13/07/2008

Lições das Missas dominicais pós-Vaticano II – Parte VII

Exáudi, Deus, oratiónem meam, et ne despéxeris deprecatiónem meam: inténde nihi et exáudi me.”

O sr. Carlos Francisco Segnorelli, presidente do CNL, nos brinda com um texto, n’O Domigo – Semanário Litúrgico-Catequético, de 15/06/2008, sobre “O papel dos cristãos na construção da nova sociedade”.

O slogan preferido dos marxistas modernos é “um novo mundo é possível”, ou “um outro mundo é possível”. É dentro dessa perspectiva que se encaixa essa tal nova sociedade cristã. Já se disse que um slogan pode fazer um povo parar de pensar por décadas.

Vamos ao texto. Citando o fatídico Documento de Aparecida, o sr. Signorelli nos diz: “Frente a esta forma de globalização, sentimos um forte chamado para promover uma globalização diferente, que seja marcada pela solidariedade, pela justiça e pelo respeito aos direitos humanos, fazendo da América Latina e do Caribe não somente um continente da esperança, mas também um continente do amor.”

Conhecendo outros textos do sr. Signorelli, a expressão “esta forma de globalização” é sinônimo de capitalismo e a “globalização diferente” é o socialismo. Mas não percamos tempo com isso, pois não há solução para o caso do sr. Signorelli.

Bem, agora o sr. Signorelli cita nosso Senhor Jesus Cristo: “Meu reino não é deste mundo”. E dá sua interpretação para o ensinamento de Jesus: “Essa afirmação de Jesus quer dizer simplesmente que os valores do seu reino não são os valores norteadores das práticas dos poderosos que dominam os reinos deste mundo”. Viram só? O sr. Signorelli não acredita em outro mundo. Ele acredita neste, modificado. Ele acha que o reino dos céus é só uma questão de valores. Se mudarmos os valores, já estamos noutro mundo, aqui mesmo. Para esse tipo de gente, que ainda insistem em se considerar católicos, o reino de Deus é imanente.

Ele diz mais. Diz que existem por aí cristãos que ficam “presos a atitudes contínuas relacionadas a uma religiosidade sem efeitos práticos, recitando sentenças e chavões e rezando orações desligadas da vida, sem que o esforço por justiça, amor, solidariedade e partilha esteja em seu horizonte. Em outras palavras, as práticas desses cristãos nada mais constroem do que vazios de sentido e buscas de salvação eterna”. Viram só? Se você é desses que ficam rezando o terço, rezando as lindas ladainhas católicas, pedindo perdão de seus pecados, saiba que você está por fora. O negócio é seu esforço por justiça, solidariedade e partilha. Isso tudo sem a ajuda de Deus, mas com a contribuição de Marx, Mao, Stalin, Fidel etc. Se você está buscando a salvação eterna, você está “preso a atitudes contínuas relacionadas a uma religiosidade sem efeitos práticos”. Efeitos práticos têm o marxismo.

Alguém já disse que quando você se afasta de Deus, sua inteligência diminui. Claro, pois a razão humana é um instrumento de aproximação de Deus. O sr. Signorelli é um exemplo vivo disso, pois, logo após ele nos dizer que a busca da salvação eterna é uma bobagem, ele fecha a frase assim: “a única coisa que devemos buscar é o reino, porque tudo o mais nos vem por acréscimo”. Ou seja, para ele o reino e a salvação eterna são duas coisas completamente diferente. E nós compreendemos que assim seja, pois o reino do sr. Signorelli é aqui neste mundo, não num outro mundo.

Querem ver a última prova da imanência do reino do sr. Signorelli? A frase de fechamento do lamentável artigo é: “Façamos da nossa vida uma revelação clara de nossa fé em Jesus Cristo, não nos fechando em nosso ‘mundinho’ de crenças solitárias, mas – como diz o Documento de Aparecida – abrindo-nos ao mundo da política, da economia, da família, dos meios de comunicação social, da educação ... Ou seja, àquele onde vivemos”.

Vamos resumir. O sr. Signorelli nos exorta a “buscar o reino”, como única coisa a ser feita. Depois fecha o artigo com outra exortação, que por suposto, deve conter a busca do reino. Ou seja, “que nos abramos para o mundo da política, da economia, da família, dos meios de comunicação social, da educação ... Ou seja, àquele onde vivemos.” Bingo! O reino do sr. Signorelli é este em que vivemos. Santa imanência!

Domingo passado, o padre Bortolini começou uma série de 35 artigos sobre São Paulo, em referência ao Ano Paulino. Acompanharemos nos próximos comentários suas observações. Vamos ver o que os modernistas têm a dizer de São Paulo.

Para ver outros comentários, clique: Parte I, Parte II, Parte III, Parte IV, Parte V, Parte VI

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Um comentário:

Anônimo disse...

O sr. Signorelli defende uma religião civil, proposta por Rousseau, baseado em Hobbes.
O fenômeno é antigo - as antigas teocracias - e foram incorporadas nas filosofias e ideologias modernas como o positivismo de Comte e sua religião da humanidade, o marxismo, o nazismo. A meu ver, a síntese da religião civil encontra-se na Teologia da Libertação.