17/06/2008

Lições das Missas dominicais pós-Vaticano II – Parte VI

Dóminus illuminátio mea et salus mea, quem timébo?”

Pe. Benedito Ferraro, cujos comentários têm sido aqui considerados, nos deu uma folga. Desde o folheto de Corpus Christi, seus comentários não aparecem n’O Domigo – Semanário Litúrgico-Catequético.

Minhas observações se referem ao que considero ser a parte catequética do folheto, ou seja, aos comentários que aparecem na última página. Para quem não conhece o folheto, há duas espécies de comentários. Um, que é uma espécie de homilia, que procura integrar as leituras da missa numa visão de conjunto. Outro, que tenta incutir em nossas mentes todas as iniqüidades do submarxismo eclesiástico, filho do Concílio Vaticano II. Este é o texto que resume a “lição das missas dominicais”, que aqui comentamos.

Desde o folheto de Corpus Christi, até o domingo passado, a senhora Cecília Domezi nos tem brindado com seus comentários sobre “A mulher na Igreja”. O assunto é importante e eu fiquei na expectativa de, finalmente, ler algo interessante nas páginas finais do folheto dominical. Afinal, foi a Igreja Católica a primeira instituição que valorizou e respeitou a mulher enquanto ser humano. A mulher conheceu a verdadeira liberdade na Idade Média, não nos anos 1960. É só ler Régine Pernoud (por exemplo, A mulher sem alma) para saber disso.

Há tantas santas para serem lembradas: Joana D’arc, Teresa d’Ávila, Teresinha de Lisieux etc. Mas note que nunca a Igreja afirmou a igualdade entre homem e mulher. Aliás, a Igreja nunca defendeu a igualdade entre os homens. Somos todos diferentes. Somente o olhar misericordioso do Pai pode nos acolher a todos igualmente.

Assim, a afirmação da senhora Domezi de que “pelo batismo, somos membros da Igreja na igualdade e por inteiro” é falsa. Pelo batismo pertencemos à Igreja, mas não somos iguais. Um padre é um membro diferente da Igreja. Cada um de nós é diferente dos outros, sejamos homens ou mulheres. A Igreja não aceita a ordenação de mulheres e isso é uma diferenciação bastante fundamental. Aliás, a senhora Domezi cita um trecho do tal Documento de Aparecida em que se tem a impressão que os bispos da CNBB estão a defender, com palavras equívocas, a ordenação de mulheres, quando diz: “É urgente que todas as mulheres possam participar plenamente da vida eclesial, familiar, cultural, social e econômica, criando espaços e estruturas que favoreçam maior inclusão” [negrito meu]. Está-se aqui clamando por maior inclusão das mulheres na estrutura da Igreja, coisa assaz esquisita!

A senhora Domezi, como não poderia deixar de ser, nos lembra quem, no fundo, é culpado por todas as mazelas do mundo: “Em nosso continente, o capitalismo de dependência alarga e aprofunda as chagas das discriminações e exclusões.” Seja lá o que for o tal “capitalismo de dependência” é ele o culpado.

É oportuno lembrar à senhora Domezi a posição da Igreja sobre o tema igualdade e comunismo. Vamos citar as manifestações de um único papa (Leão XIII) sobre o assunto (tirados de um documento do site Montfort, A Igreja contra a igualdade, o socialismo e o comunismo):

"Porque enquanto os socialistas, apresentando o direito de propriedade como invenção humana contrária a igualdade natural entre os homens; enquanto, proclamando a comunidade de bens, declaram que não pode tratar-se com paciência a pobreza e que impunemente se pode violar a propriedade e os direitos dos ricos, a Igreja reconhece muito mais sabia e utilmente que a desigualdade existe entre os homens, naturalmente dessemelhantes pelas forças do corpo e do espírito, e que essa desigualdade existe até na posse dos bens. 29. Ordena, ademais, que o direito de propriedade e de domínio, procedente da própria natureza, se mantenha intacto e inviolado nas mãos de quem o possui, porque sabe que o roubo e a rapina foram condenados pela lei natural de Deus" (Quod Apostolici Muneris, - Encíclica contra as seitas socialistas, no. 28/29).

"Entretanto, embora os socialistas, abusando do próprio Evangelho para enganar mais facilmente os incautos, costumem torcer seu ditame, contudo, há tão grande diferença entre seus perversos dogmas e a puríssima doutrina de Cristo, que não poderia ser maior" (Quod Apostolici Muneris, 14).

"25. Daquela heresia (protestantismo) nasceu no século passado o filosofismo, o chamado direito novo, a soberania popular, e recentemente uma licença, incipiente e ignara, que muitos qualificam apenas de liberdade; tudo isso trouxe essas pragas que não longe exercem seus estragos, que se chamam comunismo, socialismo e nihilismo, tremendos monstros da sociedade civil" (Diuturnum, Encíclica sobre a origem do poder- n° 25).

"A Igreja, pregando aos homens que eles são todos filhos do mesmo Pai celeste, reconhece como uma condição providencial da sociedade humana a distinção das classes; por esta razão Ela ensina que apenas o respeito recíproco dos direitos e deveres, e a caridade mútua darão o segredo do justo equilíbrio, do bem estar honesto, da verdadeira paz e prosperidade dos povos. (...) Mais uma vez Nós o declaramos: o remédio para esses males [da sociedade] não será jamais a igualdade subversiva das ordens sociais ( Alocução de 24/01/1903 ao Patriarcado e à Nobreza Romana).

" Importa, por conseqüência que nada lhe seja à democracia cristã mais sagrado do que a justiça que prescreve a manutenção integral do direito de propriedade e de posse; que defenda a distinção de classes que sem contradição são próprias de um Estado bem constituído". ( Leão XIII, Graves de Communi Re n° 4).

"A sociedade humana, tal qual Deus a estabeleceu, é formada de elementos desiguais, como desiguais são os membros do corpo humano; torná-los todos iguais é impossível: resultaria disso a própria destruição da sociedade humana."

"A igualdade dos diversos membros sociais consiste somente no fato de todos os homens terem a sua origem em Deus Criador; foram resgatados por Jesus Cristo e devem, segundo a regra exata dos seus méritos, serem julgados por Deus e por Ele recompensados ou punidos."

"Disso resulta que, segundo a ordem estabelecida por Deus, deve haver na sociedade príncipes e vassalos, patrões e proletários, ricos e pobres, sábios e ignorantes, nobres e plebeus, os quais todos, unidos por um laço comum de amor, se ajudam mutuamente para alcançarem o seu fim último no Céu e o seu bem-estar moral e material na terra." (extraída da Encíclica Quod Apostolici Muneris)

Assim, senhora Domezi, somos todos desiguais. As mulheres são desiguais entre si e diferentes dos homens. Há entre nós reis e vassalos, pobres e ricos, sábios e ignorantes. Só o olhar do Pai e nossa filiação divina (pelos méritos de nosso Senhor Jesus Cristo) nos tornam iguais, mas essa é uma igualdade transcendente, não imanente.

Para ver outros comentários, clique: Parte I, Parte II, Parte III, Parte IV, Parte V


__________________
Compre agora o livro, com este e todos os outros comentários, além de alguns apêndices complementares, clicando aqui. Se você quiser ler mais sobre este livro, clique aqui.
__________________

Nenhum comentário: