30/01/2013

Anônimo critica "Olavo de Carvalho e eu"

Recebo um comentário de um “corajoso anônimo”, no post Olavo de Carvalho e eu, criticando o filósofo e o blogueiro. Critica o filósofo (a quem ele adjetiva com a palavra exímio, ladeada com quatro pares de aspas, para parecer irônico, suponho eu) por falar palavrões. Ele diz que coleta esses palavrões em excertos de vídeos vistos ao acaso, mas afirma que “fazem parte de todas as suas produções audiovisuais, repito: todas!” Ora, aqui há algo de errado com o mancebo: se ele pega vídeos ao acaso, como pode afirmar que os palavrões ocorrem em todos os vídeos? Informo ao indigitado que os palavrões não ocorrem em todos os vídeos do filósofo, ponto final. Ele desgosta também do Olavo porque ele fuma. Veja o critério intelectual do rapaz, que diz pertencer ao “mundo do conhecimento, da intelectualidade e da filosofia”. 
 
Ao blogueiro ele critica porque no post em tela afirmo que “não conheço autoridade eclesial no Brasil que entenda mais de doutrina católica que Olavo. Tome aí todos os cardeais, bispos, padres, etc.; mais que ele ninguém entende.” Afirmei e está afirmado. Mas o anônimo cita três eclesiásticos que, em sua opinião, debateria e ganharia o debate com Olavo de Carvalho. Antes de considerarmos a opinião do anônimo, devo sugerir-lhe e ao leitor considerar dois debates conduzidos por Olavo de Carvalho, como um aperitivo: o debate com o Prof. Alaor Café Filho, da USP, e o debate com Aleksandr Dugin, que virou livro

27/01/2013

O CICLO DE PÁSCOA: Celebração do Mistério da Redenção da humanidade

Está encerrada a primeira parte do Ano eclesiástico, o Ciclo de Natal, em que se relembra o Mistério da Encarnação do Verbo Divino. O Salvador veio ao mundo, e alegres, nós O saudámos como Rei e Lhe rendemos a nossa homenagem.
 
Sua missão é remir a humanidade. Eis o sentido da segunda parte do Ano eclesiástico: a celebração do Mistério da Redenção. Assim como o Natal teve a sua preparação: o Advento, a sua celebração: Natal até Epifania, e o seu prolongamento: o Tempo depois da Epifania, igualmente a Páscoa tem a sua preparação: a Setuagésima, a Quaresma e o Tempo da Paixão, a sua celebração: a Páscoa até Pentecostes, e o seu prolongamento: o Tempo depois de Pentecostes.
 
I. TEMPO DE PREPARAÇÃO
Nós nos preparamos com Jesus Cristo para receber a Vida divina
 
Três degraus subimos para celebrar a Ressurreição de Jesus Cristo e também para ressurgirmos com Ele: 1. o Tempo da Setuagésima: 2. o Tempo da Quaresma; 3. o Tempo da Paixão.
 
1. O TEMPO DA SETUAGÉSIMA
 
1. Significação deste Tempo. A Setuagésima é a primeira parte da preparação para a Páscoa e abrange as três semanas anteriores à Quaresma. Embora não fossem exatamente 70, 60 e 50 dias antes da festa da Ressurreição, em imitação, talvez, ao domingo seguinte, Quadragésima, foram estes domingos denominados: Setuagésima, Sexagésima e Quinquagésima.
 
A mobilidade da festa da Páscoa faz também variar a data da Setuagésima, que, todavia, ordinariamente se abeira do dia 2 de fevereiro, conclusão do Tempo de Natal.
 
O Domingo da Setuagésima e os dois seguintes são, pois, uma preparação para a Quaresma, tempo de penitência propriamente dito.
 
2. Nossos sentimentos durante este Tempo. Devem conformar-se com o espírito do Tempo, que é expresso pelos textos das Missas e do Ofício divino que os Sacerdotes rezam. A lembrança da criação do mundo, da queda no pecado e de todas as suas consequências como sejam: a luta do bem contra o mal, da luz contra as trevas, a dor, o sofrimento, eis os assuntos que devem ocupar nosso pensamento durante estas semanas. Começou a luta contra o pecado, contra o mundo e contra a carne. Pelo combate, para a vitória. Pela cruz, para a luz. Pela morte, para a vida. Pelo sepulcro, para a Ressurreição com o Cristo!
 
Jesus Cristo mesmo nos ensina nos Evangelhos destes domingos estas verdades, e S. Paulo, lutador corajoso, anima-nos por seu exemplo e por sua palavra. Animam-nos ainda os Santos em cujas igrejas nos reunimos.
 
3. Particularidades deste Tempo. Os Sacerdotes usam paramentos roxos em sinal de penitência. O Gloria in excelsis, que se entoava alegremente desde o Natal, não mais é ouvido, exceto nas festas dos Santos. Igualmente desaparece o Aleluia do Ofício e das Missas ate o Sábado Santo. Nota-se ainda que depois do Gradual, em vez., do Aleluia e seu Versículo, reza-se o Trato, salmo de penitência.
 
In Missal Quotidiano, D. Beda Keckeisen, O.S.B., Tipografia Beneditina, LTDA, Bahia, junho de 1957.

26/01/2013

Bodas de Caná


Nota: Encontrei dois textos muito bons com comentários ao Evangelho do último domingo. Um deles é do Prof. Orlando Fedeli, o outro segue abaixo, do Pe. Júlio Maria.


2º Domingo depois da Epifania

Evangelho (Jo 2, 1-11)

Comentário Apologético
do Evangelho Dominical, Pe. Júlio Maria

Núpcias em Caná

1No terceiro dia, celebravam-se núpcias em Caná da Galiléia, e estava lá a mãe de Jesus. 2E Jesus e os seus discípulos foram também convidados para as núpcias. 3Ora, vindo a faltar o vinho, diz a mãe de Jesus para êle: «Não têm mais vinho». 4Respondeu-lhe Jesus: «Que importa a mim e a ti, ó mulher? Ainda não chegou a minha hora». 5Diz sua mãe aos que serviam: «Fazei o que ele vos disser».

6Havia lá seis talhas de pedra, preparadas para as abluções dos judeus, cada uma das quais continha duas ou três medidas. 7Diz-lhes Jesus: «Enchei essas talhas de água». E eles encheram-nas até à borda. 8Depois acrescentou-lhes: «Tirai agora e levai ao mestre de mesa». E eles levaram. 9Logo que o mestre de mesa provou a água convertida em vinho - ele não sabia donde vinha, sabiam-no os serventes que tinham tirado a água - chama o esposo 10e diz-lhe: «Todos servem primeiro o vinho melhor e, quando têm bebido bem, servem então o inferior. Tu, pelo contrário, guardaste o vinho bom até este momento!»
11Assim, em Caná da Galiléia, Jesus deu início aos seus milagres e manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele.
 
COMMENTARIO APOLOGETICO: O destino do homem

Lendo o Evangelho de hoje, ficamos encantados pelo desvelo da SSa. Virgem, a sua atenção carinhosa para com os recém-casados.
 
Tudo isso converge admiravelmente para a grande finalidade que Jesus tinha em vista: manifestar a sua gloria e robustecer a fé de seus discípulos, como diz o Evangelista na ultima frase da narração. 
 
Jesus deu inicio a seus milagres e manifestou a sua gloria.
 
Manifestar a gloria de Deus era, de facto, o resumo da vida de Jesus como deveria ser o resumo da nossa própria vida. 
 
Jesus veio neste mundo para glorificar o seu Pai; e nós estamos neste mundo para esta mesma glorificação.
 
Deus nos deu um destino conforme a nossa natureza, nossas faculdades e tendências, o qual devemos prosseguir durante a nossa vida inteira.
 
Meditemos hoje este belo assunto, mostrando:
1. Qual é o nosso destino.
2. Como devemos alcançá-lo.

24/01/2013

Pessoal do IPCO agredido em Curitiba: por que será?


Barbárie em estado puro, é o que vimos em Curitiba. Esta barbárie está sendo preparada há séculos, claro. Ela foi preparada não por jovens idiotas, mas por sisudos filósofos, desde a Reforma, passando pela renascença e, principalmente, pela Revolução Francesa. Uma grande ajuda a essa gente tem sido a reforma conciliar. Como os bispos não falam quase nunca contra o homossexualismo e o aborto (falam que são a favor da vida, que grande eufemismo!), quando aparecem alguns católicos defendendo algo católico nas ruas, isso parece algo do outro mundo, sobretudo algo que deve ser atacado em nome, dizem, da liberdade. Sim, liberdade de destruir a civilização, de matar indefesos, de atacar quem se lhes opõe. 

No Brasil, há como entender o estado de coisas atual, pelo que escreveram alguns de nossos melhores pensadores. Leiam, por exemplo, “A ascensão vertical dos bárbaros”, de Mário Ferreira dos Santos, e O Imbecil Coletivo I e II, de Olavo de Carvalho, sem falar de “Rebelião das Massas”, de Ortega y Gasset.

Leiam também uma pequena joia, Jesus e os Filósofos, de Pe. Eugênio Cantera, e vejam como é que se produz a barbárie, negando “filosoficamente” Nosso Senhor. Esses idiotas que atacaram o pessoal do IPCO são os discípulos dos “filósofos” modernos e liberais, pois só idiotas conseguem ser seus discípulos. E pela aparência, esses idiotas devem ser quase todos universitários, que estão sendo formados com o dinheiro público para se oporem aos valores mais altos da civilização ocidental. Não duvido que muitos deles estudem em alguma PUC por aí.

Parabéns a esses jovens, que nos mostraram, como reconhece o FratresInUnum, o que é ser Igreja Militante.

16/01/2013

Pedido urgente de Pe. Lodi, do Pró-Vida de Anápolis!


Prezados amigos

http://www.providaanapolis.org.br/doacoes.htm

Hoje o Pró-Vida de Anápolis tem pouco mais de R$ 400,00 (quatrocentos reais). Não fizemos nenhum gasto extraordinário nos últimos meses, mas as doações têm sido pequenas e nem todos os sócios têm-se lembrado de contribuir.

Para que possamos continuar mantendo a Casa da Gestante, com as irmãs religiosas, as hóspedes e os bebês, e para que possamos continuar imprimindo e enviando o boletim "Aborto! Faça alguma coisa pela vida", tenham a bondade de ajudar-nos financeiramente.

As doações podem se feitas na Agência 0324-7, Conta Corrente 7070-X, Banco do Brasil, em nome de "Pró-Vida de Anápolis", CNPJ 01.813.315/0001-10.

Tenham a bondade de enviar uma mensagem para escritorioprovida@terra.com.br informando seu depósito ou transferência, a fim de podermos fazer o devido lançamento contábil.

Deus lhes pague.

O escravo de Jesus em Maria,

-- Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz
Presidente do Pró-Vida de Anápolis
Telefax: 55+62+3321-0900
Caixa Postal 456
75024-970 Anápolis GO
http://www.providaanapolis.org.br
"Coração Imaculado de Maria, livrai-nos da maldição do aborto"

15/01/2013

O blog concorda inteiramente com os protestantes, amigos de D. Müller!

Fico sabendo, no Fratres, que D. Müller teria afirmado: "na opinião de alguns luteranos, Martinho Lutero pretendia somente reformar a Igreja e não causar divisão entre os cristãos. Esses luteranos crêem que as reformas necessárias foram realizadas pelo Concílio Vaticano II."

Penso que todos os críticos do CVII não podem deixar de concordar que o concílio realizou as reformas que Lutero e a maçonaria sonhavam ver implantadas na Igreja. Baseado nisso, D. Müller raciocina que tais Luteranos se sentiriam em casa na Igreja, agora tão ao gosto de Lutero. Também acho! Ordinariato neles, D. Müller!

Não conheço nenhum modernista que tenha sido tão sincero quanto D. Müller sobre o CVII. Até agora, esta é a declaração mais bombástica do chefe do Santo Ofício em 2013. Aguardemos, pois o ano promete. E que Deus olhe por nós!

12/01/2013

Corção defende Chesterton de um detrator tardio.


Há talvez três anos, tenho sobre minha mesa uma cópia de um capítulo de um livro de Martin Gardner, matemático americano, morto em 2010. O livro me foi mostrado por um amigo e eu tirei cópia de um capítulo onde o autor faz uma crítica tanto a Chesterton quanto a Belloc, em suas posições críticas à teoria da evolução, que Gardner aborda como se fosse uma teoria científica, e uma verdade absoluta. O livro se intitula Fads and Fallacies in the Name of Science, e em português ganhou o título de Manias e Crendices em Nome da Ciência, Ed. Ibrasa, 1960. O capítulo copiado tem o título “Geologia versus Genesis”.  O mote do texto pode ser aquilatado pela frase: “O golpe que esse livro (Origem das Espécies, de Darwin) fez cair sobre a cristandade produziu uma explosão fácil de se compreender.” Gardner parece desconhecer que a adoção dessa “teoria” por parte dos maiores cientistas evolucionistas é exatamente por causa do golpe e não por causa da veracidade da teoria. O golpe é que acreditando-se na “teoria”, que é na verdade uma religião, não é preciso se acreditar no Genesis, fim último do cientificismo. O valor da “teoria” está na exclusão do Genesis. Mas isso eu já abordei em Por que a academia adota a Evolução?.

No que diz respeito a Belloc e Chesterton, Gardner começa por se referir ao grande debate de Belloc e Wells ficando, claro, do lado de Wells. Inclui aí também Chesterton e sua resposta ao livro de Wells, Outline of History, que se constitui em uma de suas obras-primas, O Homem Eterno. Ao fazer isso, ele diz: “O grande e bom amigo de Belloc, Gilbert Chesterton, raramente tocou na evolução, em seus livros. Quando o fez, sempre escreveu coisas mais ou menos insensatas.” E aí ele fala de O Homem Eterno. A defesa das ideias de Chesterton expressas neste livro, vou deixar para Corção. Quero apenas assinalar que Chesterton escreveu copiosamente contra a teoria da evolução e suas consequências, tanto em livro – A Coisa, por exemplo – quanto em centenas de artigos de jornal. Eu mesmo já pensei em organizar uma coletânea de seus artigos de jornal sobre darwinismo e evolução. Gadner talvez não tivesse bem informado sobre isso.

Mas eis que sou surpreendido por um artigo de jornal de um grande chestertoniano, o maior dos brasileiros: Gustavo Corção. Leio na excelente coletânea, Gustavo Corção Tomista, Org. D. Lourenço Fleichamn, Ed. Permanência, 2012, um artigo intitulado “Um Argumento Infeliz”. Corção comenta uma passagem destacada por Gardner, que supostamente demonstraria as manias e crendices de Chesterton: “Os animais superiores não desenham retratos cada vez melhores; o cão não pinta melhor, no seu estágio avançado, do que em sua forma primitiva de chacal: o cavalo selvagem não foi impressionista, e o cavalo bem tratado não se tornou pós-impressionista... Uma vaca num campo não parece demonstrar nenhum impulso lírico, nem se preocupa comas oportunidades raras de ouvir a cotovia...” Gardner reconhece que Chesterton fala aqui da diferença profunda e essencial que separa os homens dos animais. E para isso, Gadner tem o seguinte contra-argumento: “A resposta simples é que a mesma grande diferença existe também entre um homem e uma criança recém-nascida. A réplica de que a criança se transforma em homem é irrelevante.” Corção, depois de reparar na grande incapacidade de Gardner em perceber que o problema à mão não é de arqueologia ou de etnografia, mas de filosofia, responde: “Não seria esta a resposta de Chesterton ao cientista americano, e sim uma outra, prodigiosamente mais simples. Ele não diria que a grande diferença que existe entre a criança e o homem será vencida quando a criança se transformar em homem. Diria: não existe diferença entre a criança e o homem, a criança é igual, rigorosamente igual ao homem. (...) [Aqueles que subscrevem filosofias nominalistas] consideram apenas aspectos acidentais exteriores, e com eles pretendem especificar o homem, o pássaro e os demais habitantes do universo.” Aponta mais adiante uma outra incapacidade de Gardner: “O cientista americano, preso aos seus hábitos de observador dos fatos empíricos, nem chegou a perceber a que realidade humana, a que definição, se referiam Chesterton e Belloc quando argumentavam contra a filosofia evolucionista.”

Mas no final do artigo de Corção há a emergência do grande chestertoniano que ele é. Ele diz, no último parágrafo: “No fim do capítulo, Martin Gardner lembra aos católicos um excelente conselho tirado de Santo Agostinho, no qual o grande doutor dizia que o cristão deve acautelar-se de falar sobre assuntos científicos que não conheça, porque pode acontecer que algum pagão presente, mais versado no assunto, possa corrigi-lo. Dou o mesmo conselho a Martin Gardner. Descreva os achados das ciências que conhece, mas abstenha-se cuidadosamente de enveredar por caminhos filosóficos, porque pode acontecer que algum leitor menos informado em Astronomia, Geologia, Física, ou Química, tenha estudado alguma coisa de Filosofia, e então perceba, nua e esquálida, a miséria da improvisada filosofia do cientista.”

Eis aí a resposta que eu gostaria de ter dado a Gardner!

Agradeço a Deus por nos ter dado um intelectual como Corção.

09/01/2013

Ano novo, erros antigos. Leitor insiste.


O Sr. Barros, do post anterior, não gostou da resposta do blog e enviou outro comentário que comento abaixo. O texto em si é cheio de chavões, mas sua análise vale como uma excursão na mente de um católico (será?) modernista sem muitas ferramentas intelectuais.

O Sr. Barros diz que uso “retórica tosca” quando argumento que ele não sabe ler – vocês verão abaixo que ele não sabe escrever –, pois no post sobre o livro de Belloc, ele atribui a autoria do livro a mim. Ora o post tem poucas linhas em que falo de um livro que traduzi e dou uma pálida ideia do que o livro contém. O Sr. Barros se confunde com um texto elementar; como podemos esperar que ele possa interpretar textos bíblicos, infinitamente mais complexos? Ele diz que não está preocupado com a autoria do livro: “o assunto em questão é o uso da violência como meio de imposição para aceitação de ideologias insanas e é por isso que a cada dia as pessoas se afastam das instituições ditas “cristãs”, exatamente por esse tipo de conceito.” Quanta bobagem compactada em pouquíssimas palavras! A questão original não era essa, Sr. Barros. A questão original era a frase que escrevi, no post sobre o livro de Belloc: “Lutamos contra os cátaros que desejavam destruir a humanidade.” Mas agora eu entendi melhor sua posição. Você está contra a Igreja e a favor dos cátaros. Aliás, devo-lhe dizer que os cátaros, como o senhor, eram pacifistas. Eles eram abortistas, condenavam o casamento e a propagação da espécie humana, eram contra a pena capital, como o senhor deve ser, e consideravam o ato supremo da vida o suicídio. Estes foram os homens que tomaram as igrejas do sul da França e ameaçavam criar uma religião, que eles ainda chamavam de católica, sem sacramentos e que propunham a extinção da espécie humana. Sim, claro, o senhor acha que devemos ser compreensivos com monstros como estes. Mas felizmente a Igreja lançou sobre eles uma Cruzada que os dizimou, que os varreu da face da terra; não por muito tempo infelizmente, pois a Reforma é filha dos cátaros.

O senhor diz que tenho preguiça de raciocinar. Vou fazer um esforço sobre-humano e vou tentar raciocinar. O senhor seja condescendente comigo. “Em 1207, o Papa (Celestino III) pediu ao rei da França, como soberano e senhor de Toulouse, o uso da força”, nos conta Belloc em seu livro (não meu, Sr. Barros, não meu!). Veja que o Papa pediu o uso da força para defender a Igreja dos ataques dos cátaros que já duravam pelo menos cem anos! Mas vejamos com que violência a coisa se deu. O Sr. Barros deve imaginar que éramos 200.000 católicos contra cem cátaros maltrapilhos e famintos, cuja conversão queríamos forçar. Tenho certeza que tal imagem é viva na mente do Sr. Barros. Bem, sigamos a descrição de Belloc. “Era manhã de 13 de setembro de 1213. Os mil homens do lado católico, divididos em pelotões, com Simon à frente, assistiram à Missa montados em seus cavalos. A Missa foi celebrada pelo próprio São Domingos. Somente os líderes e algumas outras pessoas puderam estar presentes dentro da Igreja, mas através das portas abertas o resto da força pôde assistir o Sacrifício. Acabada a Missa, Simon cavalgou para fora com seu pequeno grupo, tomou a direção oeste e então atacou repentinamente as forças de Pedro, que ainda não estavam preparadas para o ataque.” A situação agora está mais clara na mente do Sr. Barros: são mil homens do lado católico, eles assistem à Missa celebrada por São Domingos. Epa! O que um santo tão grande da Igreja está fazendo celebrando Missa para cavaleiros tão violentos? Mas São Domingos não é aquele santo que recebeu diretamente de Nossa Senhora o Rosário? Não foi justamente quando pregava para os hereges cátaros que ele teve aquela visão da Santa Virgem? A coisa está complicando para o Sr. Barros. Mas, espere! O que São Domingos pregou para esses cavaleiros? Será que pregou o pacifismo do Sr. Barros? Pelo que aconteceu depois, podemos ter uma ideia do que foi pregado. Continuemos com Belloc: “Os mil cavaleiros nortistas de Simon destruíram seus inimigos totalmente. A força aragonesa se tornou uma mera nuvem de homens em fuga, completamente vencidos. O próprio Pedro foi morto.” Viram que maldade os mil homens de Simon de Monfort fizeram com a força cátara? Que maldade, católicos impiedosos! Mas quantos eram os homens de Pedro de Aragão? A força cátara era de CEM MIL HOMENS! Viram que maldade!

Pois é! Mais um castelo de areia da mentira histórica que povoa a mente do Sr. Barros foi desfeito. Mil católicos, depois de assistirem ao Sacrifício incruento de Nosso Senhor, com a proteção da Virgem Santíssima, que certamente foi-lhes transmitida por São Domingos, venceram cem mil inimigos da Igreja e da humanidade. Puxa! cansei de raciocinar!

O Sr. Barros diz que por causa dessas violências cometidas pela Igreja é que “os centros urbanos vivem cheios de violência, pois se um ser humano, dito cristão corrobora com o uso da violência, imagine aqueles que não querem nem ouvir falar de Cristo”. Isto é que é exemplo de raciocínio. O Sr. Barros claramente não tem preguiça de raciocinar!

Mas o ponto alto do raciocínio do Sr. Barros é quando ele diz: “pára de querer justificar tua vontade de ganhar dinheiro com uma ignóbil interpretação do Evangelho do Cristo.” Então, viram só? Eu estou ganhando dinheiro interpretando o Evangelho de Cristo ao meu bel prazer. Sr. Barros, o senhor é um sujeito muito insolente, além de ignorante! Quem ganha dinheiro interpretando o Evangelho são os pastores protestantes.

O Sr. Barros insiste em demonstrar toda sua falta de capacidade de interpretar qualquer tipo de texto, mesmo o meu, que tenho preguiça de raciocinar. Ele pergunta: “Tú achas mesmo que o Nazareno nos incita ao uso da violência com esta frase?” A frase a que ele se refere é: “Quem não tem uma espada, que venda seu manto e compre uma” Não acho, claro, que Nosso Senhor está nos incitando à violência. Mas é inequívoco que ele está dizendo que nos apetrechos de todos os Seus seguidores, deve haver uma espada. Mas isso é tão simples, que é embaraçoso ter de explicar seu significado a um católico. É que quem ama o Bem, Sr. Barros, deve, necessariamente, odiar o mal! É simples assim. Quando Nosso Senhor enfrentou fisicamente os vendilhões do templo, ele estava usando a “espada” contra o mal. Usar a espada contra o mal pode tomar várias formas, algumas aparentemente contraditórias. Pode tomar a forma da guerra, como foram as Cruzadas, incluindo esta contra os cátaros. Pode tomar a forma da Santa Inquisição, que nasceu justamente com o evento cátaro (fico imaginando o que está se passando na cabeça do Sr. Barros!). Pode tomar a forma de martírio, que a Igreja sofreu, sofre e sofrerá enquanto o mundo existir. Pode tomar a forma da condenação dos erros do mundo, que a Igreja sempre fez, até o Vaticano II.

Sr. Barros! deixa de ser orgulhoso, desça de sua empáfia ignorante (veja abaixo o tamanho da ignorância) e tente estudar um pouco a história da Igreja, dos Papas e dos santos, se o senhor quer continuar a discutir esses assuntos. Isso lhe fará bem.

Mas isto é o que diríamos para um sujeito minimamente alfabetizado; um católico minimamente de boa vontade. Mas o analfabeto Airton Barros, que nem católico deve ser, escreve textos como este: “Leia algumas Obras de Huberto Rhoden: Dica ‘O homem’ e ‘A Nova Humanidade’, lendo estes 02 volumes voçê vai começar a entender quem realmente é voçê.”

Viram só? O analfabeto escreve voÇê, lê Huberto Rhoden, um gnóstico dos mais chinfrins, e é admirador de Chardin, de quem escreve: “Depois leia ‘Fenomeno Humano’ de Theilard Chardin, lendo este exemplar fenomenal voçê vai conseguir retirar o véu e entender realmente o que Moisés deixou oculto no Gênesis.” O véu que precisamos tirar do Sr. Barros é o véu da ignorância!

Ele ainda continua dizendo: “E por último voçê vai terminar amando o ‘Cristo Universal’, aquele que há 2 mil anos esteve presente entre nós na pessoa de Jesus de nazaré.”

O que fazer com o Sr. Barros? Bem, ele deve entrar numa boa escola do ensino fundamental para aprender a ler e a escrever e depois se atrever a ficar comentando em blogs alheios.

Não publicarei o comentário do analfabeto para poupar dissabores aos leitores do blog.

07/01/2013

Leitor pergunta: somos tão ruins assim?


Prof,
Paulo VI foi declarado Beato. Bispos e padres de formação doutrinal sólida brigam entre si (e até são excluídos como dom Williamsom). Enfim: caos na Igreja (ou Igrejas, pois cada diocese parece ter suas crenças) e o Papa, sem coragem ou sem força (ou com pouco dos dois), não faz nada.
Parece que nós, que somos insignificantes, não conseguimos sensibilizar a Deus nas nossas súplicas. Não conseguimos fazer que bons religiosos se acertem (quem dirá os maus).
Pergunto: somos tão ruins assim? nossas orações são tão precárias como indicam os resultados delas?
Ricardo


Caro Ricardo,

Somos muito ruins, sim! Somos seres caídos e o pecado é uma constante em nossa vida (ad te suspiramus, gementes et flentes in hac lacrimarum valle). Sim, a atual situação da Igreja é um castigo de Deus; castigo ao mundo todo, mas castigo principalmente a nós católicos. Nossa Senhora avisou, em Fátima, o que estava por vir e o que deveríamos fazer para evitar a catástrofe; não adiantou, não a obedecemos.

Muitos viram o desastre se aproximando. Veja, por exemplo, a seguinte declaração de Pio XII, ainda como Cardeal Pacelli, sobre os eventos vindouros:

Preocupo-me com as mensagens da Virgem Santíssima à pequena Lúcia de Fátima. A insistência de Maria acerca dos perigos que ameaçam a Igreja é uma advertência divina contra o suicídio de se alterar a fé, em sua liturgia, em sua teologia e em sua alma... Ouço a minha volta inovadores que desejam desmantelar a Capela Sagrada, destruir a chama universal da Igreja, rejeitar seus ornamentos e fazê-la sentir remorso por sua história passada...

Dia virá em que o mundo civilizado negará seu Deus, em que a Igreja duvidará como o fez Pedro. Ela será tentada a acreditar que o homem se tornou Deus. Em nossas igrejas, cristãos procurarão em vão pela luz vermelha de onde Deus os espera. Como Maria Madalena, em prantos no sepulcro vazio, eles perguntarão: ‘Aonde eles O levaram?’

Veja, caro Ricardo, que mesmo Pio XII, que estava tão consciente dos perigos que rondavam a Igreja, não obedeceu Nossa Senhora e não consagrou a Rússia ao seu Coração Imaculado!


Mas veja que a infinita misericórdia de Deus nunca nos deixa desamparado. Há, desde o Concílio Vaticano II, o evento que nos trouxe tudo de ruim que estamos agora vivendo, uma resistência na Igreja; resistência contra as inovações. 

A parte mais visível dessa resistência é a Fraternidade São Pio X. Ela foi a origem da resistência e se mantém na linha de frente da guerra contra os erros do Concílio. Na minha opinião, é nossa obrigação rezar por D. Bernard Fellay, em sua luta interna (contra os sedevacantistas e cismáticos) e em sua luta externa (contra os múltiplos erros que se difundem na Igreja atualmente). 

Mas há muitas outras instâncias dessa resistência. Com o advento da Internet (Deus sempre uso o mal para fazer o bem) milhares de sites e blogs se levantaram em defesa da Tradição da Igreja. Há, hoje, muitos padres diocesanos piedosos se voltando para a Missa de Sempre, que é o primeiro passo para fazê-los abraçar completamente a Igreja de Sempre. Há um Papa, de corte modernista, que foi perito do CVII, mas que apesar disso, liberou a Missa de Sempre. 

Os velhos ideólogos do CVII, originadores da catástrofe, estão à beira da morte; é o ciclo da vida. A Igreja será renovada pela juventude, como sempre foi (ad deum qui laetificat juventutem meam), pois a juventude está vivamente interessada na Missa de Sempre, está vivamente interessada na Tradição.

Por isso, anime-se Ricardo! Nossas orações são sempre ouvidas por Deus; Ele próprio nos garantiu isto.

04/01/2013

Historinha do Purgatório


Dando prosseguimento ao post anterior, conto abaixo uma história que li no extraordinário livro do Pe. Francisco Xavier Schouppe, S.J., “Purgatório Explicado pela Vida e Revelações dos Santos”, publicado no século XIX, com Imprimatur de 1893 (edição em inglês da TAN Books, edição resumida, e muito bem traduzida, em português, pela Editora Artpress). O texto que se segue é o da tradução de Afonso de Souza, da edição da Artpress.

Copo de água oferecido ao Anjo da Guarda livra religiosa do Purgatório

No convento dominicano de Vercelli, onde a Beata Emília (festa a 17 de agosto) era Priora, era da Regra nunca beber entre as refeições, salvo permissão expressa da Superiora. Essa permissão, a Bem-aventurada Priora não costumava dar. Ela pedia às irmãs para fazer alegremente um pequeno sacrifício em memória da ardente sede que Nosso Senhor tinha sofrido por nossa salvação, na Cruz. Para encorajá-las a isso, sugeria-lhes que confiassem essas poucas gotas de água aos seus Anjos da Guarda, para que as guardassem até a outra vida, para temperar-lhes depois o calor do Purgatório. O seguinte incidente mostrou quão agradável essa piedosa prática foi a Deus.

Uma irmã chamada Cecília Avogadra veio um dia pedir permissão para refrescar-se com um pouco de água, porque estava abrasada de sede. “Minha filha – disse-lhe a Priora – faça esse pequeno sacrifício por amor de Deus, e na consideração do Purgatório”. Respondeu Cecília: “Madre, esse sacrifício não é pequeno, porque estou morrendo de sede.” No entanto, apesar de um pouco molestada, obedeceu o conselho da Superiora. Esse duplo ato de obediência e mortificação foi precioso aos olhos de Deus, e a Irmã Cecília logo recebeu sua recompensa.

Poucas semanas depois ela faleceu, e três dias depois apareceu, resplandecente de glória, à Madre Emília: “Ó Madre! Quão grata vos sou! Eu estava condenada a um longo Purgatório, por ter tido afeição muito grande à minha família. E eis que, dois dias depois de lá estar, vi meu Anjo da Guarda entrar em minha prisão com o copo de água que vós me pedistes para oferecer como um sacrifício ao meu divino Esposo. Meu Anjo então derramou essa água sobre as chamas que me devoravam, extinguido-as imediatamente, e assim libertando-me. Eu voo agora para o Céu, onde minha gratidão nunca vos esquecerá.”

02/01/2013

Decisões de ano novo!


Escrevi ano passado, no post Ano novo, vida nova! Será?, que a festa de ano novo é uma festa pagã e que nosso ano novo, o ano novo católico começa com o Advento. E sabiamente a Igreja começa o ano novo recomendando penitência, recomendando-nos de que nos lembremos da primeira vinda de Nosso Senhor, mas que não nos esqueçamos da segunda vinda d’Ele, do Juízo Final, com tremor e temor.

Penitência é normalmente a privação voluntária de algo na esperança de que essa privação possa ser vista, pela infinita misericórdia de Deus, em conjunto com os sofrimentos do Nosso Senhor, e que isto possa nos servir na hora gravíssima de nossa morte (nunc et in hora mortis nostrae). Podemos oferecer também nossa penitência em sufrágio pelas almas do Purgatório, prática recomendada como muita insistência por todos os santos e santas.

Há vários períodos de penitência e jejuns recomendados pela Igreja; por exemplo, a abstinência de carne às sextas-feiras. As quartas-feiras também são dias de abstinência de carnes. Há as penitências e jejuns da quaresma. Mas há também penitências que podemos fazer no nosso dia a dia, em lembrança da Paixão de Nosso Senhor, para não nos esquecer de nossa fragilidade e dependência de Deus. Não é preciso nada de muito elaborado. Um pequeno desconforto que passamos e o oferecemos a Deus, já basta para agradarmos ao Coração Amantíssimo de Deus. Uma sede cuja satisfação adiamos voluntariamente por alguns minutos, lembrando a pena dos sentidos que as almas do Purgatório sofrem, é já uma penitência muito boa.

A privação de confortos de que dispomos pode ser uma fonte de penitências quase inesgotável. Uma coisa que deixamos de comprar, embora tenhamos os meios e o desejo, um banho mais frio do que o que gostaríamos de tomar, um dia de calor que passamos sem o ar condicionado ou o ventilador ligado, etc. Se tudo isso for feito e oferecido a Nosso Senhor, a penitência terá sido feita. Santa Teresinha do Menino Jesus fazia uma penitência silenciosa muito simples: ela ficava por cinco minutos, sentada, sem mexer um só músculo do corpo e oferecia o desconforto a Nosso Senhor.

Pe. Faber fala sobre isso, e muito mais, quando, falando da devoção à Sagrada Humanidade de Nosso Senhor, fala-nos do amor afetivo, efetivo e passivo. Com relação ao amor efetivo, ele nos diz: “O amor efetivo faz-nos ver a imagem viva de Jesus, representando em nossa própria vida os estados, mistério e virtudes da Sua. Trazemos exteriormente essa imagem pela contínua mortificação, diminuindo e apertando o conforto corporal, regulando os sentidos, derrubando as exigências extravagantes do mundo e da sociedade, pela ciosa moderação dos afetos e dos prazeres inocentes, e pela perpétua repressão de toda vaidade e arrogância.”

Comecemos o ano novo atentos à palavra de Pe. Faber e decididos a pelo menos “diminuir e apertar o conforto corporal, regular os sentidos, derrubar as exigências extravagantes do mundo e da sociedade”.

Que o Advento de 2013 nos encontre mais mortificados, mais devotos à Sagrada Humanidade de Nosso Senhor!