30/04/2018
Lições das missas dominicais pós-Vaticano II– Parte XXXV

05/04/2018
Edição Extra das Lições

03/04/2018
Lições das missas dominicais pós-Vaticano II– Parte XXXIV

14/03/2018

08/03/2018
Lições das missas dominicais pós-Vaticano II– Parte XXXI

28/02/2018
Lições das missas dominicais pós-Vaticano II– Parte XXX

21/02/2018
Lições das missas dominicais pós-Vaticano II– Parte XXIX

18/02/2018
Volto ao semanário O Domingo

21/01/2010
Lições das missas dominicais pós-Vaticano II– Parte XXVIII
Comento aqui o artigo do Sr. Domingos Zamagna intitulado “Catequese e Ecumenismo”, n’O DOMINGO de 27/09/2009.
Este artigo é muito explícito em pontos que foram apenas anunciados nos artigos anteriores. O que o Sr. Zamagna prega é má doutrina. Não é má doutrina segundo minha opinião, que, neste caso, merece tanta atenção quanto à do próprio articulista. É má doutrina segundo a verdadeira e tradicional Doutrina Católica.
Já no início do artigo, o Sr. Zamagna, citando um grande pensador do século XX, que ele não declina o nome, diz que esse século foi o século do ateísmo e do ecumenismo. Cita na maior inocência sem se dar conta de que este é causa daquele. O ecumenismo leva à apostasia e depois ao ateísmo. Se algum indivíduo minimamente inteligente acredita que em todas as religiões há meios de salvação, logo ele se desvincula da Igreja e procura algum culto que lhe seja menos exigente. De religião em religião, passando pelas religiões orientais, que não são outra coisa senão um materialismo disfarçado, ele chega facilmente ao cientificismo rasteiro, alardeado incessantemente pela mídia, e daí ao ateísmo. Isto é a conclusão lógica do ecumenismo. Ele começa negando que a Verdade esteja somente na Igreja Católica e acaba negando que exista Verdade. Este é o caminho da grande apostasia que existe hoje na Igreja.
Na sua inocência ou inconsciência, o Sr. Zamagna declara sua esperança de que o século XXI seja o século de um “reavivamento da fé e um incremento do movimento ecumênico”. Uma coisa não leva à outra, pois se estamos falando da Fé, aquela cujo depósito se encontra única e exclusivamente com a Igreja Católica, é claro que seu reavivamento significará um decremento do “movimento ecumênico”. Feliz expressão “movimento ecumênico”! Ela desnuda exatamente o que é o ecumenismo: um movimento. Como o foi, e ainda o é, o movimento comunista, o movimento fascista, o movimento ambientalista, etc. Colocamos assim o ecumenismo com seus irmãos siameses. São movimentos políticos, ao estilo de Judas Iscariotes. São heresias, no sentido em que elas são entendidas pela tradição católica.
Chama a atenção do leitor a seguinte frase do Sr. Zamagna: “a busca da unidade entre os cristãos, certamente um movimento moderno inspirado pelo Espírito Santo ...” Meu Deus! Esses pregadores pós CVII consideram que o primeiro papa foi João XXIII. Quando é que a Igreja desistiu de converter os hereges? Quando é que a Igreja deixou de rezar pela conversão dos hereges? Quando é que pregadores do talante de São Francisco de Sales deixaram de pregar aos protestantes com o intuito de sua conversão? O que é novo, e o que não é em absoluto inspirado pelo Espírito Santo, é a idéia herética de que a união dos cristãos seja feita, não a partir da conversão à Igreja Católica, mas a partir da conversão dos católicos a uma religião comum, que contenha elementos comuns aos dois (ou três, quatro, etc.) lados. Chesterton chamava esta religião de “Religião da Irmandade Universal”, cujo fundamento seria o que ele chama de “Fé Progressista”. E com quem irmanaríamos? Quem seriam nossos irmãos nesta ampla e progressista religião? Chesterton nos diz: “O deão da Catedral de São Paulo [da Igreja Anglicana] que se permite alegremente chamar a Igreja Católica de uma corporação traidora e sangrenta; o Sr. H.G. Wells que se permite comparar a Santíssima Trindade a uma dança indigna; o Bispo de Birmingham [bispo da Igreja Anglicana] que se permite comparar o Santíssimo Sacramento a uma bárbara festa de sangue.”
Diz ainda, perigosamente, o Sr. Zamagna: “A Igreja sempre nos ensinou que permanece nela a plenitude das verdades reveladas e dos meios de salvação instituídos por Jesus Cristo; mas essa convicção deve ser acolhida com humildade e no respeito às demais religiões ...” É-me impossível não lembrar novamente de Chesterton. Diz este escritor em sua obra-prima Ortodoxia: “O mundo moderno está repleto de antigas virtudes cristãs que enlouqueceram. Essas virtudes enlouqueceram porque ficaram isoladas umas das outras e vagueiam por aí sozinhas. (...) Acontece, porém, que a humildade está no lugar errado. A modéstia afastou-se do órgão da ambição e estabeleceu-se no órgão da convicção, onde nunca deveria estar. O homem podia duvidar de si, mas não duvidava da verdade. Agora se dá exatamente o contrário.” A convicção do Sr. Zamagna é humilde, pois ele relativiza a verdade, e sua ambição monstruosa: nada mais do que fundar a “Religião da Irmandade Universal”.
No final do artigo, o Sr. Zamagna declara sua concepção de catequese: “Daí a importância de, ao lado da exposição correta da fé cristã e católica, fazermos também verdadeira exposição sobre as outras religiões, sem caricaturas.” Note a expressão “fé cristã e católica”! Que significa isto? Há uma fé cristã e outra católica? Ora! se existe de início tal dúvida, como catequizar alguém? Além disso, o Sr. Zamagna está confundindo catecismo com estudo comparado de religiões.
Mas o articulista continua: “Essa mesma lealdade devemos esperar de quem não professa nenhuma crença ou segue uma religião diferente da nossa, o que não nos impede de valorizar os pontos de convergência doutrinária e ultrapassar as barreiras do preconceito para realizarmos a prática comum da justiça e do amor.” Este é um exemplo prático da humildade enlouquecida, da humildade localizada no “órgão da convicção”. A religião do Sr. Zamagna é aquela que é tão ampla que inclui, não só os inimigos declarados da Fé Católica, mas até os ateus. Inclui não só o deão da Catedral de São Paulo ou o Bispo de Birmingham, mas também H.G. Wells. Catequese para ele é a pregação do vale tudo doutrinário, do quem quiser pode entrar, do amor à criatura e não ao Criador.
1. Para fazer DOWNLOAD DO LIVRO com os primeiros 28 posts sobre a Missa de Paulo VI (e algumas coisas mais) clique aqui.
2. Para ver outros comentários sobre a Missa nova, clique: Parte XX, Parte XXI, Parte XXII, Parte XXIII, Parte XXIV, A dissolução da catequese: Romano Amério conta como foi, Parte XXV, Parte XXVI, Parte XXVII

05/01/2010
Lições das Missas de Paulo VI

12/11/2009
Lições das missas dominicais pós-Vaticano II - Parte XXVII
Comento aqui o artigo do Sr. Domingos Zamagna intitulado “A Renovação da Catequese”, n’O DOMINGO de 20/09/2009.
O Sr. Zamagna começa seu artigo atacando a “mera repetição” no ensino catequético: “Repetição nunca foi sinal ou prova de ortodoxia. Noutras palavras, quem quiser ser fiel à Igreja não precisa ficar o tempo todo repetindo frases da Bíblia, fórmulas dos concílios, expressões dos santos Padres, das autoridades, dos teólogos. O que representa conquista da teologia, da catequese, da liturgia, da história, da espiritualidade etc. merece ser conhecido, estudado, respeitado. Mas o que adianta mera repetição?”
A fala do Sr. Zamagna, não sei se ele próprio sabe disto, vem diretamente do Sínodo dos Bispos de 1977. Este sínodo não só apoiou fortemente uma variedade de catecismos, em contraposição a um único e universal catecismo da Igreja, como também atacou fortemente o método tradicional de memorização das fórmulas da Fé.
Romano Amério diz o seguinte em Iota Unum.
“A forma de pergunta e resposta foi adotada pela Conferência Episcopal Alemã em seu catecismo, mas foi rejeitada pela maioria dos bispos no sínodo de 1977. Este método é bem adaptado à forma didática, ao invés de heurística, da catequese católica, que responde diretamente com a verdade, e não formula perguntas com a pressuposição metodológica que suas respostas possam ser duvidosas. Mesmo no método socrático, tão a gosto dos oponentes da tradição, é Sócrates quem conhece a verdade, e o discípulo o sujeito a quem ela é descrita.
“A memorização é desprezada e desdenhada pelos teóricos modernos da educação como mera repetição sem sentido, quando ela é, na verdade, a fundação de toda cultura, como os antigos mostraram através de Minemósine (memória), a mãe das Musas [deusas do canto e da memória]. A memorização é muito adequada à catequese, desde que seja considerada como uma comunicação de conhecimento e não uma atividade social. Para um bispo do Equador, ‘catequese consiste não tanto no que é ouvido, mas no que é visto na pessoa que catequisa’. Isto faz a verdade percebida pelo intelecto menos importante que a experiência pessoal do discípulo, e vincula o entendimento do Evangelho à excelência de seu pregador em vez de aos seus próprios méritos”.
Assim, desprezar a memorização das verdades de fé e considerá-la “mera repetição” no ensino catequético foi um dos pilares do que Amério chama de “dissolução da catequese”.
Se na catequese as verdades em si ficam em segundo plano, aí o Sr. Zamagna tem razão em dizer: “A catequese, por isso, deve se renovar, alargar seu próprio conteúdo, descobrir novas metodologias, utilizar tecnologias contemporâneas, beneficiar-se dos avanços das ciências da comunicação, servir-se dos conceitos e imagens compreensíveis pelas crianças, pelos jovens e pelas famílias de hoje.”
O que vale são as metodologias, as tecnologias contemporâneas, em síntese, o show. Quando ao conteúdo, notem bem, quanto ao conteúdo catequético que é o fundamento da Fé, bem, este pode ser até “alargado”. Ou seja, para o Sr. Zamagna, não basta a Revelação. Ele quer alargá-la. Não basta o Antigo e o Novo testamentos e a Tradição da Igreja, deve haver um alargamento de conteúdo.
Fico imaginando se o Sr. Zamagna estará incluindo neste alargamento os “ensinamentos” do Pe. Fábio de Melo sobre a não-presença de Cristo na Eucaristia e sobre a impossibilidade da prova da existência de Deus. Quem sabe o Sr. Zamagna não está tentando alargar a Suma Teológica de Santo Tomás, ou o Catecismo Romano, do Concílio de Trento?
O Sr. Zamagna ainda nos fala do “aggiornare” do Papa João XXIII. Diz ele que, entre outras coisas, este verbo significa “tornar a mensagem cristã compreendida pelo homem moderno”. Lembro, a propósito, de uma crônica de Nelson Rodrigues em que ele comenta uma entrevista do então jovem ator Paulo José, sobre as inovações da Igreja, introduzidas pelo CVII. Ele falou tanta besteira que Nelson pergunta estupefato (cito de memória): “Será que este menino não tem algum amigo ou parente para ensiná-lo que a Igreja tem quase 2000 anos de idade, que ela não nasceu agora?” Esta é a pergunta que faço em relação ao Sr. Zamagna. Será que ele acha que a Igreja converteu o Império Romano falando uma linguagem que ninguém entendia? Será que ele acha que a Igreja converteu os bárbaros que invadiram o Império falando grego, literalmente? Será que ele pensa que nestes dois casos a Igreja deixou de ensinar as verdades de fé para adaptar-se ao mundo moderno de então? Para adaptar-se ao paganismo romano ou ao barbarismo dos povos invasores?
Uma coisa é falar de forma compreensível a cada época e lugar sobre as Verdades Eternas e outra, bem diferente, é falar sobre as mentiras e meias-verdades que cada época ou lugar deseja considerar como verdades.
Catequese não é show-business. Ensinar catequese não é conformar as Verdades Eternas às modas passageiras.
Termino aqui com um trecho da ACERBO NIMIS, do Papa São Pio X: “Esta afinal, e não outra, é a tarefa do catequista: tratar de uma verdade de fé ou de moral cristão e explicá-la em cada uma de suas partes; e porque o objetivo do ensinamento é sempre a reforma da vida, é necessário que ele faça um confronto entre o que de nós exige o Senhor e o que de fato se opera; então, por meio de exemplos oportunos, extraídos sapientemente das Sagradas Escrituras, da História eclesiástica ou das vidas dos santos, persuadir e com que aditar como se devam conformar os costumes; e concluir com exortação eficaz, a fim de que os ouvintes sejam levados a detestar e fugir do vício e a exercitar a virtude.”
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2. Para ver outros comentários sobre a Missa nova, clique: Parte XX, ParteXXI, ParteXXII, ParteXXIII, Parte XXIV, A dissolução da catequese: Romano Amério conta como foi, Parte XXV, Parte XXVI.

26/10/2009
Lições das missas dominicais pós-Vaticano II– Parte XXVI
O artigo do Pe. Bazaglia é, de fato, um exemplo didático do livre exame das Escrituras, proposto por Lutero. Se Pe. Bazaglia fosse pastor protestante, eu nada comentaria de seu artigo. Sendo padre, eu não posso deixar de comentar e reprovar o que ele escreve.
“Um dos grandes enganos do cristianismo, ao longo destes dois milênios, é ter transformado a cruz de Jesus de conseqüência em princípio”, diz Pe. Bazaglia. Veja que esse padre vem nos dizer que o cristianismo bimilenar, que só pode ser o catolicismo (palavra incômoda para os padres moderninhos), cometeu um engano que, não fosse, ele, Pe. Bazaglia, dele não teríamos notícia. Imaginem vocês toda a galeria dos Padres gregos e latinos, muitos deles santos e doutores da Igreja. Imaginem os santos medievais, Santo Alberto Magno, Santo Tomás de Aquino, São Boaventura. Imaginem depois, Santa Catarina de Sena, Santa Teresa de Ávila, Santo Inácio de Loyola. Um pouco depois, São José Maria Grignion de Montfort, Santo Afonso Maria de Ligório. Enfim, todos estes e muito mais, todos estavam enganados em relação ao significado da cruz. Numa missa imaginária em que se encontrassem todos esses santos, Pe. Bazaglia, em sua homilia, iria subir ao púlpito e dizer: todos os senhores estão e estiveram errados com relação ao significado da cruz. Imaginem a cena!
Ora, por que a Cruz deve ser o princípio para todo católico? Porque a Cruz significa Redenção e se não partirmos da Redenção, da certeza de que a Cruz nos redimiu, não a todos, mas a muitos de nós, de onde é que partiríamos? É ela que nos dá a confiança de que nós merecemos o perdão de Deus, não pelos nossos mérito, mas pelos méritos de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Pe. Bazaglia discorda disso. Querem ver? Ele diz: “Quando a cruz se transforma em princípio para a vida cristã, no entanto, a cruz de Jesus é traída. A cruz como princípio se torna facilmente dissociada da vida, levando a um espiritualismo vazio que nada transforma e pode chegar ao masoquismo.” Pe. Bortolini, em artigo do mesmo semanário, chama também de traidor a todo católico que respeita a tradição da Igreja. Agora, ficamos sabendo que nós católicos que colocamos a Cruz de Cristo como princípio de nossas vidas, somos também traidores, e também masoquistas. Chamar a frase do Pe. Bazaglia de herética é pouco. É preciso já ter perdido todos os resquícios de catolicismo para que se afirme algo tão blasfemo.
Duas lembranças me ocorreram quando li a frase acima. A primeira é que a acusação de masoquista foi feita também a São Padre Pio que, segundo os acusadores, se infligia os ferimentos dos estigmas de Cristo. Ele que viveu, durante 50 anos, literalmente crucificado. Este santo, Pe. Bazaglia, transformou a Cruz em princípio. Na verdade, ela, a Cruz, se incrustou em sua carne. São Padre Pio, rogai por nós.
A segunda lembrança foi a de 1Cor 1, 18: “De fato, a palavra da cruz é loucura para aqueles que se perdem; mas, para nós, que estamos no caminho da salvação, é força de Deus.”. Lembrei também de 1Cor 1, 22-23: “Na verdade, os judeus pedem milagres e os gregos procuram a sabedoria; nós, ao invés, pregamos a Cristo crucificado, que é um escândalo para os judeus e uma loucura para os gentios.”
Mas, Pe. Bazaglia nos informa que São Paulo estava “enganado” quando dizia (Gal 2, 19): “De fato, eu, por meio da lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus; com Cristo me encontro cravado na cruz, e já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim.” Isso, no livre exame de Pe. Bazaglia é “espiritualismo vazio”. São Paulo estava “traindo a cruz” quando dizia (Gal 5, 24): “Ora, os que pertencem a Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e os seus desejos.”
Pe. Bazaglia ainda nos surpreende ao final do artigo. Ele diz: “O único bem que temos é a vida, presente de Deus, e somente a encontraremos à medida que a entregarmos em favor dos irmãos, pela mesma causa de Jesus.” Ai, meu Jesus Cristinho! Pe. Bazaglia não sabe o que quer dizer perder esta vida para ganhar a outra.
Vamos ver se este padre aprende alguma coisa sobre “perder esta vida” para obter a outra de Santa Teresa de Ávila. Ela diz no “Caminho da Perfeição”, capítulo VIII, o seguinte. Os negritos são meus.
“Agora vamos ao desapego que devemos ter, pois tudo está nisto se for com perfeição. Digo que aqui está tudo, porque, abraçando-nos só com o Criador e não se nos dando nada de todas as coisas, Sua Majestade infunde as virtudes de maneira que, trabalhando nós pouco a pouco o que está em nosso poder, não teremos muito a pelejar, pois o Senhor toma em Sua mão a nossa defesa contra os demônios e contra o mundo. Pensais, irmãs, que é pequeno bem procurar este bem de nos darmos todas ao Todo sem fazermos partilhas? E, pois n’Ele estão todos os bens.”
Então, “perder esta vida” é morrer para o mundo, “não se nos dando nada de todas as coisas”. Mais à frente, ainda falando às suas filhas do Carmelo, Santa Teresa diz: “mas resta desapegarmo-nos de nós mesmas e este apartar-nos de nós mesmas e sermos contra nós é coisa dura, porque estamos muito unidas a nós e nos amamos muito.”
Assim, Pe. Bazaglia, morrer para esta vida, estarmos “com Cristo cravados na cruz”, não é ser solidário, não é “entregarmos a vida em favor dos irmãos” – que pode muito bem significar um marxismo de segunda mão –, não é participarmos de pastorais de nossa paróquia, não fazermos doação para o “Criança Esperança”. É muitíssimo mais que isso. É desapegarmos das coisas do mundo e também de nós mesmos. É “sermos contra nós”. E isso, padre, significa estarmos crucificados com Cristo, significa colocarmos a Cruz em primeiro lugar, no princípio. E isso, quem o consegue?
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2. Para ver outros comentários sobre a Missa nova, clique: Parte XX, Parte XXI, Parte XXII, Parte XXIII, Parte XXIV, A dissolução da catequese: Romano Amério conta como foi, Parte XXV

15/10/2009
Lições das missas dominicais pós-Vaticano II– Parte XXV
O “Aurélio” nos ensina que catequese é “instrução metódica e oral sobre coisas religiosas”. Tecnicamente não existe apenas catequese católica. Outras religiões catequizam. Nesta perspectiva geral, qualquer um pode catequizar.
Contudo, não é esta perspectiva de catequese que se espera encontrar numa publicação católica chamada de Semanário Litúrgico-Catequético. Aqui se espera uma perspectiva de catequese católica.
Vamos começar pelo início. O Sr. Zamagna começa o artigo assim: “Desde quando Jesus Cristo ordenou aos discípulos que evangelizassem até os confins da terra, a catequese passou a ser não só um dever da Igreja – missionária por natureza –, mas também um direito de cada pessoa.” Ai, meu Jesus Cristo! Quanto tolice! Quer dizer que Jesus nos manda aos confins da terra, nos manda ensinar Seu Evangelho, nos avisa que isso não vai ser fácil e que pode nos custar a vida, nos alerta para estarmos preparados para lutar, nos manda salvar almas, e com isso Ele está criando um direito? O senhor não sabe a diferença entre direito e dever? Catequizar no sentido estrito, católico, é DEVER da Igreja e, portanto, de cada um de nós.
Sei bem porque o Sr. Zamagna colocou esta palavrinha “direito” na conversa. É que ele quer defender o direito dos outros de catequizar sobre outras coisas, claro. Ele é relativista religioso. Vejam o que ele diz em seguida: “Será um direito apenas dos católicos ou, numa perspectiva mais abrangente, apenas dos cristãos? Trata-se de um direito mesmo dos que não conhecem ainda a fé cristã.” Aqui aprendemos muitas coisas. A primeira, é que ser cristão é “mais abrangente” que ser católico. A segunda, é que a catequese agora está aberta aos que “não conhecem ainda a fé cristã”. De que catequese está-se falando aqui, então? Notem a confusão extraordinária que pode habitar a cabeça de uma pessoa.
Recapitulando: (1) Jesus criou um direito quando mandou Seus discípulos catequizar até os confins da terra; (2) Este direito se aplica aos católicos, mas de forma mais abrangente aos cristãos; e (3) Por fim, é direito também dos que “ainda não conhecem a fé cristã”, que catequizarão, ou seja, instruirão sobre coisas que não sabemos.
O parágrafo final do artigo é mais elucidativo das verdadeiras idéias do Sr. Zamagna sobre catequese. Ele diz: “Todos os batizados têm esse dever. Mas é um serviço que se estende de modo particular aos que, na nova aliança, recebem o chamado para o ministério de pastores. Os cristãos e seus pastores ...” Não admira o uso dos termos “cristãos” e “pastores” aqui, no lugar de católicos e padres. O Sr. Zamagna é quase protestante, se não o for por inteiro. Ele termina o artigo dizendo que a catequese deve ser feita “evitando o escândalo das divisões, para que o mandato do Senhor seja realmente executado...” Ou seja, se não incluirmos na catequese católica os protestantes (eles são legião) não estaremos cumprindo o mandato do Senhor, aquele mandato que criou um direito, que depois se estendeu até aos que não professam a fé cristã.
Quem poderá dizer que isto não é fruto do Concílio Vaticano II? Leiam este diálogo assustador entre Paulo VI e padre Bouyer sobre a reforma litúrgica que estava então em andamento.
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06/10/2009
Lições das missas dominicais pós-Vaticano II– Parte XXIV
Essa linguagem empolada, confusa, nunca foi típica de documentos da Igreja, que são claros e inequívocos. Tal linguagem foi inaugurada com o CVII. Seus documentos são um primor de confusão e dubiedade. Catequizar sempre foi uma ação para converter os pagãos, os hereges e os praticantes de outras religiões. A Igreja Católica faz isso porque fora dela não há salvação. Assim, catequizar é salvar almas. É papel de todo católico.
Veja que no parágrafo acima, usei duas vezes a palavra católico, mas o documento da CNBB não a usa sequer uma vez. A CNBB usou 1230 palavras em seu texto e nem uma vez a palavra “católico”. Para que religião converteremos os pagãos, hereges e praticantes de outras religiões?
Há passagens que seriam hilariantes, não fossem trágicas, como esta: “A catequese diferenciada destinada às diversas realidades e situações em que vive a maioria das pessoas, é inclusiva, acolhe as pessoas com deficiência, migrantes, crianças, adolescentes, jovens, adultos.” Vejam as palavrinhas politicamente corretas “diferenciada”, “diversas realidades”, “inclusiva”. Que tenhamos de ter modos diferentes de catequese para adultos e crianças é uma obviedade gritante. Mas que tenhamos de ter diferentes catequeses para migrantes e portadores de deficiência, aí é demais! Essa atitude politicamente correta da CNBB talvez seja a que a fez apoiar um abortista para o Supremo Tribunal Federal, esquecendo-se daquele outro Tribunal Supremo que às vezes é também chamado de Juízo Final.
Há também uma oração do ano catequético. Oração água-com-açúcar que se refere a Nosso Senhor sempre em letra minúscula.
Há outras pérolas naquelas 1230 palavras, mas que não as irei comentar aqui. Quero comentar a seqüência de artigos que estão saindo n’O DOMINGO sobre o ano catequético, assinados por Domingos Zamagna.
N’O DOMINGO de 30/08/2009, no artigo intitulado “É possível transmitir a fé?”, o Sr. Zamagna diz que a fé é “uma energia, semelhante à de uma semente, cujo dinamismo conduz à santidade.” Esta definição modernista da fé lembra um conceito novo contido na Gaudium et Spes: “Por isso, proclamando a vocação altíssima do homem e afirmando existir nele uma semente divina, o Sacrossanto Concílio oferece ao gênero humano a colaboração sincera da Igreja para o estabelecimento de uma fraternidade universal que corresponda a esta vocação.”
Enquanto isso, a Tradição da Igreja ensina, por meio do Catecismo Romano do Concílio de Trento que a fé “significa uma adesão absolutamente certa, pela qual a inteligência aceita, com firmeza e constância, os mistério que Deus lhe manifesta.” Nada de energia, nada de semente, nada de dinamismo, apenas vontade resoluta que oriente a inteligência a aceitar a Revelação.
O Sr. Zamagna diz ainda que: “A fé é incontida adesão à verdade do Pai, não pela evidência, mas pelo testemunho do Filho e pela força do Espírito.” Esta afirmação é confusa. Parece querer dizer que não há evidências sobre as verdades do Pai, de Deus. Isto é evidentemente falso. O Doutor Angélico diz na Suma Contra os Gentios que: “Há, com efeito, duas ordens de verdades que afirmamos de Deus. Algumas são verdades referentes a Deus e excedem toda capacidade da razão humana, como, por exemplo, Deus ser trino e uno. Outras são aquelas as quais a razão pode admitir, como, por exemplo, Deus ser, Deus ser uno, e outras semelhantes.”
Mesmo das verdades que excedem a capacidade humana, Deus nos dá alguma evidência. Isso parece escapar ao Sr. Zamagna, que nos brinda com outra contradição na frase acima. Ele considera que o testemunho do Filho não seja evidência da verdade do Pai. Ora, a vinda de Nosso Senhor foi profetizada com séculos de antecedência por muitos profetas. As condições de seu nascimento, assim como de sua morte, foram definidas em seus mínimos detalhes. Ele, enquanto estava vivo, sempre falava dos que O anunciaram. Em vida, Ele fez muitos e variados milagres que indicavam Sua Procedência, e quando os fazia lembrava sempre de Seu Pai. Depois de Sua morte, mandou-nos o Espírito Santo, que “fez com que homens rudes e ignorantes adquirissem instantaneamente tão elevada sabedoria e eloqüência”, como nos diz Santo Tomás. Então, qual é a evidência que nos falta para termos fé?
Outra dimensão da fé que o Sr. Zamagna se esquece de mencionar, quando pergunta se é possível transmitir a fé, é que ela é uma virtude teologal. Ou seja, ela nos vem por graça de Deus. Quem a transmite, se é que podemos usar este termo, não somos nós, pobres mortais. Quem nos infunde a fé é Deus. O máximo que podemos fazer é fornecer aos outros as evidências das coisas que podemos conhecer por razão natural, e as evidências das coisas sobrenaturais que Nosso Senhor fez para nos mostrar de onde Ele vinha. Esse conjunto de evidências, adicionados aos dogmas que foram sendo definidos pela Igreja são o que constitui o Depósito da Fé, cuja guarda foi dado, por Deus, à Igreja.
Por meio da graça da fé, Deus nos atrai para “um bem mais elevado que o capaz de ser experimentado pela fragilidade humana da presente vida”. Assim, passamos com a fé, a desejar “algo que excede totalmente o estado da presente vida, e a nos esforçar para procurá-lo.” Daí a grande graça de Deus. Sem ela, e sem a capacidade de compreender aquilo que escapa à nossa razão, não poderíamos almejar as coisas sobrenaturais. Sem a fé, não há como almejar o Céu, a visão beatífica de Deus. [As expressões entre aspas são do Doutor Angélico.]
Esqueçamos, portanto, da energia, do dinamismo semente, da fé cega, sem evidências. Tudo isso é besteirol modernista.
Há mais besteirol nos artigos do Sr. Zamagna que comentarei em futuros posts.
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29/09/2009
Lições das missas dominicais pós-Vaticano II– Parte XXIII
Mas antes de comentar o que Jesus diz, vamos ver o que Pe. Bortolini nos ensina em seu artigo “O Peso da Tradição”. O título já nos alerta para o que vem depois. A tradição, para Pe. Bortolini é pesada, incômoda. Depois de uma introdução animadora, em que fala que a tradição “é em si uma coisa boa com bons objetivos”, ele vem logo com esta: “Mas nem sempre é assim, como no caso dos que são católicos por tradição e batizam seus filhos ‘porque sempre foi assim’. Tradição, traição.” Estas palavras vindas de um padre têm muito PESO. Vejam só que o católico que é católico por tradição é traidor. O católico que batiza seu filho por tradição é traidor. São palavras terríveis!
Mas o ataque que Pe. Bortolini prepara é mais amplo. Ele diz logo em seguida: “Entendida sob esse aspecto, a tradição se torna um peso e não favorece a vida. Mais ainda, quando se trata de tradição religiosa, ela engessa a religião, impedindo-a de caminhar à altura dos tempos e iluminar a história da humanidade.” Aqui entendemos bem o que ele fala. Pe. Bortolini é padre modernista, e todo padre modernista se sente moderno, em paz com o mundo, em paz com os protestantes, com os maçons, com os abortistas, com o comunismo, com Lula e, portanto, com o príncipe deste mundo. Isto é “caminhar à altura dos tempos”, justo o que Jesus não fez. Ele é contra a tradição religiosa católica, ou seja, ele é contra a Igreja de Sempre, aquela que Jesus fundou. Católico que respeita a tradição é traidor. Sim, somos traidores do mundo, somos traidores de Satanás, mas não de Jesus.
Se Pe. Bortolini só tivesse dito isto, vá lá, pois nós, depois de tantos comentários sobre seus textos em o’DOMINGO, esperamos quase tudo dele em termos de idéias heréticas. Mas ele fez mais. Ele tentou usar as palavras que Jesus dirigiu aos fariseus em favor dos modernistas e contra da tradição católica. Se isto não é farisaísmo, não sei o que é.
Diz o modernista Bortolini: “Os fariseus e alguns mestres da lei conservavam muitas coisas da tradição dos antepassados, defendiam-nas e condenavam os que não as observassem.” E, por isso, segundo Pe. Bortolini, Jesus condena os fariseus; por eles manterem tradições dos antepassados. Será que foi mesmo assim? A falsidade da afirmação do padre é facilmente demonstrada com uma frase apenas do Evangelho. Jesus não estava condenando a observância da tradição religiosa dos judeus. Ele diz: “Vós abandonais o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens.” Aí está! O mandamento de Deus é para ser seguido, é o que constitui a verdadeira tradição! Jesus condena os fariseus por seguirem a tradição dos homens, tradição falsa. Jesus desmascara Pe. Bortolini!
Mas o padre não se contenta com pouco. Ele diz em seguida: “Jesus declara boas todas as coisas.” De onde este pobre padre modernista tirou isto eu não sei. Jesus faz justo o contrário. Ele enumera as coisas más que saem do coração do homem e que constituem as verdadeiras impurezas, em contraposição às impurezas materiais que possam ser ingeridas pelo homem. Ou seja, Ele separa o joio do trigo, como sempre fez.
O destemido Bortolini ainda tem a coragem de terminar o artigo com a seguinte pergunta maldosa: “E nós, será que já nos libertamos de todas as tradições que impedem nossa vida e a dos outros?” Depois de tudo que ele nos disse ao longo do artigo, imagino que sua pergunta possa significar: E nós, já deixamos de batizar nossos filhos por tradição? Já deixamos de ser católicos por tradição? Já nos afiliamos ao PT, já nos tornamos membros da maçonaria, já estamos caminhando à altura dos tempos?
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09/08/2009
Lições das missas dominicais pós-Vaticano II– Parte XXII
Pode-se falar muitas coisas deste milagre. Pode-se falar do pão material e do Pão espiritual. Pode-se notar como Jesus, depois de alimentar o povo com o pão material, diz (Jo 6, 35): “eu sou o pão da vida”. Ele mesmo quer que distingamos o pão da vida do Pão da Vida. Mas ele quer mais do que isso. Ele quer que percebamos que os dois pães são sobrenaturais. Que um e outro nos é dado por ele. Que não merecemos nem um nem outro e que eles são puro ato da graça de Deus.
Santo Agostinho, nos seus Comentários ao Evangelho de João, nos diz: “Deve-se ter em conta o que geralmente se diz, a saber: que Deus é de tal natureza que não nos é possível vê-Lo com nossos olhos, e que seus milagres, com os quais sustenta todo mundo e alimenta todas as criaturas, não chamam atenção, pela freqüência com que se repetem. Mas alguns milagres são escolhidos para serem feitos fora do curso e da ordem regular da natureza, não porque sejam maiores, mas porque acontecem menos freqüentemente, e assim são admirados mais por essa circunstância do que aqueles que acontecem diariamente. O milagre do governo de todo o mundo é realmente maior do que saciar cinco mil homens com cinco pães e, contudo, ninguém se admira desse governo. Mas os homens se admiram com o outro milagre, não porque é maior, mas porque é raro.”
Aí está. Santo Agostinho nos diz que Jesus conhecendo os homens como conhece, Ele usa de milagres menores, mas raros, que causam mais admiração que os milagres maiores, que ocorrem todos os dias, todas as horas, todos os minutos. Deus nos alimenta diariamente tão milagrosamente quanto ele alimentou aquela pequena multidão. Deus nos alimenta por sua graça, por sua infinita compaixão, em uma palavra: por milagre.
Bem, isso e muito mais poderia ser dito dessa passagem do Evangelho. Mas o Pe. Bortolini escolhe nos brindar com uma pregação marxista de segunda categoria, quando ele fala desse Evangelho. Diz ele: “O gesto nobre desse menino muda completamente a visão acerca da fome da humanidade. Ela não é vencida com a compra e venda de alimento, mas num mutirão de partilha. A distribuição toma o lugar da concentração, a solidariedade vence o egoísmo.” Ou seja, Pe. Bortolini nos diz que Jesus está a nos ensinar sobre distribuição de bens de consumo numa sociedade complexa. E Ele está a favor do comunismo! Veja que a coisa não se resolve com a compra e venda de produtos, mas com sua distribuição gratuita. Todo mundo que pregou esse tipo de idéia, no caminho da consecução desse objetivo, matou algumas dezenas de milhões de pessoas, senão centenas de milhões, sem conseguir nada do que prometeram. Lenin, Stalin, Mao, Castro são alguns dos homens práticos que tentaram colocar os ideais do Pe. Bortolini em prática. Juntos mataram centenas de milhões de pessoas.
Certamente, Pe. Bortolini está pregando comunismo do púlpito da Igreja, como muitos outros padres hoje em dia. Não deixemos que esses hereges nos influenciem. A companhia desses padres, que enumerei acima, não os credencia a nos ensinar nada, muito menos a palavra de Deus.
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25/07/2009
Lições das missas dominicais pós-Vaticano II– Parte XXI
Comento O DOMINGO: CULTO DOMINICAL de 12 e de 19/07/2009. Leio no folheto do dia 12, na seção LEMBRETES, na primeira página, logo abaixo de RITOS INICIAIS: “rezar pelos doentes da comunidade; no final da celebração, fazer o ‘envio’, a benção pode ser dada por pessoa idosa ...”. Fico imaginando o que será fazer o “envio”, assim entre aspas mesmo. Não sei porque mas, para mim, tal expressão tem ressonâncias espíritas, mágicas, encantatórias. Rezo para que não seja nada disso. Também não entendo a frase “a benção pode ser dada por pessoa idosa ...”. As reticências são do texto do folheto. O que tem a benção a ver com a idade, e o “envio” a ver com a benção? Ficam as dúvidas, para começar.
Aliás, a primeira duvida é sobre o CULTO propriamente dito. Procurei rapidamente no Denzinger (Edições Loyola, 2007) e nada achei. Todos sabemos que o Vaticano II fundou uma nova era (quase digo uma nova igreja) de participação dos leigos na Liturgia. As palavras dos documentos desse concílio são tão dúbias que podem conter qualquer interpretação. Suspeito que seja por aí que haja o tal CULTO dominical, que tem, para mim, ressonâncias protestantes.
Outra dúvida que assalta-me é a seguinte: quem assiste ao CULTO fica dispensado de assistir à missa? Ou seja, o culto tem validade de Missa?
Há três personagens no teatro do culto: animador, ministro, leitor e assembléia. Não há nem Oração Eucarística nem Consagração. Há o famigerado artigo final; só um.
Tanto o artigo do folheto do dia 12 quando o do dia 19 falam de uma tal 12ª Interclesial, cujo tema é “A Liturgia e o Grito da Amazônia”. O artigo do dia 12 é assinado por Irmã Penha Carpanedo (Congregação Pias Discípulas do Divino Mestre e da Rede Celebra) e o artigo do dia 19 é assinado por Valdecir Luiz Cordeiro (Articulador arquidiocesano da 12º Interclesial de CEB’s).
Pelo que li a respeito, a Interclesial é algo como a Internacional Comunista da Igreja do Vaticano II, no Brasil. Mas, o que são as CEB’s? Leio noutro texto, este no Semanário Litúrgico-Catequético de 12 de julho: “As CEB’s surgiram no Nordeste do Brasil na década de 1960. O Concílio Vaticano II (1962-1965) e sua posterior releitura em Medellín (1968) abriram caminho para que se multiplicassem rapidamente.” Portanto as CEB’s, como a Missa Nova, são filhas diletas do CVII. Nelas há mais comunistas, agitadores, revolucionários do que em qualquer partido comunista. Há mais disso nas CEB’s que no governo Lula.
Ah! Também ficamos sabendo das releituras do CVII. Saibam que nenhum concílio da Igreja jamais admitiu releituras. Imaginem alguém afirmando que depois da releitura do Concílio de Nicéia, Ário foi canonizado e Santo Atanásio foi excomungado? Ou, depois uma grande releitura do Concílio de Trento, Lutero foi considerado um grande exegeta bíblico. Repito: nenhum concílio jamais admitiu nenhuma releitura, pois o que estava escrito não permitia outro entendimento.
O Sr. Valdecir Cordeiro nos conta que, em 1972, “em Santarém é escrita a carta de nascimento da Igreja da Amazônia.” Pois vejam que há uma coisa chamada Igreja da Amazônia. Ela deve ter algo com a Igreja Católica Apostólica Romana, pois, na frase seguinte o Sr. Cordeiro nos diz que “os bispos manifestaram claramente e ‘sua crença e sua esperança no futuro da região’.” Antigamente, pelas informações que tenho, os bispos tinham crença em Deus e a esperança da vida eterna. Parece que o CVII mudou isso também.
A Irmã Penha nos informa que: “Se as CEB’s primam por unir liturgia e vida, trazendo para dentro das celebrações, como memórias pascais, os sinais de vida e de morte presentes no cenário sócio-político e no cotidiano da vida, as celebrações do 12º Intereclesial integrarão, especialmente, o gemido da terra e o anseio da criação inteira por libertação (cf. Romanos 8, 18-23).” Vejam vocês que as CEB’s trazem para dentro das celebrações o cenário sócio-político. Ou seja, ao lado da leitura das Cartas de Paulo, por exemplo, um manifesto de João Pedro Stédile. Ao lado do Evangelho, uma manifestação indigenista. Ao lado da Oração Eucarística, uma oração que venha “do ventre da terra”. Aliás, este é o lema do 12º Intereclesial: “Do ventre da terra o grito que vem da Amazônia”. Nada mais justo: temos a Igreja da Amazônia e sua liturgia que, como diz a irmã, assume o “grande resgate realizado pelo Concílio Vaticano II.”
Mas notem que a irmã cita a carta aos Romanos. O que diz Paulo naqueles versículos assinalados? Diz: “Efetivamente, eu tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não têm proporção com a glória vindoura, que se manifestará em nós. Pelo que este mundo criado espera ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus. De fato, o mundo criado foi sujeito à vaidade, não por seu querer, mas pelo daquele que o sujeitou com a esperança de que também o mundo criado será livre da sujeição à corrupção, para participar da liberdade gloriosa dos filhos de Deus. Porque sabemos que todas as criaturas gemem e estão como que com dores de parto até agora. E não só elas, mas também nós mesmos, que temos as primícias do Espírito; também nós gememos dentro de nós mesmos, esperando a adoção de filhos de Deus, a redenção do nosso corpo.” [Os negritos são meus.]
Parece que a irmã está procurando apoio em Paulo. Coitadinha! Vou transcrever aqui, na esperança de que a irmã aprenda algo da exegese católica, o que diz o Pontifício Instituto Bíblico desta passagem: “A criação, tendo recebido o homem como seu rei, foi humilhada por causa da condenação de Adão, que atingiu também toda a natureza. Sujeito à vaidade, isto é, à força da destruição, à lei da morte e a contínuas mudanças. A manifestação dos filhos de Deus se dará no fim dos tempos.”
O que Paulo fala é o seguinte, irmã Penha: nossos sofrimentos aqui são infinitamente menores que as delícias do Paraíso. Este mundo está sujeito à corrupção, não pelo querer de Quem o criou, mas pelo Pecado Original. Não adianta consertar este mundo, ele será sempre lugar da corrupção, da vaidade. Somente no fim dos tempos é que teremos, nós os que temos a esperança da Redenção, nossos corpos tirados da corrupção e a nós devolvidos, pelos méritos de NSJC. O que tem isso a ver com “o gemido da terra e o anseio da criação inteira por libertação”? A senhora está querendo dizer que as árvores da Amazônia anseiam por libertação? A senhora está querendo dizer que a terra geme, ou isso é só uma metáfora? A senhora está querendo ensinar para os fiéis católicos que é possível a libertação aqui e agora? A senhora acredita que a Redenção é para este mundo? Suspeito de que a senhora seja panteísta. Suspeito que a senhora seja uma daquelas que abraça árvores. Suspeito que a senhora ache que isso está ligadíssimo com a Igreja Católica. Tenho a informar-lhe de que isso é heresia pura e simples. Nada há de católico nisso.
De qualquer forma, Jesus nos alertou em relação aos falsos profetas e nos ensinou como identificá-los: “Não pode a boa árvore dar maus frutos, nem a árvore má dar frutos bons. Toda árvore que não dá bom fruto, será cortada e lançada ao fogo. Portanto, por seus frutos é que conhecereis os homens. Nem todo aquele que diz Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus.” As CEB’s e esses Intereclesiais são, assumidamente, frutos do CVII. Irmã Penha e o Sr. Cordeiro também.
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