Estudava num
colégio de irmãs uma menina de treze anos apenas.
Era alma forte;
era coração indômito. Não sei o que tinha aquela criatura, mas exercia uma
influência pavorosa sobre todas as colegas que viviam com ela... Quando pregava
a revolução entre suas companheiras contra as ordens das Irmãs, a revolução
estalava tumultuosa, e só a mão forte da Superiora conseguia impor de novo a
disciplina.
Um dia aquela
menina altiva e insolente foi severamente repreendida e castigada.
Aquela tarde não
poderia sair a passeio com as colegas. Tinha que ficar no colégio, escrevendo cem
vezes estas palavras: Primeiro mandamento da lei de Deus: Amarás o senhor, teu
Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças.
Ficou na sala
vigiada por uma professora... Pôs o papel diante de si e começou a escrever: primeiro
mandamento da lei de Deus: Amarás o Senhor, teu Deus... E continuou
escrevendo... Logo estava cansada... Largou a pena e passou os olhos pela
sala. Bem em frente, pendurada na parede, estava uma devota imagem de Jesus Crucificado...
Contemplou-o como jamais o contemplara. Parecia-lhe que aquelas palavras que
acabava de escrever, a ela eram dirigidas por aquele santo Cristo, que tinha
diante dos olhos... Lentamente, solenemente, com acento de ternura... com olhos
cheios de lágrimas... dizia-lhe aquele Deus amoroso: Amarás o Senhor, teu Deus,
com todo o teu coração...
Que se passou
então naquela alma forte e naquele coração indômito, que lhe
saltaram as lágrimas... e ali mesmos e ajoelhou... e se fixaram longo tempo os
olhos daquele Deus-amor e daquela menina-revolução?
Em seguida
levantou-se... pediu humildemente licença à mestra para ir uns instantes à
capela. Tinha sede de falar de mais perto com Deus... e Deus estava ali, a dois
passos dela, no sacrário.
Quando se
levantou estava regenerada... Desde aquele dia foi a santa do colégio...
Anos mais
tarde, quando o capelão e o confessor falavam dela, diziam: As almas assim ou
são grandes santas ou grandes pecadoras.
Naquela tarde
de sua vida começou a ser santa e o foi até o fim, até o heroísmo...
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Tesouro de Exemplos, Pe. Francisco Alves, Editora Vozes (quando ainda
católica!).
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