Do livro Tesouro de Exemplos.
Era princesa moura, filha do rei de Toledo, e nasceu em fins do século décimo.
Seu boníssimo coração estremecia diante das misérias e sofrimentos que suportavam os escravos cristãos, aprisionados pelo rei em suas campanhas guerreiras.
A princesa visitava as masmorras e socorria os prisioneiros com dádivas e palavras consoladoras.
Eles, em troca, instruíam-na pouco a pouco na doutrina cristã. Atraída pela beleza de nossa religião, tão heróica e ao mesmo tempo tão misericordiosa, Cassilda pedia a Nossa Senhora, da qual lhe haviam falado os cativos, que se compadecesse dela e lhe mostrasse o caminho para receber o batismo e viver segundo a fé cristã.
A Virgem atendeu às suas súplicas. Cassilda começou a sentir-se doente de um mal estranho que lhe consumia os ossos, e contra o qual se mostravam impotentes os melhores médicos.
Um cativo cristão contou-lhe que, perto de Burgos, havia uma fonte, chamada de S. Vicente, cujas águas curariam a sua doença.
A princesa referiu ao pai o que ouvira do cativo e pediu-lhe licença para experimentar aquele remédio. Seu pai opôs-se, a princípio, por achar-se a fonte em terra de cristãos; mas, diante dos progressos da enfermidade, terminou por aceder.
Acompanhada de um séquito deslumbrante, chegou Cassilda a Burgos, onde foi cortesmente recebida pelo rei Fernando I de Castela e hospedada com todas as honras. Dirigiu-se logo à prodigiosa fonte e, quando se banhou em suas águas, recobrou a saúde corporal. Atribuindo-a à intercessão de Nossa Senhora, acabou de instruir-se na doutrina cristã e, pouco depois, as águas do batismo deram-lhe a saúde da alma.
O rei, seu pai, alarmado com a demora e com as notícias que recebia, enviou-lhe mensageiros com a ordem de regressar imediatamente.
S. Cassilda mandou dizer-lhe que já era princesa do céu e que, por seu reino temporal, não queria perder o Reino eterno.
Mandou construir uma humilde cela perto da fonte milagrosa e da igreja, onde recebera o batismo e ali passou a vida, dando exemplo de todas as virtudes, especialmente de caridade e penitência.
Sua festa cai no dia 9 de abril; e suas preciosas relíquias são veneradas, atualmente, parte na catedral de Burgos e parte na de Toledo.
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