1. Ama o teu próximo como
a ti mesmo.[1] Cada qual deve amar o
próximo como a si mesmo; de tal forma que, mediante o consolo do serviço, a
informação da verdade ou a exigência da ordem estimule o homem a honrar a Deus.
Quem se devota a isso com discernimento é um sábio. Aquele que não se desanima
com qualquer contrariedade é valente. Quem não age por deleite algum é sóbrio,
e se assim o faz sem nenhuma altivez é honesto.
2. Quatro coisas impedem a confissão: o medo da renúncia, a
vergonha do menosprezo, a ilusão de receber benefícios e honras se for
considerado inocente, o medo de perdê-los se for apontado culpado.
3. A unidade se conserva com três coisas:[2]
paciência, humildade e caridade. O soldado de Cristo deve estar armado com
elas: com a paciência, como escudo que lhe cobre e protege contra toda a
adversidade; com a humildade, como couraça que conserva seus sentimentos
internos;[3]
com a caridade, como lança com a qual, como disse o Apóstolo, atacando a todos
com a audácia da caridade[4]
e fazendo tudo para todos,[5]
trava o combate do Senhor.[6]
Convém também colocar o elmo da salvação,[7]
que é a esperança, para proteger e conservar a cabeça, isto é, a mente.
Tampouco deve faltar a espada da palavra de Deus[8]
e o cavalo dos bons desejos.
4. A morte e a vida são as duas últimas referências. Lançamos-nos
a elas com duas asas: o temor e a esperança. Cobrimos os pés com outras duas: a
penitência do coração e a confissão verbal, conforme está escrito: a fé interior obtém a reabilitação, e a
confissão pública, a salvação.[9]
Duas asas cobrem a cabeça: o amor de Deus e do próximo. Por isso, nos diz o
Apóstolo: se perdemos a cabeça, é por
Deus; se estamos em são juízo, é por vós.[10]
5. Há uma soberba cega, outra vã, outra cega e vã. É cega
quando o homem se atribui o que não tem. É vã quando se gloria de que outros
lhe atribuam o que não possui. É cega e vã quando se gloria se si mesma de um
bem que não possui e busca o aplauso dos outros.
6. Há uma humildade idônea, outra fecunda e outra
extraordinária; a idônea se submete ao superior e não se antepõe aos iguais. A fecunda
se submete ao semelhante e não se antepõe ao inferior. A extraordinária se
sujeita ao inferior. Donde a palavra do Senhor a João: Deixa por ora, pois assim convém que cumpramos toda a justiça.[11]
Obras Completas de San Bernardo, vol. VIII, BAC Editorial.
Ver também Sentenças de São Bernardo e Sentenças de São Bernardo - II.
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