25/07/2009

Lições das missas dominicais pós-Vaticano II– Parte XXI

Nota Introdutória: Já disse aqui que o semanário O DOMINGO editado pela Editora Paulus tem pelo menos três folhetos semanais: “Semanário Litúrgico-Catequético”, “Celebração da Missa com Crianças” e “Culto Dominical”. Venho comentando, desde há dois anos, o primeiro folheto, principalmente, mas não só, os artigos finais que são, por suposto, catequéticos. Começo agora a comentar os outros dois folhetos, na medida em que vou encontrando neles os sinais de absurdos, heresias, ignorância e malícia relacionados à Igreja Católica.

Comento O DOMINGO: CULTO DOMINICAL de 12 e de 19/07/2009. Leio no folheto do dia 12, na seção LEMBRETES, na primeira página, logo abaixo de RITOS INICIAIS: “rezar pelos doentes da comunidade; no final da celebração, fazer o ‘envio’, a benção pode ser dada por pessoa idosa ...”. Fico imaginando o que será fazer o “envio”, assim entre aspas mesmo. Não sei porque mas, para mim, tal expressão tem ressonâncias espíritas, mágicas, encantatórias. Rezo para que não seja nada disso. Também não entendo a frase “a benção pode ser dada por pessoa idosa ...”. As reticências são do texto do folheto. O que tem a benção a ver com a idade, e o “envio” a ver com a benção? Ficam as dúvidas, para começar.

Aliás, a primeira duvida é sobre o CULTO propriamente dito. Procurei rapidamente no Denzinger (Edições Loyola, 2007) e nada achei. Todos sabemos que o Vaticano II fundou uma nova era (quase digo uma nova igreja) de participação dos leigos na Liturgia. As palavras dos documentos desse concílio são tão dúbias que podem conter qualquer interpretação. Suspeito que seja por aí que haja o tal CULTO dominical, que tem, para mim, ressonâncias protestantes.

Outra dúvida que assalta-me é a seguinte: quem assiste ao CULTO fica dispensado de assistir à missa? Ou seja, o culto tem validade de Missa?

Há três personagens no teatro do culto: animador, ministro, leitor e assembléia. Não há nem Oração Eucarística nem Consagração. Há o famigerado artigo final; só um.

Tanto o artigo do folheto do dia 12 quando o do dia 19 falam de uma tal 12ª Interclesial, cujo tema é “A Liturgia e o Grito da Amazônia”. O artigo do dia 12 é assinado por Irmã Penha Carpanedo (Congregação Pias Discípulas do Divino Mestre e da Rede Celebra) e o artigo do dia 19 é assinado por Valdecir Luiz Cordeiro (Articulador arquidiocesano da 12º Interclesial de CEB’s).

Pelo que li a respeito, a Interclesial é algo como a Internacional Comunista da Igreja do Vaticano II, no Brasil. Mas, o que são as CEB’s? Leio noutro texto, este no Semanário Litúrgico-Catequético de 12 de julho: “As CEB’s surgiram no Nordeste do Brasil na década de 1960. O Concílio Vaticano II (1962-1965) e sua posterior releitura em Medellín (1968) abriram caminho para que se multiplicassem rapidamente.” Portanto as CEB’s, como a Missa Nova, são filhas diletas do CVII. Nelas há mais comunistas, agitadores, revolucionários do que em qualquer partido comunista. Há mais disso nas CEB’s que no governo Lula.

Ah! Também ficamos sabendo das releituras do CVII. Saibam que nenhum concílio da Igreja jamais admitiu releituras. Imaginem alguém afirmando que depois da releitura do Concílio de Nicéia, Ário foi canonizado e Santo Atanásio foi excomungado? Ou, depois uma grande releitura do Concílio de Trento, Lutero foi considerado um grande exegeta bíblico. Repito: nenhum concílio jamais admitiu nenhuma releitura, pois o que estava escrito não permitia outro entendimento.

O Sr. Valdecir Cordeiro nos conta que, em 1972, “em Santarém é escrita a carta de nascimento da Igreja da Amazônia.” Pois vejam que há uma coisa chamada Igreja da Amazônia. Ela deve ter algo com a Igreja Católica Apostólica Romana, pois, na frase seguinte o Sr. Cordeiro nos diz que “os bispos manifestaram claramente e ‘sua crença e sua esperança no futuro da região’.” Antigamente, pelas informações que tenho, os bispos tinham crença em Deus e a esperança da vida eterna. Parece que o CVII mudou isso também.

A Irmã Penha nos informa que: “Se as CEB’s primam por unir liturgia e vida, trazendo para dentro das celebrações, como memórias pascais, os sinais de vida e de morte presentes no cenário sócio-político e no cotidiano da vida, as celebrações do 12º Intereclesial integrarão, especialmente, o gemido da terra e o anseio da criação inteira por libertação (cf. Romanos 8, 18-23).” Vejam vocês que as CEB’s trazem para dentro das celebrações o cenário sócio-político. Ou seja, ao lado da leitura das Cartas de Paulo, por exemplo, um manifesto de João Pedro Stédile. Ao lado do Evangelho, uma manifestação indigenista. Ao lado da Oração Eucarística, uma oração que venha “do ventre da terra”. Aliás, este é o lema do 12º Intereclesial: “Do ventre da terra o grito que vem da Amazônia”. Nada mais justo: temos a Igreja da Amazônia e sua liturgia que, como diz a irmã, assume o “grande resgate realizado pelo Concílio Vaticano II.”

Mas notem que a irmã cita a carta aos Romanos. O que diz Paulo naqueles versículos assinalados? Diz: “Efetivamente, eu tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não têm proporção com a glória vindoura, que se manifestará em nós. Pelo que este mundo criado espera ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus. De fato, o mundo criado foi sujeito à vaidade, não por seu querer, mas pelo daquele que o sujeitou com a esperança de que também o mundo criado será livre da sujeição à corrupção, para participar da liberdade gloriosa dos filhos de Deus. Porque sabemos que todas as criaturas gemem e estão como que com dores de parto até agora. E não só elas, mas também nós mesmos, que temos as primícias do Espírito; também nós gememos dentro de nós mesmos, esperando a adoção de filhos de Deus, a redenção do nosso corpo.” [Os negritos são meus.]

Parece que a irmã está procurando apoio em Paulo. Coitadinha! Vou transcrever aqui, na esperança de que a irmã aprenda algo da exegese católica, o que diz o Pontifício Instituto Bíblico desta passagem: “A criação, tendo recebido o homem como seu rei, foi humilhada por causa da condenação de Adão, que atingiu também toda a natureza. Sujeito à vaidade, isto é, à força da destruição, à lei da morte e a contínuas mudanças. A manifestação dos filhos de Deus se dará no fim dos tempos.”

O que Paulo fala é o seguinte, irmã Penha: nossos sofrimentos aqui são infinitamente menores que as delícias do Paraíso. Este mundo está sujeito à corrupção, não pelo querer de Quem o criou, mas pelo Pecado Original. Não adianta consertar este mundo, ele será sempre lugar da corrupção, da vaidade. Somente no fim dos tempos é que teremos, nós os que temos a esperança da Redenção, nossos corpos tirados da corrupção e a nós devolvidos, pelos méritos de NSJC. O que tem isso a ver com “o gemido da terra e o anseio da criação inteira por libertação”? A senhora está querendo dizer que as árvores da Amazônia anseiam por libertação? A senhora está querendo dizer que a terra geme, ou isso é só uma metáfora? A senhora está querendo ensinar para os fiéis católicos que é possível a libertação aqui e agora? A senhora acredita que a Redenção é para este mundo? Suspeito de que a senhora seja panteísta. Suspeito que a senhora seja uma daquelas que abraça árvores. Suspeito que a senhora ache que isso está ligadíssimo com a Igreja Católica. Tenho a informar-lhe de que isso é heresia pura e simples. Nada há de católico nisso.

De qualquer forma, Jesus nos alertou em relação aos falsos profetas e nos ensinou como identificá-los: “Não pode a boa árvore dar maus frutos, nem a árvore má dar frutos bons. Toda árvore que não dá bom fruto, será cortada e lançada ao fogo. Portanto, por seus frutos é que conhecereis os homens. Nem todo aquele que diz Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus.” As CEB’s e esses Intereclesiais são, assumidamente, frutos do CVII. Irmã Penha e o Sr. Cordeiro também.

1. Para fazer download do livro com os primeiros 19 posts sobre a Missa de Paulo VI (e algumas coisas mais) clique aqui.
2. Para ver outros comentários sobre a Missa nova, clique:
Parte I, Parte II, Parte III, Parte IV, Parte V, Parte VI, Parte VII, Parte VIII, Parte IX, Parte X, Parte XI, Parte XII, Parte XIII, Parte XIV, Parte XV, Parte XVI, Parte XVII, Adendo III, Parte XVIII, Parte XIX

_____________
Compre agora o livro, com este e todos os outros comentários, além de alguns apêndices complementares, clicando aqui. Se você quiser ler mais sobre este livro, clique aqui.
_____________

2 comentários:

fausto disse...

Caro prof. Angueth, Salve Maria.

Encontrei o que é o tal "Interclesial", veja:

http://www.cnbb.org.br/ns/modules/news/article.php?storyid=1896

Deus tenha piedade de nós.

PAX


fausto

Anônimo disse...

Dando uma pesquisada nesse blog, deparei-me com essas referencias à (socialista)Paulus, em O DOMINGO e, desde tempos que noto que esse folheto socializa, imanentiza a fé, em particular nas preces dos fieis nos pedidos em geral todos repletos de materislismos em primeiro e até mesmo no "ouvi-nos" em lugar de "atendei-nos".
Até a bíblia deles de Ivo/Euclides e D Luciano com seu "imprimatur" é socialista, mais nas notas de rodapés.