Comento artigo do Pe. José Bortolini, n’O DOMINGO, de 30/08/2009. O Evangelho deste dia, na Missa de Paulo VI, é Mc 1, 1-8; 14-15; 21-23. Os fariseus perguntam a Jesus: “Por que os seus discípulos não seguem a tradição dos antigos, mas comem o pão sem lavar as mãos?” Daí Jesus diz a eles poucas e boas sobre o que é tradição verdadeira e o que não é.
Mas antes de comentar o que Jesus diz, vamos ver o que Pe. Bortolini nos ensina em seu artigo “O Peso da Tradição”. O título já nos alerta para o que vem depois. A tradição, para Pe. Bortolini é pesada, incômoda. Depois de uma introdução animadora, em que fala que a tradição “é em si uma coisa boa com bons objetivos”, ele vem logo com esta: “Mas nem sempre é assim, como no caso dos que são católicos por tradição e batizam seus filhos ‘porque sempre foi assim’. Tradição, traição.” Estas palavras vindas de um padre têm muito PESO. Vejam só que o católico que é católico por tradição é traidor. O católico que batiza seu filho por tradição é traidor. São palavras terríveis!
Mas o ataque que Pe. Bortolini prepara é mais amplo. Ele diz logo em seguida: “Entendida sob esse aspecto, a tradição se torna um peso e não favorece a vida. Mais ainda, quando se trata de tradição religiosa, ela engessa a religião, impedindo-a de caminhar à altura dos tempos e iluminar a história da humanidade.” Aqui entendemos bem o que ele fala. Pe. Bortolini é padre modernista, e todo padre modernista se sente moderno, em paz com o mundo, em paz com os protestantes, com os maçons, com os abortistas, com o comunismo, com Lula e, portanto, com o príncipe deste mundo. Isto é “caminhar à altura dos tempos”, justo o que Jesus não fez. Ele é contra a tradição religiosa católica, ou seja, ele é contra a Igreja de Sempre, aquela que Jesus fundou. Católico que respeita a tradição é traidor. Sim, somos traidores do mundo, somos traidores de Satanás, mas não de Jesus.
Se Pe. Bortolini só tivesse dito isto, vá lá, pois nós, depois de tantos comentários sobre seus textos em o’DOMINGO, esperamos quase tudo dele em termos de idéias heréticas. Mas ele fez mais. Ele tentou usar as palavras que Jesus dirigiu aos fariseus em favor dos modernistas e contra da tradição católica. Se isto não é farisaísmo, não sei o que é.
Diz o modernista Bortolini: “Os fariseus e alguns mestres da lei conservavam muitas coisas da tradição dos antepassados, defendiam-nas e condenavam os que não as observassem.” E, por isso, segundo Pe. Bortolini, Jesus condena os fariseus; por eles manterem tradições dos antepassados. Será que foi mesmo assim? A falsidade da afirmação do padre é facilmente demonstrada com uma frase apenas do Evangelho. Jesus não estava condenando a observância da tradição religiosa dos judeus. Ele diz: “Vós abandonais o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens.” Aí está! O mandamento de Deus é para ser seguido, é o que constitui a verdadeira tradição! Jesus condena os fariseus por seguirem a tradição dos homens, tradição falsa. Jesus desmascara Pe. Bortolini!
Mas o padre não se contenta com pouco. Ele diz em seguida: “Jesus declara boas todas as coisas.” De onde este pobre padre modernista tirou isto eu não sei. Jesus faz justo o contrário. Ele enumera as coisas más que saem do coração do homem e que constituem as verdadeiras impurezas, em contraposição às impurezas materiais que possam ser ingeridas pelo homem. Ou seja, Ele separa o joio do trigo, como sempre fez.
O destemido Bortolini ainda tem a coragem de terminar o artigo com a seguinte pergunta maldosa: “E nós, será que já nos libertamos de todas as tradições que impedem nossa vida e a dos outros?” Depois de tudo que ele nos disse ao longo do artigo, imagino que sua pergunta possa significar: E nós, já deixamos de batizar nossos filhos por tradição? Já deixamos de ser católicos por tradição? Já nos afiliamos ao PT, já nos tornamos membros da maçonaria, já estamos caminhando à altura dos tempos?
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