19/07/2009

Lições das Missas dominicais pós-Vaticano II– Parte XX

Comento o texto de Pe. Paulo Bazaglia n’O Domingo de 12 de julho de 2009. O título do texto é “Livres para a missão”.

O Evangelho é o Mc 6, 7-13: “Jesus chamou os doze e começou a enviá-los dois a dois, dando-lhes poder sobre os espíritos impuros. (...) Então os doze partiram e pregaram que todos se convertessem. Expulsaram muitos demônios e curavam numerosos doentes, ungindo-os com óleo.”

O texto do Pe. Bazaglia diz: “Gratuidade e liberdade são as duas características básicas da evangelização. Na ânsia de pregar o evangelho, por vezes o anúncio se converteu em imposição de doutrinas, quando Jesus nunca impôs nem pediu que os discípulos impusessem nada. Os missionários de Jesus não impõem ensinamentos, mas propõem livremente ao mundo a experiência concreta do que significa ser seguidor de Jesus Cristo.” [Os negritos são meus.]

Pregar o Evangelho, que é a missão de todos os evangelizadores, é ensinar qual é o caminho da Salvação. João Batista pregou a vinda de Cristo: “Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas”. Dizia ainda: “Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir à ira que vos ameaça? (...) O machado já está posto à raiz das árvores. Toda a árvore, pois, que não dá bom fruto, será cortada e lançada no fogo.” João Batista estava impondo alguma coisa? Não, ele não estava impondo nada. Mas uma coisa que ele também não estava fazendo era “propor livremente ao mundo a experiência concreta ...”.

Vamos ver uma das muitas passagens do Evangelho em que Jesus prega. Vejamos se Ele está propondo “livremente ao mundo a experiência concreta”: “Não julgueis que vim trazer paz a terra; não vim trazer a paz, mas a espada. Porque vim separar o filho de seu pai, e a filha de sua mãe, e a nora da sua sogra. E os inimigos do homem serão os seus próprios domésticos. O que ama o pai ou a mãe mais do que a mim, não é digno de mim; e o que ama o filho ou a filha mais do que a mim, não é digno de mim. O que não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. O que se prende à sua vida perdê-la-á; e o que perder a sua vida por meu amor, achá-la-á.” Jesus não está impondo nada, não é mesmo? Jesus está dizendo, de forma terrível, que só há um caminho na vida de quem quer a salvação de sua alma. Não se pode dizer que, como quer Pe. Bazaglia, Jesus “propõem livremente ao mundo”. Quem traz a espada a terra, está querendo lutar para a salvação das almas, não está querendo propor livremente coisíssima nenhuma.

Portanto, que fique claro: a missão de pregar o Evangelho está muito longe de ser o que o Pe. Bazaglia pensa que ela é. Além disso, no trecho transcrito vê-se a noção de liberdade usada de duas formas. A primeira é quando o padre diz que a liberdade é uma das características básicas da evangelização. Ora, precisamos perguntar: o que ele quer dizer com isso? Que o pregador há de ter liberdade para pregar? Que o ouvinte há de ter liberdade para aceitar ou não a pregação? Ou que devemos ser indiferentes se o ouvinte aceita ou não nossa pregação? Depois ele diz que os missionários de Jesus devem propor livremente ao mundo ... Novamente fica a dúvida. Propor livremente é propor sem esperança de que a proposição seja aceita ou é considerar que mesmo assim, estaremos todos salvos ao final dos tempos?

Por trás desse trecho, se esconde, todos já devem ter percebido, o veneno do relativismo religioso do Vaticano II. Propomos nosso catolicismo, mas quem não o aceitar pode ficar tranqüilo, pois no final tudo estará bem. Todos os caminhos levam a Deus, não é assim Pe. Bazaglia?

O que dizer da alusão do Pe. Bazaglia à “ânsia de pregar o evangelho” e à “imposição de doutrinas”? Quando foi isso, padre? Não pense que nós desconheçamos a respeito do que o senhor está falando. A sua mente, padre, é povoada de coisas terríveis: a Idade Média, a Inquisição, as Cruzadas, O Sillabus de Pio IX, o Lamentabili de São Pio X etc. Essa Igreja medieval que existia antes do Concílio Vaticano II é a que tinha “ânsia de pregar o evangelho”, que “impunha doutrinas”. A nova igreja – ainda bem que o senhor admite que vocês fundaram uma nova igreja – não impõe nada, só propõe. Quem quiser aceitar, muito que bem. Quem não quiser, não precisa se preocupar. Essa é a sua lição para nós, padre, bem o sabemos!

Mais adiante no texto, encontramos um comentário sobre a unção dos enfermos: “A unção com óleo, que desde o início se fazia nos enfermos, para além de um rito sacramental, expressa todo o amor de missionários que doam a própria vida pela vida do mundo.”

O sacramento da Unção dos Enfermos tem origem em Tg 5, 14-15: “Está entre vós algum enfermo? Chame os presbíteros da Igreja, e estes façam orações sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor; a oração da fé salvará o enfermo e o Senhor o aliviará; se estiver com pecados, ser-lhe-ão perdoados.” Diz o “Decreto para os armênios” (DZ 1310): os sacramentos “não apenas contêm em si a graça, como também a comunicam a quem os recebe dignamente”. Sacramento é poder de Deus exercido e comunicado, em Seu Nome, pelo Bispo ou padre. Nada há, além disso. Não é amor de missionários, é amor de Deus. Não é amor de Deus ao mundo, é amor de Deus a nós.

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