Nota:
Encontrei dois textos muito bons com comentários ao Evangelho do último
domingo. Um deles é do
Prof. Orlando Fedeli, o outro segue abaixo, do Pe. Júlio Maria.
2º Domingo depois da Epifania
Evangelho
(Jo 2, 1-11)
Comentário Apologético
do Evangelho Dominical, Pe. Júlio Maria
Núpcias em Caná
1No terceiro dia, celebravam-se núpcias em Caná da Galiléia, e estava lá a
mãe de Jesus. 2E Jesus e os seus discípulos foram também convidados para
as núpcias. 3Ora, vindo a faltar o vinho, diz a mãe de Jesus para
êle: «Não têm mais vinho». 4Respondeu-lhe Jesus: «Que importa a mim e a
ti, ó mulher? Ainda não chegou a minha hora». 5Diz sua mãe aos que
serviam: «Fazei o que ele vos disser».
6Havia lá seis talhas de pedra, preparadas para as
abluções dos judeus, cada uma das quais continha duas ou três medidas. 7Diz-lhes
Jesus: «Enchei essas talhas de água». E eles encheram-nas até à borda. 8Depois
acrescentou-lhes: «Tirai agora e levai ao mestre de mesa». E eles levaram. 9Logo
que o mestre de mesa provou a água convertida em vinho - ele não sabia donde vinha,
sabiam-no os serventes que tinham tirado a água - chama o esposo 10e
diz-lhe: «Todos servem primeiro o vinho melhor e, quando têm bebido bem, servem
então o inferior. Tu, pelo contrário, guardaste o vinho bom até este momento!»
11Assim, em Caná da Galiléia, Jesus deu início aos seus milagres e manifestou a sua glória, e os
seus discípulos creram nele.
COMMENTARIO APOLOGETICO:
O
destino do homem
Lendo o Evangelho de hoje, ficamos
encantados pelo desvelo da SSa. Virgem, a sua atenção carinhosa para com os recém-casados.
Tudo isso converge admiravelmente
para a grande finalidade que Jesus tinha em vista: manifestar a sua gloria e
robustecer a fé de seus discípulos, como diz o Evangelista na ultima frase da
narração.
Jesus deu
inicio a seus milagres e manifestou a sua gloria.
Manifestar a gloria de Deus era, de
facto, o resumo da vida de Jesus como deveria ser o resumo da nossa própria
vida.
Jesus veio neste mundo para
glorificar o seu Pai; e nós estamos neste mundo para esta mesma glorificação.
Deus nos deu um destino conforme a nossa natureza, nossas
faculdades e tendências, o qual devemos prosseguir durante a nossa vida
inteira.
Meditemos hoje este belo assunto, mostrando:
1. Qual é o nosso destino.
2. Como devemos alcançá-lo.
I. Qual é o nosso destino
O destino do homem é a glorificação de Deus e a possessão do soberano bem, que é Deus.
O Homem, pela sua alma imortal e
livre, tende irresistivelmente a esta felicidade perfeita, e não encontra pleno
repouso senão depois de tê-la encontrado, diz Santo Agostinho.
Notemos bem que o homem não foi criado
para um fim natural. Se o fosse, ele deveria encontrar no
cumprimento dos preceitos da lei natural uma beatitude natural.
Ora, tal beatitude não existe, porque
o homem foi elevado por Deus á ordem sobrenatural.
É pois unicamente nesta ordem
sobrenatural que está o seu destino e a sua felicidade.
A vida presente pôde oferecer ao
homem satisfações que agradam ao corpo, como saúde, força, honras e fortuna;
pode até dar um certo contentamento á sua alma pela ciência e pela virtude;
pôde apresentar a seu coração as afeições da amizade e da gratidão, porém
nenhum destes bens passageiros pôde saciá-lo completamente.
Somente Deus pôde plenamente satisfazê-lo,
porque só Ele possui tudo o que corresponde ás aspirações do homem.
Estas aspirações são: conhecer, amar e servir a Deus neste
mundo, e possuí-lo no outro.
Conhecer a Deus é aplicar a nossa inteligência
a estudar as suas obras e perfeições.
Amar a Deus é dar-lhe o primeiro lugar em nosso
coração, e não admitir
nenhuma-afeição reprovada por Ele.
Servir a Deus é obedecer a seus mandamentos com prontidão e constância. Tal é o fim do homem; é
para conseguir este fim que Deus lhe deu o nobre destino sobrenatural de possuí-lo
um dia na glória do céu.
II. Como devemos alcança-lo
Para realizar este destino o homem não
pôde ficar entregue a si mesmo; ele precisa de uma orientação: tal orientação
está claramente indicada ela
lei de Deus.
Do mesmo modo que Deus não podia criar
o homem sem dar-lhe um destino de acordo com a sua natureza, assim o seu poder
criador devia orientar o
homem pelas leis, cujo
cumprimento devia recompensar e
cuja violação, devia castigar.
Deus, como criador, tem este direito, e o homem, como criatura, tem o dever de seguir estas leis.
A ordem da divina sabedoria, diz Santo
Tomas, dirige tudo para um fim conveniente por meio de leis.
E quando Deus nos deu estas leis?
A primeira lei foi dada no momento da
criação, e chama-se lei natural, fazendo por assim dizer; parte da
natureza do ser racional.
E chamada lei natural em oposição à lei
sobrenatural ou revelada.
A lei natural refere-se à Deus, ao próximo e a si mesmo.
Para com Deus nos;;ensina
o dever da adoração, do respeito, da submissão e dependência absoluta.
Para com o próximo nos impõe o dever de trata-lo como queremos ser tratados por ele.
Para conosco, obriga a conserva a
nossa vida e a nossa dignidade.
O homem conhece estas leis pela consciência
e pela razão.
Há no homem um duplo instinto: um
instinto físico que lhe faz conhecer o que é agradável ou desagradável aos
sentidos; e um instinto moral, que lhe faz experimentar alegria ou tristeza. É este
instinto moral que chamamos
consciência.
O que a consciência nos faz perceber, a razão no-lo mostra com clareza.
A razão nos mostra a obrigação de seguir
a consciência, sob pena de sermos castigados por Deus.
III. Conclusão
A conclusão a tirar destas
considerações é a necessidade de deixar-nos guiar pela nossa consciência, no
caminho do bem, para evitar os dois excessos: escrúpulo, que estreita exageradamente
o caminho do céu e o relaxamento, que o alarga além da medida, arrastando pouco
a pouco ao pecado formal.
A nossa
alma imortal destino
certo e imperioso. Deus lhe deu três faculdades essenciais que devem convergir para Ele:
a inteligência,
que deve conhecê-lo,
o coração, que deve amá-lo,
a vontade, que deve servi-lo.
Estas faculdades para não deslizarem no erro e no vicio devem seguir a lei marcada
por Deus, lei que se manifesta pela consciência e pela razão, quanto á
parte natural, e pela submissão a Deus, quanto à parte sobrenatural.
Assim fazendo, conseguiremos o nosso
eterno destino, que é glorificar a Deus e salvar a nossa alma.
EXEMPLOS
1. Os diversos reinos
Num exame escolar, um professor
perguntou aos alunos a que reino pertencia a pedra!
— Ao reino mineral, foi a resposta.
— E as plantas?
— Ao reino vegetal.
— E os animais?
— Ao reino animal.
— E o homem?
Silencio completo. Os alunos
entreolharam-se... De repente um pequenito levantou-se e respondeu:
— Ao reino de Deus.
Não podia ser mais exato.
2. Salvar a alma
Um Soberano pediu ao Santo Padre
Bento XII uma decisão contra a sua consciência. O Pontífice respondeu:
— Sim, se tivesse duas almas, eu
podia sacrificar uma para servi-lo; mas como tenho somente uma, não posso perdê-la
para lhe agradar.
3. Representação da alma
É difícil representar uma coisa invisível...
Os primeiros cristãos procuraram fazê-lo entretanto.
Para figurar a presença da alma no corpo, representavam um pássaro numa gaiola. A gaiola era o corpo; o pássaro era a
alma; no dia da morte o pássaro escapa da gaiola.
Geralmente este pássaro era uma
pomba: símbolo da pureza que a alma deve conservar, depois de tê-la adquirido
pelo Baptismo.
Outras vezes, a alma era figurada por
um cavalo em plena carreira, para conquistar o prêmio destinado ao vencedor.
O prêmio destinado á alma cristã é o
Céu!
Nenhum comentário:
Postar um comentário