30/07/2012

Os Melancias: verdinhos por fora, vermelhos por dentro.

Este é o título de um livro recém traduzido e lançado pela TopBooks. Gostaria de sugerir aqui a compra do livro de James Delingpole, o blogueiro que denunciou o Climagate. Escrevi sobre isso para uma revista brasileira de geografia. Contudo, a tradução da obra é sofrível, na melhor das hipóteses. Há muitos erros menores, que embora não comprometam o entendimento do texto, são surpreendentes em qualquer projeto editorial desse porte. 

Há, todavia, erros mais graves, que mostram um desconhecimento mais profundo do que se está traduzindo. Vou dar aqui apenas dois exemplos:

1o. exemplo

Texto em inglês (transcrição de um e-mail): "I've just completed Mike's Nature trick of adding in the real temps to each series for the last 20 years (ie, from 1981 onwards) and from 1961 for Keith's to hide the decline."

Texto em português, na página 18 da edição em português (primeira ocorrência, de várias): Acabei de completar o truque de Mike no projeto Natureza, aumentando as temperaturas verdadeiras de cada série para os últimos vinte anos (ou seja, a partir de 1981), e a partir de 1961 para as de Keith, a fim de esconder o declínio. (Negritos meus.)

Nature, no texto do e-mail, se refere à revista Nature, periódico científico de renome, que é publicado desde 1869. O truque de Mike se refere à curva taco de hóquei, obtida por manipulação de dados, publicada em um artigo cuja referência completa é: M.E. Mann, R.S. Bradley, e M.K. Hughes, “Global-scale Temperature Patterns and Climate Forcings over the Past Six Centuries,” Nature 392 (1998): 779-87. Este artigo foi tão influente em sua mentira que ganhou um apelido: o MBH98.

2o. exemplo

Texto em inglês: This was the danger of always criticising the skeptics for not publishing in the "peer-reviewed literature".

Texto em português, na página 20 da edição em português: Este era o perigo de estar sempre criticando os céticos por não se manifestarem na "literatura das avaliações pelas bancas". (Negritos meus.)

A expressão peer-reviewed literature se refere a publicações que tem um corpo de revisores e em que os artigos só são publicados se aprovados por eles. Em português poderia ter sido usada a expressão periódicos indexados, ou seja, periódicos constantes das várias bases de dados de publicações científicas, ou ainda, periódicos com corpo de revisores, ou com corpo editorial.

O curioso é que três linhas antes aparece a expressão peer review process que o tradutor deixou sem traduzir. Esta expressão se refere ao processo de revisão por pares. Esse processo está no centro de todo o imbróglio do Climagate e não poderia deixar de ser compreendido pelo tradutor do livro.

Com esses dois exemplos, que ocorrem já no segundo capítulo, e distam de duas páginas um do outro, e depois de vários erros menores, que já mencionei, parei de ler meu exemplar. Vou comprar o livro em inglês (Watermelons). É o que sugiro a todos, infelizmente. 

Precisamos desesperadamente de traduções de livros importantes para o português e no estágio em que nos encontramos até traduções não muito boas seriam aceitáveis. Veja que até o blogueiro que vos fala se aventura nesta seara! Mas há um nível de qualidade abaixo do qual fica insustentável qualquer projeto editorial, pois o texto se torna ininteligível.


27/07/2012

Palestra mensal sobre a vida dos santos: São Policarpo de Esmirna


Data: 29/07/2012
Local: Colégio do Monte Calvário 

End.: Av. do Contorno, 9384 (perto do hospital Felicio Rocho) - Barro Preto

Horário: Depois da celebração da Missa Tridentina (em torno de 11h)


O tema será a vida de São Policarpo de Esmirna, discípulo de São João Evangelista, Bispo de Esmirna, condiscípulo de Santo Inácio de Antioquia, glorioso mártir da Igreja de Cristo. Farei também uma breve introdução sobre a história da Igreja nos primeiros séculos de sua existência: a famosa e mal usada história da Igreja primitiva, que modernistas e protestantes deformam conforme seus próprios interesses. 

26/07/2012

Apontamentos acerca de um artigo de Olavo de Carvalho.


O interessantíssimo artigo de que me ocupo é O Apóstolo e seus leitores. O que se discute lá é o conceito de natural e antinatural em São Paulo, sobretudo em referência a Rom 1:27.

Quem leu – e como eu, apreciou – o artigo e, além disso, é católico, talvez gostasse de saber o que Santo Tomás pensa a respeito do mesmo assunto. Sabe-se que este santo escreveu copiosos comentários às Escrituras e sabe-se também que suas interpretações teológicas foram acolhidas pela Igreja como pertencentes à Tradição, principalmente depois do Concílio de Trento. Todos os papas depois disso, até Pio XII, têm como referência os escritos de Santo Tomás como pertencentes ao Depósito da Fé.

Tenhamos como referência dois versículos: Rom 1:26-27. Eles dizem: Por isso é que Deus os entregou em poder de paixões ignominiosas: suas mulheres mudaram o uso natural no que é contra a natureza. Do mesmo modo os homens, também, deixando o uso natural da mulher, arderam de libido uns pelos outros, praticando torpezas homens com homens. E assim receberam em si mesmos a retribuição devida aos seus desvarios.

O aquinate diz, em seus Comentários à Epístola aos Romanos,[1] na aula 8, §148 e seguintes:[2] 

20/07/2012

Pe. Gaudron responde Mons. Bux sobre Arcebispo Mueller

O site do distrito alemão da FSSPX, pius.org , fez uma entrevista com Pe. Mathias Gaudron, um padre da Fraternidade Sacerdotal São Pio X que ensina teologia dogmática.


A discussão sobre as controvertidas afirmações do bispo (agora arcebispo) Gerhard Ludwig Mueller relativas à Virgindade de Nossa Senhora está atraindo atenção crescente. Uma gama enorme de portais na Internet apresentam contribuições que são a favor ou contra tais afirmações.


O site pius.org verificou com o teólogo dogmático Pe. Gaudron se ele ainda sustenta sua crítica às afirmações do bispo Mueller.

17/07/2012

50 anos de Vaticano II: O Tradicional e o Novus modo de receber Nosso Senhor.


Stephen Dupuy (The Remnant On Line)
Tradução autorizada.


Recentemente me deparei com uma história escrita por um padre Novus Ordo. Partes dessa história realçam, talvez involuntariamente, as diferenças entre a mentalidade católica tradicional e a neo-católica. Na primeira parte da história o padre diz (ênfases nossas):

“Meu predecessor era um conservador sob o ponto de vista litúrgico e era muito amado pelo povo aqui. Minha chegada causou muito temor. O que aconteceria com a paróquia com um homem jovem no comando? Uma senhora disse-me: ‘Estamos felizes por tê-lo conosco, padre, mas quero que saiba que se o senhor nos fizer receber a Sagrada Comunhão de pé, eu nunca mais virei aqui!’ Tive de rir-me dela. Eu não tinha nenhuma intenção de impor nenhuma mudança semelhante, e me importava muito pouco a posição que as pessoas tomavam para receber a Eucaristia. Com o passar do tempo, descobri que em questões religiosas, coisas irrelevantes como esta tomam proporções enormes.”

Infelizmente, é muito comum atualmente ouvirmos, em círculos católicos, que o modo em que se recebe o Corpo e o Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo importa pouco. Aparentemente, qualquer postura que se escolha é perfeitamente aceitável. Afinal, eles lhe dirão que o simples método de recepção não tem nenhum significado profundo, nem se constitui numa mensagem aos outros acerca da crença em relação Àquele que se recebe. Ao contrário, é um ato completamente “irrelevante” e “arbitrário”; um simples movimento usado para transportar a Hóstia das mãos do padre (ou Ministro da Eucaristia) para a boca do fiel. Se isto é verdade, então realmente tem pouca importância se se recebe a sagrada Hóstia na mão, na língua, de pé, ajoelhado ou mesmo sentado.

14/07/2012

Jesus está no chão!

O blog recebeu este vídeo do leitor José Tiago. O Fratres o postou sem legendas. Aqui vão as legendas. Subscrevemos as colocações do Fratres, com relação à Comunhão na mão. NUNCA e em nenhuma circunstância, devemos aceitar ou praticar este tipo de Comunhão!

Todavia, consideramos que o vídeo poderá ter um enorme impacto, mesmo naqueles que costumam comungar na forma modernista e profundamente desrespeitosa, para não dizer blasfema. Notem a observação da Beata Teresa de Calcutá ao final do vídeo.



 

13/07/2012

Anão contra gigante: quando devemos torcer pelo gigante!


Começa a luta de um anão semianalfabeto, pervertido e cruel, que não sabe nem sequer raciocinar, com um grande intelectual brasileiro. Este intelectual já nos ensinou a tratar essa corja, desde seus memoráveis livros da década de 1990. Ele, certamente, nos dará outra lição. Tais tipos precisam ser desmoralizados publicamente, intelectual e moralmente, é o que ele nos ensina. Todos precisam saber quais são seus mais recônditos objetivos. Este grande intelectual sabe, como ninguém, desnudar tais arrogantes de plantão. É esperar para ver.

Quem quiser ler mais a respeito clique aqui e aqui.

Sentenças de São Bernardo - III

1. Ama o teu próximo como a ti mesmo.[1] Cada qual deve amar o próximo como a si mesmo; de tal forma que, mediante o consolo do serviço, a informação da verdade ou a exigência da ordem estimule o homem a honrar a Deus. Quem se devota a isso com discernimento é um sábio. Aquele que não se desanima com qualquer contrariedade é valente. Quem não age por deleite algum é sóbrio, e se assim o faz sem nenhuma altivez é honesto.

2. Quatro coisas impedem a confissão: o medo da renúncia, a vergonha do menosprezo, a ilusão de receber benefícios e honras se for considerado inocente, o medo de perdê-los se for apontado culpado.

3. A unidade se conserva com três coisas:[2] paciência, humildade e caridade. O soldado de Cristo deve estar armado com elas: com a paciência, como escudo que lhe cobre e protege contra toda a adversidade; com a humildade, como couraça que conserva seus sentimentos internos;[3] com a caridade, como lança com a qual, como disse o Apóstolo, atacando a todos com a audácia da caridade[4] e fazendo tudo para todos,[5] trava o combate do Senhor.[6] Convém também colocar o elmo da salvação,[7] que é a esperança, para proteger e conservar a cabeça, isto é, a mente. Tampouco deve faltar a espada da palavra de Deus[8] e o cavalo dos bons desejos.

4. A morte e a vida são as duas últimas referências. Lançamos-nos a elas com duas asas: o temor e a esperança. Cobrimos os pés com outras duas: a penitência do coração e a confissão verbal, conforme está escrito: a fé interior obtém a reabilitação, e a confissão pública, a salvação.[9] Duas asas cobrem a cabeça: o amor de Deus e do próximo. Por isso, nos diz o Apóstolo: se perdemos a cabeça, é por Deus; se estamos em são juízo, é por vós.[10]

5. Há uma soberba cega, outra vã, outra cega e vã. É cega quando o homem se atribui o que não tem. É vã quando se gloria de que outros lhe atribuam o que não possui. É cega e vã quando se gloria se si mesma de um bem que não possui e busca o aplauso dos outros.

6. Há uma humildade idônea, outra fecunda e outra extraordinária; a idônea se submete ao superior e não se antepõe aos iguais. A fecunda se submete ao semelhante e não se antepõe ao inferior. A extraordinária se sujeita ao inferior. Donde a palavra do Senhor a João: Deixa por ora, pois assim convém que cumpramos toda a justiça.[11]

Obras Completas de San Bernardo, vol. VIII, BAC Editorial.

Ver também Sentenças de São Bernardo e Sentenças de São Bernardo - II.


[1] Mt 19,19.
[2] Ef 6, 16.
[3] Ef 6, 14.
[4] Hb 10, 24.
[5] 1Cor 9, 22.
[6] Ex 17, 16.
[7] Ef 6, 17.
[8] Ef 6, 17.
[9] Rom 10, 10.
[10] 2Cor 5, 13.
[11] Mt 3, 15.

09/07/2012

Todos os Caminhos Levam a Roma: meus trechos preferidos.


Permitam-me destacar, dentre muitos trechos geniais do livro recém-traduzido de Chesterton (publicado pela Editora Oratório), alguns que são meus favoritos. Destaco três que me tocam mais fundo.

Uma característica comum pertence a todas as escolas de pensamento que são chamadas de liberais; sua eloquência termina com certa espécie de silêncio que não está muito longe do sono. Um sinal distingue todas as inovações e insurreições extremas do intelectualismo moderno; uma nota é aparente em todas as novas e revolucionárias religiões que varreram recentemente o mundo; e essa nota é o tédio. Elas são excessivamente simples para serem verdadeiras. E, enquanto isso, qualquer camponês católico, ao segurar uma pequena conta do Rosário em seus dedos, pode estar consciente, não de uma eternidade, mas de um complexo, quase um conflito, de eternidades; como, por exemplo, nas relações de Nosso Senhor e Nossa Senhora, nas da paternidade e da infância de Deus, nas da maternidade e da infância de Maria. Pensamentos desse tipo têm, num sentido sobrenatural, algo análogo ao sexo; eles dão cria. São férteis e se multiplicam; e não há fim para eles. Eles têm inúmeros aspectos; mas o aspecto que concerne aqui ao argumento é este: que uma religião que é rica neste sentido sempre tem um número de ideias na reserva. Além das ideias que estão sendo aplicadas a um problema ou período particular, há um número de férteis campos de pensamento que ainda não estão, nesse sentido, cultivados. Onde uma nova teoria, inventada para atender a um novo problema, rapidamente perece com o problema, as coisas antigas estão sempre à espera de outros problemas, quando estes, por sua vez, se tornarem novos. Um novo movimento católico é geralmente um movimento que enfatiza alguma ideia católica que só estava negligenciada no sentido de que não era até então especialmente necessária; mas quando aparecer a necessidade, nada mais pode atendê-la. Em outras palavras, o único modo de atender a todas as necessidades humanas do futuro é tomar posse de todos os pensamentos católicos do passado; e o único modo de fazer isso é realmente tornar-se católico.” (Pag. 36-37.)

Quando eu li o Penny Catechism[1] pela primeira vez, minha mente foi atraída por uma expressão que parecia resumir e definir exatamente, num contexto e plano mais elevados, algo que tentara perceber e expressar por meio de todas as minhas lutas contra as seitas e escolas de minha juventude. Era a afirmação de que os dois pecados contra a esperança são a presunção e o desespero. Ela se refere, é claro, a mais alta de todas as esperanças, e assim ao mais profundo de todos os desesperos; mas todos sabemos que esses mistérios resplandecentes têm sombras na terra abaixo. E o que é verdade sobre a mais mística esperança, é exatamente verdade sobre a mais ordinária alegria e coragem humanas. As heresias que atacaram a felicidade humana em minha época foram todas variações seja da presunção, seja do desespero; que, nas controvérsias da cultura moderna, são chamadas de otimismo e pessimismo. E se eu quisesse escrever uma autobiografia numa única sentença (e espero que nunca escreva uma mais longa que esta),[2] deveria dizer que minha vida literária tem se estendido desde o tempo em que os homens estavam perdendo a felicidade pelo desespero, até um tempo em que eles a estão perdendo pela presunção. Eu começava a pensar por mim mesmo no tempo em que todo pensamento levava pretensamente ao desespero, ou ao que é chamado pessimismo. Como os outros indivíduos que mencionei, eu era simplesmente um reacionário, porque meu pensamento era simplesmente uma reação; mas era uma reação que, naqueles dias, eu me contentava em chamar de otimismo.” (Pag. 45-46.) 

Outro dia, um conhecido escritor, muito bem informado em outros assuntos, disse que a Igreja Católica é uma eterna inimiga das novas ideias. Provavelmente não lhe ocorreu que sua própria observação não é exatamente uma nova ideia. É uma daquelas noções que os católicos têm de refutar continuamente, porque é uma ideia muito antiga. Na realidade, aqueles que reclamam que o catolicismo não diz nada novo, raramente pensam que seja necessário dizer alguma coisa nova sobre o catolicismo. De fato, o estudo real da História mostrará que isso é curiosamente contrário aos fatos. Na medida em que as ideias são realmente ideias, e na medida em que tais ideias são novas, os católicos sofreram continuamente por apoiarem-nas quando ainda novas; quando eram muito novas para encontrar alguém que as apoiasse. O católico foi não só o pioneiro na área, mas o único; e até hoje não houve ninguém que compreendesse o que se tinha descoberto lá.” (Pag. 72.)


[1] Catecismo da Doutrina Cristã em forma de perguntas e respostas. Chamado Penny Catechism porque custava apenas um penny (centavo da moeda inglesa).
[2] Felizmente, este desejo de Chesterton não se cumpriu e ele, pouco antes de morrer, nos deixou sua Autobiografia, publicada postumamente em 1936, ano de sua morte.

06/07/2012

Bispo Mueller: uma análise da FSSPX.


SSPX.org Updates
  
O bispo Gerhard Mueller, ex-bispo de Regensburg, Alemanha, acaba de ser nomeado Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé pelo Papa Bento XVI.

O Pe. Matthias Gaudron, padre da FSSPX especializado em teologia dogmática e autor do livro Catecismo Católico da Crise da Igreja, recentemente publicou algumas observações, no website do Distrito Alemão da FSSPX, relativas à afirmações feitas, no passado, pelo bispo Mueller. Os comentários do Pe. Gaudron terminam com um apelo à Sua Excelência.
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A Igreja sempre considerou ser uma de suas mais importantes tarefas manter fielmente o Depósito da Fé, que lhe foi confiado por Cristo e os Apóstolos, e defendê-lo contra erros para transmiti-lo intacto às gerações posteriores. E assim, o cargo de Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé é um dos mais altos da Igreja.

A FSSPX na Alemanha soube, com assombro, do fato de que o Bispo de Regensburgo, Gerhard Ludwig Mueller, fora nomeado para este cargo. A FSSPX pergunta que adequação para este cargo pode ser encontrada num homem que se colocou contra a doutrina católica inúmeras ocasiões, tanto em seus escritos quanto em seus discursos públicos.

Alguns exemplos devem ser mencionados:

1. O bispo Mueller nega em seu livro Die Messe: Quelle christlichen Lebens [A Missa: Fonte da Vida Cristã] a transformação real do pão e vinho em Corpo e Sangue de Cristo. Pão e vinho permanecem, segundo ele, o que são; contudo, eles se tornam instrumentos para a integração dos fiéis na vida em comunhão com o Pai e o Filho. Isso lembra o ensinamento calvinista, segundo o qual o pão e o vinho não se transformam, mas se tornam instrumentos da graça.[1]

2.Contrário à doutrina católica, segundo a qual a transformação dos dons ocorre ao se pronunciar as palavras da instituição, “Isto é o meu corpo... Isto é o cálice de meu sangue”[2], o bispo Mueller afirma que a questão do momento da transformação “não faz sentido.”[3]

3.O bispo Mueller nega, em seu livro Dogmatik [atualmente o texto padrão sobre Dogmática na Alemanha], o dogma da Virgindade de Maria no momento do nascimento de Jesus[4], e, portanto, o ensinamento de que Maria deu a luz a seu filho sem violar sua integridade física.[5]

4. Num panegírico ao bispo protestante Dr. Johannes Friedrich, bispo Mueller disse, em 11 de outubro de 2011: “Também os cristão que não estão em comunhão integral com a Igreja Católica em relação ao ensinamento, meios de salvação e episcopado apostólico, são justificados pela fé e batismo e são integralmente (!) incorporados/integrados na Igreja de Deus, sendo o Corpo de Cristo.” Isso contradiz toda a tradição católica e especialmente o ensinamento de Pio XII na encíclica Mystici Corporis.

5. Contra a doutrina católica da necessidade da conversão à Igreja Católica, como ainda proclamada no ensinamento do Vaticano II[6], o bispo Mueller caracteriza, no mesmo discurso, o assim chamado “ecumenismo de retorno” como sendo “errôneo”.

A Fraternidade apela urgentemente ao bispo Mueller para que ele comente sobre estas afirmações polêmicas, ou para que ele as corrija. A motivação dessa atitude da Fraternidade não é uma aversão pessoal, mas apenas o desejo de uma proclamação não adulterada da doutrina.

Como o bispo Mueller, no passado, não escondeu sua atitude negativa em relação à Fraternidade, a Fraternidade não vê, a princípio, nesta nomeação um sinal de disposição para discutir seu reconhecimento canônico. Não obstante, ela espera que o novo Prefeito – acerca das discussões na igreja universal – possa alcançar uma atitude mais positiva a respeito da FSSPX.


[1] Na realidade, o corpo e o sangue de Cristo não significam os componentes materiais da pessoa humana de Jesus durante sua vida ou em sua corporalidade transfigurada. Aqui, corpo e sangue significam a presença de Cristo nos símbolos do pão e vinho. ...Temos “agora uma comunhão com Jesus Cristo, mediada pelo comer o pão e pelo beber o vinho. Mesmo na esfera meramente pessoal, algo como uma letra pode representar a amizade entre pessoas e mostrar e corporificar a simpatia do emissor pelo receptor.” Pão e vinho assim apenas se tornam “símbolos de sua presença salvítica.” (Die Messe: Quelle Christlichen Lebens, Augsburg: St. Ulrich Verlag: 2002, p. 139).
[2] Catecismo da Igreja Católica, n. 1375, n.1377.
[3] Die Messe: Quelle Christlichen Lebens, p. 142.
[4] Catecismo da Igreja Católica, n. 499, n. 510.
[5] “Não é tanto acerca das propriedades fisiológicas específicas no processo natural de nascimento (tal como o canal não ter sido aberto, o hímem não ter sido rompido, ou a ausência das dores do parto ), mas acerca da influência curativa e salvítica da graça do Salvador na natureza humana, que foi ferida pelo Pecado Original. ...não é tanto acerca dos detalhes somáticos fisiológica e empiricamente verificáveis.” (Katholische Dogmatik für Studium und Praxis, Freiburg 52003, p. 498.) De fato, a doutrina tradicional se preocupa precisamente com tais detalhes fisiológicos.
[6] Pelo que, não se poderiam salvar aqueles que, não ignorando ter sido a Igreja católica fundada por Deus, por meio de Jesus Cristo, como necessária, contudo, ou não querem entrar nela ou nela não querem perseverar. (Lumen Gentium, 14.)

05/07/2012

A lei de Deus pode mudar? Blog responde.


Olá, Angueth!
    Talvez esse não seja o espaço adequado, mas, gostaria de por algumas questões.
Recentemente, vi nas redes sociais, críticas ateístas em relação a várias passagens do antigo testamento, como essas: http://www.capuchinhos.org/biblia/index.php?title=Dt_22
   Fato que, algumas das coisas que se encontram nos livros antigos faziam parte da antiga lei, por isso, algumas pessoas colocaram a defesa dizendo que "era o antigo testamento." Porém, os ateus rebateram alegando que, se aquelas leis não são mais válidas pelo fato de serem do antigo testamento, a bíblia, o cristianismo e o próprio Deus são produtos culturais mutáveis no tempo. Por isso a lei mudou, quando a mesma foi sofrendo alterações.
   Confesso que não consegui achar uma réplica à altura. Gostaria de instrução para mim e para outrem.
Desde já, agradeço.
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Caro leitor (ver comentário publicado aqui),

Primeiramente, você não deveria estar discutindo Sagradas Escrituras com ateus. Ateus não acreditam em Deus, e, portanto, não podem acreditar nas Escrituras por Ele inspiradas. O que você deve fazer é desafiá-los a impugnar a prova da existência de Deus em cinco vias, de Santo Tomás de Aquino. Só depois disso, você entraria em alguma discussão com eles.

A resposta que você me pede, Nosso Senhor já deu a todos nós. Ela se encontra em Mt 5, 17-48. Cito apenas o comecinho da resposta, versículos 17 a 20: Não julgueis que vim ab-rogar a lei ou os profetas. Não vim ab-rogar, mas cumprir. Porque, em verdade vos digo: antes que passe o céu e a terra, nem um só jota ou um só til da lei passará, sem que tudo se cumpra. Portanto, quem transgredir um só destes mandamentos, ainda que mínimos, e ensinar aos homens a fazer o mesmo, será o mais pequeno no reino dos céus. Mas quem os observar e ensinar a observá-los, esse será grande no reino dos céus. Porque eu vos digo que, se vossa virtude não sobrepujar a dos escribas e dos fariseus, não entrareis no reino dos céus.

A interpretação das Escrituras não é tarefa para qualquer um. Nós, os mais ignorantes, temos a Mãe Igreja que zela pela correta interpretação das Sagradas Letras e nos ensina em que acreditar. Quem tenta fazer o livre exame das Escrituras são os protestantes e por isso eles criaram até agora, no mundo todo, umas 30 mil seitas heréticas.

Quem é ateu é completamente despreparado para interpretar qualquer coisa, pois lhe falta bom senso, com o qual ele se livraria do ateísmo. Na linguagem popular, se você me permite, ateísmo é burrice. Se você quiser discutir exegese bíblica, prepare-se primeiro. Estude anos a fio, sem falar nada a respeito. Estude toda a Patrística Grega e Latina, estude Santo Tomás de Aquino e os grandes tomistas posteriores. Estude o Catecismo Romano, e sim, estude as Sagradas Escrituras. Depois de ler muitos, mas muitos livros a respeito, aí sim! você pode emitir alguma opinião.

Fique com Deus e me escreva quando desejar.

Padre prega contracepção em Betim!

Gente do céu! Este padre (Antônio Carlos Ferreira de Souza) está pregando abertamente em suas homilias a contracepção

Veja aqui o escândalo.

04/07/2012

O blog agradece penhoradamente!

Olá, professor? Como vai? 

Estou escrevendo para contar uma história bárbara. Nem sabia quem era Chesterton, fiquei sabendo no blogue do senhor e, nem me interessava muito, mas aqui e ali vou lendo sobre ele. Hoje fui passar a tarde com meu filho na Biblioteca Pública. Lá tem uma estante com livros para vender, qualquer livro custa R$2. Olhando os exemplares, um a um, vi o livro (o homem que foi quinta feira) nem acreditei, comprei. Está novinho e de capa dura, única data que tem lá é 1937, acho que foi nesse ano que foi encadernado. 

Estou contando isso, para agradecer ao senhor, pelo seu trabalho no blogue. Muito obrigada! Se n fosse o senhor, eu n saberia quem foi Chesterton. abraço

03/07/2012

O Espírito Santo e Sua descida sobre os Apóstolos


Pergunta: Quem é o Espírito Santo?
Resposta: O Espírito Santo é a terceira Pessoa da Santíssima Trindade.

São Norberto

O Espírito Santo toca o coração do homem por meio do infortúnio. São Norberto era o herdeiro de uma nobre raça. Em sua juventude ele se preocupava apenas com a busca de prazeres mundanos. Um dia, quando cavalgava do castelo de seu pai para uma vila nas proximidades, ele foi surpreendido por uma forte tempestade. Um raio atingiu o chão, em frente ao seu cavalo. O animal apavorado jogou seu cavaleiro no chão e fugiu. Por mais de uma hora Norberto ficou estirado inconsciente. Quanto se deu por si, ele era outro homem. Ponderou como se sairia mal, tivesse ele sido intimado a comparecer ante a presença de Deus. Ele agradeceu a Deus por tê-lo concedido tempo para fazer penitência e se confessar, e resolveu se emendar. Recebeu o Sacramento da Ordem aos trinta anos; depois, viajou por muitos lugares pregando a necessidade do arrependimento; a vaidade das riquezas e divertimentos mundanos era o tema de seus discursos. Mais tarde, ele fundou a Ordem Premonstratenses; ao morrer, em 1134, ele era arcebispo de Magdeburg. Seus restos mortais estão enterrados no mosteiro de Strahon, perto de Praga.

Pergunta: De quem o Espírito Santo procede?
Resposta: O Espírito Santo procede do Pai e do Filho.

Erros do Espírito Santo

Os macedônios, assim chamados por causa de seu líder Macedônio, Patriarca de Constantinopla, ensinavam que o Espírito Santo não era Deus, mas uma criatura de mesma natureza que os anjos, embora de maior estatura. O Papa São Damaso, num Concílio Ecumênico reunido em Constantinopla, em 381, condenou este erro. Ao Credo Niceno, cantado em todas as Missas dominicais, esse concílio ordenou que se adicionassem as palavras: “Creio no Espírito Santo, Senhor e fonte de vida, que procede do Pai; e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado: Ele falou pelos profetas.” Macedônio não mais vivia ao tempo do Concílio, tendo morrido miseravelmente e impenitente por volta do ano de 361.
  
Pergunta: É o Espírito Santo uma Pessoa igual ao Pai e ao Filho?
Resposta: O Espírito Santo é uma Pessoa igual ao Pai e ao Filho, sendo o mesmo Senhor e Deus como Eles são.

São Francisco Borja

O Espírito Santo toca o coração do homem por meio da visão da morte. São Francisco Borja era um duque, e por muitos anos participou da corte de Carlos V. Seu principal objetivo foi ganhar a preferência da imperatriz Isabela; ele foi, de fato, um grande favorito dela. Um dia a imperatriz foi atacada por uma enfermidade mortal, e morreu na flor da juventude. Francisco Borja foi encarregado pelo imperador para conduzir os restos mortais de sua consorte imperial a Granada, onde ela foi enterrada. Na chegada do cortejo fúnebre a Granada, o caixão foi aberto segundo o uso prescrito, para que o corpo pudesse ser visto pelas autoridades, e identificado como o da imperatriz falecida. Mas que visão eles tiveram! O semblante da falecida, antes tão bonito, estava desfigurado além do reconhecimento, e um horroroso eflúvio penetrou o recinto, praticamente impedindo a permanência dos circundantes. Nesse momento, a alma de Francisco foi iluminada por um raio da graça divina. Ele disse a si mesmo: “Oh, com que rapidez a beleza, o poder e a felicidade se esvaem com último suspiro! Que tenho agora, por todos esses anos que servi a minha soberana? Nunca mais servirei a uma criatura que a morte pode de mim separar. De agora em diante, devotar-me-ei apenas ao serviço de Deus.” A próxima noite, ele passou em oração, e mais tarde entrou na Companhia de Jesus. Ele morreu no ano de 1572. Esse exemplo mostra a completa transformação que a graça de Deus por operar.

In Anecdotes and Examples Illustrating the Catechism, Rev. Francis Spirago, Roman Catholic Books, 1903.