes de obter o suporte financeiro. A solução mais comum para isso é propor um trabalho similar ao que você já fez trabalhando com alguém famoso. Se essa opção não está disponível, então você será forçado a propor um trabalho que é original. Se for esse o caso, certifique-se de que a pesquisa é apenas uma pequena variação do trabalho já feito por alguém. Isso assegura aos revisores que seus experimentos particulares se encaixam no paradigma existente. Um bom exemplo seria encontrar o PH ótimo para a aplicação em um novo e aprimorado método.
7. Não Perca Tempo Dando Aulas
Lembre-se de que seu objetivo é fazer sucesso em ciência. Apesar de alguma experiência letiva ser benéfica, na medida em que o expõe aos estudantes que podem decidir trabalhar para você (e serem potenciais autores para muitos de seus abstracts), dar aulas consome muito tempo. Haverá alguma pressão de colegas e de seu chefe para que você contribua com o ensino, mas essa pressão pode ser aliviada de alguma forma, pela maneira com que você ensina. Por exemplo, sempre apresente seu material de forma a obscurecer qualquer relevância nos conteúdos que interessem aos estudantes. No ensino médico, isso tem se tornado prática comum. Outro meio efetivo é oferecer detalhes sobre métodos que você usa no laboratório, especialmente enfatizando a importância do PH ótimo. Usualmente os estudantes estão tão sobrecarregados pelo volume de informações, que eles terão dificuldade de formular perguntas inteligentes. A vantagem disso é óbvia. Com o tempo, menor carga de ensino será requerida de você e você terá mais tempo para escrever abstracts e ir a conferências.
8. Comercialize seu Produto
Fama é bom mas é muito melhor quando acompanhada de riqueza. O papel tradicional do cientista não tem sido tão lucrativo quanto outras carreiras. Isso está mudando. Uma das opções mais interessantes em ciência é identificar as potenciais aplicações comerciais de seu trabalho e comercializá-las. Numerosos cientistas estão descobrindo as vantagens financeiras de fundar suas próprias companhias, com capital inicial provenientes de fundos governamentais de pesquisa e desenvolvimento. A beleza desse sistema é que há muito pouco risco. Se a aplicação comercial não gerar lucro, você pode sempre submeter uma proposta para um outro fundo governamental de pesquisa e continuar a vida. De outro lado, se você for capaz de capitalizar seu próprio sucesso científico e fundar uma lucrativa companhia, você pode usar suas afiliações acadêmicas, suas posições em corpos editoriais de publicações e de conferências, para manter-se a par dos mais recentes desenvolvimentos na área de estudo que alimenta sua companhia. A vantagem competitiva que isso dá a você é óbvia.
Resumo
A aderência a esses princípios não garantirá o sucesso, mas o testemunho de muitos cientistas famosos confirma a hipótese de que essas orientações podem fazer crescer significativamente (p<0.03,"Wilcoxon unpaired X-test” realizado com PH 5.6) suas chances de atingir reconhecimento, adquirir riqueza e, com o tempo, ser conhecido como um cientista famoso. No mínimo, esses princípios evitarão que você esteja muito longe das fronteiras da ciência “normal” onde você poderia ser, para sempre, marcado como um causador de problemas ou um herético.
Poucos cientistas sabem a história ilustrativa do abstract (resumo). A palavra é uma contração de “Abe’s Tract” (Tratado de Abe), que foi um panfleto pouco conhecido que Lincoln fez circular quando ele, pela primeira vez, disputou um cargo político. Apesar do conteúdo do panfleto não ser conhecido, sua influência dificilmente pode ser subestimada, pois a carreira subseqüente de Lincoln é considerada inteiramente derivada desse pequeno tratado. Alguns dizem que muitas das idéias do tratado foram plagiadas de um trabalho não publicado de John Wilkes Booth, mas essa alegação nunca foi consubstanciada.
A Visão dos Ungidos - alguns trechos
Notas:
1. Recentemente o prof. Olavo de Carvalho mencionou, aqui, vários livros e autores que têm sido, permanente e voluntariamente, ocultados dos brasileiros, por uma política editorial dominada, há décadas, pela militância esquerdista. Ele não mencionou Thomas Sowell, certamente, porque seu objetivo era citar apenas alguns exemplos da calamidade que a falta de certos livros pode causar a um povo deles privado. No entanto, estou certo de que o livro The Vision of the Anointed (A Visão dos Ungidos) está entre os que mais falta faz aos leitores deste nosso pobre país. Abaixo se encontram alguns trechos desse livro, escolhidas por John Hawkins (versão original) e publicadas em 2001. Pela amostra, pode-se ter uma vaga idéia da preciosidade da obra.
2. O livro de Sowell, apesar das diferenças de tom e de estratégia, é semelhante ao Imbecil Coletivo de Olavo de Carvalho. Os ungidos de Sowell nada mais são que os membros do Imbecil Coletivo desmascarados, implacavelmente, por Olavo. Ambos os autores mostram, de maneira insofismável, como se move essa casta arrogante e autoritária, que objetiva, muitas vezes com sucesso, isolar a Civilização Ocidental de toda a sua herança religiosa e filosófica construída ao longo de milênios. Com Sowell percebemos que o fenômeno é universal. Como Olavo já observou em outro local: “a esquerda é internacional, enquanto a direita é nacional”.
3. Adicionei os títulos dos capítulos referentes aos trechos selecionados. Abaixo de cada título, reproduzo a citação de abertura, que dá o tom do capítulo. Os números das páginas em que aparecem os trechos se referem à edição da Basic Books de 1995.
A melhores trechos de A Visão dos Ungidos de Thomas Sowell.
John Hawkins
*** Observe que Thomas Sowell usa o termo ungido para se referir aos esquerdistas, o termo incivilizado (bárbaro) ou trágico para os conservadores, e o termo visão representa sua (dos ungidos) filosofia. Assim, “a visão dos ungidos” é o modo esquerdista de ver o mundo. ***
Capítulo 1 – A unção lisonjeira
“Não massageies tua alma com essa unção lisonjeira” -- Hamlet
“Essa visão esquerdista permeia tão amplamente a mídia e a academia, e se imiscuiu tão profundamente na comunidade religiosa, que muitos chegam até a idade adulta sem perceber que há um outro modo de olhar para as coisas, ou que evidências podem ser relevantes para a verificação das suposições tão avassaladoras dos ‘bem-pensantes’. Muitos desses ‘bem-pensantes’ podem ser mais bem caracterizados como pessoas ‘articuladas’, como pessoas cuja agilidade verbal pode mascarar a lógica e a força das evidências. Esse pode ser um talento fatal, quando ele promove o crucial isolamento da realidade que está por trás de muitas catástrofes históricas.” – P. 6
Capítulo 2 – O padrão
“Eles foram trabalhar com insuperável eficiência. Pleno emprego, os melhores resultados e o bem-estar geral deve ter sido a conseqüência. Na verdade, ao contrário, encontramos miséria, vergonha e, no final de tudo, um rio de sangue. Mas isso foi mera coincidência.” -- Joseph A. Schumpeter
“Na medida que os programas de educação sexual se multiplicaram amplamente no sistema educacional americano, durante os anos 1970, a taxa de gravidez da faixa etária de 15 a 19 anos cresceu dos aproximadamente 68/mil em 1970 para 96/mil em 1980. Dentre as meninas solteiras na faixa de 15 a 17 anos, a taxa de nascimentos cresceu 29% entre 1970 e 1984, a despeito do enorme crescimento do número de abortos, que mais que dobrou no mesmo período. Entre as meninas menores de 15 anos, o número de abortos ultrapassou o número de nascimentos em 1974.” – P. 18
Capítulo 3 – O que falam os números
“Conhecíamos muitas coisas que dificilmente podíamos entender.” – Kenneth Fearing
“Implícita na equação estatística da desigualdade promovida pela discriminação racial está a suposição que desigualdades não existiriam na ausência de tratamento desigual. No entanto, estudos internacionais têm, repetidamente, demonstrado que desigualdades inter-grupos são freqüentes em todo o mundo, seja com respeito ao consumo de álcool, à taxas de fertilidade, ao desempenho educacional, ou a outras inumeráveis variáveis. Uma lista razoavelmente completa de tais desigualdades seria tão grande quanto um dicionário.” – P. 35
“Que sentido teria a classificação de um homem como deficiente porque ele está, hoje, numa cadeira de rodas, se ele estará andando em um mês e participando de corridas em um ano? Mesmo assim, os americanos são separados em ‘classes’ com base em sua localização transitória na faixa salarial. Se a maioria dos americanos não permanece na mesma faixa salarial ampla por nem uma década, as repetidas mudanças de ‘classe’ fazem com que ‘classe’ seja um conceito nebuloso.” – P. 48
“Num dado ano, o número de divórcios pode ser metade do número de casamentos, mas dizer isso é o mesmo que comparar maçãs com laranjas. Os casamentos considerados são somente aqueles que ocorrem num determinado ano, enquanto que os divórcios daquele ano são de casamentos que ocorreram num passado que pode se estender por décadas. Dizer que metade de todos os casamentos termina em divórcio, baseado em estatísticas, seria equivalente a dizer que metade da população morreu no ano passado, se o número de mortes tivesse sido metade do número de nascimentos.” – P. 59
Capítulo 4 – A irrelevância da evidência
“Os fatos são coisas teimosas; e quaisquer que sejam nossos desejos, nossas inclinações, ou exigências de nossas paixões, eles não podem alterar nem fatos nem evidências” – John Adams
“Apesar da proporção dos filhos que moram com ambos os pais tem diminuído nas últimas décadas, o censo de 1992 mostrou que mais de dois terços – 71%, de fato – de todas as pessoas com idade menor que 18 anos estavam ainda morando com ambos os pais. Menos de 1% estavam vivendo com não parentes.” – P. 61
“Voltando a cem anos atrás, quando apenas uma geração separava os negros da escravidão, descobrimos que os dados do censo mostravam que uma proporção levemente menor de negros contraiam matrimônio, quando comparados aos brancos.” – P. 81
“Em 1940, entre as mulheres negras chefes de família, 52% tinham 45 anos de idade ou mais. Além disso, somente 14% de todas as crianças negras tinham mães solteiras.” – P. 81
“Todos somos a favor de um salário digno; eles (os ungidos), simplesmente, definem esse conceito em termos bem diferentes. Todo mundo é ‘progressista’ em seu próprio conceito. O fato dos ungidos acreditarem que esse rótulo (de progressista) os diferencia das outras pessoas é um dos vários sintomas de seu narcisismo infantil.” – P. 95
Capítulo 5 – Ungido versus incivilizado
“Todo homem, onde for, está cercado por uma nuvem de convicções confortáveis, que se move com ele como moscas num dia de verão” – Bertrand Russell
“Uma das mais importantes questões sobre qualquer curso de ação proposto é se sabemos como empreendê-lo. A Política A pode ser melhor que a Política B, mas isso não tem importância se não sabemos implementar a Política A. Talvez teria sido melhor reabilitar criminosos, ao invés de puni-los, se soubéssemos como fazê-lo. Recompensar o mérito pode ser melhor que recompensar resultados, se soubéssemos como fazê-lo. Mas, uma das diferenças cruciais entre aqueles com a visão trágica e aqueles com a visão do ungido está no que eles, respectivamente, assumem que sabemos fazer. Aqueles com a visão do ungido são, raramente, dissuadidos por qualquer questão sobre se alguém tem o conhecimento necessário para fazer o que eles estão tentando fazer.” – P. 109
“Um resumo sucinto da visão trágica foi dado pelos historiadores Will e Ariel Durant:
‘De cada cem idéias novas, noventa e nove serão, provavelmente, piores que as respostas tradicionais que elas propõem substituir. Nenhum homem, mesmo brilhante e bem-informado, pode alcançar em uma única vida uma tal completude de entendimento para, seguramente, julgar e descartar os costumes e instituições de sua sociedade, pois estes constituem a sabedoria de gerações, depois de séculos de experiência no laboratório da história.’ ” – P. 112
“Na visão trágica, os sofrimentos pessoais e os males sociais são inerentes das inatas deficiências de todos os seres humanos, sejam essas deficiências de conhecimento, de sabedoria, de moralidade ou de coragem. Além disso, os recursos disponíveis são sempre inadequados para preencher todos os desejos existentes. Então, não há ‘soluções’ na visão trágica, mas escolhas que deixam muitos desejos irrealizados e muita infelicidade no mundo.” – P. 113
“Na sua pressa para serem mais sábios e mais nobres do que os outros, os ungidos confundem duas questões básicas. Eles parecem assumir (1) que eles têm mais conhecimento que a média dos incivilizados e (2) que essa é uma comparação relevante. A comparação real, no entanto, não é entre o conhecimento possuído pela média da elite educada versus a média do público em geral, e sim entre o conhecimento total gerado pelos processos sociais (competição no mercado, organização social, etc.), envolvendo milhões de pessoas, versus o conhecimento de segunda mão, sobre generalidades, possuídos por um pequeno grupo de elite.” – P. 114
“Para o ungido, as tradições são vistas como cadáveres do passado, relíquias de uma idade menos ilustrada, e não como a experiências destilada de milhões que enfrentaram vicissitudes semelhantes, anteriormente.” – P. 118
“A suposta irracionalidade do público é um padrão usado por muitos, senão a maioria, dos grandes ungidos em suas cruzadas no século XX – independente do assunto ou da área a que se refere a cruzada. Quer o assunto seja ‘superpopulação’, economia keynesiana, justiça criminal, ou a exaustão de recursos naturais, a suposição-chave tem sido que o público é tão irracional que a sabedoria superior do ungido deve se impor, a fim de evitar o desastre. Não é que o ungido tenha, simplesmente, um desdém pelo público em geral. Tal desdém é uma parte integral de sua visão, pois, a característica central dessa visão é obstruir a decisão dos outros.” – P. 123
“Apesar de Adam Smith considerar as intenções dos empresários como egoístas e anti-sociais, ele percebeu que as conseqüências sistemáticas da competição entre eles eram muito mais benéficas para a sociedade, que uma regulamentação governamental bem-intencionado.” – P. 126
“Em seu fanatismo por tipos particulares de decisão, aqueles com a visão do ungido, raramente, consideram a natureza do processo de tomada de decisão. Freqüentemente, o que eles propõem envolve decisões de terceiros, tomadas por pessoas que não têm nenhum custo por estarem erradas – certamente, um dos modos menos promissores de tomar decisões satisfatórias para aqueles que sofrerão as conseqüências.” – P. 129
“Aqueles com a visão dos ungidos, freqüentemente, advogam a solução de disputas internacionais por meio da ‘diplomacia’ e da ‘negociação’, ao invés da ‘força’ – como se a diplomacia e a negociação não fosse dependente de um conjunto de incentivos adicionais, dos quais uma concreta ameaça militar é crucial.” – P. 130-131
“Para aqueles com a visão dos ungidos, a questão é: o que removerá uma característica particular negativa de uma situação existente para criar uma solução? Aqueles com a visão trágica perguntam: o que deve ser sacrificado para se atingir esse aprimoramento particular?” – P. 135
Capítulo 6 – As cruzadas dos ungidos
“Se acautele contra pessoas moralistas quando se trata de grandes questões; ser moralista é mais fácil do que enfrentar fatos graves” – John Corry
“Não há soluções, apenas escolhas entre situações conflitantes.” – P. 142
“A vasta penumbra de incerteza que encobriu os julgamentos de responsabilidade civil no alvorecer da revolução judicial dos anos 1960 e 1970 -- julgamentos esses que descartaram leis e princípios seculares, deixando juízes e júris livres para ceder às suas próprias inclinações --, fez com que fosse prudente para os acusados, o fechamento de acordos fora dos tribunais, mesmo que eles não tivessem feito nada de errado. Dois casos tipificam a incerteza dos resultados das cortes. Referem-se a um operador de guindaste, que encostou o braço da máquina numa linha de transmissão de alta tensão, originando um processo contra o fabricante do equipamento por não alertar os operadores sobre esse perigo – tal argumento foi refutado, sem julgamento, num estado, com o fundamento de que o perigo é óbvio demais para exigir algum tipo de aviso, apesar de em outro estado, o fabricante ter sido condenado a pagar mais de US$12 milhões. Em outras palavras, não há mais lei no sentido real da expressão, mas, somente éditos imprevisíveis emanados dos tribunais.” – P. 170
“Quando os ungidos dizem que há uma crise, isso significa que algo deve ser feito – e deve ser feito, simplesmente, porque os ungidos desejam alguma ação. Crise se tornou um dos muitos substitutos para evidência ou lógica.” – P. 182
Capítulo 7 – O vocabulário dos ungidos
“Os homens têm uma incurável propensão em prejulgar todas as grandes questões que os interessam estampando seus preconceitos em sua linguagem” – James Fitzjames Stephen
“Muitas discussões de intelectuais sobre as decisões de empresários se processam como se empregadores, proprietários e outros agentes operando sob sistemática pressão do mercado fossem livres para tomar decisões caprichosas e arbitrárias, baseadas em preconceito e informações enganosas – como se eles fossem intelectuais sentados em torno de uma mesa num seminário – e depois deixassem de pagar pelos erros cometidos.” – P. 188
“Mas, para aqueles com a visão dos ungidos, dizer que um plano ou política particular é contrário à natureza humana como a conhecemos, significa apenas que a natureza humana deve ser mudada. Então, o vocabulário dos ungidos está repleto de termos como ‘sensibilização’, ‘esclarecimento’ ou ‘reeducação’ de outras pessoas.” – P. 190
Outra forma verbal de mascarar a interferência da elite na decisão das pessoas é usar a palavra ‘pedir’ – como em ‘Só estamos pedindo que todos arquem com sua devida parcela.’ Mas, o governo não pede, ele manda. A Receita Federal não pede ‘contribuição’. Ela toma.” – P. 197
“Muitas palavras e frases usadas na mídia e entre acadêmicos sugerem que as coisas, simplesmente, acontecem com as pessoas, ao invés de serem causadas por suas próprias escolhas e comportamento. Assim, afirma-se que há uma gravidez ‘epidêmica’ ou um uso ‘epidêmico’ de drogas entre os adolescentes, como se essas coisas fossem como uma gripe que as pessoas pegam somente por estarem no lugar errado, na hora errada.” – P. 198
“Uma personificação ampla da ‘sociedade’ é outra tática verbal que esconde questões de responsabilidade pessoal. Tal uso do termo ‘sociedade’ é uma versão mais sofisticada da noção de que ‘o demônio me obrigou a fazer isso.’ Tal como o todo o vocabulário dos ungidos, esse termo é usado como uma palavra mágica que faz a escolha, o comportamento e o desempenho se esvaecerem.” – P. 199
“A visão dos ungidos considera que males como a pobreza, o sexo irresponsável e o crime derivam, primariamente, da ‘sociedade,’ ao invés de derivar das escolhas pessoais e do comportamento. Acreditar em responsabilidade pessoal seria destruir todo o papel especial do ungido, cuja visão os escala para o papel de salvadores das pessoas que são tratadas de forma injusta pela ‘sociedade.’ ” – P. 203
“Dizer que ‘a riqueza na América é tão injustamente distribuída,’ como faz Ronald Dworkin, é grosseiramente enganador, pois, a maior parte da riqueza dos Estados Unidos não é, de forma alguma, distribuída. As pessoas criam, ganham, poupam e gastam a riqueza.” – P. 211
Capítulo 8 – Cortejando o desastre
“O sistema legal perdeu sua alma e se tornou uma selva” – Bertrand de Jouvenel
“Em resumo, conquanto salvar alguns indivíduos inocentes de uma injusta condenação é importante, a questão é se isso é mais importante que poupar outros indivíduos inocentes da violência e morte nas mãos de criminosos. Salvar um réu inocente por década vale o sacrifício de dez assassinatos de vítimas inocentes? Mil assassinatos? Quando reconhecemos que não há solução, mas apenas escolhas entre situações conflitantes, não podemos mais perseguir o ideal da justiça cósmica, mas devemos fazer nossas escolhas entre alternativas, realmente, disponíveis – e essas alternativas não incluem a garantia de que nenhum mal atingirá uma vítima inocente. A única maneira de nos assegurarmos de que nenhum inocente será jamais condenado erradamente é descartarmos o sistema judicial criminal e aceitarmos os horrores da anarquia.” – P. 225
“Aqueles que, hoje, advogam uma ‘moderação judicial’ definem essa expressão como sendo juízes interpretando leis, inclusive a Constituição, de acordo com o significado que as palavras dessas leis tinham quando foram escritas.” – P. 227
“Ativismo judicial é um mecanismo por meio do qual a visão esquerdista pode ser imposta sobre o público em geral que não a compartilha, sem ter de passar pelo crivo de autoridades eleitas que não ousariam apoiar muitas das características dessa visão.” – P. 235
Capítulo 9 – Realidade opcional
“... ideologia … é um instrumento de poder; um mecanismo de defesa contra a informação; um pretexto para desprezar os limites morais na consecução ou na aprovação do mal, com a consciência tranqüila; e finalmente, um modo de banir o critério da experiência, isto é, de eliminar completamente, ou postergar indefinidamente, o critério pragmático do sucesso e do fracasso.” – Jean-François Revel
“Como Hannah Arendt observou, transformar questões de fato em questões de intenção foi uma grande realização dos totalitários do século XX. É uma realização perigosa que sobreviveu ao colapso dos impérios facista e comunista e se transformou numa marca registrada da maior parte da intelligentsia ocidental.” – P. 244
“Se a verdade é maçante, a civilização é irritante. Os limites inerentes da vida civilizada são frustrantes de muitas formas. Mesmo assim aqueles com a visão dos ungidos, freqüentemente, vêem esses limites, somente, como imposições arbitrárias, coisas das quais eles – e nós todos – podemos ser liberados. A desintegração social que segue o advento de tais liberações, raramente, provoca qualquer reconsideração séria de todo o conjunto de suposições – a visão – que levou a tais desastres. Essa visão é muito bem isolada de realimentações.” – P. 247
“Uma alegação é sempre levantada contra a intelligentsia e outros membros dos ungidos, a de que falta senso comum a suas teorias e políticas. Mas a própria normalidade do senso comum o faz muito pouco atrativo para os ungidos. Como eles podem ser mais sábios e mais nobres do que todos, ao mesmo tempo em que concordam com todo mundo?” – P. 248
“A civilização já foi definida, muito apropriadamente, como ‘uma fina crosta sobre um vulcão’. Os ungidos estão, constantemente, pressionando essa crosta.” – P. 250
“Um fazendeiro californiano pode sempre mostrar à audiência televisiva a abundante safra que ele colheu com a ajuda do projeto de irrigação governamental. Mas ninguém pode filmar as safras que teriam sido colhidas em outros lugares, a um custo menor, se não houvesse subsídios governamentais que encorajassem o uso da água, obtida a um custo maior, no deserto da Califórnia, ao invés do uso da água de graça, obtida das nuvens, em algum outro lugar.” – P. 257
“Dentre os ungidos encontramos toda uma classe de supostos ‘bem-pensantes’, que pensam, surpreendentemente, pouco sobre os fundamentos e, incrivelmente, muito sobre expressão verbal. Por esse pequeno grupo de pessoas acreditar-se mais sábio e mais nobre que os mortais comuns, temos adotado políticas que impõem altos custos a milhões de outros seres humanos, não somente por meio de impostos, mas também em empregos perdidos, em desintegração social e na perda da segurança pessoal. Raramente, tão poucos custaram tanto a tanta gente.” – P. 260
1. Recentemente o prof. Olavo de Carvalho mencionou, aqui, vários livros e autores que têm sido, permanente e voluntariamente, ocultados dos brasileiros, por uma política editorial dominada, há décadas, pela militância esquerdista. Ele não mencionou Thomas Sowell, certamente, porque seu objetivo era citar apenas alguns exemplos da calamidade que a falta de certos livros pode causar a um povo deles privado. No entanto, estou certo de que o livro The Vision of the Anointed (A Visão dos Ungidos) está entre os que mais falta faz aos leitores deste nosso pobre país. Abaixo se encontram alguns trechos desse livro, escolhidas por John Hawkins (versão original) e publicadas em 2001. Pela amostra, pode-se ter uma vaga idéia da preciosidade da obra.
2. O livro de Sowell, apesar das diferenças de tom e de estratégia, é semelhante ao Imbecil Coletivo de Olavo de Carvalho. Os ungidos de Sowell nada mais são que os membros do Imbecil Coletivo desmascarados, implacavelmente, por Olavo. Ambos os autores mostram, de maneira insofismável, como se move essa casta arrogante e autoritária, que objetiva, muitas vezes com sucesso, isolar a Civilização Ocidental de toda a sua herança religiosa e filosófica construída ao longo de milênios. Com Sowell percebemos que o fenômeno é universal. Como Olavo já observou em outro local: “a esquerda é internacional, enquanto a direita é nacional”.
3. Adicionei os títulos dos capítulos referentes aos trechos selecionados. Abaixo de cada título, reproduzo a citação de abertura, que dá o tom do capítulo. Os números das páginas em que aparecem os trechos se referem à edição da Basic Books de 1995.
A melhores trechos de A Visão dos Ungidos de Thomas Sowell.
John Hawkins
*** Observe que Thomas Sowell usa o termo ungido para se referir aos esquerdistas, o termo incivilizado (bárbaro) ou trágico para os conservadores, e o termo visão representa sua (dos ungidos) filosofia. Assim, “a visão dos ungidos” é o modo esquerdista de ver o mundo. ***
Capítulo 1 – A unção lisonjeira
“Não massageies tua alma com essa unção lisonjeira” -- Hamlet
“Essa visão esquerdista permeia tão amplamente a mídia e a academia, e se imiscuiu tão profundamente na comunidade religiosa, que muitos chegam até a idade adulta sem perceber que há um outro modo de olhar para as coisas, ou que evidências podem ser relevantes para a verificação das suposições tão avassaladoras dos ‘bem-pensantes’. Muitos desses ‘bem-pensantes’ podem ser mais bem caracterizados como pessoas ‘articuladas’, como pessoas cuja agilidade verbal pode mascarar a lógica e a força das evidências. Esse pode ser um talento fatal, quando ele promove o crucial isolamento da realidade que está por trás de muitas catástrofes históricas.” – P. 6
Capítulo 2 – O padrão
“Eles foram trabalhar com insuperável eficiência. Pleno emprego, os melhores resultados e o bem-estar geral deve ter sido a conseqüência. Na verdade, ao contrário, encontramos miséria, vergonha e, no final de tudo, um rio de sangue. Mas isso foi mera coincidência.” -- Joseph A. Schumpeter
“Na medida que os programas de educação sexual se multiplicaram amplamente no sistema educacional americano, durante os anos 1970, a taxa de gravidez da faixa etária de 15 a 19 anos cresceu dos aproximadamente 68/mil em 1970 para 96/mil em 1980. Dentre as meninas solteiras na faixa de 15 a 17 anos, a taxa de nascimentos cresceu 29% entre 1970 e 1984, a despeito do enorme crescimento do número de abortos, que mais que dobrou no mesmo período. Entre as meninas menores de 15 anos, o número de abortos ultrapassou o número de nascimentos em 1974.” – P. 18
Capítulo 3 – O que falam os números
“Conhecíamos muitas coisas que dificilmente podíamos entender.” – Kenneth Fearing
“Implícita na equação estatística da desigualdade promovida pela discriminação racial está a suposição que desigualdades não existiriam na ausência de tratamento desigual. No entanto, estudos internacionais têm, repetidamente, demonstrado que desigualdades inter-grupos são freqüentes em todo o mundo, seja com respeito ao consumo de álcool, à taxas de fertilidade, ao desempenho educacional, ou a outras inumeráveis variáveis. Uma lista razoavelmente completa de tais desigualdades seria tão grande quanto um dicionário.” – P. 35
“Que sentido teria a classificação de um homem como deficiente porque ele está, hoje, numa cadeira de rodas, se ele estará andando em um mês e participando de corridas em um ano? Mesmo assim, os americanos são separados em ‘classes’ com base em sua localização transitória na faixa salarial. Se a maioria dos americanos não permanece na mesma faixa salarial ampla por nem uma década, as repetidas mudanças de ‘classe’ fazem com que ‘classe’ seja um conceito nebuloso.” – P. 48
“Num dado ano, o número de divórcios pode ser metade do número de casamentos, mas dizer isso é o mesmo que comparar maçãs com laranjas. Os casamentos considerados são somente aqueles que ocorrem num determinado ano, enquanto que os divórcios daquele ano são de casamentos que ocorreram num passado que pode se estender por décadas. Dizer que metade de todos os casamentos termina em divórcio, baseado em estatísticas, seria equivalente a dizer que metade da população morreu no ano passado, se o número de mortes tivesse sido metade do número de nascimentos.” – P. 59
Capítulo 4 – A irrelevância da evidência
“Os fatos são coisas teimosas; e quaisquer que sejam nossos desejos, nossas inclinações, ou exigências de nossas paixões, eles não podem alterar nem fatos nem evidências” – John Adams
“Apesar da proporção dos filhos que moram com ambos os pais tem diminuído nas últimas décadas, o censo de 1992 mostrou que mais de dois terços – 71%, de fato – de todas as pessoas com idade menor que 18 anos estavam ainda morando com ambos os pais. Menos de 1% estavam vivendo com não parentes.” – P. 61
“Voltando a cem anos atrás, quando apenas uma geração separava os negros da escravidão, descobrimos que os dados do censo mostravam que uma proporção levemente menor de negros contraiam matrimônio, quando comparados aos brancos.” – P. 81
“Em 1940, entre as mulheres negras chefes de família, 52% tinham 45 anos de idade ou mais. Além disso, somente 14% de todas as crianças negras tinham mães solteiras.” – P. 81
“Todos somos a favor de um salário digno; eles (os ungidos), simplesmente, definem esse conceito em termos bem diferentes. Todo mundo é ‘progressista’ em seu próprio conceito. O fato dos ungidos acreditarem que esse rótulo (de progressista) os diferencia das outras pessoas é um dos vários sintomas de seu narcisismo infantil.” – P. 95
Capítulo 5 – Ungido versus incivilizado
“Todo homem, onde for, está cercado por uma nuvem de convicções confortáveis, que se move com ele como moscas num dia de verão” – Bertrand Russell
“Uma das mais importantes questões sobre qualquer curso de ação proposto é se sabemos como empreendê-lo. A Política A pode ser melhor que a Política B, mas isso não tem importância se não sabemos implementar a Política A. Talvez teria sido melhor reabilitar criminosos, ao invés de puni-los, se soubéssemos como fazê-lo. Recompensar o mérito pode ser melhor que recompensar resultados, se soubéssemos como fazê-lo. Mas, uma das diferenças cruciais entre aqueles com a visão trágica e aqueles com a visão do ungido está no que eles, respectivamente, assumem que sabemos fazer. Aqueles com a visão do ungido são, raramente, dissuadidos por qualquer questão sobre se alguém tem o conhecimento necessário para fazer o que eles estão tentando fazer.” – P. 109
“Um resumo sucinto da visão trágica foi dado pelos historiadores Will e Ariel Durant:
‘De cada cem idéias novas, noventa e nove serão, provavelmente, piores que as respostas tradicionais que elas propõem substituir. Nenhum homem, mesmo brilhante e bem-informado, pode alcançar em uma única vida uma tal completude de entendimento para, seguramente, julgar e descartar os costumes e instituições de sua sociedade, pois estes constituem a sabedoria de gerações, depois de séculos de experiência no laboratório da história.’ ” – P. 112
“Na visão trágica, os sofrimentos pessoais e os males sociais são inerentes das inatas deficiências de todos os seres humanos, sejam essas deficiências de conhecimento, de sabedoria, de moralidade ou de coragem. Além disso, os recursos disponíveis são sempre inadequados para preencher todos os desejos existentes. Então, não há ‘soluções’ na visão trágica, mas escolhas que deixam muitos desejos irrealizados e muita infelicidade no mundo.” – P. 113
“Na sua pressa para serem mais sábios e mais nobres do que os outros, os ungidos confundem duas questões básicas. Eles parecem assumir (1) que eles têm mais conhecimento que a média dos incivilizados e (2) que essa é uma comparação relevante. A comparação real, no entanto, não é entre o conhecimento possuído pela média da elite educada versus a média do público em geral, e sim entre o conhecimento total gerado pelos processos sociais (competição no mercado, organização social, etc.), envolvendo milhões de pessoas, versus o conhecimento de segunda mão, sobre generalidades, possuídos por um pequeno grupo de elite.” – P. 114
“Para o ungido, as tradições são vistas como cadáveres do passado, relíquias de uma idade menos ilustrada, e não como a experiências destilada de milhões que enfrentaram vicissitudes semelhantes, anteriormente.” – P. 118
“A suposta irracionalidade do público é um padrão usado por muitos, senão a maioria, dos grandes ungidos em suas cruzadas no século XX – independente do assunto ou da área a que se refere a cruzada. Quer o assunto seja ‘superpopulação’, economia keynesiana, justiça criminal, ou a exaustão de recursos naturais, a suposição-chave tem sido que o público é tão irracional que a sabedoria superior do ungido deve se impor, a fim de evitar o desastre. Não é que o ungido tenha, simplesmente, um desdém pelo público em geral. Tal desdém é uma parte integral de sua visão, pois, a característica central dessa visão é obstruir a decisão dos outros.” – P. 123
“Apesar de Adam Smith considerar as intenções dos empresários como egoístas e anti-sociais, ele percebeu que as conseqüências sistemáticas da competição entre eles eram muito mais benéficas para a sociedade, que uma regulamentação governamental bem-intencionado.” – P. 126
“Em seu fanatismo por tipos particulares de decisão, aqueles com a visão do ungido, raramente, consideram a natureza do processo de tomada de decisão. Freqüentemente, o que eles propõem envolve decisões de terceiros, tomadas por pessoas que não têm nenhum custo por estarem erradas – certamente, um dos modos menos promissores de tomar decisões satisfatórias para aqueles que sofrerão as conseqüências.” – P. 129
“Aqueles com a visão dos ungidos, freqüentemente, advogam a solução de disputas internacionais por meio da ‘diplomacia’ e da ‘negociação’, ao invés da ‘força’ – como se a diplomacia e a negociação não fosse dependente de um conjunto de incentivos adicionais, dos quais uma concreta ameaça militar é crucial.” – P. 130-131
“Para aqueles com a visão dos ungidos, a questão é: o que removerá uma característica particular negativa de uma situação existente para criar uma solução? Aqueles com a visão trágica perguntam: o que deve ser sacrificado para se atingir esse aprimoramento particular?” – P. 135
Capítulo 6 – As cruzadas dos ungidos
“Se acautele contra pessoas moralistas quando se trata de grandes questões; ser moralista é mais fácil do que enfrentar fatos graves” – John Corry
“Não há soluções, apenas escolhas entre situações conflitantes.” – P. 142
“A vasta penumbra de incerteza que encobriu os julgamentos de responsabilidade civil no alvorecer da revolução judicial dos anos 1960 e 1970 -- julgamentos esses que descartaram leis e princípios seculares, deixando juízes e júris livres para ceder às suas próprias inclinações --, fez com que fosse prudente para os acusados, o fechamento de acordos fora dos tribunais, mesmo que eles não tivessem feito nada de errado. Dois casos tipificam a incerteza dos resultados das cortes. Referem-se a um operador de guindaste, que encostou o braço da máquina numa linha de transmissão de alta tensão, originando um processo contra o fabricante do equipamento por não alertar os operadores sobre esse perigo – tal argumento foi refutado, sem julgamento, num estado, com o fundamento de que o perigo é óbvio demais para exigir algum tipo de aviso, apesar de em outro estado, o fabricante ter sido condenado a pagar mais de US$12 milhões. Em outras palavras, não há mais lei no sentido real da expressão, mas, somente éditos imprevisíveis emanados dos tribunais.” – P. 170
“Quando os ungidos dizem que há uma crise, isso significa que algo deve ser feito – e deve ser feito, simplesmente, porque os ungidos desejam alguma ação. Crise se tornou um dos muitos substitutos para evidência ou lógica.” – P. 182
Capítulo 7 – O vocabulário dos ungidos
“Os homens têm uma incurável propensão em prejulgar todas as grandes questões que os interessam estampando seus preconceitos em sua linguagem” – James Fitzjames Stephen
“Muitas discussões de intelectuais sobre as decisões de empresários se processam como se empregadores, proprietários e outros agentes operando sob sistemática pressão do mercado fossem livres para tomar decisões caprichosas e arbitrárias, baseadas em preconceito e informações enganosas – como se eles fossem intelectuais sentados em torno de uma mesa num seminário – e depois deixassem de pagar pelos erros cometidos.” – P. 188
“Mas, para aqueles com a visão dos ungidos, dizer que um plano ou política particular é contrário à natureza humana como a conhecemos, significa apenas que a natureza humana deve ser mudada. Então, o vocabulário dos ungidos está repleto de termos como ‘sensibilização’, ‘esclarecimento’ ou ‘reeducação’ de outras pessoas.” – P. 190
Outra forma verbal de mascarar a interferência da elite na decisão das pessoas é usar a palavra ‘pedir’ – como em ‘Só estamos pedindo que todos arquem com sua devida parcela.’ Mas, o governo não pede, ele manda. A Receita Federal não pede ‘contribuição’. Ela toma.” – P. 197
“Muitas palavras e frases usadas na mídia e entre acadêmicos sugerem que as coisas, simplesmente, acontecem com as pessoas, ao invés de serem causadas por suas próprias escolhas e comportamento. Assim, afirma-se que há uma gravidez ‘epidêmica’ ou um uso ‘epidêmico’ de drogas entre os adolescentes, como se essas coisas fossem como uma gripe que as pessoas pegam somente por estarem no lugar errado, na hora errada.” – P. 198
“Uma personificação ampla da ‘sociedade’ é outra tática verbal que esconde questões de responsabilidade pessoal. Tal uso do termo ‘sociedade’ é uma versão mais sofisticada da noção de que ‘o demônio me obrigou a fazer isso.’ Tal como o todo o vocabulário dos ungidos, esse termo é usado como uma palavra mágica que faz a escolha, o comportamento e o desempenho se esvaecerem.” – P. 199
“A visão dos ungidos considera que males como a pobreza, o sexo irresponsável e o crime derivam, primariamente, da ‘sociedade,’ ao invés de derivar das escolhas pessoais e do comportamento. Acreditar em responsabilidade pessoal seria destruir todo o papel especial do ungido, cuja visão os escala para o papel de salvadores das pessoas que são tratadas de forma injusta pela ‘sociedade.’ ” – P. 203
“Dizer que ‘a riqueza na América é tão injustamente distribuída,’ como faz Ronald Dworkin, é grosseiramente enganador, pois, a maior parte da riqueza dos Estados Unidos não é, de forma alguma, distribuída. As pessoas criam, ganham, poupam e gastam a riqueza.” – P. 211
Capítulo 8 – Cortejando o desastre
“O sistema legal perdeu sua alma e se tornou uma selva” – Bertrand de Jouvenel
“Em resumo, conquanto salvar alguns indivíduos inocentes de uma injusta condenação é importante, a questão é se isso é mais importante que poupar outros indivíduos inocentes da violência e morte nas mãos de criminosos. Salvar um réu inocente por década vale o sacrifício de dez assassinatos de vítimas inocentes? Mil assassinatos? Quando reconhecemos que não há solução, mas apenas escolhas entre situações conflitantes, não podemos mais perseguir o ideal da justiça cósmica, mas devemos fazer nossas escolhas entre alternativas, realmente, disponíveis – e essas alternativas não incluem a garantia de que nenhum mal atingirá uma vítima inocente. A única maneira de nos assegurarmos de que nenhum inocente será jamais condenado erradamente é descartarmos o sistema judicial criminal e aceitarmos os horrores da anarquia.” – P. 225
“Aqueles que, hoje, advogam uma ‘moderação judicial’ definem essa expressão como sendo juízes interpretando leis, inclusive a Constituição, de acordo com o significado que as palavras dessas leis tinham quando foram escritas.” – P. 227
“Ativismo judicial é um mecanismo por meio do qual a visão esquerdista pode ser imposta sobre o público em geral que não a compartilha, sem ter de passar pelo crivo de autoridades eleitas que não ousariam apoiar muitas das características dessa visão.” – P. 235
Capítulo 9 – Realidade opcional
“... ideologia … é um instrumento de poder; um mecanismo de defesa contra a informação; um pretexto para desprezar os limites morais na consecução ou na aprovação do mal, com a consciência tranqüila; e finalmente, um modo de banir o critério da experiência, isto é, de eliminar completamente, ou postergar indefinidamente, o critério pragmático do sucesso e do fracasso.” – Jean-François Revel
“Como Hannah Arendt observou, transformar questões de fato em questões de intenção foi uma grande realização dos totalitários do século XX. É uma realização perigosa que sobreviveu ao colapso dos impérios facista e comunista e se transformou numa marca registrada da maior parte da intelligentsia ocidental.” – P. 244
“Se a verdade é maçante, a civilização é irritante. Os limites inerentes da vida civilizada são frustrantes de muitas formas. Mesmo assim aqueles com a visão dos ungidos, freqüentemente, vêem esses limites, somente, como imposições arbitrárias, coisas das quais eles – e nós todos – podemos ser liberados. A desintegração social que segue o advento de tais liberações, raramente, provoca qualquer reconsideração séria de todo o conjunto de suposições – a visão – que levou a tais desastres. Essa visão é muito bem isolada de realimentações.” – P. 247
“Uma alegação é sempre levantada contra a intelligentsia e outros membros dos ungidos, a de que falta senso comum a suas teorias e políticas. Mas a própria normalidade do senso comum o faz muito pouco atrativo para os ungidos. Como eles podem ser mais sábios e mais nobres do que todos, ao mesmo tempo em que concordam com todo mundo?” – P. 248
“A civilização já foi definida, muito apropriadamente, como ‘uma fina crosta sobre um vulcão’. Os ungidos estão, constantemente, pressionando essa crosta.” – P. 250
“Um fazendeiro californiano pode sempre mostrar à audiência televisiva a abundante safra que ele colheu com a ajuda do projeto de irrigação governamental. Mas ninguém pode filmar as safras que teriam sido colhidas em outros lugares, a um custo menor, se não houvesse subsídios governamentais que encorajassem o uso da água, obtida a um custo maior, no deserto da Califórnia, ao invés do uso da água de graça, obtida das nuvens, em algum outro lugar.” – P. 257
“Dentre os ungidos encontramos toda uma classe de supostos ‘bem-pensantes’, que pensam, surpreendentemente, pouco sobre os fundamentos e, incrivelmente, muito sobre expressão verbal. Por esse pequeno grupo de pessoas acreditar-se mais sábio e mais nobre que os mortais comuns, temos adotado políticas que impõem altos custos a milhões de outros seres humanos, não somente por meio de impostos, mas também em empregos perdidos, em desintegração social e na perda da segurança pessoal. Raramente, tão poucos custaram tanto a tanta gente.” – P. 260
Igualdade, Desigualdade e Destino
Thomas Sowell
Uma das confusões que contamina as discussões sobre igualdade e desigualdade é a confusão entre os caprichos do destino e os pecados do homem. Há muito dos dois, mas eles precisam ser distinguidos claramente um do outro.
O fato simples de que há grandes diferenças entre indivíduos em relação a salários e ocupações e que seus níveis de vida dependem disso, tem sido visto como “injusto”, especialmente quando o acidente do nascimento tem muito a ver com essas grandes diferenças econômicas e sociais.
A vida é injusta. Não há razão para negar isso. De fato, é difícil imaginar como a vida poderia ser justa, dados todos os inumeráveis fatores que influenciam o sucesso ou o fracasso individual – e a forma como esses fatores variam enormemente de uma pessoa para outra, de um grupo para outro e de uma nação para outra.
Quaisquer que sejam as potencialidades com que alguém entre no mundo, o desenvolvimento dessas potencialidades em habilidades específicas depende dos pais, escolas, pares e valores culturais que envolvem o indivíduo.
Os esquimós têm, certamente, toda a inteligência requerida para plantar abacaxis, mas eles, dificilmente, terão essa experiência. Nem os havaianos, provavelmente, saberão como caçar focas no Ártico.
Crianças que crescem em lares onde os esportes são discutidos constantemente, mas não as ciências, não terão, provavelmente, os mesmos objetivos e as mesmas carreiras que as crianças que crescem em lares onde o contrário é verdadeiro.
Nada disso é culpa de alguém, nem daquele bode expiatório universal, a “sociedade”. Esses são apenas os caprichos do destino.
Por milhares de anos, o Hemisfério Ocidental como um todo não teve a oportunidade de se desenvolver do mesmo modo que a Europa e a Ásia, porque os cavalos e bois permitiram aos europeus e aos asiáticos construírem sua agricultura e seu meio de transporte através dessas bestas de carga – nenhuma delas existia no Hemisfério Ocidental até que foram trazidas pelos invasores europeus.
Todo o modo de vida tinha de ser diferente nesta metade do planeta em relação ao que era na vasta massa de terra eurasiana. De quem era a culpa?
Alguns grupos étnicos têm uma idade média uma década maior do que a média de outros e mesmo países inteiros como a Alemanha e Itália têm idades médias que são duas décadas maiores que a média do Afeganistão ou Yemem.
Seria isso um campo de jogo plano*? Não! Há uma injusta vantagem para aqueles com mais experiência e com mais capacidade adquirida pela maior experiência.
Outras diferenças são devidas aos pecados dos homens – discriminação, conquista, escravidão e muito mais. Mesmo assim, quaisquer que sejam as fontes das diferenças entre os povos, elas são enormes, assim como suas conseqüências econômicas.
Nada disso é difícil de entender em si mesmo. Mas tudo fica confuso e deformado pela retórica e pelas visões e as cruzadas da intelligentsia e dos políticos.
Mesmo nossos tribunais estão prontos para considerar diferentes distribuições de grupos nas ocupações como evidência de que o empregador discriminou, uma vez que é, aparentemente, inoportuno considerar que os próprios grupos podem diferir, tanto de forma quantificável, como em idade, quanto de forma intangível, como em atitudes.
Esse dogma igualitário está tão profundamente enraizado que diferentes taxas de aprovação em testes de um grupo em relação ao outro são tomadas como evidências de que algo está errado com os testes. Taxas diferentes de promoção no trabalho ou na escola são consideradas como prova virtual de que o empregador ou a escola está fazendo algo errado.
O autor de sucesso Shelby Steele tem argumentado, persuasivamente, que os brancos temem ser considerados racistas e os negros temem ser considerados inferiores natos – e que, como resultado, ambos os grupos fazem coisas tolas e contra-produtivas, Tais atitudes se aplicam em questões além das raciais.
As leis e políticas de uma nação precisam servir a propósitos mais sérios do que permitir as pessoas fugirem de seus problemas psicológicos. Já é tempo de essas leis e políticas se basearem em realidades e serem avaliadas por suas conseqüências.
* Tradução literal da expressão “level playing field”, que significa um campo de jogo que não privilegia nenhum dos times. Um campo justo, onde cada adversário tem a mesma chance de ganhar. (N. do T.)
Publicado por Townhall
Uma das confusões que contamina as discussões sobre igualdade e desigualdade é a confusão entre os caprichos do destino e os pecados do homem. Há muito dos dois, mas eles precisam ser distinguidos claramente um do outro.
O fato simples de que há grandes diferenças entre indivíduos em relação a salários e ocupações e que seus níveis de vida dependem disso, tem sido visto como “injusto”, especialmente quando o acidente do nascimento tem muito a ver com essas grandes diferenças econômicas e sociais.
A vida é injusta. Não há razão para negar isso. De fato, é difícil imaginar como a vida poderia ser justa, dados todos os inumeráveis fatores que influenciam o sucesso ou o fracasso individual – e a forma como esses fatores variam enormemente de uma pessoa para outra, de um grupo para outro e de uma nação para outra.
Quaisquer que sejam as potencialidades com que alguém entre no mundo, o desenvolvimento dessas potencialidades em habilidades específicas depende dos pais, escolas, pares e valores culturais que envolvem o indivíduo.
Os esquimós têm, certamente, toda a inteligência requerida para plantar abacaxis, mas eles, dificilmente, terão essa experiência. Nem os havaianos, provavelmente, saberão como caçar focas no Ártico.
Crianças que crescem em lares onde os esportes são discutidos constantemente, mas não as ciências, não terão, provavelmente, os mesmos objetivos e as mesmas carreiras que as crianças que crescem em lares onde o contrário é verdadeiro.
Nada disso é culpa de alguém, nem daquele bode expiatório universal, a “sociedade”. Esses são apenas os caprichos do destino.
Por milhares de anos, o Hemisfério Ocidental como um todo não teve a oportunidade de se desenvolver do mesmo modo que a Europa e a Ásia, porque os cavalos e bois permitiram aos europeus e aos asiáticos construírem sua agricultura e seu meio de transporte através dessas bestas de carga – nenhuma delas existia no Hemisfério Ocidental até que foram trazidas pelos invasores europeus.
Todo o modo de vida tinha de ser diferente nesta metade do planeta em relação ao que era na vasta massa de terra eurasiana. De quem era a culpa?
Alguns grupos étnicos têm uma idade média uma década maior do que a média de outros e mesmo países inteiros como a Alemanha e Itália têm idades médias que são duas décadas maiores que a média do Afeganistão ou Yemem.
Seria isso um campo de jogo plano*? Não! Há uma injusta vantagem para aqueles com mais experiência e com mais capacidade adquirida pela maior experiência.
Outras diferenças são devidas aos pecados dos homens – discriminação, conquista, escravidão e muito mais. Mesmo assim, quaisquer que sejam as fontes das diferenças entre os povos, elas são enormes, assim como suas conseqüências econômicas.
Nada disso é difícil de entender em si mesmo. Mas tudo fica confuso e deformado pela retórica e pelas visões e as cruzadas da intelligentsia e dos políticos.
Mesmo nossos tribunais estão prontos para considerar diferentes distribuições de grupos nas ocupações como evidência de que o empregador discriminou, uma vez que é, aparentemente, inoportuno considerar que os próprios grupos podem diferir, tanto de forma quantificável, como em idade, quanto de forma intangível, como em atitudes.
Esse dogma igualitário está tão profundamente enraizado que diferentes taxas de aprovação em testes de um grupo em relação ao outro são tomadas como evidências de que algo está errado com os testes. Taxas diferentes de promoção no trabalho ou na escola são consideradas como prova virtual de que o empregador ou a escola está fazendo algo errado.
O autor de sucesso Shelby Steele tem argumentado, persuasivamente, que os brancos temem ser considerados racistas e os negros temem ser considerados inferiores natos – e que, como resultado, ambos os grupos fazem coisas tolas e contra-produtivas, Tais atitudes se aplicam em questões além das raciais.
As leis e políticas de uma nação precisam servir a propósitos mais sérios do que permitir as pessoas fugirem de seus problemas psicológicos. Já é tempo de essas leis e políticas se basearem em realidades e serem avaliadas por suas conseqüências.
* Tradução literal da expressão “level playing field”, que significa um campo de jogo que não privilegia nenhum dos times. Um campo justo, onde cada adversário tem a mesma chance de ganhar. (N. do T.)
Publicado por Townhall
O Dogma da Desigualdade
Thomas Sowell
Esta é mesmo a era dos dogmas, quando se trata de diferenças entre grupos. Alguns negam, cegamente, que diferenças de desempenho intergrupos são algo além de “estereótipos”, “percepções”, ou discriminação.
Do outro lado do espectro, o dogma é que diferenças mentais, especialmente – tanto entre indivíduos quanto entre grupos – são inatas, estão nos genes. As reações contra essa visão são tão fortes em alguns lugares que podem se tornar um caso de Justiça Federal aplicar testes de QI em crianças negras.
Essas visões opostas sobrevivem a séculos. No século XVIII, Adam Smith disse que as diferenças entre os portuários e os filósofos eram devidas à educação e sugeriu que havia menos diferença entre os homens que entre os cães.
Do outro lado, um estudioso islâmico do século X observou que os europeus ficavam mais brancos quanto mais ao norte se ia e, também, que “quanto mais ao norte eles viviam, mais estúpidos, grossos e brutos eles eram.” Mas, quais foram os fatos a partir do século X?
Desde a antiguidade, a Europa Mediterrânea – especialmente o extremo leste – foi muito mais avançada que o norte da Europa, em tecnologia, organização, alfabetização e todas as coisas que fazem uma sociedade mais avançada. O fato de que tudo isso mudou nos séculos posteriores não significa que esse estudioso do século X não estava correto, no que ele dizia, quando ele dizia. No mínimo, ele estava lá e nós não.
Infelizmente, os fatos têm tido um papel secundário na maior parte da discussão sobre as diferenças entre grupos, raças, nações e civilizações – tanto entre os que defendem a igualdade inata quanto entre os que defendem a desigualdade inata.
No início do século XX, muitos crentes na desigualdade inata apresentaram o que parecia ser um argumento logicamente sólido de que nosso QI nacional corria perigo de um declínio a longo prazo, uma vez que as pessoas com baixo QI, usualmente, tinham mais filhos que os de alto QI. Os movimentos pela eugenia e pelo controle de natalidade procuraram contrabalançar essa tendência propondo reduzir o número de crianças nascidas de pessoas com baixo QI.
A solidez lógica desse argumento se tornou sua maior vulnerabilidade quando confrontado com fatos reais. Uma ampla pesquisa conduzida pelo Professor James R. Flynn, um americano expatriado em Nova Zelândia, mostrou que, de fato, as nações têm aumentado substancialmente seus desempenhos em testes mentais ao longo dos anos.
Isso nunca deveria ter ocorrido se os testes de QI medissem habilidades inatas, predeterminadas pelos genes. Mesmo assim, o trabalho do Professor Flynn, amplamente reconhecido entre os estudiosos, revelou muitos países em que gerações inteiras respondiam maior número de questões certas nos testes de QI que seus pais e avós.
Pelo fato dos testes de QI terem, por definição, um escore médio de 100, os padrões mudam continuamente. Em outras palavras, se a pessoa média responde corretamente 42 questões num teste de QI, então 42 respostas corretas serão computadas como um QI de 100.
Uma geração mais tarde, se a pessoa média responde corretamente 53 questões no mesmo teste, então 53 respostas corretas serão definidas como um QI de 100. O que isso significa é que não havia nada para indicar como os resultados dos testes de QI estariam se aprimorando, até que o Professor Flynn voltou e consultou os resultados brutos dos escores e descobriu o quanto eles haviam aumentado ao longo de gerações.
Já é tempo de reconhecer os fatos como fatos, quaisquer que sejam nossas filosofias divergentes ou nossas esperanças. A preponderância da evidência é que os Europeus do norte não eram, nem de perto, tão avançados quanto os do sul no século X. Se existissem então testes de QI, os norte-europeus ficariam, indubitavelmente, num pobre segundo lugar.
Quando testes reais de QI foram desenvolvidos e aplicados no início do século XX nos EUA, os imigrantes do norte da Europa tiveram melhor desempenho que os do sul, cujos QI’s eram similares aos dos negros americanos. Não precisamos brigar com os resultados. Precisamos mudar a realidade que os testes medem.
Publicado por Townhall
Esta é mesmo a era dos dogmas, quando se trata de diferenças entre grupos. Alguns negam, cegamente, que diferenças de desempenho intergrupos são algo além de “estereótipos”, “percepções”, ou discriminação.
Do outro lado do espectro, o dogma é que diferenças mentais, especialmente – tanto entre indivíduos quanto entre grupos – são inatas, estão nos genes. As reações contra essa visão são tão fortes em alguns lugares que podem se tornar um caso de Justiça Federal aplicar testes de QI em crianças negras.
Essas visões opostas sobrevivem a séculos. No século XVIII, Adam Smith disse que as diferenças entre os portuários e os filósofos eram devidas à educação e sugeriu que havia menos diferença entre os homens que entre os cães.
Do outro lado, um estudioso islâmico do século X observou que os europeus ficavam mais brancos quanto mais ao norte se ia e, também, que “quanto mais ao norte eles viviam, mais estúpidos, grossos e brutos eles eram.” Mas, quais foram os fatos a partir do século X?
Desde a antiguidade, a Europa Mediterrânea – especialmente o extremo leste – foi muito mais avançada que o norte da Europa, em tecnologia, organização, alfabetização e todas as coisas que fazem uma sociedade mais avançada. O fato de que tudo isso mudou nos séculos posteriores não significa que esse estudioso do século X não estava correto, no que ele dizia, quando ele dizia. No mínimo, ele estava lá e nós não.
Infelizmente, os fatos têm tido um papel secundário na maior parte da discussão sobre as diferenças entre grupos, raças, nações e civilizações – tanto entre os que defendem a igualdade inata quanto entre os que defendem a desigualdade inata.
No início do século XX, muitos crentes na desigualdade inata apresentaram o que parecia ser um argumento logicamente sólido de que nosso QI nacional corria perigo de um declínio a longo prazo, uma vez que as pessoas com baixo QI, usualmente, tinham mais filhos que os de alto QI. Os movimentos pela eugenia e pelo controle de natalidade procuraram contrabalançar essa tendência propondo reduzir o número de crianças nascidas de pessoas com baixo QI.
A solidez lógica desse argumento se tornou sua maior vulnerabilidade quando confrontado com fatos reais. Uma ampla pesquisa conduzida pelo Professor James R. Flynn, um americano expatriado em Nova Zelândia, mostrou que, de fato, as nações têm aumentado substancialmente seus desempenhos em testes mentais ao longo dos anos.
Isso nunca deveria ter ocorrido se os testes de QI medissem habilidades inatas, predeterminadas pelos genes. Mesmo assim, o trabalho do Professor Flynn, amplamente reconhecido entre os estudiosos, revelou muitos países em que gerações inteiras respondiam maior número de questões certas nos testes de QI que seus pais e avós.
Pelo fato dos testes de QI terem, por definição, um escore médio de 100, os padrões mudam continuamente. Em outras palavras, se a pessoa média responde corretamente 42 questões num teste de QI, então 42 respostas corretas serão computadas como um QI de 100.
Uma geração mais tarde, se a pessoa média responde corretamente 53 questões no mesmo teste, então 53 respostas corretas serão definidas como um QI de 100. O que isso significa é que não havia nada para indicar como os resultados dos testes de QI estariam se aprimorando, até que o Professor Flynn voltou e consultou os resultados brutos dos escores e descobriu o quanto eles haviam aumentado ao longo de gerações.
Já é tempo de reconhecer os fatos como fatos, quaisquer que sejam nossas filosofias divergentes ou nossas esperanças. A preponderância da evidência é que os Europeus do norte não eram, nem de perto, tão avançados quanto os do sul no século X. Se existissem então testes de QI, os norte-europeus ficariam, indubitavelmente, num pobre segundo lugar.
Quando testes reais de QI foram desenvolvidos e aplicados no início do século XX nos EUA, os imigrantes do norte da Europa tiveram melhor desempenho que os do sul, cujos QI’s eram similares aos dos negros americanos. Não precisamos brigar com os resultados. Precisamos mudar a realidade que os testes medem.
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