A CNBB instituiu o ano de 2009 como o ano catequético. Em mensagem em seu site, a CNBB nos diz que: “O objetivo do ano catequético se expressa da seguinte forma: Dar novo impulso à catequese como serviço eclesial e como caminho para o discipulado. A busca de novo impulso à catequese, levando à consciência de que a catequese é uma dimensão de toda ação evangelizadora. Uma ação eclesial só é evangelizadora se também catequiza. Catequese não é portanto uma ação restrita aos ministros da catequese, mas é de todo cristão. Com isso há necessidade de recuperar a concepção de catequese como processo permanente de educação da fé e não somente preparação aos sacramentos ou destinada somente às crianças.”
Essa linguagem empolada, confusa, nunca foi típica de documentos da Igreja, que são claros e inequívocos. Tal linguagem foi inaugurada com o CVII. Seus documentos são um primor de confusão e dubiedade. Catequizar sempre foi uma ação para converter os pagãos, os hereges e os praticantes de outras religiões. A Igreja Católica faz isso porque fora dela não há salvação. Assim, catequizar é salvar almas. É papel de todo católico.
Veja que no parágrafo acima, usei duas vezes a palavra católico, mas o documento da CNBB não a usa sequer uma vez. A CNBB usou 1230 palavras em seu texto e nem uma vez a palavra “católico”. Para que religião converteremos os pagãos, hereges e praticantes de outras religiões?
Há passagens que seriam hilariantes, não fossem trágicas, como esta: “A catequese diferenciada destinada às diversas realidades e situações em que vive a maioria das pessoas, é inclusiva, acolhe as pessoas com deficiência, migrantes, crianças, adolescentes, jovens, adultos.” Vejam as palavrinhas politicamente corretas “diferenciada”, “diversas realidades”, “inclusiva”. Que tenhamos de ter modos diferentes de catequese para adultos e crianças é uma obviedade gritante. Mas que tenhamos de ter diferentes catequeses para migrantes e portadores de deficiência, aí é demais! Essa atitude politicamente correta da CNBB talvez seja a que a fez apoiar um abortista para o Supremo Tribunal Federal, esquecendo-se daquele outro Tribunal Supremo que às vezes é também chamado de Juízo Final.
Há também uma oração do ano catequético. Oração água-com-açúcar que se refere a Nosso Senhor sempre em letra minúscula.
Há outras pérolas naquelas 1230 palavras, mas que não as irei comentar aqui. Quero comentar a seqüência de artigos que estão saindo n’O DOMINGO sobre o ano catequético, assinados por Domingos Zamagna.
N’O DOMINGO de 30/08/2009, no artigo intitulado “É possível transmitir a fé?”, o Sr. Zamagna diz que a fé é “uma energia, semelhante à de uma semente, cujo dinamismo conduz à santidade.” Esta definição modernista da fé lembra um conceito novo contido na Gaudium et Spes: “Por isso, proclamando a vocação altíssima do homem e afirmando existir nele uma semente divina, o Sacrossanto Concílio oferece ao gênero humano a colaboração sincera da Igreja para o estabelecimento de uma fraternidade universal que corresponda a esta vocação.”
Enquanto isso, a Tradição da Igreja ensina, por meio do Catecismo Romano do Concílio de Trento que a fé “significa uma adesão absolutamente certa, pela qual a inteligência aceita, com firmeza e constância, os mistério que Deus lhe manifesta.” Nada de energia, nada de semente, nada de dinamismo, apenas vontade resoluta que oriente a inteligência a aceitar a Revelação.
O Sr. Zamagna diz ainda que: “A fé é incontida adesão à verdade do Pai, não pela evidência, mas pelo testemunho do Filho e pela força do Espírito.” Esta afirmação é confusa. Parece querer dizer que não há evidências sobre as verdades do Pai, de Deus. Isto é evidentemente falso. O Doutor Angélico diz na Suma Contra os Gentios que: “Há, com efeito, duas ordens de verdades que afirmamos de Deus. Algumas são verdades referentes a Deus e excedem toda capacidade da razão humana, como, por exemplo, Deus ser trino e uno. Outras são aquelas as quais a razão pode admitir, como, por exemplo, Deus ser, Deus ser uno, e outras semelhantes.”
Mesmo das verdades que excedem a capacidade humana, Deus nos dá alguma evidência. Isso parece escapar ao Sr. Zamagna, que nos brinda com outra contradição na frase acima. Ele considera que o testemunho do Filho não seja evidência da verdade do Pai. Ora, a vinda de Nosso Senhor foi profetizada com séculos de antecedência por muitos profetas. As condições de seu nascimento, assim como de sua morte, foram definidas em seus mínimos detalhes. Ele, enquanto estava vivo, sempre falava dos que O anunciaram. Em vida, Ele fez muitos e variados milagres que indicavam Sua Procedência, e quando os fazia lembrava sempre de Seu Pai. Depois de Sua morte, mandou-nos o Espírito Santo, que “fez com que homens rudes e ignorantes adquirissem instantaneamente tão elevada sabedoria e eloqüência”, como nos diz Santo Tomás. Então, qual é a evidência que nos falta para termos fé?
Outra dimensão da fé que o Sr. Zamagna se esquece de mencionar, quando pergunta se é possível transmitir a fé, é que ela é uma virtude teologal. Ou seja, ela nos vem por graça de Deus. Quem a transmite, se é que podemos usar este termo, não somos nós, pobres mortais. Quem nos infunde a fé é Deus. O máximo que podemos fazer é fornecer aos outros as evidências das coisas que podemos conhecer por razão natural, e as evidências das coisas sobrenaturais que Nosso Senhor fez para nos mostrar de onde Ele vinha. Esse conjunto de evidências, adicionados aos dogmas que foram sendo definidos pela Igreja são o que constitui o Depósito da Fé, cuja guarda foi dado, por Deus, à Igreja.
Por meio da graça da fé, Deus nos atrai para “um bem mais elevado que o capaz de ser experimentado pela fragilidade humana da presente vida”. Assim, passamos com a fé, a desejar “algo que excede totalmente o estado da presente vida, e a nos esforçar para procurá-lo.” Daí a grande graça de Deus. Sem ela, e sem a capacidade de compreender aquilo que escapa à nossa razão, não poderíamos almejar as coisas sobrenaturais. Sem a fé, não há como almejar o Céu, a visão beatífica de Deus. [As expressões entre aspas são do Doutor Angélico.]
Esqueçamos, portanto, da energia, do dinamismo semente, da fé cega, sem evidências. Tudo isso é besteirol modernista.
Há mais besteirol nos artigos do Sr. Zamagna que comentarei em futuros posts.
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Um comentário:
Muito bem, professor!
É preciso expor os vermes ao sol, neste caso, ao SOL DA VERDADE.
Eles não resistem.
Continue assim e que Deus o abençoe.
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