“Jesu, mitis et húmilis corde,
Fac cor nostrum secúndum Cor tuum.”
O Evangelho deste domingo, da Missa nova, é o que Jesus se coloca com o Bom Pastor de suas ovelhas (Jo. 10, 1-10). Nosso Senhor nos alerta para “aqueles que vieram antes de mim são ladrões e assaltantes, mas as ovelhas não os escutaram” . Ele está nos orientando para não escutar os maus pastores de ovelhas que nos quer “roubar, matar e destruir”. Ele fala certamente não dos bens materiais, mas dos espirituais. Os maus pastores nos roubam a alma, roubando nossa consciência, nossa vontade e, finalmente, nossa fé, evitando assim que tenhamos “vida em abundância”.
É dentro desse quadro que comento hoje, brevemente, os dois artigos que se encontram no semanário litúrgico-catequético O Domingo, de 30-3-2008, sob os títulos “Eu Sou a Porta”, de Pe. José Bortoloni, e “Documento de Aparecida”, de Carlos Francisco Signorelli, presidente do CNLB (Conselho Nacional do Laicato do Brasil).
O primeiro artigo faz um breve comentário do Evangelho e descobre nele pérolas insuspeitas. Vejamos o texto.
“Por isso Jesus se declara a porta. Mas ele (sic!) é a porta do redil, onde estão as ovelhas, símbolo do povo. Entrar por essa porta significa aproximar-se do povo para, de algum modo, liderá-lo e conduzi-lo. O evangelho (sic!) deste dia, portanto, apresenta sobretudo as condições para exercer a liderança não apenas religiosa, mas também política”.
O fato de um padre escrever ele (em minúsculas) para se referir a Jesus e evangelho (em minúsculas) para se referir ao ensinamento d’Ele, já diz muito sobre esse pastor de ovelhas. Agora, que tal o que o padre acha “sobretudo” importante no Evangelho? O padre acha sobretudo importante a mensagem de liderança política de Jesus. Note que essa impressão sobre Jesus era a que tinha d’Ele Judas Escariotes. Esse traidor de Nosso Senhor o traiu exatamente quando ele percebeu que ele ia se entregar para morrer por nós. Aí Judas percebeu que Jesus não ia libertar o povo de Israel do jugo do Império Romano e que Seu Reino não era deste mundo. Com ódio do líder que não era, absolutamente, político, mas espiritual (líder que iria nos dar a vida plena), ele O traiu vergonhosamente por trinta dinheiros. E, claro, depois se enforcou.
Daí para frente o texto aplica as palavras de Jesus às lideranças políticas. Por exemplo, quando Jesus chama de “ladrões e assaltantes” os maus pastores, o padre quer entender que Jesus está censurando os maus líderes políticos. Depois acrescenta: “Felizmente, muitos cristãos já descobriram que a fé política faz parte de sua vocação cristã”. Padre, Deus me livre de ter fé política, seja lá o que isso for. Minha vocação cristã (que é graça de Deus e não mérito meu) não inclui fé política, coisa mais esquisita sobre a qual eu nada sei. Mas, sendo a CNBB uma grande aliada histórica do PT, eu suspeito de que entendi o que o senhor, padre, está falando. Acho que entendi, padre, que o senhor está pregando fé no PT. E isso, padre, se for verdade, mostra bem que tipo de pastor o senhor é.
Padre, quem sou eu para lhe dar conselhos, mas considere, toda vez que o senhor for falar sobre o Evangelho de João, ler os comentários que fez, sobre esse Evangelho, Santo Agostinho. Se o senhor não souber latim, clique aqui para uma versão em inglês de todos os comentário. A passagem do Evangelho de hoje, está comentada, pelo grande Bispo de Hipona, aqui. Veja aí padre o que é um comentário católico às palavras que Ele (com letra maiúscula) nos deixou.
Passemos ao outro texto, o do senhor Carlos Francisco Signorelli. Ele comenta o Documento de Aparecida em seu item 3, “Situação Econômica, Política e Cultural”. Se o senhor Signorelli fosse padre, eu esperaria que o comentário fosse marxista, pois sabemos que os padres brasileiros, com honrosas exceções, são todos partidários da Teologia da Libertação, que é aquela teoria de que Jesus foi um marxista avant la lettre. Sendo o senhor Francisco um leigo, presidente de um tal de Conselho Nacional do Laicato do Brasil, eu esperaria algo mais inteligente. O leigo católico pode e deve ser mais inteligente do que padre marxista.
Contudo, o que se vê no texto é um submarxismo vexamoso. Dele nada se aproveita. Deixo apenas um exemplo do subtexto do senhor Francisco: “Estamos em processo agudo de globalização, que, privilegiando o lucro, segue uma dinâmica de concentração do poder e da riqueza em mãos de poucos. (...) Eles [os pobres] são os ‘supérfluos’, os ‘descartáveis’, as ‘massas sobrantes’. Eles são os ‘sem cidadania’.” Bingo!. Temos agora o MSC. O que será que eles vão invadir? Thomas Sowell usa um termo para caracterizar esse discurso esquerdizante: cultura do ressentimento.
Ora, senhor Francisco, vá pregar o seu submarxismo de botequim em outro lugar! O senhor acha que isso é cristianismo? Se o senhor quiser saber o que a verdadeira Igreja pensa dos problemas sociais, deveria ler os documentos papais sobre o assunto. Algumas encíclicas papais lhe fariam bem. Tente algo como: Sapientiae Christianae, Libertas, Rerum Novarum, só para citar três encíclicas de Leão XIII. Se o senhor quiser ler alguns livros para fazer uma crítica consistente do capitalismo, tente Liberalism is a Sin de Don Felix Sarda y Salvany e Do Liberalismo à Apostasia de Mons. Marcel Lefebvre. Com algum esforço, o último livro poderá inclusive lhe explicar a origem de suas idéias deformadas da realidade. Leia também, se não for demais, The Servile State, de Hilaire Belloc.
Que Deus nos livre dos maus pastores e sempre oriente nossos ouvidos às palavras do Bom Pastor!
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