O SINAL DA CRUZ E AS CRUZES
Quando S. Gregório Magno era secretário na corte de Constantinopla,
reinava no trono do Oriente o jovem imperador Tibério II. Este, passando um dia
por um corredor estreito e escuro de seu palácio, viu no mármore do piso
gravada uma cruz e exclamou: "Meu Deus! fazemos o sinal da cruz na testa,
na boca e no peito e depois a pisamos". Imediatamente mandou arrancar
aquela do piso; debaixo, porém, havia outra gravada com o mesmo sinal. Depois a
terceira, a quarta e mais outras sempre com o sinal da cruz. Quando estavam
retirando a sétima pedra, ouviu-se um murmúrio de admiração. Havia debaixo
daquela pedra anéis de ouro, prata, rubis, pérolas, esmeraldas, colares, um
tesouro de grandíssimo valor.
O imperador contemplava aquelas joias a tremer de alegria e
sem dizer uma palavra. O imperador do Oriente pode ser um símbolo de todo homem
que passa pelo corredor escuro e estreito desta vida. Apresentam-se-nos muitos
anos dolorosos, gravados com a cruz do sofrimento. Passam-se os anos, termina a
nossa carreira e, na outra vida, encontramos as cruzes transformadas em intenso
tesouro.
CORAÇÃO APEGADO À TERRA
S. Ambrósio fora convidado a visitar a casa de um rico banqueiro
de Milão. Recebido com grande honra, o dono ostentava todo o luxo de seu
palácio, mostrando ao bispo as colunas vindas de Constantinopla, os vasos de
ouro, os ricos aposentos e a criadagem. S. Ambrósio calava-se; o banqueiro
começou, então, a contar-lhe os êxitos extraordinários de suas especulações comerciais;
os contratos de compra e venda; o elenco de seus bens na cidade e na campanha. Dizia-se
feliz em tudo e tudo atribuía à sua habilidade e boa sorte. O semblante do
bispo denotava tristeza; sem aceitar coisa alguma, levantou-se e retirou-se apressadamente
daquela casa.
No dia seguinte, chegou-lhe a notícia de que o palácio do banqueiro
ruíra, sepultando debaixo de seus escombros as colunas vindas de Constantinopla,
os vasos de ouro e com eles o seu proprietário.
O que sucedeu com aquele proprietário, mais ou menos se dá
com todas as pessoas que se deixam seduzir pelas riquezas e prazeres, e se
esquecem que tais bens, embora vindos da bondade de Deus, duram pouco. E que
aproveita tudo o mais, se a alma vier a perder-se?
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Tesouro de Exemplos, Pe. Francisco Alves, Editora Vozes
(quando ainda católica!).
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