26/08/2011

Chaucer versus Stevenson


Gilbert Keith Chesterton
The Illustrated London News, 8 de novembro de 1919

 
Nota inicial: Chesterton foi um dos críticos literários mais importantes das letras inglesas do início do século XX. Ele escreveu obras sobre Browning (1903), Dickens (1906 e 1911), Shaw (1909), Stevenson (1927), Chaucer (1932); escreveu também vários ensaios sobre a literatura vitoriana. Foi também um grande defensor da Idade Média, tendo escrito um livro sobre uma imaginária re-implantação dos valores e instituições medievais na Inglaterra vitoriana (A Volta de D. Quixote). As referências à Idade Média em suas obras são abundantes. Vislumbres de sua visão sobre esta época aparecem nas suas duas biografias mais famosas: a de São Francisco de Assis, de quem era devoto e a de Santo Tomás de Aquino. Vemos neste simples texto de jornal um gigante se levantando contra um minúsculo crítico, esmagando a pretensa e soberba crítica feita à Idade Média, crítica que se serviu de referências literárias muito caras a Chesterton. O grande escritor mostra que o crítico não conhece quem ele cita. Chesterton coloca as obras de Chaucer e Steveson na perspectiva escolhida pelo crítico e mostra o quanto os dois refletiam as visões de suas respectivas épocas e o quanto a época de Chaucer foi muito mais feliz e luminosa que a de Stevenson.


Algo que só pode ser considerado uma extraordinária explosão ocorreu no Daily News outro dia. Foi um protesto contra o crescente esclarecimento dos novos estudantes de História, que estão apresentando uma versão mais humana da Idade Média. O problema intitulou-se “Bons e Velhos Tempos” e começou com a denúncia do Deão da Catedral de São Paulo, Dr. Inge,[1] que dissera que as pessoas na era medieval foram provavelmente mais felizes ou alegres do que somos hoje. Alguns podem dizer que não seria difícil ser mais alegre que o Dr. Inge. Mas como considero que o Dr. Inge está errado em todo tipo de coisas, da Nova Teologia ao antigo ponto de vista oriental sobre o trabalho, divirto-me naturalmente quando ele está sendo especialmente caluniado por uma coisa sobre a qual ele está certo. O autor do artigo prossegue descrevendo suas impressões sobre a Idade Média, que são muito parecidas com as impressões de Catherine Morland[2] sobre “Os Mistérios de Udolpho”, cheios de gritos, correntes e escuridão. Ele diz que os trabalhadores eram servos; e invoca Stevenson para provar que os homens medievais estavam repletos de “um choroso medo da morte”. Finalmente, ele faz uma curiosa concessão, de que um solitário homem medieval pode ter sido feliz: “Miller, de Chaucer, pode ter sido feliz, mas, por outro lado, Miller era um bêbado.”

 Este é seguramente o exemplo mais infeliz que o crítico poderia escolher para provar sua tese. Terá ele lido algo de Chaucer? Sustentará ele seriamente que todos em Chaucer são completamente miseráveis, exceto Miller? O Cavaleiro, o Cura, a Prioresa, para não dizer o Monge e a Esposa de Bath, eram todos completamente miseráveis, ou mesmo excepcionalmente miseráveis? Ou o Cavaleiro, o Cura e a Prioresa eram todos bêbados? São o Cozinheiro e o Capitão-de-mar mais sinistros em Stevenson? Fico feliz tanto em dizer que gastei muito tempo glorificando Stevenson, quanto em afirmar que não gastei tempo algum polemizando com o Dr. Inge. Sinto-me estranho tanto em opor-me àquele quanto em apoiar este. Mas como uma simples questão de fato histórico, parece-me muito claro que, se Stevenson realmente falou isto como uma crítica geral à Idade Média, Stevenson estava inteiramente errado. Sugerir que os homens medievais estavam enfraquecidos pelo medo da morte (em qualquer sentido não varonil) não é apenas inconsistente com os fatos sobre eles, mas é inconsistente com todas as outras acusações contra eles. O crítico que condena nossos infelizes pais fala, ao mesmo tempo, sobre luta e escravidão; geralmente expande esta crítica a uma visão de guerra universal; insiste que aqueles homens sangravam por estéreis votos de superstição e lutavam uns com os outros por fantásticas questões de etiqueta; zomba de seus esportes por terem sido rudes e perigosos, e de sua religião, por ter sido militante e repleta de mártires; reclama igualmente da frívola mortalidade das competições e da fanática mortalidade das cruzadas; e então ele resume tudo, num movimento de sublime consistência, dizendo que aqueles homens eram fracos que temiam a morte.

A verdade é que a alegria de Stevenson foi muito mais louvável que a alegria de Chaucer; precisamente porque Chaucer viveu num mundo muito mais alegre, e vinha de uma tradição muito mais alegre. Stevenson viveu num mundo mais mórbido, e vinha de uma tradição muito mais mórbida. Terá o crítico, que fala sobre as trevas da Idade Média, considerado seriamente pelo que os antepassados imediatos de Stevenson substituíram aquelas trevas? Deveremos nós dançar com prazer ante a emancipação que substituiu a triste figura da Prioresa pela alegre figura de Thrawn Janet?[3] Os Homens Felizes de Gordon Darnaway[4] eram mais felizes que os Homens Felizes de Robin Hood? Foi uma grande glória para Stevenson que ele não tenha sido esmagado pelo credo calvinista de seus antepassados, ou pela ausência de credo ainda mais vazia e fatalista de seus contemporâneos. Mas qualquer um com uma percepção de tais coisas sentirá que a sanidade de Stevenson foi uma luta; ao passo que em Chaucer a sanidade era um estado. A sanidade de Stevenson era realmente peculiar a Stevenson; sendo parcialmente uma esplêndida reação da sanidade moral contra a insanidade física. A sanidade de Chaucer era a sanidade da época de Chaucer. Pois a Idade Média, como tudo o mais, teve seus altos e baixos; e as coisas não iam tão bem quando os feitos de São Luis estavam sendo escritos como quanto quando eles estavam sendo realizados. Nosso severo crítico, contudo, não se perturba por nenhuma dessas sutis distinções; ele as denomina, com um abrangente sarcasmo, “Os Bons e Velhos Tempos”, e parece supor que admiramos tudo, de Vortingern[5] a Valois.[6] As idéias de Stevenson são, todavia, uma questão mais interessante; e penso ser óbvio que elas foram, neste caso, tão individuais quanto um pesadelo. A noção de Stevenson sobre o medievalismo é que era uma ilusão. Foi uma ilusão muito artística; porque ele era um grande artista. Mas lemos nela seu próprio puritanismo imaginativo, pois este era o único entusiasmo teológico que ele jamais conheceu. Ele iluminou os grandes edifícios góticos com uma espécie de luz infernal que luzia desde baixo, tal que as sombras eram caprichosas, mas falsas. Ele projetou um luar calvinista sobre as ruínas católicas.

O resto é mera questão de História; e ninguém tem de se meter a fim de impedir que a História seja aprimoradamente escrita. É tão falso descrever uma cidade medieval, e dizer que os trabalhadores eram servos, quanto dizer que os arautos eram padres, ou que os monges eram cavaleiros, ou que os arcos eram armas de fogo. Isto simplesmente não é factual; desconhece toda a história dos contratos, das guildas, do crescimento das cidades muradas; de metade dos mais formidáveis fatos da Idade Média. Havia servos na Idade Média; mas a servidão era simplesmente resquício do estado servil da antiguidade pagã. A peculiar realização do medievalismo não foi a servidão, mas a dissolução da servidão. Mas os artesãos das cooperativas não eram servos, em nenhum sentido ou por qualquer argumento. Eles eram sindicalistas comerciais, cujos sindicatos eram mais ricos, mais responsáveis, mais reconhecidos pelo Estado, e mais respeitados como contribuintes da cultura, do que são hoje nossos próprios sindicatos. Eles exigiam um bom pagamento, como fazem os nossos sindicatos; eles também exigiam um bom trabalho do artesão, o que os nossos sindicatos não conseguem fazer.

Esta saudável visão da idade das guildas não é romântica; é realista. A visão sombria de tal época é que é romântica. Um mundo contendo nada mais que caça às bruxas e barões maldosos seria um lugar ruim de se viver; mas ninguém nele viveu. Um mundo de guildas e camponeses gradualmente emancipados era um lugar, longe do perfeito, para se viver; tinha defeitos reais que podem ser discutidos de forma justa, incluindo seus méritos. Mas este era um mundo real; e será necessário mais que um grito tardio dos Bons e Velhos Tempos da rainha Vitória para impedir que uma nova geração considere aquele mundo real verdadeiramente interessante.


[1] William Ralph Inge (1860-1954) foi um prelado anglicano, deão da Catedral de São Paulo, em Londres, de 1911 a 1934. Seu pessimismo lhe valeu o título de “Deão Soturno”. (Nota da edição da Ignatius Press das obras escolhidas de Chesterton)
[2] Ingênua heroína de “Abadia de Northanger”, obra de Jane Austen, que gostava de romances góticos de terror, tal como “Os Mistérios de Udolpho”, de Ann Radcliffe. (Nota da edição da Ignatius Press das obras escolhidas de Chesterton)
[3] A Prioresa é a personagem mais vívida e amante da vida da obra Canterbury Tales, de Chaucer. Thrawn Janet é uma velha feia, com ares de bruxa, que dá título a um conto de Stevenson; possuída pelo demônio, ela se enforca. (Nota da edição da Ignatius Press das obras escolhidas de Chesterton)
[4] Ver The Merry Men and Other Tales, de Stevenson. (Nota da edição da Ignatius Press das obras escolhidas de Chesterton)
[5] Guerreiro do século V, líder dos antigos britânicos. (N. do T.)
[6] Casa real francesa, ramo da dinastia capetinga. Reinou na França do século XIV ao século XV (N. do T.)

23/08/2011

Resposta Católica: mais um padre despreza as idéias católicas.


O site Resposta Católica recebe mais e-mails de um padre (Eduardo Beltramini) possesso com a ousadia de se criar um repositório de obras católicas. Numa resposta ao anúncio do site, ele responde docemente:
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“seus emails nao me interessam de modo algum
suas ideias me sao despreziveis
por favor retire meu email de sua lista
poupe-me de ter de bloquear seus emails, para nao dizer: poupe-me de manda-los imediatamente para o lixo”
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O padre ou não sabe ler, ou não entende o que lê. No site, não há idéias do criador do site. Há textos e obras de fontes católicas, de santos e santas, de padres e teólogos. A maior parte desse material constitui doutrina firme e assentada, que todo católico não só deve, como tem de conhecer, para melhor professar a Fé católica.

Em resposta ao e-mail do criador do site – “Revdmo Pe. Eduardo Beltramini, Muito obrigado por suas palavras caridosas e paternais. Deus o abençoe, sempre! Salve Maria.” – o padre responde:
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“nada reverendissimo, nada caridoso, nada paternal
nada debochado, nada dissimulado
e da sua parte, nada atencioso: se nao compreendeu, seus emails nao me interessam em nada
sem nenhuma bencao, sem usar o nome de deus segundo os meus interesses próprios”
****

Na resposta o padre se revela totalmente. Revela-se, despudoradamente, sem caridade e nada paternal. Padre, esta é realmente a impressão que nos passam os padres moderninhos de hoje, os “padres de passeata” de Nelson Rodrigues. 

O padre também repele a benção de Deus, desejada pelo criador do site: "sem nenhuma benção". O que dizer desse padre, no coração do qual não há caridade, onde não chega a benção de Deus (pois que é repelida), onde não encontra morada  nenhum sentimento de paternidade para com os fiéis? 

Sobra-nos rezarmos por ele e pelos fiéis que estão sob sua orientação pastoral e doutrinária.

17/08/2011

O homem que foi quinta-feira; um vídeo imperdível.



No vídeo abaixo, vocês encontrarão um trecho de um dos mais interessantes livros de Chesterton. É de se perguntar qual de seus livros não é interessante? O policial filósofo fala por Chesterton desde um ponto de vista tomista, analisando o poder destrutivo da filosofia moderna, que é muito mais deletéria que o crime com que os policiais normais se defrontam diariamente, e muitas vezes a origem destes. Note que Chesterton dá à filosofia uma organização de sociedade secreta, com um círculo externo e um círculo interno. Esta alusão é prenhe de significados e uma verdade quase sempre ocultada, escamoteada, ou simplesmente desconhecida de muitos. Chesterton claramente estava consciente do poder das organizações secretas nas origens das idéias filosóficas modernas. 

A tradução das falas foi feita pelo leitor do blog e meu amigo Wendy; sim, o protestador (protestante?) Wendy, que é um rapaz cujo futuro é clara e inexoravelmente o catolicismo. O blog agradece penhoradamente!






Assistam outros vídeos legendados dentro do projeto do blog.

12/08/2011

Crônicas de Gustavo Corção em pleno século XXI! Quem diria!?

Surpresa agradabilíssima ver um livro de crônicas do grande Corção publicado em pleno 2010 (Coleção Melhores Crônicas: Gustavo Corção, Editora Global). A seleção das crônicas e o prefácio da edição foram feitos por Luiz Paulo Horta, que desde 2008, leio em sua biografia no final do livro, é membro da ABL. 

No livro, (re)encontramos crônicas que são verdadeiras aulas de catecismo e doutrina católica: Advento, A Primazia do Espiritual, Quaresma, As Duas Vontades, Ressuscitou!, Precisa-se de uma Catarina de Sena, Rue du Bac, A Civilização do Prazer, Quinta-Feira Santa, Marcos de Eternidade, De Profundis, Credo in unum Deum, Morte e Mortificação, E Nós nos Gloriamos na Cruz. Há algumas crônicas que poderíamos classificar como chestertonianas, como Vênus e Natal Interior. Há crônicas de muito lirismo, algumas de crítica literária e musical; há algumas extraídas do grande livro de Corção, O Desconcerto do Mundo, que Manuel Bandeira saudou como digno de Prêmio Nobel, como o texto Machado de Assis e o Eclesiastes (aqui e aqui).

O livro ganharia muito se o Sr. Horta o tivesse acrescido de informações bibliográficas e de um pequeno estudo crítico do Corção cronista. A maioria das crônicas vem sem data e local da publicação original, o que dificulta, para o leitor recente de Corção, a apreensão das circunstâncias sob as quais o cronista escrevia. 

No prefácio, o Sr. Horta não consegue esconder sua admiração pelo grande lutador católico e pelo grande escritor, mesmo que esta admiração venha mitigada por críticas às suas posições políticas pós-64 e às sua posições teológico-doutrinais pós-CVII. Já o título do prefácio revela, talvez, o elevado lugar que o Sr. Horta reserva para Corção; Sinal de Contradição. 

Mas é exatamente no pequeno texto do prefácio, que o selecionador, e prefaciador, se mostra em confusão, ou mesmo em contradição. Não sei se o Sr. Horta é católico, mas suponho que sim. Sendo católico e um intelectual, membro da mais alta academia literária do país, ele nos surpreende por sua ingenuidade, na melhor das hipóteses, e aparente desconhecimento da gravíssima crise atual da Igreja, que já era anunciada e profundamente sentida por Corção. Ele diz, por exemplo: “João XXIII queria o aggiornamento da Igreja, uma Igreja que prestasse mais atenção aos ventos da modernidade, que se inserisse na vida de todos os dias. E isso de fato aconteceu; já não conseguimos pensar a Igreja sem o Vaticano II, com a sua valorização dos leigos, a reforma da liturgia que acabou com a missa em latim, e assim por diante.” Alguém que conhece minimamente o pensamento de Corção, não consegue deixar de imaginar o que ele diria acerca de tal comentário. O Sr. Horta subscreve certamente as idéias modernistas, condenadas pelo Papa São Pio X como a síntese de todas as heresias. Se ele não consegue pensar a Igreja sem o Vaticano II, é porque ele não consegue pensar a Igreja de forma nenhuma, pois há uma notícia que tem de ser dada ao prefaciador: a Igreja começou uns dois milênios antes desse concílio. Ora, dizer que o concílio “acabou com a missa em latim”, sem dizer, no mínimo, algo sobre o Summorum Pontificum, em pleno ano de 2010, é, desculpem-me a expressão, de lascar! Suponho também que a valorização dos leigos seja o aparecimento dos famigerados ministros da Eucaristia, da Comunhão da mão e de pé, das leituras feitas por leigos e leigas, etc. Isto não tem nada de catolicismo verdadeiro, é preciso dizer. 

O Sr. Horta continua: “No nosso cenário brasileiro, Alceu Amoroso Lima empunhou decididamente a bandeira dos ‘otimistas’, E, desde então, é difícil achar quem ainda sustente a tese de que o Vaticano II foi uma ameaça aos alicerces da Igreja.” É de se perguntar como um “imortal” pode ser tão ... (estou procurando uma palavra mais cordial) ... tão ... vá lá! desconhecedor de uma Fé que ele parece professar? Onde vive o Sr. Horta? Que paróquia freqüenta? Meu Deus! Será que ele já ouviu falar de Michael Davies, de Romano Amério, do cardeal Ottaviani, de Gherardini? Será que ele tem acompanhado as declarações atuais, ao menos, do episcopado brasileiro? (Vejam aqui e aqui, por exemplo.) Não sabe ele que mesmo Roma admite haver muitos, muitos bispos hereges? (Vejam aqui). Não terá o Sr. Horta lido Nelson Rodrigues, outro grande cronistas brasileiro, sobre Alceu Amoroso Lima, D. Hélder Câmara e os padres de passeata, que poucos anos depois do concílio já surgiam no cenário eclesiástico? Será que o Sr. Horta nunca leu Mt 7, 15-20? De um simples leigo católico pode-se desculpar um desconhecimento deste; não de uma intelectual, membro da Academia Brasileira de Letras. 

De qualquer forma, o livro com as crônicas de Corção vale pela lembrança do grande católico, do grande escritor e do grande chestertoniano brasileiro. O Sr. Horta e a Editora Global prestam, neste sentido, um serviço à memória do grande cronista e aos seus leitores, já antigos e os mais recentes.

09/08/2011

Resposta Católica colhe mais uma homenagem: padre comunista não gosta do site!

Um padre, de nome Frans Verhelle, escreve para o Resposta Católica o seguinte: “Os textos sobre a Teologia da Libertação ofendem muito. Esta "resposta católica" continua dividir nossa igreja. Falta de objetividade e ética. O site não é a resposta dos católicos mas de alguns católicos que negam a reforma do Concilio Vaticano II.” 

Coitadinho do padre, ele ficou ofendidinho. Quer dizer, ele, que subscreve a teologia da embromação, pode ofender Nosso Senhor Jesus Cristo permanentemente, mais ai de quem atacar esse câncer espiritual! O administrador do site, e meu amigo, respondeu muito bem ao padre comunista, dizendo: “Desnecessário dizer que discordamos radicalmente. A Teologia da Libertação foi condenada pela Igreja. Mais: está excomungado o católico que for comunista. Há um decreto da Santa Sé expresso nesse sentido.” O padre ainda, em sua tréplica, afirmou que não era comunista. 

Ora, comunista é o que ele é, e quem diz isto é o Papa Bento XVI, em seu livro Introdução ao Cristianismo. Ele diz, no prefácio da obra, que a teologia da libertação adotou Marx como guia. E diz ainda: “Quem aceita Marx como o representante de uma razão universal não adota simplesmente uma filosofia, uma visão da origem e do sentido da existência, assume sobretudo uma prática.” Bento XVI ainda diz que não é que a teologia da libertação negue a existência de Deus, mas que ela O torna dispensável, e acrescenta: “Quando Deus é deixado de lado, tudo parece inicialmente continuar como antes. (...) Mas tudo muda no momento em que a mensagem de que Deus estaria morto passa a ser realmente percebida.” Leia mais sobre o que o papa disse aqui

O padre ainda fala em ética, querendo dizer certamente ética marxista, aquela que matou 100 milhões de pessoas no mundo, EM TEMPO DE PAZ. Esta ética, nós negamos sim senhor. Mas veja, padre, que nós não negamos a reforma do CVII, como o senhor afirma. Nós vemos todos os dias seus resultados: bispos hereges afirmando que fora da Igreja há salvação, negando a Presença Real Eucarística; bispos e padres subscrevendo totalmente as lutas dos gaysistas, dos comunistas sem-isso, sem-aquilo; padres e bispos apoiando a agenda comunista geral de partidos e governo; padres e bispos promovendo, enfim, a descatolização do Brasil e do mundo. Isto tudo é fruto do CVII, e infelizmente nós acompanhamos tudo isso, com o coração mortificado.  

É completamente compreensível que o senhor não tenha gostado do Resposta Católica, pois lá se encontram obras que aludem, que se referem, que defendem o repositório da verdadeira doutrina da Igreja de Sempre e o senhor está do outro lado, subscrevendo uma ou várias heresias ao mesmo tempo. É claro que o senhor não apreciará os livros de Santo Afonso Maria de Ligório, sobre o que é ser padre, sobre a devoção a Mãe Santíssima; tampouco apreciará São Francisco de Sales tratar da Introdução à Vida Devota, porque sua devoção é a Marx, e seu livro de cabeceira é o Capital. O senhor não apreciará a Imitação de Cristo, pois Marx O substituiu em sua alma corrompida pelo comunismo. Que dirá de Santa Teresa D’Ávila, Santa Catarina de Sena, São João da Cruz, para citar alguns, que se mortificavam diariamente até tirar sangue de seus corpos, por amor a Jesus Cristo? Isto deve ser nojento, primitivo, medieval, para o senhor tão moderno, tão CVII, tão comunista! Afinal, estamos aqui na Terra para nos sentirmos bem, para "experenciarmos" Jesus, para sermos bem tratados, para evitarmos a todo custo o sofrimento. Depois que nós morrermos, como não existe Inferno, outra invenção medieval muito antipática, iremos todos banquetear no Céu, porque Deus é um “banana” que vai perdoar todas as nossas faltas. 

Penso que o administrador do Resposta Católica deve se orgulhar do repúdio recebido do senhor. Afinal, Nosso Senhor prometeu algo relativo a um prêmio para os que sofrerem em Sua defesa.

04/08/2011

Há 80 anos, Chesterton “picava” Clarence Darrow em mil pedaços num debate atualíssimo.

O debate que vocês assistirão abaixo é a reconstrução de um que realmente aconteceu em Nova York, em 1931. A reconstrução foi feita por Dale Ahlquist a partir de relatos do mesmo (não há dele transcrição conhecida) e de textos de Chesterton que tratam dos mesmos assuntos que animaram o debate. Ele é atual porque o agnosticismo é o mesmo – e tem muitos representantes na intelectualidade atual – a doutrina católica é a mesma e, sobretudo, porque “o elo perdido de Darwin continua perdido”, como nos lembra o grande escritor inglês.

Clarence Seward Darrow (1857 – 1938) foi um advogado americano, eminente membro a ACLU (American Civil Liberty Union) – organização esquerdista, pró-gaysista, anti-religiosa e principalmente anti-católica – conhecido por sua espirituosidade e agnosticismo. Darrow era, então, muito famoso por ter sido o advogado de defesa de John Thomas Scopes, um professor secundário de biologia do estado de Tennessee, estado que o processou, em 1925, por ensinar a Teoria da Evolução, violando a Lei Butler, válida para aquele estado. O caso foi um evento rumoroso, pois proporcionou uma discussão pública sobre os limites da ciência na controvérsia criação-evolução. O julgamento ocorreu numa pequena cidade, Dayton, que teve seus 15 minutos de glória. Scopes foi considerado culpado, mas o veredito foi derrubado baseado em questões técnicas. Darrow estava então na crista da onda!

Chesterton, em seus vários textos jornalísticos e em seus ensaios, fala muito sobre os eventos de Dayton. Veja, por exemplo, Por que sou católico, QUEM SÃO OS CONSPIRADORES?, O objetivo religioso da educação.

Hoje, podemos imaginar um debate destes entre Chesterton e um Richard Dawkins, um Daniel Dennet (estes são de nível intelectual muito inferior ao de Darrow). O picadinho seria o mesmo.






Vejam outros vídeos legendados de Chesterton aqui.

02/08/2011

Nunca é demais lembrar o que é ser católico! Pe. Faber nos ajuda.

"Convém acostumar-vos a considerar o Evangelho sob o seu verdadeiro ponto de vista e saber que a nossa religião é toda de sofrimento, de mortificação, de sacrifício, de amor consumidor, de zelo que se esquece a si mesmo, e de união que se crucifica. Numa palavra, é a religião da Cruz e do Crucificado. Compenetrai-vos bem dessa verdade, que tanto repugna à natureza, de que a abnegação lhe constitui a essência, e que a abnegação deve ser diária, não somente para que possamos ser perfeitos, mas ainda para que possamos ser discípulos de nosso amado Senhor."