Mostrando postagens com marcador Tesouro de Exemplos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Tesouro de Exemplos. Mostrar todas as postagens

22/04/2013

Historinhas católicas

O SINAL DA CRUZ E AS CRUZES
 
Quando S. Gregório Magno era secretário na corte de Constantinopla, reinava no trono do Oriente o jovem imperador Tibério II. Este, passando um dia por um corredor estreito e escuro de seu palácio, viu no mármore do piso gravada uma cruz e exclamou: "Meu Deus! fazemos o sinal da cruz na testa, na boca e no peito e depois a pisamos". Imediatamente mandou arrancar aquela do piso; debaixo, porém, havia outra gravada com o mesmo sinal. Depois a terceira, a quarta e mais outras sempre com o sinal da cruz. Quando estavam retirando a sétima pedra, ouviu-se um murmúrio de admiração. Havia debaixo daquela pedra anéis de ouro, prata, rubis, pérolas, esmeraldas, colares, um tesouro de grandíssimo valor. 
 
O imperador contemplava aquelas joias a tremer de alegria e sem dizer uma palavra. O imperador do Oriente pode ser um símbolo de todo homem que passa pelo corredor escuro e estreito desta vida. Apresentam-se-nos muitos anos dolorosos, gravados com a cruz do sofrimento. Passam-se os anos, termina a nossa carreira e, na outra vida, encontramos as cruzes transformadas em intenso tesouro.
CORAÇÃO APEGADO À TERRA
 
S. Ambrósio fora convidado a visitar a casa de um rico banqueiro de Milão. Recebido com grande honra, o dono ostentava todo o luxo de seu palácio, mostrando ao bispo as colunas vindas de Constantinopla, os vasos de ouro, os ricos aposentos e a criadagem. S. Ambrósio calava-se; o banqueiro começou, então, a contar-lhe os êxitos extraordinários de suas especulações comerciais; os contratos de compra e venda; o elenco de seus bens na cidade e na campanha. Dizia-se feliz em tudo e tudo atribuía à sua habilidade e boa sorte. O semblante do bispo denotava tristeza; sem aceitar coisa alguma, levantou-se e retirou-se apressadamente daquela casa. 
 
No dia seguinte, chegou-lhe a notícia de que o palácio do banqueiro ruíra, sepultando debaixo de seus escombros as colunas vindas de Constantinopla, os vasos de ouro e com eles o seu proprietário. 
 
O que sucedeu com aquele proprietário, mais ou menos se dá com todas as pessoas que se deixam seduzir pelas riquezas e prazeres, e se esquecem que tais bens, embora vindos da bondade de Deus, duram pouco. E que aproveita tudo o mais, se a alma vier a perder-se? 
 
___________
Tesouro de Exemplos, Pe. Francisco Alves, Editora Vozes (quando ainda católica!).

31/10/2012

Historinhas católicas


O FILÓSOFO E O BARQUEIRO

Um barqueiro transportava um filósofo em sua barca. 

Durante a travessia, disse o filósofo ao barqueiro:
- Então, meu velho, você sabe alguma coisa?
- Eu? Sei remar e nadar.
- Não sabe filosofia?
- Nunca ouvi falar disso.
- Não sabe astronomia?
- Não, senhor.
- Não conhece a gramática?
- Também não, senhor.

E assim foi o filósofo perguntando muitas coisas e o barqueiro respondendo:
- Não sei nada disso.
- Pois, assim, você perdeu a metade da vida, acrescentou o filósofo.

Nisso, distraídos pela conversa, deram contra um rochedo, partiu-se a barca e os dois naufragaram... O barqueiro, nadando, alcançou a margem; ao passo que o filósofo se afogava.

O barqueiro, malicioso, gritou-lhe:
- Senhor filósofo, não sabe nadar?
- Não.
- Ah! não sabe? Então o sr. é um infeliz; perdeu a vida inteira. Suas astronomias e filosofias não lhe servem para nada.

Isto mesmo se pode dizer dos que sabem tudo deste mundo, menos a doutrina cristã, pois: A ciência mais apreciada é que o homem bem acabe: porque, no fim da jornada, aquele que se salva sabe, e o que não, não sabe nada.


O SOLDADO E O OVO

A pessoa que sabe sofrer com paciência é semelhante a um anjo.

Conta Spirago que, num hospital servido por Irmãs de Caridade, achava-se um soldado em tratamento. Certo dia pediu lhe trouxessem um ovo cozido. Poucos instantes após uma das Irmãs servia ao enfermo o ovo cozido; mas aquele indivíduo, querendo, ao que parece, provar a paciência da religiosa, rejeitou o ovo bruscamente, dizendo:
- Está duro demais.

Retirou-se a Irmã em silêncio e, depois de alguns minutos, trouxe outro ovo; mas o doente rejeitou-o de novo, alegando:
- Está mole demais.

Sem mostrar o menor indício de impaciência, foi a Irmã, pela terceira vez, à copa e trouxe ao soldado um vaso com água fervente e um ovo fresco e disse-lhe com toda calma:
- Aqui tem o senhor tudo que é necessário; prepare o ovo do modo que lhe agradar.

Essa paciência inalterável da boa Religiosa causou ao soldado tal impressão, que não pôde deixar de exclamar:
- Agora compreendo que há um Deus no céu, uma vez que há tais anjos na terra.

Por aí se vê que pela paciência se pode fazer um grande bem ao próximo.


_____________
Tesouro de Exemplos, Pe. Francisco Alves, Editora Vozes (quando ainda católica!).

03/10/2012

UM SACRISTÃO E UMA VOZ MISTERIOSA


Na pequena cidade de Ostra-Brama, Polônia, há uma bela igreja onde, há séculos, se venera uma devota imagem de Nossa Senhora das Dores.

No mês de março de 1896, um forasteiro, falando polonês com sotaque russo, apresentou-se ao sacristão com dois grossos círios, dizendo que queria ardessem diante da milagrosa imagem até se acabarem.

— Fiz promessa – disse – que fiquem acesos até amanhã depois da missa sem que se apaguem. Tenho um grande negócio, que amanhã se há de decidir e só me resta este .tempo para recomendá-lo a Nossa Senhora. Se quiser, irei junto para colocá-los na igreja.

— Eu o farei com gosto – replicou o sacristão- mas o caso é que, quando se deixam luzes na igreja, tenho de passar a noite lá, por temor de um incêndio.

— Sei – disse o desconhecido – mas por esse seu trabalho dou-lhe agora mesmo dois rublos.

A filha do sacristão preparou ao pai a ceia e roupas quentes e o russo foi com ele acender os círios, rezou alguns minutos e foi-se embora.

O sacristão, uma vez sozinho, tocou as Ave-Marias, fechou as portas, rezou sua oração da noite, sentou-se numa cadeira, na sacristia, e logo começou a cochilar.

De repente ouve uma voz que lhe grita:
— Apaga, apaga os dois círios!

Assustado, levanta-se, olha pata todos os lados e não vê ninguém. Julga ter sido um sonho e torna a dormir; mas, pouco depois, desperta-o a mesma voz misteriosa:
— Apaga, apaga os círios!

Como não vê ninguém, para acabar com aqueles sonhos, acha que seria melhor apagar as velas; mas, lembrando de sua promessa e do dinheiro recebido, pôs-se a rezar o rosário até que, vencido pelo sono, adormece pela terceira vez.

Desta vez a voz desperta-o com mais força:
— Apaga, apaga depressa os círios.

Convencido afinal de que a voz vinha do alto, apaga os círios e fica tranquilo. Ao romper do dia toca as Ave-Marias, prepara o altar para a missa e começam a chegar os fiéis e também sua filha. Esta, terminada a missa, pergunta ao pai por que apagara os círios.

Inteirada do que acontecera, após a saída dos fiéis, levaram os círios para examiná-los, pois notaram que eram de um peso extraordinário.

O pai com uma faca foi rasgando a cera e no meio viu que o pavio penetrava num tubo e ferro. Suspeitando uma armadilha sacrílega, puseram os círios num barril de água e foram depressa avisar ao vigário e ao delegado de polícia.

Descobriram, então, que os dois tubos estavam carregados com dinamite e calculados para explodir precisamente à hora da missa.

Imagine-se a gratidão dos habitantes de Ostra-Brama para com Nossa Senhora por os haver livrado, com sua intervenção direta, do horrível atentado.


____________________
Tesouro de Exemplos, Pe. Francisco Alves, Editora Vozes (quando ainda católica!).

06/08/2012

São Pedro e São Paulo: os dois pilares da Igreja.


SÃO PEDRO, APÓSTOLO

Nasceu em Betsaida, cidade da Galiléia. Seu pai chamava-se Jonas, nome que por singular coincidências significa "pomba". Em certo sentido, todos os Papas são filhos da pomba, porque na eleição dos mesmos influi o Espírito Santo. E S. Pedro havia de ser o primeiro Papa.

Tinha ele um irmão chamado André, e dois primos, Tiago e João, filhos de Zebedeu e pescadores, como eles, no lago de Tiberíades. Casara-se Pedro em Cafarnaum, porto famoso daquele lago, e vivia muito bem com os seus. Prova disso é que Jesus, sem dúvida a pedido de Pedro, curou-lhe a sogra. Não só era bom esposo, mas - coisa menos frequente - era também bom genro.

Um dia entrou Jesus na barca de Pedro e seus companheiros e mandou que remassem para o alto mar e lançassem as redes.

- Mestre, (disse Pedro), trabalhamos a noite inteira e não pegamos nem um peixinho; mas, já que assim o queres, em teu nome lançarei as redes.

A pesca foi tão abundante que Pedro se lançou aos pés de Jesus, suplicando:_ - Afasta-te de mim, Senhor; eu não sou mais que um miserável pescador.

- Tem confiança e segue-me. De hoje em diante serás pescador de homens.

E Pedro, abandonando tudo, seguiu, prontamente a Jesus. Cristo distinguiu-o muito e prometeu-lhe que o faria seu Vigário e chefe supremo da Igreja. Pedro, por sua vez, foi o primeiro a afirmar categoricamente que  Jesus era o Filho de Deus.

Durante a última ceia, Pedro mostrou-se excessivamente confiado nas próprias forças. Jesus, porém, disse a ele e aos outros que, quando o vissem preso e maltratado, todos o abandonariam. Pedro replicou impetuosamente: - Ainda que todos te abandonem, eu não te abandonarei.

Nosso Senhor repreendeu-o suavemente, porque sabia que o ardoroso Apóstolo o havia de negar três vezes. E assim foi. Mas Pedro, segundo contam os antigos, chorou tanto esse pecado, que as lágrimas abriram dois sulcos em suas faces.

Depois da Ressurreição foi por Jesus Cristo nomeado solenemente Chefe supremo da lgreja, que governou até à morte.

Em Jerusalém, o rei mandou prendê-lo para, depois da páscoa, dar-lhe a morte. Mas, ouvindo as preces dos fiéis pelo primeiro Pontífice, enviou Deus um anjo à prisão e o Apóstolo foi libertado.

Depois de ter estado em Antioquia, fixou Pedro a sua sede em Roma, de onde governava toda a Igreja.

Quando Nero decretou a primeira perseguição contra os cristãos, S. Pedro foi encerrado na prisão Mamertina, onde permaneceu vários meses em companhia de S. Paulo.

A 29 de junho do ano 67, o príncipe dos apóstolos foi crucificado sobre uma colina às margens do rio Tibre. Pediu e obteve que o pregassem na cruz de cabeça para baixo, por se julgar indigno de morrer da mesma forma que seu divino Mestre. No lugar do glorioso martírio de S. Pedro levanta-se hoje o Vaticano, onde reside o seu sucessor, o Papa. 


DIALOGO COM SÃO PAULO 

Jesus Cristo diz de si mesmo: "Eu sou a luz do mundo". Nos lábios seus e nos lábios de seus apóstolos, em poucos anos, viu o mundo a formosura dessa luz e ficou envolvido em seus raios. 

Duvidais? Interrogai S. Paulo, o gigante da verdade e do amor, o apóstolo que não descansa, a boca que não cala, as mãos que não desmaiam, o coração que nunca se apaga. Aí o tendes: interrogai-o.

- Santo Apóstolo, donde vens?
- Da Grécia.
- Percorreste a Arábia?
- Toda.
- Estiveste na Ásia?
.- Cheguei às suas praias mais remotas.
- E visitaste Atenas?
- Falei no Areópago, bem como nas ruas de Corinto, de Tessalonica e Éfeso.
- Pensas em ir a Roma?
- Até lá chegarei. Tenho ardentes desejos de avistar-me com os césares do mundo.
- Estiveste na prisão?
- Muitas vezes.
- Sofreste naufrágios?
- Três vezes me vi nos abismos do mar.
- Estiveste em perigo de morte?
- Em muitos; a cada passo.
- Sofreste fome?
- Sim.
- Frio?
- Também.
- Ódios e calúnias?
- lsso, toda a vida; prego a verdade e não me crêem; prego o amor e odeiam-me.
- Santo Apóstolo, descansa!
- Não posso.
- Modera tuas energias.
- Tudo me parece pouco.
- És incompreensível.
- Sou  a lógica, a lógica da verdade, a lógica do amor.

O Apóstolo cala-se um instante. Pensa. Levanta a cabeça e prossegue:

- Vi o meu divino Mestre. Conheci-o na estrada de Damasco. Compreendi que é a verdade, a luz. Levo-o no coração: é um fogo que me abrasa. Levo-o nos lábios: é uma luz que me guia e me arrebata. Poucos anos faz que andamos pelo mundo, eu e os demais Apóstolos, pregando a sua doutrina, anunciando a sua lei. Erguei os olhos e vede: a fé tem sido pregada em todo o universo. Jesus Cristo conquista toda a terra, porque Ele é a luz, é o sol da verdade.Viva Jesus Cristo!

____________________
Tesouro de Exemplos, Pe. Francisco Alves, Editora Vozes (quando ainda católica!).

05/06/2012

A FORÇA PARA O SACRIFÍCIO


Em 1901, começou, na França, o fechamento de todos os conventos e a expulsão dos religiosos. Foi nesse ano que se deu, em Reims, o caso seguinte, contado pelo Cardeal Langenieux, arcebispo daquela cidade. Havia em Reims, entre outros, um hospital que abrigava somente os doentes atacados de doenças contagiosas, que não encontravam alhures nenhum enfermeiro que quisesse cuidar deles.

Em tais hospitais sòmente as Irmãs de caridade costumam tratar dos doentes e era essa a razão por que ainda não haviam expulsado as religiosas daquela casa.

Um dia, porém, chegou ao hospital um grupo de conselheiros municipais (vereadores), dizendo à Superiora que precisavam visitar todas as salas e quartos do estabelecimento, porque tinham de enviar um relatório ao Governo. A Superiora conduziu atenciosamente aqueles senhores à primeira sala, em que se achavam doentes cujos rostos estavam devorados pelo cancro. Os conselheiros fizeram uma visita apressada, deixando perceber em suas fisionomias quanto lhes repugnava demorar-se ali.

Passaram logo à segunda sala; mas ai encontraram doentes atacados de doenças piores, vendo-se obrigados a puxar logo de seus lenços, pois não podiam suportar o mau cheiro.

A passos rápidos percorreram as outras salas e, ao deixarem o hospital, aqueles homens estavam pálidos e visìvelmente comovidos.

Um deles, ao despedir-se, perguntou à Irmã que os acompanhara:
- Quantos anos faz que a Sra. trabalha aqui?
- Senhor, já faz quarenta anos.
- Quarenta anos! exclamou outro cheio de pasmo. De onde hauris tanta coragem?
- Da santa comunhão que recebo diàriamente, respondeu a Superiora. E eu lhes digo, senhores, que no dia em que o Santíssimo Sacramento cessar de estar aqui, ninguém mais terá força de ficar nesta casa.

______________
Tesouro de Exemplos, Pe. Francisco Alves, Editora Vozes (quando ainda católica).

19/04/2012

SALVO PELO ROSÁRIO


Era em maio de 1808. Os habitantes de Madrid tinham-se levantado contra o intruso José Bonaparte, que usurpara o trono dos Bourbons. 

Os insurretos, cheios de ódio contra os franceses, matavam sem piedade os soldados que podiam surpreender nas ruas e nas casas.

Certa manhã encontrou-se o célebre Dr. Claubry com uma turba de insurretos que, pelo seu traje, viram que pertencia ao exército invasor.

O Dr. era grande devoto de Nossa Senhora e pertencia à Confraria do Rosário. Naquele dia mesmo recebera a comunhão numa igreja dedicada a Nossa Senhora e voltava tranquilamente
para casa.

Quando percebeu o perigo, levantou as mãos ao céu e invocou os santos nomes de Jesus e de Maria.

Já estavam prestes a matá-lo, acoimando-o de renegado e ímpio, quando uma feliz ideia lhe passou pela mente.

- Não, disse, não sou infiel nem blasfemo e se querem uma prova, vede o que tenho comigo. E mostrou-lhes o rosário que estava rezando.

Diante disso os assaltantes baixaram imediatamente as armas, dizendo:

- Este homem não pode ser mau como os outros, pois reza o rosário.

Precisamente naquele instante, como que enviado por Nossa Senhora, surgiu ali o sacristão da igreja em que o Doutor comungara e, vendo-o cercado pelos insurretos, gritou bem alto:

- Não lhe façam mal; é devoto de Nossa Senhora; eu o vi comungar esta manhã em nossa igreja.

Ouvindo isto, os agressores acalmaram-se, beijaram o crucifixo do rosário de Claubry e levaram-no a um lugar seguro.

Regressando à sua pátria, o piedoso Doutor publicou o favor recebido e continuou toda a sua vida rezando o rosário.

Tesouro de Exemplos, Pe. Francisco Alves, Editora Vozes (quando ainda católica).

17/04/2012

UMA CURA EM LOURDES


Quando Jesus andava pelo  mundo, bastava a sua palavra e, às vezes, um olhar seu para curar os doentes e ressuscitar os mortos.

A hóstia consagrada, onde se acha oculto, tem o mesmo poder, quando ele o quer.

É' muito notável um caso referido pelo célebre médico Dr. Boissarie em seu relatório dos milagres de Lourdes.

Margarida de Sabóia chegou à gruta em estado lastimável: entrevada, metida num caixão como se fora um cadáver, pálida, sem voz, sem carnes e, tendo embora 25 anos, pesava apenas 16 quilos.

Quando partiu para Lourdes, disseram-lhe os médicos que não teria mais de 15 dias de vida; e os da gruta não se atreveram a tocá-la, porque mal ainda respirava. Nem sequer pensaram em levá-la à piscina, mas contentaram-se em a colocar diante da Virgem ali mesmo.

Ao passar o Santíssimo, uma sacudida forte e irresistível tirou-a para fora de sua maca. Quando Margarida se deu conta de que estava de joelhos ao pé da caminha, levantou-se por si mesma, sem auxílio de ninguém, e gritou com toda a força:

- Estou curada!

A mãe, atônita, corre ao encontro da  filha que a abraça e diz com voz forte:

- Mãe, estou curada!

No mesmo dia - diz o Dr. Boissarie - entrou em nosso escritório, bem segura sobre seus próprios pés, embora meio morta pela debilidade. O seu contentamento era tão grande, a sua alegria tal, que nem sentia fraqueza.

Dissemos que pesava 16 quilos; poucos dias após a cura, pesava já 44. O crescimento tomou seu curso natural e a estatura aumentou de sete a oito centímetros. Isto na idade de 25 anos!

Aqui não se trata de cura, mas de ressurreição. A Virtude do Deus da Eucaristia operou este milagre.


Tesouro de Exemplos, Pe. Francisco Alves, Editora Vozes (quando ainda católica).

12/10/2011

A CRUZ DO ROSÁRIO

No dia de Nossa Senhora Aparecida, uma historinha de criança para abrir os olhos dos adultos.


Sobre S. Pedro, o chaveiro do céu, há várias lendas, sendo a seguinte bastante interessante e instrutiva.

Dizem que, um belo dia, S. Pedro fechou a porta do céu por fora e veio dar umas voltas pelo mundo, para ver como andavam as coisas por aqui. Parecia-lhe que estava chegando pouca gente ao céu e era preciso conhecer a causa dessa triste situação.

Terminado o seu inquérito, e achando mais prudente não conceder entrevista aos jornais bisbilhoteiros, dirigiu seus apressados passos lá para cima. Aconteceu, porém, que, ao chegar à porta do paraíso, meteu a mão nos bolsos e, ai! não encontrou mais a chave. Perdera-a e não sabia nem onde nem como. Que fazer em tamanha aflição?

- Descerei de novo à terra, disse, e procurarei um bom serralheiro que me faça um,a nova chave.
De fato, não custou a encontrar um muito entendido e disse-lhe:
- Olhe, eu preciso com urgência de uma chave para abrir a porta do céu. Você pode fazê-la?
- Perfeitamente, mas custará mais, porque há de ser uma chave extraordinária.
- Que homens! disse consigo S. Pedro, nem para o céu fazem uma chave de graça!... Bem! Não há dúvida; vamos lá para cima.

29/09/2011

A VIDA LENDÁRIA DE SÃO DIMAS


Contam antigas lendas que a Sagrada Família, ao fugir para o Egito, quis refugiar-se, para passar a noite numa cova que, por desgraça, era uma guarida de ladrões.

O Capitão dos bandidos sentiu-se comovido ao ver a venerável bondade de S. José, a pureza e formosura da SS. Virgem e o olhar todo celeste do Menino Jesus. Acolheu-os, deu-lhes de comer e, na manhã seguinte, ofereceu-lhes pão para a viagem e, a Maria, uma bacia d'água para banhar o Menino. O capitão tinha um filhinho, da idade de Jesus aproximadamente, que se achava coberto de lepra. Nossa Senhora, correspondendo as finezas daquele homem rude e duro, mas que algo de bom tinha no coração, aconselhou-o a lavar o filhinho na água em que banhara a Menino Jesus.

Assim o fez o bandoleiro e, no mesmo instante, seu filhinho ficou curado da lepra. O capitão lembrou muitas vezes ao filho a quem devia a saúde e a vida, dizendo: "Foi o milagre dum Menino de tua idade, que seria, quem sabe, o Messias anunciado pelos profetas".

Crescendo, seguiu aquele menino o exemplo do pai, tornando-se ladrão. Preso e condenado à morte, ao subir ao Calvário, ia pensando em Jesus, seu companheiro de suplício, que era tão santo e paciente, que, sem dúvida, havia de ser o Messias, aquele mesmo Menino que o livrara da lepra. As lendas dizem que o bom ladrão se chamava Dimas e o mau, Gestas. Ambos foram condenados a morrer junto com Jesus e no mesmo suplício.

Atrás de Jesus subiram ao Calvário, levando suas cruzes. Junto com Ele foram levantados nas respectivas cruzes. Viram como os soldados repartiram  entre si as vestes do Salvador;  mas, como a túnica era de uma só peça, tiraram a sorte a ver quem a levaria. Ouviram as palavras de Cristo: "Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem".

Jesus era objeto de todos os insultos. A multidão, curiosa e soez, passava por diante d’Ele, e, movendo a cabeça em sinal de desprezo, dizia: "Vamos! tu que destróis o templo de Deus e em três dias o reedificas, salva-te a ti mesmo. Se és o Filho de Deus, desce da cruz..."

Todos blasfemavam e insultavam a Jesus. Mas a graça operou um milagre: Um dos ladrões, Dimas, considerando as virtudes sobre-humanas de Jesus, creu ser ele o Messias prometido e amou de todo o coração a Bondade infinita. Dirigindo-se a Gestas, o outro crucificado, repreendeu-o, dizendo: “Como não temes a Deus, estando como estás no mesmo suplicio? E' justo, na verdade, que soframos por nossos crimes, mas Jesus, que mal fez Ele?”

E cheio de esperança e com grande arrependimento disse a Jesus: "Senhor, quando chegares ao Teu reino, lembra-Te de mim". Jesus, olhando Dimas com infinita misericórdia, respondeu: "Em verdade te digo que hoje mesmo estarás comigo no paraíso".

Naquela mesma noite, a alma de Jesus visitou o limbo dos justos e concedeu ao bom Ladrão a vista de Deus, a felicidade eterna.


30/12/2010

UM MONGE E A SUA CURIOSIDADE

Do livro Tesouro de Exemplos

Nota do blog: Com esta historinha linda, o blog deseja aos seus leitores um ano totalmente nas mãos de Deus. Que Ele seja providencial para vocês com têm sido para mim. Que Ele nos ensine Seus caminhos, com o fez para este mendigo feliz, que já participava da realeza de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Vivia um monge no silêncio de seu mosteiro. Era sábio e santo. Permitiu Deus que uma curiosidade perturbasse a paz de sua alma: "Qual será atualmente no mundo - perguntava-se - das almas a mais santa?" "E a mais sábia e mais feliz, qual será?"

Estava no coro, às primeiras horas da manhã, orava e dirigia a Deus a mesma pergunta: "Senhor, das almas que vivem agora neste mundo, qual será a mais santa, mais sábia e mais feliz?" Ouviu uma voz que lhe dizia: "Vai ao pórtico da igreja e ali te dirão qual é".

O monge pôs o capuz na cabeça, meteu as mãos nas largas mangas do hábito e atravessou os claustros silenciosos. Chegou ao pórtico. Um pobre ali estava. Passara a noite estendido num banco de pedra e naquele momento espreguiçava-se, benzia-se.

- Bom dia, irmão disse-lhe o monge.

- Bom dia, respondeu o mendigo com rosto alegre e em tom de entusiasmo.

- Irmão, replicou o monge, pelo que vejo estás contente.

- Sempre estou contente.

- Sempre? Então és um homem feliz?

- Muito feliz respondeu o humilde mendigo.

- Feliz?... não creio. Dize-me: Quando tens fome e pedes esmola e não recebes... és feliz?

- Sim, padre, sou feliz, porque penso que Deus, meu Pai, quer que eu passe um pouco de fome. Ele também passou. Mas Deus é muito bom para mim; nunca me falta um pedaço de pão.

- Dize-me - prosseguiu o monge - quando está nevando no inverno e tu, tremendo de frio, vais de porta em porta, como um passarinho que salta de um galho para outro, és feliz?

- Sim, padre, muito feliz, porque penso: é Deus, meu Pai, que quer que passe um pouco de frio, pois também ele passou frio. Aliás, nunca me falta um palheiro, onde passar a noite.

Estava o monge admirado... contemplando-o de alto a baixo, disse:

- Tu me enganas... não és pobre.

Sorriu o mendigo e respondeu: Não, Padre, eu não sou um pobre.

- Logo vi. . . Então, quem és?

- Padre, disse o outro, sou um rei que viajo incógnito por este mundo.

- Um rei?... Um rei?... E qual é o teu reino?

- Meu reino é o meu coração, onde mando sobre minhas paixões! Tenho, porém, um reino muito maior. Vê o senhor esse céu imenso, tem visto o sol, as estrelas, o firmamento? Tudo isso é de Deus, meu Pai. Todos os dias ponho-me de joelhos muitas vezes e digo: "Pai nosso que estais nos céus, como sois grande, como sois sábio, como sois poderoso! Não vos esqueçais deste pobre filho que anda por este mundo. Creia-me: Quando chegar a morte, despirei estes andrajos e voarei para o céu, onde verei a Deus, meu Pai, e com Ele reinarei pelos séculos dos séculos".

O monge não perguntou mais. Baixou a cabeça e voltou ao coro; estava convencido de ter encontrado o homem mais santo, mais sábio e mais feliz neste mundo.

 

18/12/2010

TESOURO DE EXEMPLOS: DEUS RECOMPENSA OS SACRIFÍCIOS (Principalmente no Natal do Senhor)

Do livro Tesouro de Exemplos

Nota do blog: Depois do CVII, a Igreja já não prega (ou dificilmente prega) que o período de Natal é um período de penitências. Já não explica aos fiéis o significado da cor roxa dos paramentos do padre (se é que o padre usa tais paramentos). Esta historinha resgata esta verdade e nos dá esperança para que façamos nossos pedidos para Nosso Senhor; especialmente aquele pedido especial, para que Ele nasça em nossos corações no dia de Natal. Com este texto, este blog deseja a todos os seus leitores um feliz e santo Natal. Que o ano litúrgico que começou com este Advento seja um ano de conversão de todos ao catolicismo, de conversão de todos à única Igreja que salva.

Os sacrifícios escolhidos voluntàriamente fazem que Deus seja generoso e bom para conosco. Os pequenos presentes que lhe oferecemos espontaneamente exercem grande, irresistível poder sobre ele. Forçado então pela bondade do seu coração, Deus, que não se deixa vencer em generosidade, não se cansa de cumular de bênçãos aqueles que se mostram generosos para com ele.

A propósito o seguinte exemplo:

Num colégio de Friburgo, na Suíça, achava-se, poucos anos faz, uma menina que fazia extraordinários progressos nos estudos, e sentia-se feliz.

Certo dia, recebeu a superiora do Colégio uma carta do pai da criança, comunicando-lhe que, por dificuldades financeiras, não lhe era possível manter a filha no Colégio por mais tempo

Que fez a superiora? Mandou chamar a menina e disse-lhe:

-- Minha filha, uma notícia bem desagradável. Teu pai acaba de escrever-me que se acha em grandes dificuldades e que talvez seja obrigado a retirar-te do Colégio.

A menina, muito aflita, pôs-se a chorar e dizer:

-- Madre, que será de mim? Ajudai-me, Madre, ajudai-me! Dizei-me o que devo fazer.

-- Minha filha (disse a superiora muito comovida), tu podes modificar tudo isso. Sabes que dentro de algumas semanas teremos o santo Natal; sabes, igualmente, que até lá temos todos os dias a devoção ao Menino Jesus, não é?

-- Sim, Madre. . .

-- Pois bem; faze um fervoroso pedido diariamente ao Menino Jesus, para que ele te conserve aqui e oferece-lhe alguns pequenos sacrifícios. Verás que Jesus não rejeitará os teus pedidos.

- Sim, Madre, farei tudo para que Jesus me ouça, e peço também as vossas orações.

A menina, que tinha grande desejo de continuar seus estudos na companhia das Irmãs, cheia de confiança, sentou-se e escreveu ao Menino Jesus uma cartinha. Prometia não só orações fervorosas, mas fazia também o propósito de, por amor de Jesus, abster-se, todos os dias até o Natal, de queijo e frutas, de que gostava muito. E tudo isso para que Deus socorresse seu querido pai e ela pudesse continuar no Colégio.

No dia do Natal achou a superiora debaixo da imagem do Menino Jesus a cartinha da menina. Leu-a e ficou profundamente comovida.

Dois dias depois chegava uma carta do pai, que, entre outras coisas, dizia:

-- Madre, não sei como agradecer a Deus. De modo prodigioso e inesperado veio o auxílio do céu. Minha filha pode continuar aí.

Podemos imaginar a alegria de ambas, a aluna e a Superiora, vendo que a sua confiança em Deus não falhou.

26/07/2010

As graças de Nossa Senhora

Do livro Tesouro de Exemplos, vol. I
SALVO POR NOSSA SENHORA
Um jovem seminarista francês, por instigação de um parente, abandonou a vocação. Seus pais e mestres fizeram tudo para abrir-lhe os olhos e segurá-lo. Obstinou-se e partiu para a capital, onde conseguiu ótima colocação e ganhava bom dinheiro. Desgraçadamente seus maus amigos o arrastaram aos vícios e de suas práticas religiosas só conservou o "Lembrai-Vos", que todas as noites rezava em louvor de Maria Santíssima.
Ao cabo de alguns anos perdeu a colocação e caiu na mais profunda miséria; e, como já não contava com o auxílio da religião, entregou-se ao desespero e resolveu acabar com a vida. Ia lá lançar-se ao rio para afogar-se, quando, por inspiração singular, quis antes rezar o seu "Lembrai-vos" a Nossa Senhora. Ajoelhou-se e rezou.
Ao levantar-se, um terror estranho se apoderou dele: parecia-lhe ver um abismo aberto e fogo abrasador diante de seus olhos; em sua mente agitada pelo remorso começavam a despertar as recordações da infância. Percebeu que um passo apenas o separava do inferno. Fugiu atemorizado pelas ruas de Paris, sem saber aonde ia... Ao acaso? Não. Nossa Senhora guiou-lhe os passos até uma igreja, em que entrou arrastado por uma força invisível.
Uma grande multidão de fiéis rezava em silêncio diante da imagem de Maria adornada de luzes e flores.
O infeliz sentiu pouco a pouco renascer sua confiança. Viu um padre que entrava no confessionário e foi ajoelhar-se aos pés dele. Era o Venerável P. Desgenettes, pároco de Nossa Senhora das Vitórias. Entretanto, o rapaz não tinha intenção de confessar-se; queria somente desabafar seu coração e contar a história da sua vida e de seus desvarios.
O padre recebeu-o com a bondade e doçura de uma mãe e quando ele terminou sua relação, disse:
- Meu filho, quero completar a sua história. Faz poucos meses um bispo esteve pregando nesta igreja e recomendou às orações dos fiéis um jovem, a quem queria muito, e que andava perdido em alguma parte desta capital. O pecador, entre lágrimas e soluços, ocultou o rosto entre as mãos.
O pároco ouviu-lhe a confissão preparou-o para uma fervorosa comunhão, restituindo-lhe a paz da alma. O jovem reparou os escândalos que dera, indo pedir perdão a seus pais, mestres e ao bondoso prelado e, por fim, entrou numa Ordem religiosa para lazer austeras penitências.
NOSSA SENHORA E O FAMOSO CAÇADOR
Certa manhã, pouco antes do almoço, descia do trem em Lourdes um senhoraço, completamente indiferente, que mal se resolvera a acompanhar a esposa e a filha ao balneário. Não pensava em demorar-se ali mais que o tempo que medeia entre dois trens: era tudo o que conseguiram alcançar dele a esposa e a filha. Apenas lá chegadas, correram as duas à gruta para rezar pelo chefe da família, que tanta pena lhes causava por sua irreligião.
Ele, porém, mais preocupado com o estômago do que com a alma, foi à procura do melhor hotel e, chamando o garçom disse:
- Enquanto espero minha senhora e minha filha prepare para nós três um bom almoço.
- Deseja o Sr. comida como de sexta-feira?
- Como? De sexta-feira?
- É que hoje é dia de abstinência e quase toda gente o guarda, pelo menos aqui.
- Que me importa o dia? diz o livre-pensador. Ora essa!
O almoço tem que ser substancioso e, demais sou caçador, quero carne, ouviu?
O garçom inclinou-se respeitoso e deu de preparar bife, frango, etc.
Acendendo um bom charuto, o nosso para si:
- Não hão de dizer que não vi a famosa gruta ... irei ver aquilo.
Chegou lá muito antes que as duas senhoras tivessem terminado suas visitas à gruta, à basílica e à cripta, em toda a parte rezando e suplicando por seu querido rebelde. Quando chegaram de novo à gruta, que surpresa! lá estava o homem ajoelhado, chorando e rezando com todo o fervor. Era ele? Quase não podiam crer. Sim, era ele mesmo. Não se atreviam a falar-lhe, mas ele logo que as viu exclamou:
- Sim, sou eu, rezo e choro. Quereis saber como se deu isto? Não sei explicar. Somente sei que vim sem pensar em nada, mas, achando-me diante desta imagem, uma emoção indescritível se apoderou de mim. Caí de joelhos e, ao ver um padre, perguntei-lhe se podia me confessar. Atrás do pequeno altar da gruta fiz minha confissão. Oh! como sou feliz! Ficaremos aqui hoje e amanhã comungaremos.
Não foi o único a derramar lágrimas; os três choravam e davam graças a Nossa Senhora. Ao chegar ao hotel, e vendo o salão repleto de gente, exclamou:
- Srs., eu sou o famoso caçador N. N. Quando cheguei aqui ainda era um ímpio; agora tendes aqui um homem que acaba de confessar-se e vai comungar amanhã.
- Garçom, ponha para nós almoço de sexta-feira... Que surpresa para todos os assistentes!
Desde aquela sexta-feira o Sr. N. N. foi um cristão fervoroso.

07/06/2010

São José, rogai por nós

Do livro Tesouro de Exemplos
O viajante e São José
Foi a 18 de março de 1888. Viajava um sacerdote no trem de Mogúncia a Colônia, quando, ao passar por Bonn, notou que seu vizinho se persignou, juntou as mãos e se pôs a rezar.
- Amanhã é a festa de S. José!... talvez que seja o seu patrono, disse o padre.
- Não, sr., mas minha esposa chama-se Josefina.. . e gostaria de estar amanhã em sua companhia. Tenho, porém, outro motivo de dar graças; e, se interessar ao senhor, contar-lhe-ei
a minha história, pois um sacerdote a entenderá.
- Certamente.
- Quando menino, recebi de minha boa mãe uma educação piedosa.Infelizmente, bem cedo morreu minha mãe; meu pai não se ocupou de minha educação religiosa e logo abandonei todas as práticas de piedade. Encontrei, mais tarde, uma jovem excelente e, desejando fazê-la minha esposa, fingi sentimentos religiosos que não possuía. Uma vez casados, quase morreu de pesar, quando lhe abri meu coração e me pus a zombar de suas devoções. Há cinco anos, na Sua festa onomástica fiz-lhe um rico presente, mas ela, quase receosa, me disse:
- Há outro presente que me faria mais feliz.
- Qual?
- A tua alma, querido, respondeu entre soluços.
- Pede-me o que quiseres: eu o farei.
-- Vem comigo amanhã, dia de S. José, à Igreja de N. N. Haverá sermão e benção.
- Se for só isso, podes enxugar tuas lágrimas, que te acompanharei.
A igreja estava repleta; o pregador, muito moço, deixou-me frio e indiferente, contudo disse uma coisa que me impressionou: "Jamais invocou alguém a proteção de S. José sem que sentisse o seu auxílio. Tende firme confiança de que correrá em socorro de todo aquele que o invocar na hora do perigo, ainda que seja pecador ou mesmo incrédulo".
Ao sairmos da igreja, disse-me minha esposa: - Meu amigo, muitas vezes estarás em perigo em tuas viagens; prometes-me que, chegando o caso, dirás esta breve oração: "S. José, rogai a vosso divino Filho por mim"?
- Assim o farei; não é nada difícil.
Pouco depois, viajava por este mesmo lugar em que nos encontramos; éramos sete no compartimento. De repente, um apito de alarma e já um formidável choque nos atirava pelos ares. Não tive tempo de dizer mais que: "S. José, socorro!" Tudo foi coisa de um instante. Ao voltar a mim, vi meus companheiros horrivelmente despedaçados e mortos. Eu sofrera apenas leves contusões. Desde aquele dia retomei as práticas religiosas e repito, sempre com grande confiança: "S. José, socorrei-me!"

São José e o primeiro asilado
Em 1863 chegava a Barcelona um grupo de lrmãzinhas dos Pobres para fazer a sua primeira fundação na Espanha. Foram muito bem recebidas pelos catalães, que precisavam não pouco de um asilo para tantos infelizes velhos abandonados que costuma haver nas grandes capitais. O Asilo foi, como de costume, colocado sob a proteção de S. José, a quem chamam as Irmãs de Procurador da Casa. No começo, por falta de local, admitiam somente mulheres velhas. Mas, eis que S. José, um belo dia, lhes traz o primeiro velho. Era um homem de 80 anos que se apresentou dizendo à Irmã:
- Venho aqui para internar-me.
- É impossível, replicou a Superiora; ainda não podemos receber nenhum homem.
- Seja, mas não há remédio, ficarei assim mesmo.
- Como se chama o Sr.?
- Chamo-me José.
Este nome chamou a atenção das Irmãs; além disso era dia consagrado a S. José. Não há remédio, recebê-lo-emos em nome de São José.
O velho não possuía mais que farrapos e estava coberto de insetos. Roupa de homem não havia. A Superiora, chamando duas Irmãs, disse-lhes:
- Saiam as Senhoras à procura de roupa, enquanto vamos lavá-lo e penteá-lo.
Durante este breve colóquio ouviu-se a campanhia da portaria: era uma senhora desconhecida que, entregando um embrulho, se retirou sem dizer nada. Abriram e viram, com grande surpresa, que era um traje completo para homem.
O pobre velho chegou ao cúmulo da alegria; não menos, porém as Irmãs que compreenderam que S. José as convidava a ampliar seus planos de caridade.
O Asilo cresceu tranqüila e constantemente e dentro de poucos anos abrigava mais de duzentos velhos sem que lhes faltasse o pão de cada dia, nem as carinhosas atenções das boas Irmãs.

05/04/2010

O Tesouro de duas santas: Paula e Margarida de Cortona

O que nos ensinam os santos, com palavras e obras, é que não basta traçar na areia uma tênue linha que separe o bem do mal; e que é preciso, resolutamente, entre os céus e os infernos, erguer muralhas de ódio, e cavar abismos de amor. É grande o mistério da santidade. Gustavo Corção
SANTA PAULA
Natural de Roma, nasceu em meados do século IV. Era da mais alta nobreza, pois em suas veias corria sangue dos Cipiões e dos mais antigos reis.
Após as perseguições que foram terríveis, os cristãos relaxaram-se um pouco. Paula, embora cristã e honesta, vivia com excessivo luxo e moleza.
A Providência divina enviou-lhe amargos sofrimentos para desenganá-la do mundo. Faleceu-lhe o esposo, a quem amava entranhadamente e ela mesma contraiu uma grave e prolongada enfermidade.
Quando recobrou a saúde, despojou-se de suas galas e consagrou-se por completo à oração, às obras de caridade e à educação dos filhos.
Por motivo da celebração de um concílio, convocado pelo Papa S. Dâmaso, veio a Roma S. Jerônimo, grande amigo do Pontífice e incomparável conhecedor da Sagrada Escritura. Paula tomou-o por diretor espiritual e, seguindo seus conselhos, estudou os Livros Sagrados, especialmente os Evangelhos, e concebeu o desejo de visitar e venerar a gruta de Belém.
Apos a morte de S. Dâmaso, seu amigo S. Jerônimo abandonou Roma, para dedicar-se de novo a seus estudos bíblicos. Queria ultimar sua gigantesca tarefa de traduzir toda a Bíblia para o latim.
S. Paula não tardou a segui-lo. Confiou a uma filha casada a educação da menorzinha, e ela com Eustóquio, outra de suas filhas, embarcou rumo à Terra Santa.
Com S. Jeiônimo e Eustóquio, percorreu a Palestina. Ao chegar a Belém exclamou chorando: “Eu te saúdo, ó Belém, cujo nome quer dizer Casa do Pão celeste; eu te saúdo, antiga Efratá, cujo nome significa a Fértil, que tiveste por fruto e colheita ao próprio Criador! E' possível que eu, pecadora, beije o berço onde repousou o Menino Deus, ore na gruta, onde deu Jesus seus primeiros vagidos, onde a Virgem deu à luz o Salvador?”
Junto à gruta de Belém levantou um mosteiro para a comunidade de religiosas por ela fundada e dirigida; e nos arredores, outro para S. Jerônimo e seus monges. Construiu, além disso, um ótimo albergue para os peregrinos, e costumava dizer: “Se Maria e José tivessem de retornar a Belém, para o recenseamento, já não lhes faltaria lugar na estalagem”.
Passou S. Paula o resto da sua vida meditando a sagrada Escritura, orando e mortificando-se com severas penitências, animada pelo suave pensamento de que ali mesmo dera o Redentor admirável lição de todas as virtudes.
Morreu aos 56 anos e foi sepultada numa gruta ao lado daquela do Nascimento.
Sobre a porta dessa gruta mandou S. Jerônimo gravar em versos estas palavras: “Vês este humilde sepulcro nesta rocha cavado? Dentro está de Paula o corpo, e dos bens celestes gozando está a alma. Deixou pais e pátria e irmão e filhos e aqui repousa, junto à gruta de Belém, onde reis e Magos a Cristo adoraram como a Deus e homem”.
SANTA MARGARIDA DE CORTONA
Nasceu esta Santa no povoado de Laviano, na ltâlia, em 1247. Seus pais eram lavradores e viviam pobremente.
Aos sete anos teve Margarida a desgraça de perder a mãe. O pai casou-se de novo, e a madrasta odiava a pobre orfãzinha. Um rico e poderoso senhor dos arredores seduziu-a e levou-a para o seu castelo, rodeado de bosques, com muito luxo e criadagem. Nove anos durou a triste vida de Margarida naquele castelo. A miúdo sentia remorsos e como que um desejo de fazer penitência, mas não sabia como livrar-se daquela mísera situação.
Certo dia, o lebrel favorito de seu senhor aproximou-se dela, ladrando choroso, e com os dentes puxava-lhe o vestido como se quisesse convidá-la a segui-lo.
Penetraram pelo bosque adentro. Debaixo dum carvalho, junto a um monte de ramos, parou o cão e redobrou seus latidos. Afastou Margarida os ramos e encontrou, banhado em sangue, o cadáver de seu senhor. Haviam-no apunhalado. Surpreendera-o a justiça de Deus.
Aquele horrível espetáculo iluminou a alma de Margarida. Converteu-se. Resolveu começar vida nova e dirigir-se, em primeiro lugar, ao casebre de seu pai, para desagravá-lo e implorar-lhe perdão.
Não o alcançou, porque sua madrasta se opôs. Deus, porém, foi mais generoso. A pecadora, compreendendo que precisava confessar-se, para recuperar a graça divina, dirigiu-se ao convento franciscano da vizinha cidade de Cortona e, ali, aos pés do ministro de Cristo, reconciliou-se com Deus, a quem tanto ofendera.
Todas as penitências lhe pareciam leves. Cortou sua longa e negra cabeleira. Disciplinava-se sem misericórdia. Jejuava a pão e água.
Num domingo, entrou na igreja de sua vila natal, vestida de farrapos e levando, como os condenados, uma grossa corda ao pescoço, e pediu püblicamente que lhe perdoassem os escândalos que dera.
Temia não estar bem perdoada. Cria que sim, mas parecia-lhe impossível, tendo pecado tão gravemente. Até que um dia, em que estava chorando diante do Crucifixo, a imagem do Cristo abriu os lábios para dizer-lhe: “Teus pecados te foram perdoados”.
Margarida foi devotíssima da Paixão do Salvador. Numa Sexta-feira Santa, quis Jesus Cristo que ela presenciasse tudo o que acontecera durante a Paixão. Passaram diante de seus olhos: o beijo de Judas, a negação de Pedro, a cobardia de Pilatos, o ódio dos judeus, os insultos na rua da Amargura e ouviu as palavras de Cristo na Cruz; e às três da tarde, hora em que expirou nosso Salvador, inclinou também ela a cabeça e pareceu que expirava. As pessoas presentes não cessavam de soluçar.
O demônio tentou-a de mil modos; mas, rezando, como costumava, diante do Crucifixo, Jesus a consolou com as seguintes palavras: “Minha filha, tem coragem e obedece ao teu confessor; desconfia de ti mesma, mas confia na minha graça”.
Faleceu a 22 de fevereiro de 1297, contando cinqüenta anos de idade. Durante os vinte últimos dias de sua vida, não provou nenhum alimento ou, melhor, o seu alimento era a sagrada comunhão.
DO LIVRO TESOURO DE EXEMPLOS

22/02/2010

Mais duas historinhas do livro Tesouro de Exemplos

VISITANDO O SANTÍSSIMO

Um sacerdote, que estava a rezar o ofício divino a um canto da igreja sem que o pudessem ver, foi testemunha de uma graciosa visita ao Santíssimo.

Aproximaram-se da grade do altar dois meninos: Lino, de seis anos, e seu irmãozinho, de três. O maiorzinho tomou pela cintura o pequeno, ergueu-o e conservou-o de pezinho sobre a grade. Com a mão livre tomou a mãozinha de seu irmão para persigná-lo e, em seguida, rezou com ele esta breve e bela oração:

"Meu Jesus, eu te amo de todo o meu coração" . E repetiu estas últimas palavras, pondo a mão sobre o peito para indicar o coração.

Terminada a oração, Lino explicou ao irmãozinho:

- Olha, o bom Jesus, está dentro daquela casinha. As imagens que vês em cima são retratos de Jesus e de sua santa Mãe.

O pequenito olhava atentamente com seus olhos grandes e negros para a estátua de Nossa Senhora do Sagrado Coração, e de repente perguntou:

- Lino, Jesusinho quer bem a mim também?

Sim, responde Lino; olha como nos mostra seu coração com a mão esquerda e com a direita nos indica sua Mãe.

- Por que, hein?

O maiorzinho, um pouco perplexo, não soube o que responder.

- Por quê? insiste o pequeno.

Então Lino, lentamente, indeciso, atreve-se a balbuciar: Talvez Jesusinho queira que peçamos a sua mamãe licença para ficarmos com Ele.

_________________________________________________________________________________________

QUE É QUE PEDES A JESUS?

Joei era uma menina que as Irmãs de Caridade encontraram abandonada pelos pais às margens do Rio Amarelo da Grande China.

Estava a criancinha a morrer de fome e frio, quando as Irmãs a levaram para o hospital. Logo que a vestiram e alimentaram, dando-lhe leite quente, começou a pequena a recobrar a vida e a saúde. Foi batizada e logo brilhou a inteligência em seus olhinhos vivos e começou a conhecer a Deus e a aprender as coisas do céu. Andava já pelos oito anos e gostava de assistir à doutrina com as crianças que se preparavam para a primeira comunhão. Mas a sua memória não acompanhava o seu coração e quando o missionário foi examiná-la, teve que dar-lhe a triste notícia de que não seria admitida à primeira comunhão enquanto não soubesse melhor a doutrina.

Julgava o Padre que essa determinação a deixaria indiferente. Mas não foi assim. Daquele dia em diante notou-se uma mudança extraordinária no comportamento da menina.

Em lugar de brincar, como antes, com as crianças de sua idade, Joei começou a passar seus recreios na capela aos pés de Jesus.

Um dia, estando Joei diante do santíssimo, o Padre acercou-se dela devagarinho e ouviu que repetia com freqüência o nome de Jesus.

- Que é que fazes aí?

- Estou visitando o Santíssimo Sacramento.

- Visitando o Santíssimo? Tu nem sabes quem é o Santíssimo ...

- É meu Jesus, respondeu Joei.

- Bem; e que pedes a Jesus?

Então, com as mãos postas e sem levantar a cabeça, com lágrimas nos olhos, respondeu com indizível doçura:

- Peço a Jesus que me dê Jesus.

E a pequena Joei teve licença de fazer sua primeira comunhão.

 

Do livro Tesouro de Exemplos.