26/01/2013

Bodas de Caná


Nota: Encontrei dois textos muito bons com comentários ao Evangelho do último domingo. Um deles é do Prof. Orlando Fedeli, o outro segue abaixo, do Pe. Júlio Maria.


2º Domingo depois da Epifania

Evangelho (Jo 2, 1-11)

Comentário Apologético
do Evangelho Dominical, Pe. Júlio Maria

Núpcias em Caná

1No terceiro dia, celebravam-se núpcias em Caná da Galiléia, e estava lá a mãe de Jesus. 2E Jesus e os seus discípulos foram também convidados para as núpcias. 3Ora, vindo a faltar o vinho, diz a mãe de Jesus para êle: «Não têm mais vinho». 4Respondeu-lhe Jesus: «Que importa a mim e a ti, ó mulher? Ainda não chegou a minha hora». 5Diz sua mãe aos que serviam: «Fazei o que ele vos disser».

6Havia lá seis talhas de pedra, preparadas para as abluções dos judeus, cada uma das quais continha duas ou três medidas. 7Diz-lhes Jesus: «Enchei essas talhas de água». E eles encheram-nas até à borda. 8Depois acrescentou-lhes: «Tirai agora e levai ao mestre de mesa». E eles levaram. 9Logo que o mestre de mesa provou a água convertida em vinho - ele não sabia donde vinha, sabiam-no os serventes que tinham tirado a água - chama o esposo 10e diz-lhe: «Todos servem primeiro o vinho melhor e, quando têm bebido bem, servem então o inferior. Tu, pelo contrário, guardaste o vinho bom até este momento!»
11Assim, em Caná da Galiléia, Jesus deu início aos seus milagres e manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele.
 
COMMENTARIO APOLOGETICO: O destino do homem

Lendo o Evangelho de hoje, ficamos encantados pelo desvelo da SSa. Virgem, a sua atenção carinhosa para com os recém-casados.
 
Tudo isso converge admiravelmente para a grande finalidade que Jesus tinha em vista: manifestar a sua gloria e robustecer a fé de seus discípulos, como diz o Evangelista na ultima frase da narração. 
 
Jesus deu inicio a seus milagres e manifestou a sua gloria.
 
Manifestar a gloria de Deus era, de facto, o resumo da vida de Jesus como deveria ser o resumo da nossa própria vida. 
 
Jesus veio neste mundo para glorificar o seu Pai; e nós estamos neste mundo para esta mesma glorificação.
 
Deus nos deu um destino conforme a nossa natureza, nossas faculdades e tendências, o qual devemos prosseguir durante a nossa vida inteira.
 
Meditemos hoje este belo assunto, mostrando:
1. Qual é o nosso destino.
2. Como devemos alcançá-lo.

 
I. Qual é o nosso destino

O destino do homem é a glorificação de Deus e a possessão do soberano bem, que é Deus.
 
O Homem, pela sua alma imortal e livre, tende irresistivelmente a esta felicidade perfeita, e não encontra pleno repouso senão depois de tê-la encontrado, diz Santo Agostinho.
 
Notemos bem que o homem não foi criado para um fim natural. Se o fosse, ele deveria encontrar no cumprimento dos preceitos da lei natural uma beatitude natural.
 
Ora, tal beatitude não existe, porque o homem foi elevado por Deus á ordem sobrenatural. 
 
É pois unicamente nesta ordem sobrenatural que está o seu destino e a sua felicidade.
 
A vida presente pôde oferecer ao homem satisfações que agradam ao corpo, como saúde, força, honras e fortuna; pode até dar um certo contentamento á sua alma pela ciência e pela virtude; pôde apresentar a seu coração as afeições da amizade e da gratidão, porém nenhum destes bens passageiros pôde saciá-lo completamente.
 
Somente Deus pôde plenamente satisfazê-lo, porque só Ele possui tudo o que corresponde ás aspirações do homem.
 
Estas aspirações são: conhecer, amar e servir a Deus neste mundo, e possuí-lo no outro.
 
Conhecer a Deus é aplicar a nossa inteligência a estudar as suas obras e perfeições.
 
Amar a Deus é dar-lhe o primeiro lugar em nosso coração, e não admitir nenhuma-afeição reprovada por Ele.
 
Servir a Deus é obedecer a seus mandamentos com prontidão e constância. Tal é o fim do homem; é para conseguir este fim que Deus lhe deu o nobre destino sobrenatural de possuí-lo um dia na glória do céu.
 
II. Como devemos alcança-lo
 
Para realizar este destino o homem não pôde ficar entregue a si mesmo; ele precisa de uma orientação: tal orientação está claramente indicada ela lei de Deus.
 
Do mesmo modo que Deus não podia criar o homem sem dar-lhe um destino de acordo com a sua natureza, assim o seu poder criador devia orientar o homem pelas leis, cujo cumprimento devia recompensar e cuja violação, devia castigar.
 
Deus, como criador, tem este direito, e o homem, como criatura, tem o dever de seguir estas leis.
 
A ordem da divina sabedoria, diz Santo Tomas, dirige tudo para um fim conveniente por meio de leis.
 
E quando Deus nos deu estas leis?
 
A primeira lei foi dada no momento da criação, e chama-se lei natural, fazendo por assim dizer; parte da natureza do ser racional.
 
E chamada lei natural em oposição à lei sobrenatural ou revelada.
 
A lei natural refere-se à Deus, ao próximo e a si mesmo.
 
Para com Deus nos;;ensina o dever da adoração, do respeito, da submissão e dependência absoluta.
 
Para com o próximo nos impõe o dever de trata-lo  como queremos ser tratados por ele.
 
Para conosco, obriga a conserva a nossa vida e a nossa dignidade.
 
O homem conhece estas leis pela consciência e pela razão.
 
Há no homem um duplo instinto: um instinto físico que lhe faz conhecer o que é agradável ou desagradável aos sentidos; e um instinto moral, que lhe faz experimentar alegria ou tristeza. É este instinto moral que chamamos consciência.
 
O que a consciência nos faz perceber, a razão no-lo mostra com clareza.
 
A razão nos mostra a obrigação de seguir a consciência, sob pena de sermos castigados por Deus.
 
III. Conclusão
 
A conclusão a tirar destas considerações é a necessidade de deixar-nos guiar pela nossa consciência, no caminho do bem, para evitar os dois excessos: escrúpulo, que estreita exageradamente o caminho do céu e o relaxamento, que o alarga além da medida, arrastando pouco a pouco ao pecado formal.
 
A nossa alma imortal destino certo e imperioso. Deus lhe deu três faculdades essenciais que devem convergir para Ele:
 
a inteligência, que deve conhecê-lo,
o coração, que deve amá-lo,
a vontade, que deve servi-lo.
 
Estas faculdades para não deslizarem no erro e no vicio devem seguir a lei marcada por Deus, lei que se manifesta pela consciência e pela razão, quanto á parte natural, e pela submissão a Deus, quanto à parte sobrenatural.
 
Assim fazendo, conseguiremos o nosso eterno destino, que é glorificar a Deus e salvar a nossa alma.
 
EXEMPLOS
 
1. Os diversos reinos
 
Num exame escolar, um professor perguntou aos alunos a que reino pertencia a pedra!
— Ao reino mineral, foi a resposta.
— E as plantas?
— Ao reino vegetal.
— E os animais?
— Ao reino animal.
— E o homem?
 
Silencio completo. Os alunos entreolharam-se... De repente um pequenito levantou-se e respondeu:
— Ao reino de Deus.
 
Não podia ser mais exato.
 
2. Salvar a alma
 
Um Soberano pediu ao Santo Padre Bento XII uma decisão contra a sua consciência. O Pontífice respondeu:
 
— Sim, se tivesse duas almas, eu podia sacrificar uma para servi-lo; mas como tenho somente uma, não posso perdê-la para lhe agradar.
 
3. Representação da alma
 
É difícil representar uma coisa invisível... Os primeiros cristãos procuraram fazê-lo entretanto.
 
Para figurar a presença da alma no corpo, representavam um pássaro numa gaiola. A gaiola era o corpo; o pássaro era a alma; no dia da morte o pássaro escapa da gaiola.
 
Geralmente este pássaro era uma pomba: símbolo da pureza que a alma deve conservar, depois de tê-la adquirido pelo Baptismo.
 
Outras vezes, a alma era figurada por um cavalo em plena carreira, para conquistar o prêmio destinado ao vencedor.
 
O prêmio destinado á alma cristã é o Céu!

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