31/12/2012

Leitor, com "sentimento cristão", discorda do blog!


Recebo um comentário para encerrar o ano civil de 2012. Embora o blog esteja num pequeno recesso (que ainda continuará um tempo) e o blogueiro em viagem, não podemos deixar nosso leitor, Airton Barros, repleto de “sentimento cristão”, sem uma resposta ao seu comentário ao post Belloc em português, pela primeira vez.

Ele reclama de minha frase: “Lutamos contra os cátaros que desejavam destruir a humanidade.” Parece que feri mortalmente o sentimento cristão do senhor Barros. Ele diz: “Meu Deus, quanta falta de sentimento cristão ao colocar esta frase com relação ao seu livro.”

Primeiramente, devo informar ao senhor Barros que o livro não é meu, eu apenas o traduzi. O livro é de Hilaire Belloc, um grande historiador inglês e também grande católico.

Eu sei exatamente o que este senhor quer dizer com sentimento cristão: os cristãos são todos uns bananas, que não devem reagir a nenhuma agressão, mesmo que seja uma agressão mortal a sua fé, com a dos cátaros. Sei que ele pensa que devemos responder a toda a agressão com palavras de “amor”. Sei disso, porque conheço cristãos como ele e também porque ele me lembra que está escrito: “Quem viver pela espada, pela espada também morrerá.” São palavras de Nosso Senhor, quando Pedro arrancou com a espada a orelha de um soldado que estava prendendo Cristo e dando início à Sua Paixão.

Que memória seletiva tem o senhor Barros. A mesma memória seletiva que tem os protestantes! Ele esquece que em outra oportunidade, Nosso Senhor também disse a Pedro: “Quem não tem uma espada, que venda seu manto e compre uma.” Note que é o mesmo Cristo que afirma as duas coisas. Ora, é preciso ser um pouco mais perspicaz que o senhor Barros para entender o que Cristo quer dizer. Numa oportunidade, Pedro estava lutando contra a realização da Paixão de Cristo, Sua Obra de Redenção. Por isso, Nosso Senhor o condenou. Na outra oportunidade, Cristo quis lembrar que a vida do cristão é uma luta permanente, não só contra si mesmo, mas contra o mundo e o demônio.

E lutar contra o mundo, por mais que isso desagrade o senhor Barros, muitas vezes envolve usar a espada contra nossos inimigos, contra os inimigos de Cristo. Isso a Igreja fez gloriosamente ao longo da história, inclusive contra os cátaros.

Mas o senhor Barros ainda demonstra uma visão avantajada de si mesmo, pois diz: “E não adianta blasfemar contra mim”. Ora, senhor Barros, a gente blasfema contra Deus. O máximo que posso dizer com relação ao senhor é que o senhor não sabe ler. Não soube ler meu texto, pois entendeu que o livro que eu introduzia era meu, e não de Belloc. Não sabe ler as palavras de Nosso Senhor, e se comporta ao modo dos protestantes, escolhendo as passagens que mais confortem seu coraçãozinho, numa interpretação água-com-açúcar e boboca do catolicismo. Não blasfemo, senhor Barros, apenas constato.

23/12/2012

Blog entrevista Chesterton: Natal com Chesterton – Parte IV


Graças à Sra. Chesterton, tivemos acesso a algumas observações do gênio inglês sobre o Natal, escritas aqui e ali e coletadas por sua secretária, Dorothy Collins. O Sr. Chesterton está muito ocupado para dar qualquer declaração no momento. A Sra. Chesterton nos enviou os pequenos textos, quatro no total, a tempo de os publicarmos durante o Advento de 2012. Agradecemos a gentileza e a confiança.

Com este texto, o blog aproveita para desejar a todos os seus leitores um feliz e santo Natal. Que celebrando a primeira vinda de Salvador não esqueçamos de Sua segunda vinda e nos preparemos para ela!


Há por aí algumas contradições sobre o Natal – e, de fato, sobre as tradições cristãs em geral. Elas são aparentes em indivíduos que nos afirmam, em jornais e outros lugares, que se emanciparam de dogmas, e agora se propõem a viver o espírito do cristianismo. A que eu respondo: “Ok. Vá em frente,” ou palavras similares. Mas então sempre me encontro confrontado com este fato extraordinário. Eles começam a viver o espírito do cristianismo, e lançam-se freneticamente a impedir as pessoas pobres de beberem cerveja, impedir as nações oprimidas de se defenderem contra os tiranos (porque isso pode levar à guerra), a tirar crianças deficientes de seus pais e trancá-las em algum tipo de sanatório materialista, etc. E então eles ficam surpresos quanto digo-lhes que eles tem muito menos o espírito do que a letra do cristianismo, do que suas palavras,  do que a terminologia de seus dogmas. De fato, eles mantiveram algumas das palavras e terminologia, palavras como paz, justiça e amor; mas fazem essas palavras significarem uma atmosfera completamente estranha ao cristianismo; eles mantiveram a letra e perderam o espírito.

E tal como acontece com o cristianismo, assim também com o Natal. Se os homens soubessem exatamente o que querem dizer com Natal, e então começassem a criar novos símbolos, novas cerimônias, novas brincadeiras, isso poderia ser uma coisa boa. Algo do tipo pode acontecer, muito provavelmente, naquele mundo dos homens modernos que sabem o que o Natal significa. Mas a maior parte das modificações que são discutidas nas revistas e em outros lugares são o exato reverso disso. Elas são realmente modos por meio dos quais os homens podem manter o nome de Natal, e uns poucos esmaecidos símbolos natalinos, enquanto fazem algo totalmente diferente.


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21/12/2012

Missas Tridentinas dos dias 22 e 23 canceladas!

Um problema de saúde da irmã do Pe. Tarciso impediu que ele viesse celebrar as Missas programadas para dia 22 e 23. No dia 23, haverá Missa do Colégio Monte Calvário, celebrada pelo Pe. Iris. 

Rezemos pela irmã do piedoso Pe. Tarciso.

19/12/2012

Missa Tridentina em BH nos dias 21, 22 e 23.


   Padre Tarciso celebrará a Santa Missa segundo o Rito de São Pio V, como ela sempre foi celebrada por 1500 anos em todo o mundo, nos seguintes dias e horários:
- dia 21, sexta-feira, 19h30;
- dia 22, sábado, 16h;
- dia 23, 4o. Domingo do Advento, 9h30.
  Todas as celebrações serão na Capela Nossa Senhora da Sabedoria, que é a capela da Polícia Militar, que fica à rua Diabase 320, no Prado.

Padre Tarciso é um padre muito piedoso que segue todas as rubricas da Missa no Rito de São Pio V. Recomendo muitíssimo suas Missas. Além do mais, estamos no Advento, preparando a vinda do Senhor, nada mais indicado que Missas tradicionais bem rezadas, com sermões que nos inflame!


18/12/2012

Blog entrevista Chesterton: Natal com Chesterton – Parte III


Graças à Sra. Chesterton, tivemos acesso a algumas observações do gênio inglês sobre o Natal, escritas aqui e ali e coletadas por sua secretária, Dorothy Collins. O Sr. Chesterton está muito ocupado para dar qualquer declaração no momento. A Sra. Chesterton nos enviou os pequenos textos, quatro no total, a tempo de os publicarmos durante o Advento de 2012. Agradecemos a gentileza e a confiança. Dois dos textos já foram publicados (veja abaixo). Até o Natal, publicaremos o último deles.


A caridade do Natal pode, em certo sentido, cobrir todos os homens, mas não pode, de nenhum modo, cobrir todos os princípios, senão ela cobriria o princípio da falta de caridade. É autoevidente à primeira vista que o Natal é tanto conservador quanto liberal, desde que evitemos letras maiúsculas em ambas as palavras. O Natal não seria nada se não conservasse as tradições de nossos pais; não seria nada se não desse com liberalidade aos nossos irmãos. Conservar o Natal envolve a admissão de que o mundo já possui tradições valorosas e honoráveis de um tipo local e doméstico. Ajudar os pobres no Natal envolve em si mesmo a admissão de que o mundo não possui uma distribuição econômica satisfatória, que nem tudo no mundo está bem, ou próximo do bem. Em outras palavras, o Natal, sendo uma instituição cristã, já contem em si as duas ações alternativas em relação à sociedade: a preservação do que foi bom no passado e a remoção do que é ruim no presente. Em épocas mais simples, essas coisas poderiam ter tomado formas mais simples: a primeira na forma de brinde e a segunda na forma de generosidade. Mas em qualquer forma, ou em qualquer grau, elas envolvem logicamente duas verdades que se equilibram, verdades que se complementam, embora não raro pareçam contraditórias: que, em certo sentido, as coisas devem ser como são, enquanto que em outro sentido elas não são como deveriam ser.

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13/12/2012

Blog entrevista Chesterton: Natal com Chesterton – Parte II


Graças à Sra. Chesterton, tivemos acesso a algumas observações do gênio inglês sobre o Natal, escritas aqui e ali e coletadas por sua secretária, Dorothy Collins. O Sr. Chesterton está muito ocupado para dar qualquer declaração no momento. A Sra. Chesterton nos enviou os pequenos textos, quatro no total, a tempo de os publicarmos durante o Advento de 2012.  Agradecemos a gentileza e a confiança. Um dos textos já foi publicado (veja abaixo). Até o Natal, publicaremos os outros dois textos.



Toda cerimônia depende de um símbolo; e todos os símbolos têm sido vulgarizados e apodrecidos pelas condições comerciais de nosso tempo. Isso é especialmente verdade desde que sentimos a infecção comercial americana, e o progresso tornou Londres uma cidade não superior a si mesma, mas inferior a Nova York. De todos os símbolos falsificados e esmaecidos, o mais melancólico exemplo é o antigo símbolo da chama. Em todas as épocas e países civilizados, foi sempre natural falar de um grande festival em que “a cidade era iluminada.” Não há sentido atualmente em se falar que a cidade foi iluminada. Não há propósito em iluminá-la por qualquer entusiasmo normal ou nobre, tal como o sair-se vencedor numa batalha. Toda a cidade está já iluminada, mas não por coisas nobres. Está iluminada somente com o propósito de se insistir na imensa importância de coisas triviais e materiais, adornadas por motivos inteiramente mercenários. O significado de tais cores e tais luzes foi, portanto, inteiramente aniquilado. Não adianta lançar um foguete dourado ou púrpuro para a glória do Rei ou do País, ou acender uma imensa fogueira vermelha no dia de São George, quando todos estão acostumados a ver o mesmo alfabeto ardente proclamando uma pasta de dentes ou uma goma de mascar. A nova iluminação não fez a pasta de dentes ou a goma de mascar tão importantes quanto São George ou o Rei George; porque nada poderia. Mas ela fez as pessoas se cansarem do modo de proclamar grandes coisas, por seu eterno uso para proclamar pequenas coisas. A nova iluminação não destruiu a diferença entre a luz e a escuridão, mas permitiu a luz menor ofuscar a maior.

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11/12/2012

Missa Tridentina em BH nos dias 12, 15 e 16.




Padre Tarciso celebrará a Santa Missa segundo o Rito de São Pio V, como ela sempre foi celebrada por 1500 anos em todo o mundo, nos seguintes dias, horários e locais:
- dia 12, quarta-feira, 19h30 - Capela Nossa Senhora da Sabedoria;
- dia 15, sábado, 16h - Capela Nossa Senhora da Sabedoria;
- dia 16, domingo, 9h30 - Capela do Monte Calvário.

A Capela Nossa Senhora da Sabedoria é a capela da Polícia Militar, que fica à rua Diabase 320, no Prado. A Capela do Monte Calvário fica no Colégio do Monte Calvário, situado na Av. do Contorno, 9384 (perto do hospital Felicio Rocho), no Barro Preto.

Padre Tarciso é um padre muito piedoso que segue todas as rubricas da Missa no Rito de São Pio V. Recomendo muitíssimo suas Missas. Além do mais, estamos no Advento, preparando a vinda do Senhor, nada mais indicado que Missas tradicionais bem rezadas, com sermões que nos inflame!



10/12/2012

Blog entrevista Chesterton: Natal com Chesterton – Parte I


Graças à Sra. Chesterton, tivemos acesso a algumas observações do gênio inglês sobre o Natal, escritas aqui e ali e coletadas por sua secretária, Dorothy Collins. O Sr. Chesterton está muito ocupado para dar qualquer declaração no momento. A Sra. Chesterton nos enviou os pequenos textos, quatro no total, a tempo de os publicarmos durante o Advento de 2012. Agradecemos a gentileza e a confiança. Até o Natal, publicaremos os outros três textos.
  
A antiga frase “o Natal está chegando” é especialmente apropriada para uma época em que esta é quase a única coisa a respeito da qual sabemos algo: que ela está chegando. Pode ser verdade, num sentido mais amplo, que o Natal esteja chegando: no sentido de que o Natal está voltando. O Natal pertence a uma ordem de ideias que nunca realmente pereceu, e seu desaparecimento é agora pouco provável. Ele teve de início uma espécie de glamour de uma causa perdida; foi como um por do sol eterno. São as coisas que nunca morrem que ganham a reputação de estarem moribundas. 

Somos constantemente lembrados, especialmente por aqueles céticos empedernidos que parecem nunca ser capazes de dar um passo além em suas concepções, que muitos costumes do Natal são coisas pagãs. O que essas pessoas não veem é um fato muito interessante: que se essas coisas são pagãs, elas sobreviveram o paganismo. Se essas tradições foram tão fortes que sobreviveram a tão tremenda insurreição, como foi a mudança de toda a religião da Europa, a queda do império universal e o surgimento da Igreja universal, não parece impossível que elas possam sobreviver a alguns poucos mecanismos elétricos e a tateantes e ineficientes leis educacionais.

07/12/2012

Unidade e Trindade de Deus


Pergunta: Existe apenas um Deus?
Resposta: Sim; há apenas um Deus.

Quem criou os demônios?

Um grupo de hereges, chamados maniqueus, ensinava que há dois deuses: um é o criador do bem, o outro o criador do mal. Um padre, numa aula de catecismo, perguntou: “Quem criou os anjos?” “Deus,” responderam as crianças imediatamente. “E quem criou dos demônios?” ele prosseguiu. Ninguém queria dizer que Deus tinha criado os demônios, então todos se olharam uns para os outros e ficaram em silêncio. Finalmente, uma menina ousou dizer: “Padre, Deus criou os anjos, e alguns deles se fizeram demônios.” Ela estava muito certa; tudo que é bom vem do Criador, mas todo o mal vem das criaturas.

Pergunta: O Filho é Deus?
Resposta: O Filho é Deus e a segunda Pessoa da Santíssima Trindade.

A morte de Ário

Por volta de trezentos anos depois do nascimento de Nosso Senhor, Ário, um padre de Constantinopla, começou a ensinar que Cristo não era Deus. Ele angariou muitos seguidores, mas ele e sua heresia foram condenados no Concílio de Niceia. Mais tarde, contudo, o Imperador Constantino esposou sua causa e ordenou ao Bispo de Constantinopla que o recebesse na comunhão da Igreja. O bispo ficou indefeso e só podia suplicar a Deus que evitasse tal escândalo. Deus não deixou de ouvir sua oração. Quando Ário, com seus seguidores, chegou numa procissão festiva às portas da catedral, o herege foi subitamente atacado por espasmos horrorosos, e tendo sido levado para uma sala para se recuperar, lá permaneceu por tanto tempo que seus seguidores foram à sua procura. Eles o encontraram lívido e morto, como seu sangue e intestinos espalhados pelo chão do aposento. Seu corpo se despedaçou como o do traidor Judas. 

In Anecdotes and Examples Illustrating the Catechism, Rev. Francis Spirago, Roman Catholic Books, 1903.

04/12/2012

Purgatório: Segunda visão - Parte IV


Pe. Faber

Leia também:



PENA DOS SENTIDOS

Santa Catarina compara a alma que sofre a pena dos sentidos com o ouro no crisol. “Vede o ouro; quanto mais ele derrete, melhor fica, e ele é derretido até que todas as impurezas sejam aniquiladas. Esse é o efeito do fogo nas coisas materiais. Mas a alma não pode se aniquilar em Deus, mas pode se aniquilar em si mesma; e quanto mais é purificada, mais se aniquila em si mesma, até que finalmente ela descanse em Deus, completamente pura. Quando o ouro, segundo a expressão dos ourives, é purificado a vinte e quatro quilates, não mais se reduz, qualquer que seja o fogo que lhe seja aplicado, porque, na realidade, nada é consumido senão as imperfeições. O fogo divino age da mesma forma na alma. Deus a mantém no fogo até cada imperfeição ser consumida, e até que Ele a reduza a uma pureza de vinte e quatro quilates; cada um, contudo, segundo seu próprio grau. Quando a alma é purificada, descansa completamente em Deus, sem reter nada em si mesma. Deus é a sua vida. E quando Ele traz a Si a alma assim purificada, ela se torna impassível, pois nada mais há a ser purificado; e se ela fosse mantida purificada desta forma no fogo, ele não a causaria dor; não, pois seria o fogo do Amor Divino, a própria vida eterna, no qual a alma já não poderia experimentar mais contradições.”

A ALEGRIA NO PURGATÓRIO
  
Tal é o primeiro objeto que surge ante os olhos da alma: um sofrimento extremo. Agora, examinemos outro objeto: a extrema alegria. Como a alma ama Deus com a mais pura afeição, e sabe que seus sofrimentos são a Vontade de Deus para operar sua purificação, ela se conforma perfeitamente ao divino decreto. Durante sua estada no purgatório, ela nada vê senão o que agrada a Deus; ela não pensa outra coisa senão na Sua Vontade; nada lhe é mais claro que a conveniência de sua purificação, a fim de se apresentar bela e radiosa diante de tão suprema Majestade. Assim fala Santa Catarina: “Se uma alma, a ser ainda purificada, fosse apresentada à visão de Deus, ela se consideraria gravemente ferida, e seus sofrimentos seriam piores que os de dez purgatórios; pois ela seria inteiramente incapaz de suportar aquela excessiva Bondade e aquela suprema Justiça.” Por isso é que a alma sofredora está inteiramente resignada à Vontade de seu Criador. Ama suas próprias dores, e nelas se regozija, porque elas são a única Vontade de Deus. Assim, no meio de ardente calor, ela desfruta de um contentamento tão completo que excede ao entendimento da inteligência humana. “Não acredito,” diz Santa Catarina, “que seja possível encontrar um contentamento comparável ao das almas no Purgatório, a menos que seja o contentamento dos santos no Paraíso. Esse contentamento cresce diariamente por meio do influxo de Deus nessas almas, e esse influxo cresce na proporção em que os obstáculos vão se desvanecendo. De fato, com relação à vontade, dificilmente podemos dizer que as penas sejam realmente penas, tal é o contentamento com que as almas descansam na Vontade de Deus, à qual estão unidas pelo mais puro amor.”

Em outro lugar, Santa Catarina diz que esse inexplicável júbilo da alma enquanto submetida ao Purgatório se origina da força e pureza de seu amor a Deus. “Esse amor dá à alma um contentamento que não pode ser expresso. Mas esse contentamento não alivia nem uma pequena parte do sofrimento; não, é a demora que o amor experimenta antes de tomar posse do objeto amado que causa o sofrimento; e o sofrimento é maior na proporção da perfeição do amor que Deus tornou a alma capaz de Lhe devotar. Assim, as almas no Purgatório têm, ao mesmo tempo, o maior contentamento e o maior sofrimento; e um não obstrui o outro.” Quanto às orações, esmolas e Missas, Santa Catarina afirma que as almas experimentam com elas grande consolação; mas que, nessas e em outras coisas, a principal solicitude das almas é que tudo se deve “pesar na justa balança da Vontade Divina, deixando Deus seguir Seu próprio curso em tudo, satisfazendo a Si mesmo e à Sua Justiça, como Lhe aprouver.”

FALSA CONFIANÇA

A Santa conclui seu Tratado lançando seu olhar ao seu próximo e a si mesma. Ao próximo, ela diz: “Ah! se eu pudesse elevar minha voz tão alto para assustar todos os homens sobre a terra e dizer-lhes: Ó homens miseráveis! Por que se deixaram cegar por este mundo de modo a não fazer nenhuma provisão para aquelas imperiosas necessidades que encontrarão no momento da morte? Vós, todos vós, esperais encontrar abrigo sob a esperança da misericórdia de Deus. Mas não vedes que a própria bondade de Deus testemunhará contra vós por terdes se rebelado contra a Vontade de Senhor tão bom? Não descanseis numa falsa confiança, dizendo: Quanto chegar a hora de minha morte, farei uma boa confissão, e então, eu ganharei a indulgência plenária, e assim, naquele último momento, eu serei limpo de todos os meus pecados, e então serei salvo. Confissão e contrição (perfeita) são necessárias para uma indulgência plenária; e (essa) contrição é coisa tão difícil de conseguir que se soubésseis da dificuldade, tremeríeis de tanto temor, não ousando crer que tal graça vos possa jamais ser concedida, em vez de a esperardes com uma confiança temerária, como agora fazeis.”

Quando se examinava a si própria com a luz da iluminação sobrenatural, ela via que Deus a escolhera para ser na Igreja a expressão e a imagem viva do Purgatório. Ela diz: “Essa forma de purificação, que observo nas almas no Purgatório, eu a percebo agora em minha própria alma. Vejo que minha alma habita em seu corpo num purgatório inteiramente conforme ao verdadeiro Purgatório, com a diferença de que meu corpo pode suportar sem morrer. Não obstante, os sofrimentos estão pouco a pouco aumentando, até que alcancem um ponto em que meu corpo realmente morrerá.”

A doutora do Purgatório

Sua morte foi verdadeiramente maravilhosa, e tem sido sempre considerada um martírio do Amor Divino. A missão da santa, como a grande Doutora do Purgatório, foi tão verdadeiramente apreciada, desde o princípio, que na sua antiga vida, a vita antica, que foi examinada por teólogos em 1670 e aprovada no processo de sua Canonização, processo este composto por Marabotto, seu confessor, e Vernazza, seu filho espiritual, está dito: “Verdadeiramente, parece que Deus escolheu Sua criatura como um espelho e um exemplo das dores da outra vida, que as almas sofrem no Purgatório. É como se Ele a tivesse colocado num alto muro a dividir esta da outra vida; de modo que ao ver qual sofrimento nos espera na vida além tumulo, ela pudesse manifestar-nos, ainda nesta vida, o que devemos esperar quando cruzarmos a fronteira.” Este é um simples resumo de seu maravilhoso e superlativamente belo Tratado, que colocou Santa Catarina dentre os teólogos da Igreja.

A mesma visão do Purgatório de Santa Catarina é exposta brevemente, embora de modo tocante, por Dante, naquela bela cena em que ele e Virgílio vagueiam pelos arredores do Purgatório. O poeta se torna subitamente fascinado pela luz brilhante de um Anjo que desliza pelo mar, empurrando um barco repleto de novas almas para o Purgatório; e ele descreve o barco deslizando na direção das margens tão suavemente que não produz nenhuma onda na água, enquanto as almas que deixaram a vida, a terra, e o julgamento há poucos minutos, penosa e, ao mesmo tempo, alegremente cantam o salmo In exitu Israel de Egypto. Foi, certamente, uma bela concepção de Dante; e como ele era tanto teólogo quanto poeta, julguei oportuno mencioná-la aqui como prova da visão que tinham os intelectuais no tempo de Dante.

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02/12/2012

Começa o Advento: “preparai, pois os caminhos do Senhor, porque o Reino de Deus está próximo.”


O tempo de preparação de 3 a 4 semanas, que precede a festa de Natal é chamado de Advento. Isto quer dizer que o Redentor do gênero humano está, por assim dizer, em caminho para vir até nós, enquanto nós nos preparamos para recebê-lo. A consciência dos nossos pecados nos faz desejar ardentemente e esperar a vinda do Redentor e Salvador do mundo.

1. Significação deste Tempo. Estas quatro semanas recordam-nos a primeira vinda do Salvador, em carne, e levam-nos a pensar numa segunda vinda, no fim do mundo.

As partes próprias das Missas destes quatro domingos põem esses pensamentos diante dos nossos olhos. Vemos o Salvador que há de vir, como O viram em espírito os Patriarcas: Salus mundi, o Salvador do mundo. Como O anunciaram os Profetas: Lux mundi, a Luz do mundo que dissipa as trevas e ilumina as nações. Como O designou S. João Batista, o precursor: Agnus Dei qui tollit pecata mundi, o Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo. Como, finalmente, Maria Santíssima contemplou, durante meses, o seu Filho, criança pequenina e meiga que será chamada: Filius Altissimi, Filho do Altíssimo.

Este Tempo diz-nos ainda que Ele virá novamente no fim do mundo (Evangelho do primeiro domingo do Advento). Virá não mais como em Belém, com as mãos cheias de misericórdias, mas como Juiz dos vivos e dos mortos, no furor dos elementos desencadeados e num aparato tão terrível que os homens ficarão mirrados de susto. Hora incerta que devemos temer e para a qual, segundo o aviso do Senhor, cumpre estarmos preparados. E como nos prepararemos? Lembrando-nos da primeira vinda do Senhor e aproveitando-lhe os frutos.

2. Como devemos celebrar o Advento. Tenhamos, em primeiro lugar, um grande desejo do Salvador, desejo esse que nasce da convicção firme da necessidade absoluta da Redenção, não somente para a nossa pessoa, mas, acima de tudo, para toda a santa Igreja, a Comunhão dos fiéis. Isaías, profeta do Antigo Testamento, coloca em nossa boca as palavras: “Enviai, ó céus, o Justo”. E a santa Igreja faz-nos exclamar nas orações: Veni, Domine, et noli tardare. Vinde, Senhor, e não tardeis.

Em segundo lugar, devemos manter em nós o espírito de penitência. S. João Batista exorta-nos: “Fazei dignos frutos de penitência”. A salvação só se aproximará de nós, se afastarmos o pecado e o apego ao pecado, se fizermos penitências pelas faltas cometidas. Preparai, pois os caminhos do Senhor, porque o Reino de Deus está próximo. Passemos, por fim, este tempo, em doce expectação com Maria, Mãe de Jesus. A Santa Igreja, de maneira toda especial, lembra-se dela neste tempo, festejando, logo nos primeiros dias, a sua Imaculada Conceição. Felizes somos nós, porque com a Mãe de Deus, já nos podemos preparar para a festa do Natal. Cada uma das Missas é uma Encarnação do Filho de Deus, e cada uma das santas Comunhões que fazemos neste tempo, faz nascer o Filho de Deus em nós, auxiliando-nos para que possamos dignamente celebrar a festa de Natal.

In Missal Quotidiano, D. Beda Keckeisen, O.S.B., Tipografia Beneditina, LTDA, Bahia, junho de 1957.

30/11/2012

Sentenças de São Bernardo - VI


1. Para ascender desde o vale do pranto devemos perseguir e aspirar sempre o sublime. Terra deserta, intransitável e sem água.[1] Existem três desertos: o da vaidade momentânea, que devemos desprezar com a sobriedade de vida. Convém-nos sair desse deserto, como está escrito: Quem é esta, que sobe do deserto inebriada de delícias, apoiada sobre o seu amado?[2] Inebriamo-nos de delícias com a prática de muitas virtudes. Apoiamos-nos no amado quando atribuímos a Deus nossas boas ações. Há outro deserto: o da humildade pela simplicidade cristã, chamada deserto, porque quase nenhum imitador de Cristo se preocupa em praticá-la. Necessitamos nos adentrar nesse deserto. Por isso se diz: Que é isto, que sobe do deserto, entre colunas de fumaça, exalando mirra e incenso, e toda a sorte de aromas?[3] Subimos como coluna de incenso quando nos adestramo-nos na prática das virtudes e da disciplina e, ademais, animamos os outros a fazer o mesmo. Existe ainda outro deserto: o da integridade ou simplicidade da inocência mais pura. A ele devemos subir, já que temos de suspirar pela verdadeira pureza para sermos santos de corpo e espírito. Subamos, portanto, desde o deserto da vaidade momentânea através do deserto da mais humilde simplicidade, até o deserto da mais irrepreensível pureza.

2. Nosso Senhor dispõe de flechas com que fere seus inimigos e os vence com a força de Seu braço. Há três classes de flechas que atravessam os inimigos: o desencanto do dinheiro perdido, porque muito se consome aquele que perdeu as riquezas como meio de vida e promotor de prazeres. Em seguida, há a peste das moléstias corporais que açoitam com a dor física. Assim se fecha todo o caminho a quem quer se precipitar no pecado. Em seguida, vem o martírio da representação infernal. Quando alguém se imagina rodeado por todos os lados com o peso das penas corporais, estende os olhos até essa angústia sem fim e considera com temor o horrível forno de fogo.

3. Há outras três flechas; com elas Deus traspassa inclusive a quem convida a participar da doçura de seu amor. A primeira é o temor casto. Assim se chama porque ordena o escravo que tema ao Senhor, e o persuade, advertindo-o sem cessar, a que evite o ilícito por respeito ao Senhor. Segue o amor de veneração, que coroa a inteligência e a inflama com o fogo de um amor suavíssimo. Por fim, a força do desejo, que, com uma tênue brisa a soprar na capacidade da consciência, se consome esquecendo-se de tudo, e suspira só pelo rosto do Criador, o único que satisfaz o alcance de seus desejos.

4. As sentenças e exortações dos Santos Padres nos admoestam a bem pensar, a bem falar e a bem fazer. Porque quem pensa bem goza de uma inteligência honesta, humilde e piedosa, que não se mancha nunca, não se compraz em nada soberbo e não constrói nada cruel. Se aquele que se expressa o faz com correção, humildade e transparência, quem escuta o faz com agrado; e aquele que fala não se incha com as habilidade de sua eloquência, nem pretende encobrir nada com o adereço da dissimulação ao longo da conversação. Toda obra reta, piedosa e recatada supõe já algo puro que exala inocência, destila misericórdia e não ofende nem molesta a quem a observa.
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27/11/2012

A COLEGIAL QUE SE CONVERTEU


Estudava num colégio de irmãs uma menina de treze anos apenas.

Era alma forte; era coração indômito. Não sei o que tinha aquela criatura, mas exercia uma influência pavorosa sobre todas as colegas que viviam com ela... Quando pregava a revolução entre suas companheiras contra as ordens das Irmãs, a revolução estalava tumultuosa, e só a mão forte da Superiora conseguia impor de novo a disciplina.

Um dia aquela menina altiva e insolente foi severamente repreendida e castigada.

Aquela tarde não poderia sair a passeio com as colegas. Tinha que ficar no colégio, escrevendo cem vezes estas palavras: Primeiro mandamento da lei de Deus: Amarás o senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças.

Ficou na sala vigiada por uma professora... Pôs o papel diante de si e começou a escrever: primeiro mandamento da lei de Deus: Amarás o Senhor, teu Deus... E continuou escrevendo... Logo estava cansada... Largou a pena e passou os olhos pela sala. Bem em frente, pendurada na parede, estava uma devota imagem de Jesus Crucificado... Contemplou-o como jamais o contemplara. Parecia-lhe que aquelas palavras que acabava de escrever, a ela eram dirigidas por aquele santo Cristo, que tinha diante dos olhos... Lentamente, solenemente, com acento de ternura... com olhos cheios de lágrimas... dizia-lhe aquele Deus amoroso: Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração...

Que se passou então naquela alma forte e naquele coração indômito, que lhe saltaram as lágrimas... e ali mesmos e ajoelhou... e se fixaram longo tempo os olhos daquele Deus-amor e daquela menina-revolução?

Em seguida levantou-se... pediu humildemente licença à mestra para ir uns instantes à capela. Tinha sede de falar de mais perto com Deus... e Deus estava ali, a dois passos dela, no sacrário.

Quando se levantou estava regenerada... Desde aquele dia foi a santa do colégio...

Anos mais tarde, quando o capelão e o confessor falavam dela, diziam: As almas assim ou são grandes santas ou grandes pecadoras.

Naquela tarde de sua vida começou a ser santa e o foi até o fim, até o heroísmo...

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Tesouro de Exemplos, Pe. Francisco Alves, Editora Vozes (quando ainda católica!).

22/11/2012

Ainda sobre as mentiras que falam de nós...

Recebi um comentário ao post O 'Último Teorema de Fermat' e as mentiras sobre a Igreja Católica e os católicos. de Pedro Burgalês, que vale a pena ser lido, principalmente os links indicados, que são textos escritos pelo próprio Pedro. Confiram.


"A Igreja e os católicos participam da história contada por Singh sempre como bárbaros. Vou tomar apenas dois exemplos contidos no livro. O primeiro se refere à queima da Biblioteca de Alexandria. Singh conta a seguinte história, que ele provavelmente tirou do mentiroso Gibbon..." Etc.

Essa história realmente não morre.O Sr. não leve a mal as auto-referências, mas eu não resisto, pois eu cheguei a escrever três posts sobre Hipátia de Alexandria e a tal biblioteca: aquiaqui e aqui.

20/11/2012

O Concílio Vaticano II e suas definições sobre a Santíssima Virgem.

Palestra proferida no dia 28 de outubro último, no Colégio Monte Calvário, após a Missa Tridentina.


16/11/2012

Missa Tridentina em BH no próximo domingo.



Padre Tarciso celebrará a Santa Missa segundo o Rito de São Pio V, como ela sempre foi celebrada por 1500 anos em todo o mundo, no próximo domingo, às 9h30, na capela da Polícia Militar, à rua Diabase 320, no Prado. Padre Tarciso é um padre muito piedoso e eu recomendo muitíssimo a Missa por ele celebrada.

Santa Gertrudes, rogai por nós!

15/11/2012

O “Último Teorema de Fermat” e as mentiras sobre a Igreja Católica e os católicos.


Divulgar mentiras e desinformação contra a Igreja é o esporte favorito de muitos. Quem não se lembra das trave$$ura$ de Dan Brown e o seu Código Da Vinci. Mentiras sobre as Cruzadas, sobre a Inquisição, sobre a Igreja e a ciência, etc., abundam e enchem milhões de páginas desde Pentecostes.

Esperamos sempre encontrar tais mentiras em livros de história geral, ou de divulgação barata como o livro de Brown. Nossa expectativa é menor em livros de história da matemática, como o livro de Simon Singh, O Último Teorema de Fermat, Ed. Record, 2006. O Sr. Singh não consegue esconder seu desprezo pela Igreja em várias passagens do livro, que narra a interessantíssima história do último teorema, dentre muitos, enunciado por Pierre Fermat numa margem do seu exemplar da Aritmética de Diofante de Alexandria. Todos os outros teoremas foram provados, restando este, que afirma ser impossível encontrar três números inteiros – x, y e z – em que xn + yn = zn, para n>2. Para n=2, a igualdade é válida, pois expressa o teorema de Pitágoras. Na margem do livro, Fermat não só enuncia o teorema como afirma tê-lo provado, mas não registra a prova, dizendo-a longa demais para ser contida em tão pouco espaço.

Vocês veem que o assunto é muitíssimo interessante e aparentemente alheio a assuntos teológicos. Mas nada é alheio à teologia. O Sr. Singh, para tornar o livro mais interessante e mais compreensível ao leitor comum, se propõe a contar uma longa história, que começa na antiguidade grega, exatamente com Pitágoras, e termina em 1995, ano em que o teorema de Fermat foi finalmente provado; mais de trezentos anos depois de ter sido enunciado.

A Igreja e os católicos participam da história contada por Singh sempre como bárbaros. Vou tomar apenas dois exemplos contidos no livro. O primeiro se refere à queima da Biblioteca de Alexandria. Singh conta a seguinte história, que ele provavelmente tirou do mentiroso Gibbon: No ano de 389 “o imperador cristão Teodósio ordenou que Teófilo, bispo de Alexandria, destruísse todos os monumentos pagãos. Infelizmente, quando Cleópatra reconstruiu e reequipou a Biblioteca, ela decidiu alojá-la no Templo de Serápis. E assim a Biblioteca foi jogada no meio da fúria para a destruição de ícones e altares. Os estudiosos ‘pagãos’ tentaram salvar seis séculos de conhecimento, mas antes que pudessem fazer qualquer coisa foram linchados pela horda de cristãos. O mergulho em direção à Idade das Trevas tinha começado.” Que malvados esses católicos, não é mesmo? Não só colocam fogo na imensa biblioteca, que continha todo o conhecimento humano até então, como ainda assassinam os grandes homens que a queriam salvar! Que odiosos são esses idólatras cristãos assassinos!

Vamos usar duas fontes para desmascarar essa historinha de botequim. A primeira é a obra História Eclesiástica do Padre da Igreja Sócrates de Constantinopla, ou Sócrates Escolástico. No livro V, capítulo XVI, da referida obra, Sócrates conta o seguinte.

“Por solicitação de Teófilo, bispo de Alexandria, o imperador ordenou então a demolição dos templos pagãos daquela cidade; ordenando ainda que a execução da ordem fosse dada a Teófilo. Aproveitando essa oportunidade, Teófilo expôs os mistérios pagãos à execração pública. Para começar ele esvaziou o templo de Mitra e fez uma exibição pública dos símbolos desses mistérios sangrentos. Então ele destruiu o templo de Serápis e também exibiu todas as suas extravagantes superstições, e fez com que o falo de Príapo fosse trazido para o meio do fórum. Os pagãos de Alexandria, e especialmente os professores de filosofia, não se contiveram em seu ódio por tal exposição pública. (...) eles se lançaram impetuosamente sobre os cristãos, e assassinaram cada um dos que eles puderam alcançar. Os cristãos tentaram resistir, mas isso só piorou a situação. A carnificina só terminou quando findou a saciedade pelo derramamento de sangue. Descobriu-se então que, embora poucos pagãos tenham morrido, pereceu um grande número de cristãos. (Heládio, um sacerdote de Júpiter, admitiu ter assassinado nove homens com suas próprias mãos). Depois desses tumultos, Teófilo mandou demolir os templos pagãos.”

Como fica agora a historinha de botequim do Sr. Singh? Quem massacrou quem? Os tais estudiosos estavam enfurecidos pela exposição pública de seus ritos sangrentos e secretos. Mas, e a imensa biblioteca, contendo todo o conhecimento humano, que os cristãos destruíram? Bem, para desmascarar esta mentira não precisamos mais do que a Wikipedia – quem diria? – que nos informa que: “Um texto mais antigo, do historiador Ammiano Marcelino, indica que a biblioteca foi destruída no tempo de Júlio César; quaisquer livros que tenham sido guardados no tempo de Serápis não estavam mais lá, na última década do século IV. O autor pagão Eunápio de Sardis testemunhou a demolição, e embora detestasse os cristãos, e fosse um estudioso, seu registro da destruição do templo não menciona nenhuma biblioteca.”

A historinha do Sr. Singh é composta de três partes: os cristãos destruíram os templos pagãos de Alexandria no final do século IV; eles queimaram a biblioteca de Alexandria; eles massacraram quem tentou evitar tal ato de vandalismo. A primeira parte é verdadeira, com o detalhe de que foi Teófilo que solicitou a Teodósio a destruição dos templos e não o contrário. A segunda parte é uma mentira deslavada e na terceira parte ocorreu justo o contrário. Pois é, a Idade das Trevas começou muito mal; com uma grande e gorda mentira.

O segundo exemplo é realmente interessante. O Sr. Singh fala de muitos matemáticos em seu livro, como se pode imaginar. Ele descreve suas obras no que concerne ao tema principal do livro, que é o último teorema de Fermat. Ele não comenta nada sobre traços pessoais de nenhum desses estudiosos, atendo-se apenas às suas obras. A única exceção é para o matemático Cauchy, que ele descreve gratuitamente como “hipócrita, fanático religioso e pessoa extremamente impopular com seus colegas. Ele só era tolerado na Academia por seu talento.” Bem, Cauchy era um fervoroso católico, com um pequeno detalhe: era um fervoroso católico na época da Revolução Francesa! Um homem que sempre confessou sua Fé e que por isso foi perseguido, destituído de empregos, exilado, etc. Numa época em que os jesuítas eram extremamente impopulares, ele escreveu duas obras em defesa deles. Em 1810, ele escreveu para sua mãe: “eles reclamam que minha devoção me torna muito orgulhoso, arrogante e presunçoso... Deixaram-me de lado acerca da temática religiosa e ninguém a menciona para mim.” É de se imaginar sobre o que Cauchy fala aqui: qualquer católico que afirma que o catolicismo é verdadeiro é acusado de arrogante, pois o chique, o sinal de humildade é dizer que não existe verdade, ou que cada um tem a sua, ou que cada um consegue absorver uma parte dela, etc. Mas Cauchy foi um dos maiores matemáticos que já existiu na face da Terra; ele produziu 789 artigos matemáticos e muitos livros. Suas obras completas cobrem 27 volumes. Deve ser a isso que se refere o Sr. Singh, quando fala de seu talento.

Mas o mais curioso de tudo isso é que o matemático que originou todo o enigma que foi resolvido em 1995, o matemático que enunciou o teorema que se tornou o mais famoso do mundo, o matemático francês Pierre de Fermat era – adivinhem? – UM FERVOROSO CATÓLICO! Isto o Sr. Singh não tem a gentileza de nos informar.

E assim se vão mais algumas mentiras sobre a Igreja e sobre nós católicos.

12/11/2012

Guia Prático de Teologia: Protestantes, aprendam a ler a Bíblia com o católico Chesterton!

Já está nas bancas do Brasil o segundo número do Guia Prático de Teologia. Nesta edição, Chesterton aparece com um texto extraordinário: Introdução ao livro de Jó. Se os tempos fossem outros, se os cursos de Teologia fossem outros, se a Igreja não tivesse sido atingida pelo tsunami do Concílio Vaticano II, este texto seria estudado, seria tema de dissertações de mestrado, quiçá de teses de doutorado. Mas pela graça de Deus, temos ainda, milagre dos milagres, quem se interesse em publicá-lo para o deleite e edificação dos católicos que sobraram por aí. Os protestantes têm uma oportunidade única de acompanhar como um católico interpreta a Bíblia. Este mesmo católico que fala o seguinte, em outro de seus escritos.

(...) Afinal, quando chego a pensar nisso, todas as outras revoltas contra a Igreja, antes da Revolução e especialmente desde a Reforma, contaram a mesma estranha história. Todo grande herege sempre exibiu a combinação de três extraordinárias características. A primeira é que ele escolhia alguma ideia mística do conjunto harmonioso das ideias místicas da Igreja. A segunda característica é que ele usava aquela única ideia mística contra todas as ideias místicas. A terceira (e a mais singular) é que ele parecia não ter tido nenhuma noção de que sua própria ideia mística favorita era uma ideia mística, pelo menos no sentido de uma ideia misteriosa, dúbia ou dogmática. Com uma estranha e incomum inocência, ele aparentemente sempre considerava esta ideia uma coisa natural. Ele a pressupunha inatacável, mesmo quando a estava usando para atacar ideias similares. O exemplo mais popular e óbvio é a Bíblia. A um pagão imparcial ou a um observador cético, esta deve ter sempre parecido a mais estranha história do mundo; que homens invadindo um templo para destruí-lo, destruindo o altar e expulsando o padre, encontraram lá certos volumes sagrados intitulados “Salmos” ou “Evangelhos”; e (ao invés de jogá-los ao fogo com o resto) começaram a usá-los como oráculos infalíveis para invalidar todos os outros sistemas. Se o altar sagrado e principal está errado, por que os documentos sagrados e secundários estariam certos? Se o padre profanava os Sacramentos, por que não poderia ter profanado as Escrituras? Mesmo assim, demorou muito para que ocorresse àqueles que brandiam esta peça do mobiliário da Igreja para quebrar todo o mobiliário da Igreja, quão profano seria examinar este fragmento do mobiliário. As pessoas se surpreenderam muito, e em algumas partes do mundo ainda estão surpresas, que alguém tenha tido a audácia de fazê-lo. 

Vocês veem ao lado a página inicial da bela edição que o texto ganhou no segundo número do Guia Prático de Teologia. O ensaio toma oito páginas da mais criativa exegese bíblica.

É bom ver Chesterton sendo disponibilizado em bancas de jornal. Ele, que sempre se considerou apenas um jornalista, se alegraria com isso!


09/11/2012

Anápolis, a cidade vermelha: por enquanto, o vermelho está apenas na tinta!

Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz


Em 1966, o líder do Partido Comunista Chinês, Mao Tsé-tung, iniciou na China uma campanha chamada “Revolução Cultural”, destinada a combater os seus opositores de dentro do Partido. Grupos de jovens conhecidos como “Guarda Vermelha”, tendo nas mãos o “Livro Vermelho” (coletânea de citações de Mao), atacavam todos os suspeitos de deslealdade política ao regime. Fábricas e universidades foram fechadas, professores foram espancados, intelectuais tiveram que trabalhar no campo. As cores dos semáforos foram invertidas: parava-se no sinal verde e avançava-se no sinal vermelho.

* * *
Em 2008, pela primeira vez o município de Anápolis elegeu um prefeito do Partido dos Trabalhadores (PT): Antônio Roberto Otoni Gomide. Em seu mandato de 2009 a 2012, a cidade foi pintada de vermelho. As fachadas das repartições públicas, o uniforme dos funcionários, os brinquedos das praças, as luminárias dos postes, as lixeiras dos parques, os ladrilhos das calçadas, as placas de sinalização, tudo passou a exibir a cor do PT. Quanto aos sinais de trânsito, ao menos por enquanto eles não foram invertidos. No entanto, uma tarja vermelha passou a cobrir a haste vertical dos novos semáforos. 
     Essa decisão de avermelhar a cidade tem um significado preciso: Anápolis pertence ao PT. É ao PT que o cidadão anapolino deve agradecer quando vê qualquer obra pública. O povo não deve pensar no verde-amarelo da bandeira nacional e da bandeira do Estado de Goiás. Deve substituir a reverência à pátria pelo culto a um Partido.
Nos países comunistas, o Estado e o Partido se confundem. Assim ocorre na China e em Cuba. Assim o PT pretende que ocorra no Brasil.  

O vermelho de sangue
Mais assustador do que as ruas, praças e viadutos pintados de vermelho é o perigo de a prefeitura e/ou a Câmara Municipal aprovarem alguma medida para favorecer o aborto.
Convém lembrar, mais uma vez, que o 3º Congresso do Partido dos Trabalhadores (PT), ocorrido entre agosto e setembro de 2007, aprovou a resolução “Por um Brasil de mulheres e homens livres e iguais”, que inclui a “defesa da autodeterminação das mulheres, da descriminalização do aborto e regulamentação do atendimento a todos os casos no serviço público[1].
Convém lembrar ainda que essa resolução pró-aborto deve ser acatada por todos os políticos filiados ao Partido. Para ser candidato pelo PT é obrigatória a assinatura do Compromisso Partidário do Candidato ou Candidata Petista, que “indicará que o candidato ou candidata está previamente de acordo com as normas e resoluções do Partido, em relação tanto à campanha como ao exercício do mandato” (Estatuto do PT, art. 140, §1º [2]). Ou seja:  Todo político filiado ao PT é comprometido com o aborto.
Com essa mensagem, seria de se esperar que nenhum cristão votasse mais nesse Partido. No entanto, lamentavelmente, em 7 de outubro de 2012, o prefeito Antônio Gomide (PT) foi eleito com 88,93% dos votos válidos. Quanto à Câmara Municipal, houve uma sensível mudança. Hoje apenas uma vereadora pertence ao PT. Dos 23 vereadores eleitos para o próximo mandato, 6 são filiados ao PT. O Partido passou a ter a maior bancada junto à Câmara. Com isso, será muito mais fácil para o PT pôr em prática seus propósitos.

Alguns esclarecimentos

Impressionados com a quantidade de obras públicas feitas durante o último mandato – todas elas cuidadosamente pintadas de vermelho – os eleitores de Anápolis decidiram em massa reeleger o atual prefeito petista. Afinal – diziam – o que importa é o candidato, não o partido.
Enganaram-se: segundo o Estatuto do PT, o que importa primeiramente é o partido. “O Partido concebe o mandato como partidário” (art. 70, Estatuto do PT). Desde o pedido de indicação como pré-candidato, o filiado reconhece de modo expresso que “todo mandato eletivo pertence ao Partido” (art. 73, I, Estatuto do PT). Note-se bem o que diz o Estatuto: o mandato do prefeito não pertence aos eleitores que o elegeram; pertence ao Partido dos Trabalhadores! Também o mandato dos vereadores petistas não pertence aos eleitores; pertence ao Partido dos Trabalhadores. Ou seja: Votar em um candidato petista é o mesmo que votar no PT. E votar no PT é o mesmo que votar no aborto.
A imensa maioria dos eleitores não sabe (ou não sabia) disso. O vereador eleito com maior número de votos foi Pedro Mariano (PP), justamente o autor da Proposta de Emenda à Lei Orgânica n. 13 de 2012, que suprimiu da Lei Orgânica do Município de Anápolis (LOMAN) o parágrafo único do inciso X do artigo 228, que previa a prática do aborto pela rede pública de saúde. Maciçamente contrários ao aborto, os anapolinos não sabem que favorecerem o aborto ao elegerem candidatos petistas.
Há quem pense que a emenda à Lei Orgânica que suprimiu o aborto foi sancionada pelo prefeito Antônio Gomide. Isso não é verdade. Uma emenda à Lei Orgânica é votada em dois turnos pelos vereadores e, uma vez aprovada, é promulgada pela Câmara Municipal (cf. art. 48, LOMAN). O prefeito não tem parte no processo legislativo. Não pode vetar nem sancionar a emenda.
Se, porém, a aprovação de uma emenda tivesse dependido do prefeito, não será que ele a teria vetado? O motivo teria sido óbvio: a existência de uma lei que favorece o aborto é extremamente cara ao PT. Revogar tal lei seria contrariar as diretrizes do Partido. Em particular, seria contrariar o que foi expressamente resolvido pelo III Congresso Nacional do PT: a descriminalização do aborto e a regulamentação do atendimento a todos os casos no serviço público.
É verdade que o Partido pode dispensar o político de cumprir uma decisão coletiva, quando houver “graves objeções de natureza ética, filosófica ou religiosa, ou de foro íntimo”. Mas isso só “excepcionalmente” (art. 13, XV, Estatuto do PT). Se o Partido disser “não”, o filiado é obrigado a agir contra sua consciência.
Em se tratando da causa abortista, se o prefeito tivesse o poder de vetar uma emenda antiaborto, jamais o Partido o teria dispensado desse “dever”. Se o prefeito, alegando ser católico, insistisse diante da Comissão Executiva do Diretório do PT que não poderia vetar aquela emenda, o Partido teria um argumento irrespondível: “Se você é tão intransigentemente contrário ao aborto, por que se filiou ao PT? Está esquecido do compromisso partidário que assinou e registrou em cartório?”. [3]
Não nos iludamos. Há duas bandeiras irrenunciáveis para o PT e inaceitáveis para o cristão: o homossexualismo e o aborto. Nosso prefeito já manifestou sua adesão à primeira bandeira, promovendo as marchas de “orgulho” (!) homossexual em nossa cidade. Infelizmente, a segunda bandeira poderá manifestar-se no futuro. Então, os que votaram nos candidatos do PT terão motivo de amargo arrependimento. Queira Deus que nas próximas eleições tirem, então, também as necessárias consequências.

[1] Resoluções do 3º Congresso do PT, p. 80. in: http://www.pt.org.br/arquivos/Resolucoesdo3oCongressoPT.pdf

[2] Estatuto do Partido dos Trabalhadores, Redação final aprovada pelo Diretório Nacional em 09/02/2012, in: http://www.pt.org.br/arquivos/ESTATUTO_PT_2012_-_VERSAO_FINAL.pdf

[3] DN suspende direitos partidários de Luiz Bassuma e Henrique Afonso, 17 set. 2009, in: http://pt.jusbrasil.com.br/politica/3686701/dn-suspende-direitos-partidarios-de-luiz-bassuma-e-henrique-afonso





08/11/2012

Padre Estevam não assistiu, não viu, não leu, não conhece e não gostou.


Resposta de um padre ao envio do vídeo de um TrueOutSpeak (31/10/2012) de Olavo de Carvalho sobre o Concílio Vaticano II, fazendo um comentário ao livro, recém lançado em português, do prof. Roberto de Mattei.
  
Não  li, não sei quem é este Olavo, presumo que seja mais um dos doidos que ao invés de darem testemunho tornando um missionário em meio as comunidades, mostra-se um acomodado que como diz são Paulo é muito atarefado sem nada fazer. Me faz lembrar dos fariseus com suas hipocrisias. Por favor não me envie mais estas bobagens são de péssimo nível, vergonha para os que se dizem católicos... Só mesmo coisa de quem não tem o que fazer, pessoas assim fazem um desserviço a Igreja e a Cristo. Pe. Estevam

Vocês veem que é uma resposta perfeitamente previsível de um padre “normal” da Igreja pós-conciliar. Nenhuma capacidade de raciocínio, nenhum conhecimento, cheio de chavões – missionário em meio as comunidades --, e cheio de opiniões, inclusive sobre o Olavo de Carvalho, a quem não leu, não assistiu, não viu e não conhece! Chama-o de louco, hipócrita e fariseu.

05/11/2012

Paulo VI e a Tiara Papal

Outro dia, numa lista de discussão católica de que participo, encontro a seguinte frase surpreendente: "O Papa Paulo VI tinha verdadeiro amor à Igreja, e isso é inegável. Quando da reforma litúrgica, o Santo Padre, de veneranda memória, estava em depressão clínica, e a aprovou descuidadamente." Sei que a frase tem vários aspectos que irão chamar a atenção dos leitores. Vou me ater aqui à afirmação de que "Paulo VI tinha um verdadeiro amor à Igreja". E vou discuti-la por meio de um dos muitos atos públicos de de demolição da Igreja personificados por Paulo VI ; são muitos, são diversos, são escandalosos. Mas vou me referir a apenas um, em que parece que Paulo VI não estava nem um pouco deprimido. 

Trata-se da "deposição da Tiara (Triregnum) Papal", símbolo dos três poderes do Papa: Ordem, Jurisdição e Magistério. Escreve Luigi Villa, em Paulo VI: o papa que mudou a Igreja: "Em 13 de Novembro de 1964, Paulo VI, na presença de 2.000 Bispos, depõe definitivamente a Tiara sobre o altar. Era este o grande objetivo da Revolução Francesa, praticado pelas mãos daquele que se sentava na Cátedra de Pedro; uma consequência mais importante do que a decapitação de Luís XVI e do que a “brecha da porta Pia”. Com este gesto, Paulo VI rejeitava os três poderes papais, simbolizados na tríplice coroa, quase a significar que não queria mais governar a Igreja. A que poderes se referia, durante o seu Pontificado, depois daquele  gesto?"

Luigi Villa continua dizendo: "Recordemos as palavras do Pontífice da Maçonaria Universal, Albert Pike: 'Os inspiradores, os filósofos e os chefes históricos da Revolução Francesa tinham jurado lançar a Coroa e a Tiara sobre a tumba de Jacques de Molay… Quando Luis XVI foi justiçado, metade do trabalho estava feita; e desde então, o Exército do templo dirigiu todos os seus esforços contra o Papado'."

O mesmo autor lembra ainda uma instrução secreta da Alta Vendita, de 1820, que dizia: "Façam com que o clero caminhe sob a vossa bandeira, crendo caminhar sob a bandeira das Chaves Apostólicas! Estendei as vossas redes; estendei-as no fundo das sacristias, dos seminários e dos conventos (…) Pescareis amigos e os conduzireis aos pés da Cátedra Apostólica. Pescais assim uma revolução em tiara e capa, precedida da Cruz e do pendão; uma revolução que não terá necessidade senão de uma pequena ajuda para pegar fogo aos quatro cantos do mundo.

"Pegar fogo aos quatro cantos do mundo", que descrição mais precisa dos resultados do Concílio Vaticano II!

D. Hélder Câmara (ver Nelson Rodrigues entrevista D. Hélder Câmara, aqui e aqui), em suas Lettres Conciliaires (existe edição em português dessas cartas), descreve o evento assim: "Em emocionante silêncio, a Basílica viu Paulo VI avançar com a tiara nas mãos, pousá-la sobre o altar, e voltar para trás satisfeito! Foi um delírio!" (Concílio Vaticano II: um história nunca escrita, Roberto de Mattei, Caminhos Romanos, 2012.) Foi um delírio dos maçons! Foi um delírio de satanás! Pe. Congar outro representante do demônio no Concilio, consigna em seu diário: "O Papa tirou a tiara e ofereceu-a aos pobres. Se se trata de renunciar à tiara e se, depois daquela, não vai ter mais nenhuma, muito bem. De outro modo, será apenas um gesto espetacular sem futuro. Em suma, é necessário que ele tenha colocado sobre o altar, não uma tiara, mas A tiara." (Ibid.) Foi A tiara que ele depôs; não houve outra. O demônio e seus representantes estavam satisfeitos!

Este gesto de Paulo VI demonstra bem, como vocês veem, seu inegável e verdadeiro amor pela Igreja

02/11/2012

Missa Tridentina em BH, próximos sábado e domingo.


Padre Tarciso celebrará a Santa Missa segundo o Rito de São Pio V, como ela sempre foi celebrada por 1500 anos em todo o mundo, no próximo sábado a tarde, às 16h30, na capela da Polícia Militar, à rua Diabase 320, no Prado. Padre Tarciso é um padre muito piedoso e eu recomendo muitíssimo a Missa por ele celebrada.


Ele celebrará também no domingo, 4 de novembro, no Colégio Monte Calvário, às 9h30, onde atenderá confissões antes e depois da Missa.

Si iniquitates observaveris, Domine: Domine, quis susnebit? (Ps. 129)

31/10/2012

Historinhas católicas


O FILÓSOFO E O BARQUEIRO

Um barqueiro transportava um filósofo em sua barca. 

Durante a travessia, disse o filósofo ao barqueiro:
- Então, meu velho, você sabe alguma coisa?
- Eu? Sei remar e nadar.
- Não sabe filosofia?
- Nunca ouvi falar disso.
- Não sabe astronomia?
- Não, senhor.
- Não conhece a gramática?
- Também não, senhor.

E assim foi o filósofo perguntando muitas coisas e o barqueiro respondendo:
- Não sei nada disso.
- Pois, assim, você perdeu a metade da vida, acrescentou o filósofo.

Nisso, distraídos pela conversa, deram contra um rochedo, partiu-se a barca e os dois naufragaram... O barqueiro, nadando, alcançou a margem; ao passo que o filósofo se afogava.

O barqueiro, malicioso, gritou-lhe:
- Senhor filósofo, não sabe nadar?
- Não.
- Ah! não sabe? Então o sr. é um infeliz; perdeu a vida inteira. Suas astronomias e filosofias não lhe servem para nada.

Isto mesmo se pode dizer dos que sabem tudo deste mundo, menos a doutrina cristã, pois: A ciência mais apreciada é que o homem bem acabe: porque, no fim da jornada, aquele que se salva sabe, e o que não, não sabe nada.


O SOLDADO E O OVO

A pessoa que sabe sofrer com paciência é semelhante a um anjo.

Conta Spirago que, num hospital servido por Irmãs de Caridade, achava-se um soldado em tratamento. Certo dia pediu lhe trouxessem um ovo cozido. Poucos instantes após uma das Irmãs servia ao enfermo o ovo cozido; mas aquele indivíduo, querendo, ao que parece, provar a paciência da religiosa, rejeitou o ovo bruscamente, dizendo:
- Está duro demais.

Retirou-se a Irmã em silêncio e, depois de alguns minutos, trouxe outro ovo; mas o doente rejeitou-o de novo, alegando:
- Está mole demais.

Sem mostrar o menor indício de impaciência, foi a Irmã, pela terceira vez, à copa e trouxe ao soldado um vaso com água fervente e um ovo fresco e disse-lhe com toda calma:
- Aqui tem o senhor tudo que é necessário; prepare o ovo do modo que lhe agradar.

Essa paciência inalterável da boa Religiosa causou ao soldado tal impressão, que não pôde deixar de exclamar:
- Agora compreendo que há um Deus no céu, uma vez que há tais anjos na terra.

Por aí se vê que pela paciência se pode fazer um grande bem ao próximo.


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Tesouro de Exemplos, Pe. Francisco Alves, Editora Vozes (quando ainda católica!).