Mostrando postagens com marcador Lições das Missas de Paulo VI. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Lições das Missas de Paulo VI. Mostrar todas as postagens

30/04/2018

Lições das missas dominicais pós-Vaticano II– Parte XXXV


Comento aqui o artigo final d’O DOMINGO de 29/04/2018, 5º. Domingo de Páscoa, do Pe. Paulo Bazaglia.

O Evangelho que merece seu comentário é Jo 15, 1-8. Jesus diz: Ego sum vitis vera, et Pater meus agricola est (Eu sou a verdadeira videira, e meu Pai é o agricultor). Este evangelho é prenhe de significado, pois a metáfora é aqui portentosa. É um evangelho também terrível para padres como Pe. Bazaglia. Padres modernistas não gostam do, na melhor das hipóteses, ou não acreditam no Inferno. Mas vamos ver como se sai o nosso padre no comentário que ele faz.

No primeiro parágrafo de seu comentário (intitulado Permanecer em Jesus) ele denomina os profetas do Antigo Testamento de trabalhadores. Ele coloca a palavra entre aspas, como que acanhado... As aspas talvez denotem um objetivo oculto. Chamar os profetas de trabalhadores não é incorreto, na sã perspectiva de que eles eram trabalhadores da vinha do Senhor. Penso que nenhum deles se furtaria a se definir como tal. Mas as aspas traem uma significação bem malandra do padre, uma ligação com tal partido atual do nosso triste Brasil. Será que o padre está querendo ligar os profetas, digamos Daniel, Isaias, com Dilma, Lula, Dirceu, etc? Sei não!

Ah!, mas tem coisa mais interessante. O padre, a certa altura, desfigura vergonhosamente a palavra do Senhor. Ele diz: “Permanecer unidos a ele não para cortar pessoas de nossa vida, como se fôssemos os ramos bons e os outros fossem os ramos destinados ao fogo.” Que história é essa? Quem interpretaria assim a palavra de Nosso Senhor? Nosso Senhor está dizendo que ele é a videira, e nós os ramos. Ele diz que enquanto permanecermos ligados à videira, não seremos cortados. Mas se nós nos desligarmos da videira, morreremos. Um ramo da videira (cada um de nós) não tem o poder de cortar outros ramos e Deus não cortará os ramos vivificados com a seiva do Senhor. Jesus está dizendo que os ramos destinados ao fogo (do Inferno) serão aqueles que optarem por se desligar. O Inferno é opção nossa. Deus apenas aceita essa opção. Que conversinha fiada é essa de nós cortarmos os ramos? Isso só pode passar pela cabeça de Pe. Bazaglia.

Outra coisinha que o padre se esqueceu, muito convenientemente, de mencionar. Estar ligado à videira é também, e principalmente, estar ligado à Cruz de Nosso Senhor, pois Sua seiva é alimento de vida eterna, que não existe senão aos pés da Cruz. Muito bonitinho falar em “permanecer firmes no testemunho da misericórdia e do amor incondicional”, como faz o padre Bazaglia. Mas que tal lembrar que esse amor incondicional é exatamente o amor à Cruz de Nosso Senhor? A Igreja desse padre é a Igreja do amor e da misericórdia sem a Cruz e o sofrimento. Mas isso só significa o caminho fácil para o Inferno. Amor e misericórdia sem a Cruz é o lema de uma igreja sem Deus, ou melhor, uma igreja com um deus imanente, um deus panteísta, um deus do “faça amor, não faça a guerra”.

Para terminar, lembremos-nos de um diálogo entre a alma e Jesus, na Imitação de Cristo. A alma está tentando entender o que significa o “renuncia-te a ti mesmo” e pergunta a Jesus: “Senhor, em que devo renunciar-me, e quantas vezes?” Jesus responde: “Sempre e a toda hora, tanto no muito como no pouco. Nada excetuo, mas quero te achar despojado de tudo”. Ele ainda diz: tu deves renunciar a ti mesmo “oferecendo-se em cotidiano sacrifício a Deus, sem o que não há nem pode haver união deliciosa comigo”.

Aí está! Estar ligado ao tronco da videira, estar em “união deliciosa” com Ele significa renunciar-se a si mesmo. Nada mais, nada menos, viu padre Bazaglia?


05/04/2018

Edição Extra das Lições

Comento aqui uma afirmação que poderia estar num artigo final d’O DOMINGO, panfleto revolucionário distribuídos nas Missas de Paulo VI. Ela poderia ter sido dita pelos padres Nilo Luza, Paulo Bazaglia, ou mesmo pela nossa missionária da Amazônia, ex-prefeita de Campinas pelo PT, a Sra. Izalene Tiene. Poderia ter sido escrita em qualquer domingo, mas principalmente na Semana Santa.

Eis a frase: “Quem se aglomerava em torno de Jesus para ouvir as suas palavras? O povo. E quem O crucificou? Os escribas, os fariseus, os doutores da lei, o governo romano, os príncipes dos sacerdotes”.

Podemos imaginar uma sequência de um dos padres mencionados, ou outros: “Pois Jesus veio com um projeto para os pobres, para os desvalidos, e não para os poderosos. Veio para desafiar a ordem estabelecida, veio para fundar um reino de justiça e de paz social, fundamentado na dignidade da pessoa humana”. Esta frase imaginária seria um bom complemento da frase inicial, que é verdadeira. Já-já revelo o seu indigitado autor.

Eu responderia à frase real perguntando o seguinte: e o povo todo gritando “Barrabás, Barrabás”? Houve uma consulta popular feita por Pilatos; houve a expressão da democracia direta. Sim, Pilatos poderia ter salvado Jesus. Mas ele era um democrata (como o são todos os padres modernistas) avant la lettre: afinal, a voz do povo é a voz de Deus, ou não é? E o que dizer de Iscarites, que vendeu Jesus por trinta dinheiros. Era também príncipe, era também poderoso, era doutor da lei? O que dizer de José de Arimatéia, que ouvia Jesus, era um dos seus discípulos, mas não era do povo? Esse padre está tentando nos enganar, como fazem os Luzas e Bazaglias da vida! É tão asqueroso quanto estes.

Hugues Felicité Robert de Lamennais.PNG
Mas a surpresa toda vem agora. Esse padre, esse revolucionário, falou isso em 1834, antes do manifesto comunista, antes do apogeu de Marx, pouco mais de trinta anos depois da Revolução Francesa. Seu nome? Esse infeliz é Felicité de Lamennais, o fundador do catolicismo liberal. Ele publicou essa frase em seu livro, estrondoso sucesso, e referência de todos os modernistas, Paroles d’un Croyant. Sim de um croyant, crente, não de um católico. Crente num deus que não existe, num deus construído conforme suas convicções, como o deus de Lutero.

Lamennais era também homossexual e, aos 33 anos, teve uma relação amorosa com um jovem, Harry Moorman, estudante de 13 anos, em Londres. Hoje, isso seria considerado pedofilia! A relação foi tão tórrida que Lamennais queria levar Harry, à força, para Paris, mas desistiu do intento por aconselhamento do Padre Carron. Será que existe uma relação mais estreita entre catolicismo liberal e homossexualismo? Será que Lamennais foi precursor de outros “movimentos” que também hoje infestam a Igreja? Não sei. Mas fica a observação.

O mal não é definitivamente o comunismo, mas o liberalismo. Eis a minha modesta opinião.

03/04/2018

Lições das missas dominicais pós-Vaticano II– Parte XXXIV


Comento aqui o artigo final d’O DOMINGO de 01/04/2018, Domingo de Páscoa, do Pe. Paulo Bazaglia. Pe. Bazaglia é já nosso conhecido nestes comentários. Está sempre presente com suas ideias distorcidas.

O Evangelho que merece seu comentário é Jo 20, 1-9. Maria Madalena vai avisar os apóstolos João e Pedro que o sepulcro está vazio. Eles correm, para verificar.

O artigo do Pe. Bazaglia é intitulado Sinais da Ressurreição, título muito apropriado! Além de platitudes, ele insiste numa ideia antiga, que ele não cansa de repetir. Desta vez, ele a expressa da seguinte forma: “A corrida dos dois discípulos ao sepulcro é a corrida simbólica da fé, e quem chega primeiro é o Discípulo Amado. Chega antes quem ama e vive a relação do amor e da amizade com Jesus. É o último a ver os sinais, mas o primeiro a acreditar.” É impressionante como num trecho tão curto cabe tanta besteira!

Primeiro, parece que João e Pedro apostam uma corrida até o sepulcro, cada um tentando ganhar. Um novo, o outro velho e o novo ganha a corrida. Mas não ganha porque é mais novo, mas porque ama. De quebra, insinua-se aqui que Pedro, o primeiro papa, não amava Jesus, não vivia a relação do amor e da amizade com Jesus. Depois, o padre denomina essa corrida a “corrida simbólica da fé”. Eu a denominaria a corrida simbólica da dúvida, da estupefação, da surpresa, mas não da fé. Só depois, no final da passagem é que se informa: “ele viu e acreditou”. Além disso, o evangelista nos diz: “eles não haviam compreendido a escritura”.

Mas como essa ideia distorcida do Pe. Bazaglia é antiga, eu já a comentei aqui, no Domingo da Páscoa de 2009, na parte XVII destes comentários. Quem se interessar pode ler o antigo comentário aqui.

14/03/2018


Lições das missas dominicais pós-Vaticano II– Parte XXXII

Comento aqui a edição do quarto Domingo da Quaresma d’O DOMINGO de 11/03/2018.

O desenhozinho de antes dos Ritos Iniciais é a grande surpresa dessa edição.



Como o Evangelho da Missa Nova começa, “Naquele tempo, disse Jesus a Nicodemus”, podemos supor que o homem a quem Jesus fala é Nicodemos. Uma curiosa semelhança nos faz lembrar outro personagem: o nosso Nicodemos. Esse personagem comunga. Vejam as fotos abaixo.

Em 2005, no funeral de JPII

Em 2018, em São Bernardo do Campo


Em 2005, quando perguntado sobre a Confissão Sacramental antes da Comunhão, esse personagem respondeu: “"Não precisa, eu sou um homem sem pecados", disse, sorrindo. E completou, afirmando que não sabe "o que é ser um bom católico". "Acima de tudo, temos de ser bons seres humanos", salientou.” Em 2018, não encontrei nenhuma menção ao estado de nosso Nicodemos.

Deixo aos leitores as considerações possíveis neste caso.

Vou agora ao artigo final “Jesus Revela o Amor de Deus”, do Pe. Nilo Luza, redator do panfleto. As frases que chamam nossa atenção são estas: “Por causa de sua (de Jesus) opção em favor da humanidade mais fragilizada, Jesus acabou morrendo na cruz como marginal e criminoso. Não poupou sua vida; ao contrário, doou-a para que aprendêssemos a não nos fecharmos em nosso egoísmo, buscado salvar a nós próprios, mas soubéssemos olhar para o sofrimento de tantos irmãos e irmãs, solidarizando-nos com eles – especialmente os que habitam as ‘periferias existenciais’. Somente as pessoas generosas, capazes de amar até a doação da própria vida, pode-se construir uma nova sociedade.” (Grifos meus.)

A teologia do Pe. Luza nos ensina que aquela máxima de que devemos nos salvar primeiro para depois tentar salvar nossos próximos é puro egoísmo. Aquilo que Dom Chautard nos fala sobre o apostolado (em seu livro A Alma de Todo Apostolado), de que primeiro é preciso ter vida interior (estar em estado de graça, permanentemente) para depois tentarmos algum apostolado, ou seja, tentar salvar os outros, já está ultrapassado na igreja de Pe. Luza.

Destaco também as “periferias existenciais” das quais nada sei, mas achei muito “chique” a expressão. Seria uma periferia da existência, algo que estivesse ainda fora da existência (ainda não seria um ente, ainda não teria ser) e que por nossa ação passaria a ter existência? Seriam os esquecidos, de que nos fala o Cardeal del Val na sua extraordinária Ladainha da Humildade: do desejo de ser conhecido, livrai-nos Senhor? São José estaria na categoria da periferia existencial (quase nada se fala dele nas Escrituras)? Não sei. Mas o que suspeito, do que sinto um cheirinho aqui, é a velha lenga-lenga comunistóide da teologia da embromação.

Sim, e também tem a coisa de “construir uma nova sociedade”. Aqui, lembremos de Iscariotes, que espera exatamente isso de Jesus. Tendo se decepcionado com Ele, O vendeu por trinta dinheiros. Iscariotes sempre estava preocupado com os pobres, mas não recusou os trinta dinheiros dos judeus. Ninguém é de ferro, né?

Temos também, como tem acontecido, o texto sobre a campanha da fraternidade, assinado pela ex-prefeita petista (cheia de processos por corrupção), abortista confessa (ver aqui), autodenominada “missionária na Amazônia”. Continua a falar sobre violência, sem mencionar o aborto. Suas sugestões são variadas. Ela dá uma receita para a educação para a paz. Segundo ela, precisamos desenvolver: consciência de cidadania, ações em redes, novo conceito de segurança, ampliar a participação nas CEB’s e nos grupos da Pastoral Operária e demais pastorais operárias. Tudo o que pregam esses teólogos canalhas da teologia da embromação.

Para terminar, e aqui também eu termino, as palavras do Papa Francisco: “Continuai com a vossa luta e, por favor, cuidai bem da Mãe Terra”. Mãe Terra em caixa alta? Nossa Mãe, dos católicos, é só uma: Maria Santíssima. Rezemos pela conversão desse pessoal!






08/03/2018

Lições das missas dominicais pós-Vaticano II– Parte XXXI


Comento aqui, principalmente, os artigos finais d’O DOMINGO de 04/03/2018. Um deles é do Pe. Paulo Bazaglia, o outro de Izalene Tiene, nossa “leiga missionária na Amazônia”, que já conhecemos do comentário anterior.

O Evangelho dessa Missa Nova, no terceiro domingo da Quaresma, é o da expulsão dos vendilhões do Templo. Na Missa de Sempre é o do Demônio Mudo. Sobre este, veja o comentário do Padre Élcio, do qual eu destaco:

Quero, no entanto, salientar a obrigação dos Eclesiásticos. Na verdade, é o respeito e os interesses humanos que impedem que os superiores eclesiásticos se declarem publicamente por Deus, por Jesus realmente presente na Hóstia Consagrada. Lamentam talvez internamente os sacrilégios, mas não falam contra eles. Mantêm a verdade cativa, e não ousam confessar publicamente a sua fé, ainda mesmo quando o silêncio é uma espécie de apostasia. Os estragos do demônio mudo nunca são tão deploráveis como quando exerce a sua tirania sobre os mesmos Pastores. O maior triunfo deste demônio terrível é encadear a palavra sacerdotal. Ou fecha a boca aos ministros do Senhor, ou não lhes permite que falem senão com timidez, quando deviam falar com energia. (Negritos são meus)

Quanto ao Evangelho da Missa Nova, o Pe. Bazaglia dá sua interpretação no artigo O Novo Santuário. Para esse padre o que Jesus fez foi lutar contra a exploração a exploração dos pobres, contra “as práticas de injustiça”. Nisso o Pe. Bazaglia está de acordo com o comentário que encontramos na Bíblia Sagrada, edição pastoral da Paulus. Lê-se o seguinte comentário, na página 1356 dessa publicação, referente aos versículos 13-22, do segundo capítulo do Evangelho de São João: “Expulsando os comerciantes, Jesus denuncia a opressão e a exploração dos pobres pelas autoridades religiosas”.

Bem, o que Pe. Bazaglia deveria ter dito e não disse? Os leitores podem ir, por exemplo, à Catena Aurea para examinar o que disseram os Padres da Igreja sobre esse Evangelho. Cito aqui um trecho do comentário do bispo Frederick Justus Knecht, na sua obra Um Comentário Prático da Sagrada Escritura:

Seu corpo é também um templo do Espírito Santo. Você já o profanou com ocupações indignas? Tome uma firme resolução de honrar seu corpo como o templo do Espírito Santo, e nunca o profane!

Muitos cristãos se comportam irreverentemente na Igreja, na presença do Santíssimo Sacramento. Essas pessoas merecem ser expulsas do templo com chicote. Nosso Senhor não quer, é verdade, expulsá-las agora, mas no Dia do Julgamento, Ele as tratará mais severamente do que tratou os vendilhões do Templo de Jesusalém.

Você agradece a Deus todos os dias por seu Batismo, e por todas as graças que por ele, sem nenhum mérito seu, você recebe? Você ama a Deus, que é infinitamente bom, com todo o seu coração? Como você demonstra esse amor?

Vê-se que Pe. Bazaglia, com sua lenga-lenga comunista, deixou de nos ensinar coisas muito importantes.

Vamos agora à nossa missionária da Amazônia, que assina a coluna devotada à Campanha da Fraternidade. Ela continua a falar da violência contra a mulher e divulga um calendário de manifestações que inclui até o dia nacional da consciência negra. Esse é o terceiro artigo a ex-prefeita de Campinas pelo PT, cheia de processos por corrupção, falando a violência. O que impressiona é a ausência da temática do aborto, que é, digamos, uma violência que clama aos Céus. Mas é compreensível que ela disto não fale, pois ela é favorável ao aborto. Nossa missionária, porta-voz da Campanha da Fraternidade, é militante abortista. Não é um caso curioso que a CNBB escolha como porta-voz da Campanha da Fraternidade uma abortista? Vocês acham que o blogueiro enlouqueceu? Vejam só esta marcha das mulheres, em 2010. Na reportagem há uma foto da nossa missionária e também uma citação de suas palavras: “O aborto é uma questão de saúde pública”.

Não posso acreditar que a CNBB desconheça as ideias de sua porta-voz. Única conclusão possível é que esse sindicato de bispos é favorável ao aborto. Não estou dizendo que todos os bispos brasileiros sejam favoráveis ao aborto, mas seu sindicato o é, indubitavelmente. Ou isto, ou essa missionária já estaria excomungada.



28/02/2018

Lições das missas dominicais pós-Vaticano II– Parte XXX


Comento aqui, principalmente, os artigos finais d’O DOMINGO de 25/02/2018. Um deles é do Pe. Paulo Bazaglia, o outro de Izalene Tiene, nossa “leiga missionária na Amazônia”, que já conhecemos do comentário anterior.

O Evangelho dessa Missa, segundo domingo da Quaresma é o da Transfiguração. Vamos ver o que nos dizem a Igreja pós-Vaticano II desse extraordinário acontecimento. No comecinho da parte do folheto intitulado Ritos Iniciais, sempre vem um texto, que não faz parte dos tais ritos, mas como vem depois do título, parece que sim. A mensagem do folheto, que não há como não considerar uma mensagem oficial, é a dos mandatários da Igreja no Brasil. Na sua parte final está a mensagem principal dos bispos comunistas do Brasil: “a Fé nos garante ser possível transfigurar a sociedade marcada pela violência e a vida de quem foi despojado de sua dignidade”.

Então, se entendemos bem a mensagem comunista, ela é a seguinte: Jesus subiu ao Monte Tabor, levando três apóstolos, transfigurou-Se na frente deles, conversou com Moisés e Elias, para nos ensinar que podemos transfigurar a sociedade em que nós vivemos.

Essa é também a mensagem que o artigo do Pe. Nilo Luza nos dá num dos artigos finais do folheto. Pe. Luza não é tão sucinto quanto a mensagem inicial, talvez até escrita por ele mesmo, já que é o redator do folheto. Ele usa muitas palavras vazias e enganosas, mas sua mensagem é clara: “Somos convidados a subir a montanha com Jesus, fazer a experiência de sua transfiguração e escutar a voz do Mestre, que nos pede fidelidade no seguimento e nos aponta o que deve ser transfigurado ou transformado na realidade em que vivemos”.

Segundo a exegese distorcida do Pe. Luza, Jesus nos convida a “fazer a experiência de sua transfiguração”. É como se Jesus dissesse para os três apóstolos: “Estão vendo como é fácil? Venham aqui que Eu vou ensiná-los. Isso, fiquem de pé, façam isso e aquilo, e, vejam!, vocês se transfiguraram! Agora, vocês desçam e ensinem ao mundo o processo. Não, Moisés e Elias, não estarão disponível para as gentes. Ensinem apenas a transfiguração.”

Mas Pe. Luza diz mais, claro. Ele diz que o seguimento de Jesus significa transfigurar e transformar a realidade em que vivemos. Descobrimos, com o Pe. Luza, que os marxistas de todos os matizes (e como existem matizes!) são aqueles que aprenderam a verdadeira mensagem da transfiguração (assim, com letras minúsculas). Vejam vocês que o slogan “Um outro mundo é possível” e a condensação da Transfiguração do Monte Tabor. Nesse sentido, Pe. Luza transforma Marx num discípulo aplicado de Jesus. Não é uma gracinha esse Pe. Luza, redator do folheto O Domingo?!

Num outro post, veremos o verdadeiro significado da Transfiguração. Traduzirei um trecho do “A Practical Commentary on Holy Scripture” [Comentário Prático da Sagrada Escritura], do bispo Frederick Justus Knecht, livro que recomendo a todos.
Por ora, nos ocupemos da leiga missionária na Amazônia, Izalene Tiene. Ao que parece, essa senhora, pelo menos provisoriamente é a porta voz da Campanha da Fraternidade, pois a coluna dessa campanha é assinada novamente por ela. Izalene, conforme comentei no post anterior, é ex-prefeita de Campinas, do PT, e está cheia de processos por corrupção nas costas, o que não é novidade nessa legenda. Talvez, ao longo da campanha, alguns outros “companheiros” irão escrever também a coluna. Sugiro alguns: Zé Dirceu (companheiro de frei Beto lá em Cuba), Zé Genoíno, Lula, etc

Vocês sabem, a campanha versa sobre a violência. Pelo menos até agora, nenhuma palavra sobre os 60 mil brasileiros que morrem por ano, assassinados neste pobre país!

Mas o mais interessante do texto é uma referência à Laudato Si (em que a colunista diz ser o fundamento da Doutrina Social da Igreja, elogiando sua espiritualidade), e uma proposta da conversão de todos.

A Laudato Si, vocês sabem, é a encíclica do Papa Francisco que apoia uma fraude científica, a do aquecimento global. Mas não só apoia a fraude, ela apóia também todas as iniciativas baseadas nessa fraude.

Mas dirão os leitores que se a Izalene está propondo a conversão de todos, ao menos em alguma coisa a leiga missionária da Amazônia está em consonância com os ensinamentos de sempre da Igreja. Afinal, Quaresma é tempo de conversão. Talvez o blogueiro esteja de implicância com a pobre missionária.

Vejamos a frase da ex-prefeita do PT: “Cabe a nós, mulheres e homens da cidade e do campo, cuidar da criação, colaborando com Deus, denunciando as práticas que devastam a natureza. Devemos estimular uma ‘conversão ecológica’ nos nossos grupos e comunidades e em todos os espaços da sociedade”.

Ah!, agora sim. Uma conversão ecológica, hein? Que tal?

Em conclusão, com o folheto de hoje aprendemos que a mensagem da transfiguração ainda vive, mais que nunca, em todos os matizes do comunismo, que é o continuador da mensagem de Nosso Senhor no Monte Tabor. Aprendemos também que nesta Quaresma, tempo de conversão, devemos nos empenhar ao máximo na conversão ecológica proposta pela ilustre Izalene do PT. Ah!, e não se esqueça da espiritualidade da Laudato Si.  



21/02/2018

Lições das missas dominicais pós-Vaticano II– Parte XXIX


Comento aqui, principalmente, os artigos finais d’O DOMINGO de 18/02/2018. Um deles é do Pe. Paulo Bazaglia, o outro de Izalene Tiene, que se intitula “leiga missionária na Amazônia”. Veremos quem é essa senhora.

A Missa do último domingo é a do 1º domingo da Quaresma. A Quaresma é o Tempo litúrgico mais importante do ano para nós católicos.

Na Missa de Sempre, o evangelho desse domingo é Mt 4, 1-11, que descreve detalhadamente a tentação de Jesus no deserto. Aquele diálogo que Ele mantém com o demônio. O interessante desse diálogo é o quanto o demônio conhece as Sagradas Escrituras, uma das bases de nossa fé. Neste trecho do evangelho está contido também todo o programa demoníaco de tentação; estão ali tipificadas as principais tentações que nos atingem diretamente.

Na Missa Nova, de Paulo VI, o evangelho é Mc 1, 12-15, que descreve assim a tentação de Jesus: “Logo o Espírito o impeliu para o deserto. Permaneceu no deserto quarenta dias, sendo tentado por satanás; estava entre as feras, e os anjos o serviam”. Comparem os leitores os dois evangelhos e verão qual dos dois é mais apropriado para o início da Quaresma.

Bem, mas vamos ao folheto O Domingo e aos artigos. Logo no início do folheto (na coluna à esquerda, logo abaixo de um desenhozinho) estão os “Lembretes e sugestões para a Quaresma”. Aqui se esperaria algumas sugestões salutares para a Quaresma, que é um tempo de penitência, esmola e oração. São estas sugestões que têm me ocupado em vídeos no YouTube e em vários posts do blog. Procuro, na medida do possível, chamar a atenção dos católicos para a importância desse Tempo. Nas sugestões listadas no folheto, eu destaco duas, para não cansar os leitores. A sugestão dois: “o espaço celebrativo seja simples e despojado”. A ênfase aqui é “o espaço celebrativo”. Imagino que tal espaço seja a Igreja! Mas vocês imaginem tal sugestão sendo implementada em Notre Dame, Chartres ou em São Marcos, em Veneza. Como despojar tais igrejas. Uma Igreja católica nunca pretendeu ser um espaço despojado. Mas continuemos com a sugestão 3: “Dar destaque à cruz e ao cartaz da Campanha da Fraternidade”. Quando é preciso sugerir a um pároco que ele deve, em sua Igreja, dar destaque à Cruz de Nosso Senhor, é porque as outras coisas de nossa fé já estão comprometidas em último grau. Recuso-me a comentar sobre o cartaz da tal campanha.

Analisemos agora os artigos do final do folheto. O primeiro se intitula “Deixar-se Conduzir” e é assinado por Pe. Paulo Bazaglia. A parte mais significativa do artigo é seu início: “Jesus é batizado por João e passa quarenta dias no deserto sendo tentado por satanás”. Padre modernista falando de satanás é raro e uma ponta de esperança surge. Será que o Pe. Bazaglia falará mesmo do demônio, de seu poder, de seu intento, de suas artimanhas? A próxima frase já destrói toda a esperança, pois o padre define o que ele pensa ser satanás: “Satanás representa todas as forças contrárias ao projeto que Jesus vem realizar. Os projetos contrários ao projeto de Deus são tentadores, com promessas maravilhosas pelo menor esforço”. Então, caros leitores, para Pe. Bazaglia, o demônio são forças. Sabendo o que são os padres modernistas e comunistas desse nosso Brasil, essas forças são políticas e sociais contrárias ao PT. Na frase final, Pe. Bazaglia fecha o artigo com chave de ouro: “O Senhor nos acompanha e nos dá forças para vencer as tentações do poder, do prestígio e das riquezas; para fazer acontecer, hoje, as ações do Reino”. Isso tudo, depois de Jesus ter dito que o Reino d’Ele não era daqui. Vejam vocês que mensagem mais elevada para o primeiro domingo da Quaresma. Com essa mensagem, aposto que todos os católicos saíram da Missa e foram se afiliar ao PT.

Mas o segundo artigo é mais interessante. Ele tem como título “CAMPANHA DA FRATERNIDADE”, em caixa alta mesmo! Ele é assinado por uma leiga da Amazônia. Poxa!, que humildade assinar o artigo como leiga da Amazônia; é a senhora Izalene Tiene. Confesso logo que nunca tinha ouvido falar dela e logo fui ao Google. Ah!, mas que surpresa! Dona Izalene Tiene, antes de ser uma humilde leiga da Amazônia foi simplesmente prefeita de Campinas. Adivinhem o partido da Dona Izalene? Quem falou PT levou o prêmio. Se vocês fizerem o mesmo que eu, descobrirão a quantidade de processos que há contra a administração dela e também que suas contas não foram aprovadas pelo legislativo de São Paulo. Será que ela fugiu lá para a Amazônia? Não dá para saber, mas o que é surpreendente é que o folheto O Domingo tenha escolhido justo ela para o artigo de abertura da campanha no semanário. O artigo é um ajuntamento de jargões sobre a violência contra as mulheres. Não vale ser lido de modo algum. É daqueles artigos em que o autor é mais interessante do que o que ele escreve.

Como conclusão, podemos dizer que os fiéis que receberam e leram o folheto no primeiro domingo de Quaresma, aprenderam que satanás é uma força contrária ao projeto do PT e que uma grande apoiadora da Campanha da Fraternidade de 2018 é uma ex-prefeita, agora leiga na Amazônia, que é, senão corrupta, pelo menos suspeita de corrupção na prefeitura de uma das maiores e mais importantes cidades do país.

Não poderíamos desejar mais no início da Quaresma.

18/02/2018

Volto ao semanário O Domingo


Creio ter escrito meu último comentário sobre o semanário litúrgico da CNBB, O Domingo, nos idos de setembro de 2009. Lá se vão quase dez anos.

Lancei um livro com a coletânea dos posts, em 2011. Na época, considerei que minha missão estava cumprida. O prefácio do livro explica a que missão estou me referindo.

Volto agora ao semanário por alguns motivos. O primeiro, é que existe hoje uma nova juventude católica, mais conservadora, mais falante e mais combativa. Meu propósito é, por meio de meus comentários do que diz o semanário, ajudar a desmascarar quem trabalha pela destruição da Igreja. Precisamos desmoralizar esses pseudo-católicos que atentam contra a base de nossa doutrina e de nossa fé, sejam eles padres ou leigos. O semanário é um ótimo local para encontrarmos tal plêiade de gente.

Em segundo lugar, tentarei, com esses novos comentários, esclarecer melhor o que falo no prefácio do citado livro:

Pode-se objetar ainda (e alguém já o fez de fato) que o título do livro é indevido [Lições das Missas de Paulo VI]. Afinal, os comentários se referem ao folheto que é distribuído na Missa e não à própria Missa, à liturgia em si. Bem, embora haja apenas um comentário predominantemente litúrgico neste livro, o folheto O DOMINGO é um fenômeno inseparável da Missa Nova, da Missa de Paulo VI. É um fenômeno impensável numa Missa Tridentina, pois lex orandi, lex credenti. Assim, os textos escandalosos d’O DOMINGO estão em consonância com a atmosfera protestantizante da Missa de Paulo VI. Eu diria até que são adornos inseparáveis desta liturgia, que trouxe para a Igreja a grande tragédia atual.

Eu não penso que o problema atual da Igreja seja a infiltração comunista. Ou pelo menos, esse problema não é o fundamental. Penso que o problema principal (talvez, matriz e facilitadora da infiltração comunista) seja a Missa Nova, a mudança do rito. Quem conheça a estratégia usada por Cranmer na Inglaterra, não pode deixar de concordar comigo. Michael Davies, na introdução de seu livro Cranmer’s Godly Order (que foi traduzido recentemente pela Editora Permanência) diz:  a intensão do livro é mostrar “pelo exame do Prayer Book de Thomas Cranmer, quanto a fé do povo católico pode se alterar simplesmente pela mudança da liturgia. (...) O modo como rezamos reflete e, em larga medida, decide o que acreditamos.”

Cranmer conseguiu destruir o catolicismo na Inglaterra do século XVI por meio de alterações no Missal usado pelo povo. E notem: muitos séculos antes de Marx!

A infiltração comunista na Igreja é um fenômeno real, planejado com muita antecedência e com anuência de toda a alta cúpula da Igreja. O evento principal nessa história de horror foi o acordode Metz, que proibiu o Concílio Vaticano II de condenar, ou mesmo sequer mencionar, o comunismo em seus documentos. Eu sei e reconheço tudo isso. Mas isso não seria possível, ou pelo menos tão fácil, sem a mudança litúrgica.

Assim, como muitos hoje, de vários modos, e utilizando várias plataformas, estão condenando tão veementemente o comunismo dentro da Igreja, mas não, pelo menos explicitamente, a mudança litúrgica, sinto-me no dever de trabalhar modestamente no campo litúrgico, messe esta tão carente de operários.

Volto então aos comentários d’O Domingo e de suas absurdidades na esperança de alertar os católicos das ideias distorcidas e, por vezes, heréticas, ali propugnadas, fruto da mudança profunda da fé católica promovida pela mudança do rito da Missa.

Farei isso de duas formas: ora por escrito, aqui no blog, ora com vídeos no canal do blog no YouTube.


21/01/2010

Lições das missas dominicais pós-Vaticano II– Parte XXVIII

Comento aqui o artigo do Sr. Domingos Zamagna intitulado “Catequese e Ecumenismo”, n’O DOMINGO de 27/09/2009.

Este artigo é muito explícito em pontos que foram apenas anunciados nos artigos anteriores. O que o Sr. Zamagna prega é má doutrina. Não é má doutrina segundo minha opinião, que, neste caso, merece tanta atenção quanto à do próprio articulista. É má doutrina segundo a verdadeira e tradicional Doutrina Católica.

Já no início do artigo, o Sr. Zamagna, citando um grande pensador do século XX, que ele não declina o nome, diz que esse século foi o século do ateísmo e do ecumenismo. Cita na maior inocência sem se dar conta de que este é causa daquele. O ecumenismo leva à apostasia e depois ao ateísmo. Se algum indivíduo minimamente inteligente acredita que em todas as religiões há meios de salvação, logo ele se desvincula da Igreja e procura algum culto que lhe seja menos exigente. De religião em religião, passando pelas religiões orientais, que não são outra coisa senão um materialismo disfarçado, ele chega facilmente ao cientificismo rasteiro, alardeado incessantemente pela mídia, e daí ao ateísmo. Isto é a conclusão lógica do ecumenismo. Ele começa negando que a Verdade esteja somente na Igreja Católica e acaba negando que exista Verdade. Este é o caminho da grande apostasia que existe hoje na Igreja.

Na sua inocência ou inconsciência, o Sr. Zamagna declara sua esperança de que o século XXI seja o século de um “reavivamento da fé e um incremento do movimento ecumênico”. Uma coisa não leva à outra, pois se estamos falando da Fé, aquela cujo depósito se encontra única e exclusivamente com a Igreja Católica, é claro que seu reavivamento significará um decremento do “movimento ecumênico”. Feliz expressão “movimento ecumênico”! Ela desnuda exatamente o que é o ecumenismo: um movimento. Como o foi, e ainda o é, o movimento comunista, o movimento fascista, o movimento ambientalista, etc. Colocamos assim o ecumenismo com seus irmãos siameses. São movimentos políticos, ao estilo de Judas Iscariotes. São heresias, no sentido em que elas são entendidas pela tradição católica.

Chama a atenção do leitor a seguinte frase do Sr. Zamagna: “a busca da unidade entre os cristãos, certamente um movimento moderno inspirado pelo Espírito Santo ...” Meu Deus! Esses pregadores pós CVII consideram que o primeiro papa foi João XXIII. Quando é que a Igreja desistiu de converter os hereges? Quando é que a Igreja deixou de rezar pela conversão dos hereges? Quando é que pregadores do talante de São Francisco de Sales deixaram de pregar aos protestantes com o intuito de sua conversão? O que é novo, e o que não é em absoluto inspirado pelo Espírito Santo, é a idéia herética de que a união dos cristãos seja feita, não a partir da conversão à Igreja Católica, mas a partir da conversão dos católicos a uma religião comum, que contenha elementos comuns aos dois (ou três, quatro, etc.) lados. Chesterton chamava esta religião de “Religião da Irmandade Universal”, cujo fundamento seria o que ele chama de “Fé Progressista”. E com quem irmanaríamos? Quem seriam nossos irmãos nesta ampla e progressista religião? Chesterton nos diz: “O deão da Catedral de São Paulo [da Igreja Anglicana] que se permite alegremente chamar a Igreja Católica de uma corporação traidora e sangrenta; o Sr. H.G. Wells que se permite comparar a Santíssima Trindade a uma dança indigna; o Bispo de Birmingham [bispo da Igreja Anglicana] que se permite comparar o Santíssimo Sacramento a uma bárbara festa de sangue.”

Diz ainda, perigosamente, o Sr. Zamagna: “A Igreja sempre nos ensinou que permanece nela a plenitude das verdades reveladas e dos meios de salvação instituídos por Jesus Cristo; mas essa convicção deve ser acolhida com humildade e no respeito às demais religiões ...” É-me impossível não lembrar novamente de Chesterton. Diz este escritor em sua obra-prima Ortodoxia: “O mundo moderno está repleto de antigas virtudes cristãs que enlouqueceram. Essas virtudes enlouqueceram porque ficaram isoladas umas das outras e vagueiam por aí sozinhas. (...) Acontece, porém, que a humildade está no lugar errado. A modéstia afastou-se do órgão da ambição e estabeleceu-se no órgão da convicção, onde nunca deveria estar. O homem podia duvidar de si, mas não duvidava da verdade. Agora se dá exatamente o contrário.” A convicção do Sr. Zamagna é humilde, pois ele relativiza a verdade, e sua ambição monstruosa: nada mais do que fundar a “Religião da Irmandade Universal”.

No final do artigo, o Sr. Zamagna declara sua concepção de catequese: “Daí a importância de, ao lado da exposição correta da fé cristã e católica, fazermos também verdadeira exposição sobre as outras religiões, sem caricaturas.” Note a expressão “fé cristã e católica”! Que significa isto? Há uma fé cristã e outra católica? Ora! se existe de início tal dúvida, como catequizar alguém? Além disso, o Sr. Zamagna está confundindo catecismo com estudo comparado de religiões.

Mas o articulista continua: “Essa mesma lealdade devemos esperar de quem não professa nenhuma crença ou segue uma religião diferente da nossa, o que não nos impede de valorizar os pontos de convergência doutrinária e ultrapassar as barreiras do preconceito para realizarmos a prática comum da justiça e do amor.” Este é um exemplo prático da humildade enlouquecida, da humildade localizada no “órgão da convicção”. A religião do Sr. Zamagna é aquela que é tão ampla que inclui, não só os inimigos declarados da Fé Católica, mas até os ateus. Inclui não só o deão da Catedral de São Paulo ou o Bispo de Birmingham, mas também H.G. Wells. Catequese para ele é a pregação do vale tudo doutrinário, do quem quiser pode entrar, do amor à criatura e não ao Criador.

1. Para fazer DOWNLOAD DO LIVRO com os primeiros 28 posts sobre a Missa de Paulo VI (e algumas coisas mais) clique aqui.

2. Para ver outros comentários sobre a Missa nova, clique: Parte XX, Parte XXI, Parte XXII, Parte XXIII, Parte XXIV, A dissolução da catequese: Romano Amério conta como foi, Parte XXV, Parte XXVI, Parte XXVII

05/01/2010

Lições das Missas de Paulo VI

Acabo de atualizar o arquivo do livro em que compilo meus comentários sobre os textos dos folhetos das Missas do Rito de Paulo VI. Para fazer download da versão atualizada, clique aqui.

12/11/2009

Lições das missas dominicais pós-Vaticano II - Parte XXVII

Comento aqui o artigo do Sr. Domingos Zamagna intitulado “A Renovação da Catequese”, n’O DOMINGO de 20/09/2009.

O Sr. Zamagna começa seu artigo atacando a “mera repetição” no ensino catequético: “Repetição nunca foi sinal ou prova de ortodoxia. Noutras palavras, quem quiser ser fiel à Igreja não precisa ficar o tempo todo repetindo frases da Bíblia, fórmulas dos concílios, expressões dos santos Padres, das autoridades, dos teólogos. O que representa conquista da teologia, da catequese, da liturgia, da história, da espiritualidade etc. merece ser conhecido, estudado, respeitado. Mas o que adianta mera repetição?

A fala do Sr. Zamagna, não sei se ele próprio sabe disto, vem diretamente do Sínodo dos Bispos de 1977. Este sínodo não só apoiou fortemente uma variedade de catecismos, em contraposição a um único e universal catecismo da Igreja, como também atacou fortemente o método tradicional de memorização das fórmulas da Fé.

Romano Amério diz o seguinte em Iota Unum.

“A forma de pergunta e resposta foi adotada pela Conferência Episcopal Alemã em seu catecismo, mas foi rejeitada pela maioria dos bispos no sínodo de 1977. Este método é bem adaptado à forma didática, ao invés de heurística, da catequese católica, que responde diretamente com a verdade, e não formula perguntas com a pressuposição metodológica que suas respostas possam ser duvidosas. Mesmo no método socrático, tão a gosto dos oponentes da tradição, é Sócrates quem conhece a verdade, e o discípulo o sujeito a quem ela é descrita.

“A memorização é desprezada e desdenhada pelos teóricos modernos da educação como mera repetição sem sentido, quando ela é, na verdade, a fundação de toda cultura, como os antigos mostraram através de Minemósine (memória), a mãe das Musas [deusas do canto e da memória]. A memorização é muito adequada à catequese, desde que seja considerada como uma comunicação de conhecimento e não uma atividade social. Para um bispo do Equador, ‘catequese consiste não tanto no que é ouvido, mas no que é visto na pessoa que catequisa’. Isto faz a verdade percebida pelo intelecto menos importante que a experiência pessoal do discípulo, e vincula o entendimento do Evangelho à excelência de seu pregador em vez de aos seus próprios méritos”.

Assim, desprezar a memorização das verdades de fé e considerá-la “mera repetição” no ensino catequético foi um dos pilares do que Amério chama de “dissolução da catequese”.

Se na catequese as verdades em si ficam em segundo plano, aí o Sr. Zamagna tem razão em dizer: “A catequese, por isso, deve se renovar, alargar seu próprio conteúdo, descobrir novas metodologias, utilizar tecnologias contemporâneas, beneficiar-se dos avanços das ciências da comunicação, servir-se dos conceitos e imagens compreensíveis pelas crianças, pelos jovens e pelas famílias de hoje.”

O que vale são as metodologias, as tecnologias contemporâneas, em síntese, o show. Quando ao conteúdo, notem bem, quanto ao conteúdo catequético que é o fundamento da Fé, bem, este pode ser até “alargado”. Ou seja, para o Sr. Zamagna, não basta a Revelação. Ele quer alargá-la. Não basta o Antigo e o Novo testamentos e a Tradição da Igreja, deve haver um alargamento de conteúdo.

Fico imaginando se o Sr. Zamagna estará incluindo neste alargamento os “ensinamentos” do Pe. Fábio de Melo sobre a não-presença de Cristo na Eucaristia e sobre a impossibilidade da prova da existência de Deus. Quem sabe o Sr. Zamagna não está tentando alargar a Suma Teológica de Santo Tomás, ou o Catecismo Romano, do Concílio de Trento?

O Sr. Zamagna ainda nos fala do “aggiornare” do Papa João XXIII. Diz ele que, entre outras coisas, este verbo significa “tornar a mensagem cristã compreendida pelo homem moderno”. Lembro, a propósito, de uma crônica de Nelson Rodrigues em que ele comenta uma entrevista do então jovem ator Paulo José, sobre as inovações da Igreja, introduzidas pelo CVII. Ele falou tanta besteira que Nelson pergunta estupefato (cito de memória): “Será que este menino não tem algum amigo ou parente para ensiná-lo que a Igreja tem quase 2000 anos de idade, que ela não nasceu agora?” Esta é a pergunta que faço em relação ao Sr. Zamagna. Será que ele acha que a Igreja converteu o Império Romano falando uma linguagem que ninguém entendia? Será que ele acha que a Igreja converteu os bárbaros que invadiram o Império falando grego, literalmente? Será que ele pensa que nestes dois casos a Igreja deixou de ensinar as verdades de fé para adaptar-se ao mundo moderno de então? Para adaptar-se ao paganismo romano ou ao barbarismo dos povos invasores?

Uma coisa é falar de forma compreensível a cada época e lugar sobre as Verdades Eternas e outra, bem diferente, é falar sobre as mentiras e meias-verdades que cada época ou lugar deseja considerar como verdades.

Catequese não é show-business. Ensinar catequese não é conformar as Verdades Eternas às modas passageiras.

Termino aqui com um trecho da ACERBO NIMIS, do Papa São Pio X: “Esta afinal, e não outra, é a tarefa do catequista: tratar de uma verdade de fé ou de moral cristão e explicá-la em cada uma de suas partes; e porque o objetivo do ensinamento é sempre a reforma da vida, é necessário que ele faça um confronto entre o que de nós exige o Senhor e o que de fato se opera; então, por meio de exemplos oportunos, extraídos sapientemente das Sagradas Escrituras, da História eclesiástica ou das vidas dos santos, persuadir e com que aditar como se devam conformar os costumes; e concluir com exortação eficaz, a fim de que os ouvintes sejam levados a detestar e fugir do vício e a exercitar a virtude.”

1. Para fazer DOWNLOAD DO LIVRO com os primeiros 19 posts sobre a Missa de Paulo VI (e algumas coisas mais) clique aqui.

2. Para ver outros comentários sobre a Missa nova, clique: Parte XX, ParteXXI, ParteXXII, ParteXXIII, Parte XXIV, A dissolução da catequese: Romano Amério conta como foi, Parte XXV, Parte XXVI.





26/10/2009

Lições das missas dominicais pós-Vaticano II– Parte XXVI

N’O DOMINGO, Semanário Litúrgico-Catequético, de 13/09/2009, Pe. Paulo Bazaglia comenta, no artigo intitulado “Encontrando a vida”, o Evangelho Mc 8, 27-35. Nesta passagem Jesus pergunta aos discípulos quem eles acham que Ele é, diz que vai sofrer muito, ensina a Pedro uma dura lição e acaba dizendo “quem quiser salvar a vida perdê-la-á, mas quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, salvá-la-á.”

O artigo do Pe. Bazaglia é, de fato, um exemplo didático do livre exame das Escrituras, proposto por Lutero. Se Pe. Bazaglia fosse pastor protestante, eu nada comentaria de seu artigo. Sendo padre, eu não posso deixar de comentar e reprovar o que ele escreve.

“Um dos grandes enganos do cristianismo, ao longo destes dois milênios, é ter transformado a cruz de Jesus de conseqüência em princípio”, diz Pe. Bazaglia. Veja que esse padre vem nos dizer que o cristianismo bimilenar, que só pode ser o catolicismo (palavra incômoda para os padres moderninhos), cometeu um engano que, não fosse, ele, Pe. Bazaglia, dele não teríamos notícia. Imaginem vocês toda a galeria dos Padres gregos e latinos, muitos deles santos e doutores da Igreja. Imaginem os santos medievais, Santo Alberto Magno, Santo Tomás de Aquino, São Boaventura. Imaginem depois, Santa Catarina de Sena, Santa Teresa de Ávila, Santo Inácio de Loyola. Um pouco depois, São José Maria Grignion de Montfort, Santo Afonso Maria de Ligório. Enfim, todos estes e muito mais, todos estavam enganados em relação ao significado da cruz. Numa missa imaginária em que se encontrassem todos esses santos, Pe. Bazaglia, em sua homilia, iria subir ao púlpito e dizer: todos os senhores estão e estiveram errados com relação ao significado da cruz. Imaginem a cena!

Ora, por que a Cruz deve ser o princípio para todo católico? Porque a Cruz significa Redenção e se não partirmos da Redenção, da certeza de que a Cruz nos redimiu, não a todos, mas a muitos de nós, de onde é que partiríamos? É ela que nos dá a confiança de que nós merecemos o perdão de Deus, não pelos nossos mérito, mas pelos méritos de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Pe. Bazaglia discorda disso. Querem ver? Ele diz: “Quando a cruz se transforma em princípio para a vida cristã, no entanto, a cruz de Jesus é traída. A cruz como princípio se torna facilmente dissociada da vida, levando a um espiritualismo vazio que nada transforma e pode chegar ao masoquismo.” Pe. Bortolini, em artigo do mesmo semanário, chama também de traidor a todo católico que respeita a tradição da Igreja. Agora, ficamos sabendo que nós católicos que colocamos a Cruz de Cristo como princípio de nossas vidas, somos também traidores, e também masoquistas. Chamar a frase do Pe. Bazaglia de herética é pouco. É preciso já ter perdido todos os resquícios de catolicismo para que se afirme algo tão blasfemo.

Duas lembranças me ocorreram quando li a frase acima. A primeira é que a acusação de masoquista foi feita também a São Padre Pio que, segundo os acusadores, se infligia os ferimentos dos estigmas de Cristo. Ele que viveu, durante 50 anos, literalmente crucificado. Este santo, Pe. Bazaglia, transformou a Cruz em princípio. Na verdade, ela, a Cruz, se incrustou em sua carne. São Padre Pio, rogai por nós.

A segunda lembrança foi a de 1Cor 1, 18: “De fato, a palavra da cruz é loucura para aqueles que se perdem; mas, para nós, que estamos no caminho da salvação, é força de Deus.”. Lembrei também de 1Cor 1, 22-23: “Na verdade, os judeus pedem milagres e os gregos procuram a sabedoria; nós, ao invés, pregamos a Cristo crucificado, que é um escândalo para os judeus e uma loucura para os gentios.”

Mas, Pe. Bazaglia nos informa que São Paulo estava “enganado” quando dizia (Gal 2, 19): “De fato, eu, por meio da lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus; com Cristo me encontro cravado na cruz, e já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim.” Isso, no livre exame de Pe. Bazaglia é “espiritualismo vazio”. São Paulo estava “traindo a cruz” quando dizia (Gal 5, 24): “Ora, os que pertencem a Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e os seus desejos.”

Pe. Bazaglia ainda nos surpreende ao final do artigo. Ele diz: “O único bem que temos é a vida, presente de Deus, e somente a encontraremos à medida que a entregarmos em favor dos irmãos, pela mesma causa de Jesus.” Ai, meu Jesus Cristinho! Pe. Bazaglia não sabe o que quer dizer perder esta vida para ganhar a outra.

Vamos ver se este padre aprende alguma coisa sobre “perder esta vida” para obter a outra de Santa Teresa de Ávila. Ela diz no “Caminho da Perfeição”, capítulo VIII, o seguinte. Os negritos são meus.

“Agora vamos ao desapego que devemos ter, pois tudo está nisto se for com perfeição. Digo que aqui está tudo, porque, abraçando-nos só com o Criador e não se nos dando nada de todas as coisas, Sua Majestade infunde as virtudes de maneira que, trabalhando nós pouco a pouco o que está em nosso poder, não teremos muito a pelejar, pois o Senhor toma em Sua mão a nossa defesa contra os demônios e contra o mundo. Pensais, irmãs, que é pequeno bem procurar este bem de nos darmos todas ao Todo sem fazermos partilhas? E, pois n’Ele estão todos os bens.”

Então, “perder esta vida” é morrer para o mundo, “não se nos dando nada de todas as coisas”. Mais à frente, ainda falando às suas filhas do Carmelo, Santa Teresa diz: “mas resta desapegarmo-nos de nós mesmas e este apartar-nos de nós mesmas e sermos contra nós é coisa dura, porque estamos muito unidas a nós e nos amamos muito.”

Assim, Pe. Bazaglia, morrer para esta vida, estarmos “com Cristo cravados na cruz”, não é ser solidário, não é “entregarmos a vida em favor dos irmãos” – que pode muito bem significar um marxismo de segunda mão –, não é participarmos de pastorais de nossa paróquia, não fazermos doação para o “Criança Esperança”. É muitíssimo mais que isso. É desapegarmos das coisas do mundo e também de nós mesmos. É “sermos contra nós”. E isso, padre, significa estarmos crucificados com Cristo, significa colocarmos a Cruz em primeiro lugar, no princípio. E isso, quem o consegue?



1. Para fazer DOWNLOAD DO LIVRO com os primeiros 19 posts sobre a Missa de Paulo VI (e algumas coisas mais) clique aqui.
2. Para ver outros comentários sobre a Missa nova, clique:
Parte XX, Parte XXI, Parte XXII, Parte XXIII, Parte XXIV, A dissolução da catequese: Romano Amério conta como foi, Parte XXV

15/10/2009

Lições das missas dominicais pós-Vaticano II– Parte XXV

N’O DOMINGO (Semanário Litúrgico-Catequético) de 06/09/2009, o Sr. Zamagna escreve um artigo intitulado “Direitos e deveres na catequese”. Este artigo é um exemplo vivo do que o Concílio Vaticano II pode fazer com nossas cabeças e nossos corações; quanto nos vamos afastando do verdadeiro catolicismo, aquele ensinado pela Tradição, quando aceitamos o relativismo religioso, quando esquecemos (ou fingimos esquecer) que só há salvação na Igreja Católica.

O “Aurélio” nos ensina que catequese é “instrução metódica e oral sobre coisas religiosas”. Tecnicamente não existe apenas catequese católica. Outras religiões catequizam. Nesta perspectiva geral, qualquer um pode catequizar.

Contudo, não é esta perspectiva de catequese que se espera encontrar numa publicação católica chamada de Semanário Litúrgico-Catequético. Aqui se espera uma perspectiva de catequese católica.

Vamos começar pelo início. O Sr. Zamagna começa o artigo assim: “Desde quando Jesus Cristo ordenou aos discípulos que evangelizassem até os confins da terra, a catequese passou a ser não só um dever da Igreja – missionária por natureza –, mas também um direito de cada pessoa.” Ai, meu Jesus Cristo! Quanto tolice! Quer dizer que Jesus nos manda aos confins da terra, nos manda ensinar Seu Evangelho, nos avisa que isso não vai ser fácil e que pode nos custar a vida, nos alerta para estarmos preparados para lutar, nos manda salvar almas, e com isso Ele está criando um direito? O senhor não sabe a diferença entre direito e dever? Catequizar no sentido estrito, católico, é DEVER da Igreja e, portanto, de cada um de nós.

Sei bem porque o Sr. Zamagna colocou esta palavrinha “direito” na conversa. É que ele quer defender o direito dos outros de catequizar sobre outras coisas, claro. Ele é relativista religioso. Vejam o que ele diz em seguida: “Será um direito apenas dos católicos ou, numa perspectiva mais abrangente, apenas dos cristãos? Trata-se de um direito mesmo dos que não conhecem ainda a fé cristã.” Aqui aprendemos muitas coisas. A primeira, é que ser cristão é “mais abrangente” que ser católico. A segunda, é que a catequese agora está aberta aos que “não conhecem ainda a fé cristã”. De que catequese está-se falando aqui, então? Notem a confusão extraordinária que pode habitar a cabeça de uma pessoa.

Recapitulando: (1) Jesus criou um direito quando mandou Seus discípulos catequizar até os confins da terra; (2) Este direito se aplica aos católicos, mas de forma mais abrangente aos cristãos; e (3) Por fim, é direito também dos que “ainda não conhecem a fé cristã”, que catequizarão, ou seja, instruirão sobre coisas que não sabemos.

O parágrafo final do artigo é mais elucidativo das verdadeiras idéias do Sr. Zamagna sobre catequese. Ele diz: “Todos os batizados têm esse dever. Mas é um serviço que se estende de modo particular aos que, na nova aliança, recebem o chamado para o ministério de pastores. Os cristãos e seus pastores ...” Não admira o uso dos termos “cristãos” e “pastores” aqui, no lugar de católicos e padres. O Sr. Zamagna é quase protestante, se não o for por inteiro. Ele termina o artigo dizendo que a catequese deve ser feita “evitando o escândalo das divisões, para que o mandato do Senhor seja realmente executado...” Ou seja, se não incluirmos na catequese católica os protestantes (eles são legião) não estaremos cumprindo o mandato do Senhor, aquele mandato que criou um direito, que depois se estendeu até aos que não professam a fé cristã.

Quem poderá dizer que isto não é fruto do Concílio Vaticano II? Leiam este diálogo assustador entre Paulo VI e padre Bouyer sobre a reforma litúrgica que estava então em andamento.

____________
Compre agora o livro, com este e todos os outros comentários, além de alguns apêndices complementares, clicando aqui. Se você quiser ler mais sobre este livro, clique aqui.
____________

06/10/2009

Lições das missas dominicais pós-Vaticano II– Parte XXIV

A CNBB instituiu o ano de 2009 como o ano catequético. Em mensagem em seu site, a CNBB nos diz que: “O objetivo do ano catequético se expressa da seguinte forma: Dar novo impulso à catequese como serviço eclesial e como caminho para o discipulado. A busca de novo impulso à catequese, levando à consciência de que a catequese é uma dimensão de toda ação evangelizadora. Uma ação eclesial só é evangelizadora se também catequiza. Catequese não é portanto uma ação restrita aos ministros da catequese, mas é de todo cristão. Com isso há necessidade de recuperar a concepção de catequese como processo permanente de educação da fé e não somente preparação aos sacramentos ou destinada somente às crianças.”

Essa linguagem empolada, confusa, nunca foi típica de documentos da Igreja, que são claros e inequívocos. Tal linguagem foi inaugurada com o CVII. Seus documentos são um primor de confusão e dubiedade. Catequizar sempre foi uma ação para converter os pagãos, os hereges e os praticantes de outras religiões. A Igreja Católica faz isso porque fora dela não há salvação. Assim, catequizar é salvar almas. É papel de todo católico.

Veja que no parágrafo acima, usei duas vezes a palavra católico, mas o documento da CNBB não a usa sequer uma vez. A CNBB usou 1230 palavras em seu texto e nem uma vez a palavra “católico”. Para que religião converteremos os pagãos, hereges e praticantes de outras religiões?

Há passagens que seriam hilariantes, não fossem trágicas, como esta: “A catequese diferenciada destinada às diversas realidades e situações em que vive a maioria das pessoas, é inclusiva, acolhe as pessoas com deficiência, migrantes, crianças, adolescentes, jovens, adultos.” Vejam as palavrinhas politicamente corretas “diferenciada”, “diversas realidades”, “inclusiva”. Que tenhamos de ter modos diferentes de catequese para adultos e crianças é uma obviedade gritante. Mas que tenhamos de ter diferentes catequeses para migrantes e portadores de deficiência, aí é demais! Essa atitude politicamente correta da CNBB talvez seja a que a fez apoiar um abortista para o Supremo Tribunal Federal, esquecendo-se daquele outro Tribunal Supremo que às vezes é também chamado de Juízo Final.

Há também uma oração do ano catequético. Oração água-com-açúcar que se refere a Nosso Senhor sempre em letra minúscula.

Há outras pérolas naquelas 1230 palavras, mas que não as irei comentar aqui. Quero comentar a seqüência de artigos que estão saindo n’O DOMINGO sobre o ano catequético, assinados por Domingos Zamagna.

N’O DOMINGO de 30/08/2009, no artigo intitulado “É possível transmitir a fé?”, o Sr. Zamagna diz que a fé é “uma energia, semelhante à de uma semente, cujo dinamismo conduz à santidade.” Esta definição modernista da fé lembra um conceito novo contido na Gaudium et Spes: “Por isso, proclamando a vocação altíssima do homem e afirmando existir nele uma semente divina, o Sacrossanto Concílio oferece ao gênero humano a colaboração sincera da Igreja para o estabelecimento de uma fraternidade universal que corresponda a esta vocação.”

Enquanto isso, a Tradição da Igreja ensina, por meio do Catecismo Romano do Concílio de Trento que a fé “significa uma adesão absolutamente certa, pela qual a inteligência aceita, com firmeza e constância, os mistério que Deus lhe manifesta.” Nada de energia, nada de semente, nada de dinamismo, apenas vontade resoluta que oriente a inteligência a aceitar a Revelação.

O Sr. Zamagna diz ainda que: “A fé é incontida adesão à verdade do Pai, não pela evidência, mas pelo testemunho do Filho e pela força do Espírito.” Esta afirmação é confusa. Parece querer dizer que não há evidências sobre as verdades do Pai, de Deus. Isto é evidentemente falso. O Doutor Angélico diz na Suma Contra os Gentios que: “Há, com efeito, duas ordens de verdades que afirmamos de Deus. Algumas são verdades referentes a Deus e excedem toda capacidade da razão humana, como, por exemplo, Deus ser trino e uno. Outras são aquelas as quais a razão pode admitir, como, por exemplo, Deus ser, Deus ser uno, e outras semelhantes.”

Mesmo das verdades que excedem a capacidade humana, Deus nos dá alguma evidência. Isso parece escapar ao Sr. Zamagna, que nos brinda com outra contradição na frase acima. Ele considera que o testemunho do Filho não seja evidência da verdade do Pai. Ora, a vinda de Nosso Senhor foi profetizada com séculos de antecedência por muitos profetas. As condições de seu nascimento, assim como de sua morte, foram definidas em seus mínimos detalhes. Ele, enquanto estava vivo, sempre falava dos que O anunciaram. Em vida, Ele fez muitos e variados milagres que indicavam Sua Procedência, e quando os fazia lembrava sempre de Seu Pai. Depois de Sua morte, mandou-nos o Espírito Santo, que “fez com que homens rudes e ignorantes adquirissem instantaneamente tão elevada sabedoria e eloqüência”, como nos diz Santo Tomás. Então, qual é a evidência que nos falta para termos fé?

Outra dimensão da fé que o Sr. Zamagna se esquece de mencionar, quando pergunta se é possível transmitir a fé, é que ela é uma virtude teologal. Ou seja, ela nos vem por graça de Deus. Quem a transmite, se é que podemos usar este termo, não somos nós, pobres mortais. Quem nos infunde a fé é Deus. O máximo que podemos fazer é fornecer aos outros as evidências das coisas que podemos conhecer por razão natural, e as evidências das coisas sobrenaturais que Nosso Senhor fez para nos mostrar de onde Ele vinha. Esse conjunto de evidências, adicionados aos dogmas que foram sendo definidos pela Igreja são o que constitui o Depósito da Fé, cuja guarda foi dado, por Deus, à Igreja.

Por meio da graça da fé, Deus nos atrai para “um bem mais elevado que o capaz de ser experimentado pela fragilidade humana da presente vida”. Assim, passamos com a fé, a desejar “algo que excede totalmente o estado da presente vida, e a nos esforçar para procurá-lo.” Daí a grande graça de Deus. Sem ela, e sem a capacidade de compreender aquilo que escapa à nossa razão, não poderíamos almejar as coisas sobrenaturais. Sem a fé, não há como almejar o Céu, a visão beatífica de Deus. [As expressões entre aspas são do Doutor Angélico.]

Esqueçamos, portanto, da energia, do dinamismo semente, da fé cega, sem evidências. Tudo isso é besteirol modernista.

Há mais besteirol nos artigos do Sr. Zamagna que comentarei em futuros posts.

____________
Compre agora o livro, com este e todos os outros comentários, além de alguns apêndices complementares, clicando aqui. Se você quiser ler mais sobre este livro, clique aqui.
____________

29/09/2009

Lições das missas dominicais pós-Vaticano II– Parte XXIII

Comento artigo do Pe. José Bortolini, n’O DOMINGO, de 30/08/2009. O Evangelho deste dia, na Missa de Paulo VI, é Mc 1, 1-8; 14-15; 21-23. Os fariseus perguntam a Jesus: “Por que os seus discípulos não seguem a tradição dos antigos, mas comem o pão sem lavar as mãos?” Daí Jesus diz a eles poucas e boas sobre o que é tradição verdadeira e o que não é.

Mas antes de comentar o que Jesus diz, vamos ver o que Pe. Bortolini nos ensina em seu artigo “O Peso da Tradição”. O título já nos alerta para o que vem depois. A tradição, para Pe. Bortolini é pesada, incômoda. Depois de uma introdução animadora, em que fala que a tradição “é em si uma coisa boa com bons objetivos”, ele vem logo com esta: “Mas nem sempre é assim, como no caso dos que são católicos por tradição e batizam seus filhos ‘porque sempre foi assim’. Tradição, traição.” Estas palavras vindas de um padre têm muito PESO. Vejam só que o católico que é católico por tradição é traidor. O católico que batiza seu filho por tradição é traidor. São palavras terríveis!

Mas o ataque que Pe. Bortolini prepara é mais amplo. Ele diz logo em seguida: “Entendida sob esse aspecto, a tradição se torna um peso e não favorece a vida. Mais ainda, quando se trata de tradição religiosa, ela engessa a religião, impedindo-a de caminhar à altura dos tempos e iluminar a história da humanidade.” Aqui entendemos bem o que ele fala. Pe. Bortolini é padre modernista, e todo padre modernista se sente moderno, em paz com o mundo, em paz com os protestantes, com os maçons, com os abortistas, com o comunismo, com Lula e, portanto, com o príncipe deste mundo. Isto é “caminhar à altura dos tempos”, justo o que Jesus não fez. Ele é contra a tradição religiosa católica, ou seja, ele é contra a Igreja de Sempre, aquela que Jesus fundou. Católico que respeita a tradição é traidor. Sim, somos traidores do mundo, somos traidores de Satanás, mas não de Jesus.

Se Pe. Bortolini só tivesse dito isto, vá lá, pois nós, depois de tantos comentários sobre seus textos em o’DOMINGO, esperamos quase tudo dele em termos de idéias heréticas. Mas ele fez mais. Ele tentou usar as palavras que Jesus dirigiu aos fariseus em favor dos modernistas e contra da tradição católica. Se isto não é farisaísmo, não sei o que é.

Diz o modernista Bortolini: “Os fariseus e alguns mestres da lei conservavam muitas coisas da tradição dos antepassados, defendiam-nas e condenavam os que não as observassem.” E, por isso, segundo Pe. Bortolini, Jesus condena os fariseus; por eles manterem tradições dos antepassados. Será que foi mesmo assim? A falsidade da afirmação do padre é facilmente demonstrada com uma frase apenas do Evangelho. Jesus não estava condenando a observância da tradição religiosa dos judeus. Ele diz: “Vós abandonais o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens.” Aí está! O mandamento de Deus é para ser seguido, é o que constitui a verdadeira tradição! Jesus condena os fariseus por seguirem a tradição dos homens, tradição falsa. Jesus desmascara Pe. Bortolini!

Mas o padre não se contenta com pouco. Ele diz em seguida: “Jesus declara boas todas as coisas.” De onde este pobre padre modernista tirou isto eu não sei. Jesus faz justo o contrário. Ele enumera as coisas más que saem do coração do homem e que constituem as verdadeiras impurezas, em contraposição às impurezas materiais que possam ser ingeridas pelo homem. Ou seja, Ele separa o joio do trigo, como sempre fez.

O destemido Bortolini ainda tem a coragem de terminar o artigo com a seguinte pergunta maldosa: “E nós, será que já nos libertamos de todas as tradições que impedem nossa vida e a dos outros?” Depois de tudo que ele nos disse ao longo do artigo, imagino que sua pergunta possa significar: E nós, já deixamos de batizar nossos filhos por tradição? Já deixamos de ser católicos por tradição? Já nos afiliamos ao PT, já nos tornamos membros da maçonaria, já estamos caminhando à altura dos tempos?

_______________
Compre agora o livro, com este e todos os outros comentários, além de alguns apêndices complementares, clicando aqui. Se você quiser ler mais sobre este livro, clique aqui.
_______________

09/08/2009

Lições das missas dominicais pós-Vaticano II– Parte XXII

Comento artigo do Pe. José Bortolini, n’O DOMINGO, de 26/07/2009. O Evangelho deste dia, na Missa de Paulo VI, é Jo 6, 1-15, o da multiplicação dos pães.

Pode-se falar muitas coisas deste milagre. Pode-se falar do pão material e do Pão espiritual. Pode-se notar como Jesus, depois de alimentar o povo com o pão material, diz (Jo 6, 35): “eu sou o pão da vida”. Ele mesmo quer que distingamos o pão da vida do Pão da Vida. Mas ele quer mais do que isso. Ele quer que percebamos que os dois pães são sobrenaturais. Que um e outro nos é dado por ele. Que não merecemos nem um nem outro e que eles são puro ato da graça de Deus.

Santo Agostinho, nos seus Comentários ao Evangelho de João, nos diz: “Deve-se ter em conta o que geralmente se diz, a saber: que Deus é de tal natureza que não nos é possível vê-Lo com nossos olhos, e que seus milagres, com os quais sustenta todo mundo e alimenta todas as criaturas, não chamam atenção, pela freqüência com que se repetem. Mas alguns milagres são escolhidos para serem feitos fora do curso e da ordem regular da natureza, não porque sejam maiores, mas porque acontecem menos freqüentemente, e assim são admirados mais por essa circunstância do que aqueles que acontecem diariamente. O milagre do governo de todo o mundo é realmente maior do que saciar cinco mil homens com cinco pães e, contudo, ninguém se admira desse governo. Mas os homens se admiram com o outro milagre, não porque é maior, mas porque é raro.”

Aí está. Santo Agostinho nos diz que Jesus conhecendo os homens como conhece, Ele usa de milagres menores, mas raros, que causam mais admiração que os milagres maiores, que ocorrem todos os dias, todas as horas, todos os minutos. Deus nos alimenta diariamente tão milagrosamente quanto ele alimentou aquela pequena multidão. Deus nos alimenta por sua graça, por sua infinita compaixão, em uma palavra: por milagre.

Bem, isso e muito mais poderia ser dito dessa passagem do Evangelho. Mas o Pe. Bortolini escolhe nos brindar com uma pregação marxista de segunda categoria, quando ele fala desse Evangelho. Diz ele: “O gesto nobre desse menino muda completamente a visão acerca da fome da humanidade. Ela não é vencida com a compra e venda de alimento, mas num mutirão de partilha. A distribuição toma o lugar da concentração, a solidariedade vence o egoísmo.” Ou seja, Pe. Bortolini nos diz que Jesus está a nos ensinar sobre distribuição de bens de consumo numa sociedade complexa. E Ele está a favor do comunismo! Veja que a coisa não se resolve com a compra e venda de produtos, mas com sua distribuição gratuita. Todo mundo que pregou esse tipo de idéia, no caminho da consecução desse objetivo, matou algumas dezenas de milhões de pessoas, senão centenas de milhões, sem conseguir nada do que prometeram. Lenin, Stalin, Mao, Castro são alguns dos homens práticos que tentaram colocar os ideais do Pe. Bortolini em prática. Juntos mataram centenas de milhões de pessoas.

Certamente, Pe. Bortolini está pregando comunismo do púlpito da Igreja, como muitos outros padres hoje em dia. Não deixemos que esses hereges nos influenciem. A companhia desses padres, que enumerei acima, não os credencia a nos ensinar nada, muito menos a palavra de Deus.


_______________
Compre agora o livro, com este e todos os outros comentários, além de alguns apêndices complementares, clicando aqui. Se você quiser ler mais sobre este livro, clique aqui.
_______________

25/07/2009

Lições das missas dominicais pós-Vaticano II– Parte XXI

Nota Introdutória: Já disse aqui que o semanário O DOMINGO editado pela Editora Paulus tem pelo menos três folhetos semanais: “Semanário Litúrgico-Catequético”, “Celebração da Missa com Crianças” e “Culto Dominical”. Venho comentando, desde há dois anos, o primeiro folheto, principalmente, mas não só, os artigos finais que são, por suposto, catequéticos. Começo agora a comentar os outros dois folhetos, na medida em que vou encontrando neles os sinais de absurdos, heresias, ignorância e malícia relacionados à Igreja Católica.

Comento O DOMINGO: CULTO DOMINICAL de 12 e de 19/07/2009. Leio no folheto do dia 12, na seção LEMBRETES, na primeira página, logo abaixo de RITOS INICIAIS: “rezar pelos doentes da comunidade; no final da celebração, fazer o ‘envio’, a benção pode ser dada por pessoa idosa ...”. Fico imaginando o que será fazer o “envio”, assim entre aspas mesmo. Não sei porque mas, para mim, tal expressão tem ressonâncias espíritas, mágicas, encantatórias. Rezo para que não seja nada disso. Também não entendo a frase “a benção pode ser dada por pessoa idosa ...”. As reticências são do texto do folheto. O que tem a benção a ver com a idade, e o “envio” a ver com a benção? Ficam as dúvidas, para começar.

Aliás, a primeira duvida é sobre o CULTO propriamente dito. Procurei rapidamente no Denzinger (Edições Loyola, 2007) e nada achei. Todos sabemos que o Vaticano II fundou uma nova era (quase digo uma nova igreja) de participação dos leigos na Liturgia. As palavras dos documentos desse concílio são tão dúbias que podem conter qualquer interpretação. Suspeito que seja por aí que haja o tal CULTO dominical, que tem, para mim, ressonâncias protestantes.

Outra dúvida que assalta-me é a seguinte: quem assiste ao CULTO fica dispensado de assistir à missa? Ou seja, o culto tem validade de Missa?

Há três personagens no teatro do culto: animador, ministro, leitor e assembléia. Não há nem Oração Eucarística nem Consagração. Há o famigerado artigo final; só um.

Tanto o artigo do folheto do dia 12 quando o do dia 19 falam de uma tal 12ª Interclesial, cujo tema é “A Liturgia e o Grito da Amazônia”. O artigo do dia 12 é assinado por Irmã Penha Carpanedo (Congregação Pias Discípulas do Divino Mestre e da Rede Celebra) e o artigo do dia 19 é assinado por Valdecir Luiz Cordeiro (Articulador arquidiocesano da 12º Interclesial de CEB’s).

Pelo que li a respeito, a Interclesial é algo como a Internacional Comunista da Igreja do Vaticano II, no Brasil. Mas, o que são as CEB’s? Leio noutro texto, este no Semanário Litúrgico-Catequético de 12 de julho: “As CEB’s surgiram no Nordeste do Brasil na década de 1960. O Concílio Vaticano II (1962-1965) e sua posterior releitura em Medellín (1968) abriram caminho para que se multiplicassem rapidamente.” Portanto as CEB’s, como a Missa Nova, são filhas diletas do CVII. Nelas há mais comunistas, agitadores, revolucionários do que em qualquer partido comunista. Há mais disso nas CEB’s que no governo Lula.

Ah! Também ficamos sabendo das releituras do CVII. Saibam que nenhum concílio da Igreja jamais admitiu releituras. Imaginem alguém afirmando que depois da releitura do Concílio de Nicéia, Ário foi canonizado e Santo Atanásio foi excomungado? Ou, depois uma grande releitura do Concílio de Trento, Lutero foi considerado um grande exegeta bíblico. Repito: nenhum concílio jamais admitiu nenhuma releitura, pois o que estava escrito não permitia outro entendimento.

O Sr. Valdecir Cordeiro nos conta que, em 1972, “em Santarém é escrita a carta de nascimento da Igreja da Amazônia.” Pois vejam que há uma coisa chamada Igreja da Amazônia. Ela deve ter algo com a Igreja Católica Apostólica Romana, pois, na frase seguinte o Sr. Cordeiro nos diz que “os bispos manifestaram claramente e ‘sua crença e sua esperança no futuro da região’.” Antigamente, pelas informações que tenho, os bispos tinham crença em Deus e a esperança da vida eterna. Parece que o CVII mudou isso também.

A Irmã Penha nos informa que: “Se as CEB’s primam por unir liturgia e vida, trazendo para dentro das celebrações, como memórias pascais, os sinais de vida e de morte presentes no cenário sócio-político e no cotidiano da vida, as celebrações do 12º Intereclesial integrarão, especialmente, o gemido da terra e o anseio da criação inteira por libertação (cf. Romanos 8, 18-23).” Vejam vocês que as CEB’s trazem para dentro das celebrações o cenário sócio-político. Ou seja, ao lado da leitura das Cartas de Paulo, por exemplo, um manifesto de João Pedro Stédile. Ao lado do Evangelho, uma manifestação indigenista. Ao lado da Oração Eucarística, uma oração que venha “do ventre da terra”. Aliás, este é o lema do 12º Intereclesial: “Do ventre da terra o grito que vem da Amazônia”. Nada mais justo: temos a Igreja da Amazônia e sua liturgia que, como diz a irmã, assume o “grande resgate realizado pelo Concílio Vaticano II.”

Mas notem que a irmã cita a carta aos Romanos. O que diz Paulo naqueles versículos assinalados? Diz: “Efetivamente, eu tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não têm proporção com a glória vindoura, que se manifestará em nós. Pelo que este mundo criado espera ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus. De fato, o mundo criado foi sujeito à vaidade, não por seu querer, mas pelo daquele que o sujeitou com a esperança de que também o mundo criado será livre da sujeição à corrupção, para participar da liberdade gloriosa dos filhos de Deus. Porque sabemos que todas as criaturas gemem e estão como que com dores de parto até agora. E não só elas, mas também nós mesmos, que temos as primícias do Espírito; também nós gememos dentro de nós mesmos, esperando a adoção de filhos de Deus, a redenção do nosso corpo.” [Os negritos são meus.]

Parece que a irmã está procurando apoio em Paulo. Coitadinha! Vou transcrever aqui, na esperança de que a irmã aprenda algo da exegese católica, o que diz o Pontifício Instituto Bíblico desta passagem: “A criação, tendo recebido o homem como seu rei, foi humilhada por causa da condenação de Adão, que atingiu também toda a natureza. Sujeito à vaidade, isto é, à força da destruição, à lei da morte e a contínuas mudanças. A manifestação dos filhos de Deus se dará no fim dos tempos.”

O que Paulo fala é o seguinte, irmã Penha: nossos sofrimentos aqui são infinitamente menores que as delícias do Paraíso. Este mundo está sujeito à corrupção, não pelo querer de Quem o criou, mas pelo Pecado Original. Não adianta consertar este mundo, ele será sempre lugar da corrupção, da vaidade. Somente no fim dos tempos é que teremos, nós os que temos a esperança da Redenção, nossos corpos tirados da corrupção e a nós devolvidos, pelos méritos de NSJC. O que tem isso a ver com “o gemido da terra e o anseio da criação inteira por libertação”? A senhora está querendo dizer que as árvores da Amazônia anseiam por libertação? A senhora está querendo dizer que a terra geme, ou isso é só uma metáfora? A senhora está querendo ensinar para os fiéis católicos que é possível a libertação aqui e agora? A senhora acredita que a Redenção é para este mundo? Suspeito de que a senhora seja panteísta. Suspeito que a senhora seja uma daquelas que abraça árvores. Suspeito que a senhora ache que isso está ligadíssimo com a Igreja Católica. Tenho a informar-lhe de que isso é heresia pura e simples. Nada há de católico nisso.

De qualquer forma, Jesus nos alertou em relação aos falsos profetas e nos ensinou como identificá-los: “Não pode a boa árvore dar maus frutos, nem a árvore má dar frutos bons. Toda árvore que não dá bom fruto, será cortada e lançada ao fogo. Portanto, por seus frutos é que conhecereis os homens. Nem todo aquele que diz Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus.” As CEB’s e esses Intereclesiais são, assumidamente, frutos do CVII. Irmã Penha e o Sr. Cordeiro também.

1. Para fazer download do livro com os primeiros 19 posts sobre a Missa de Paulo VI (e algumas coisas mais) clique aqui.
2. Para ver outros comentários sobre a Missa nova, clique:
Parte I, Parte II, Parte III, Parte IV, Parte V, Parte VI, Parte VII, Parte VIII, Parte IX, Parte X, Parte XI, Parte XII, Parte XIII, Parte XIV, Parte XV, Parte XVI, Parte XVII, Adendo III, Parte XVIII, Parte XIX

_____________
Compre agora o livro, com este e todos os outros comentários, além de alguns apêndices complementares, clicando aqui. Se você quiser ler mais sobre este livro, clique aqui.
_____________