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16/08/2012

Leitora esclarece seus pontos de vista: blog agradece.

Post de referência: Neurocientista (sic!) puxa orelha do blogueiro e ele responde.


Prezado Professor Antônio,
Desculpe-me, a intenção não era ofender. Mesmo porque a discussão aqui é teórica e não pessoal, ou seja não haveria motivo de ofensa. Mas novamente desculpe-me. Fiquei feliz que você respondeu aos meus comentários e tenha certeza que li sua resposta atentamente.
Não vou criar mais atritos ou defender qualquer ponto de vista, contudo como meio democrático que é a internet, gostaria de direito da treplica para esclarecer melhor meus comentários.
A razão do meu tom no comentário anterior foi em virtude de como seu post pode chegar a população. Não necessariamente o que você escreveu, mas como as pessoas podem interpretar.As Neurociências estão na moda e alguns acreditam que ela possa responder a qualquer coisa. Mas isto é uma inverdade, primeiro porque não há verdades absolutas na ciência e segundo que um bom discernimento cabe em qualquer lugar.
Acho (disse eu acho, isto não quer dizer que é uma ordem e nem uma verdade absoluta, ok?) que você enquanto formador de opiniões deveria dialogar entre os pontos de vista que escreve em seus textos. Por isso sugeri que você procurasse outras referências. Não significa que você precise concordar com o outro ponto de vista e sim que é interessante informar as pessoas que leem seus textos. Novamente, só uma opinião, afinal aqui é um espaço de discussão, certo?!
                Não sou contra palmadas, limites ou qualquer outro tipo de coisa citada em sua resposta ou nos comentários, só acredito que as coisas devem ser interpretadas com parcimônia e discernimento. O que eu disse não são verdades absolutas e sim resultados de alguns estudos, ok!?
Sobre a discussão da Psicologia UFMG: não me interessa se é a melhor ou a pior, o importante para mim é o trabalho ético fazendo o meu melhor que posso. Agora tem muita coisa sendo feita na Psicologia da UFMG que é de qualidade e isto vai além das neurociências. Eu mesma admiro o pessoal da Psi. Social; mesmo não sendo a minha área aprendi a conviver e respeitar as diferenças. Isto é cristão.
                Percebi que ao longo da discussão foi muito julgada pelos meu colegas católicos, mas não se preocupem nenhuma pedra me atingiu. Fiquei só um pouco desapontada afinal gostaria de ter instigado uma discussão sobre religião e neurociências e não sobre a minha pessoa ou mesmo a Psicologia da UFMG.
Novamente independente do meu lattes ou do lattes de qualquer outro estou sempre aberta a discussões, pois são elas que me fazem crescer e ampliar meus horizontes.

Cara Annelise,
Não me ofendi com nada do que você disse. Entendi que você estava discutindo meus argumentos acerca das declarações de Dom Walmor. Seu lattes, ou de qualquer outro interlocutor, me interessa muito pouco. Só recorro a ele quando falo com quem argumenta usando títulos acadêmicos: você começa seu comentário se dizendo neurocientista. Não foi minha intenção ofendê-la e se o fiz, desculpo-me publicamente.
Não conheço a Psicologia da UFMG e não posso analisar o que ocorre lá, detalhadamente. Tenho minhas ideias sobre a universidade de um modo geral, inclusive sobre a Escola em que eu trabalho. Estas ideias estão espalhadas aqui no blog. Reconheço que elas são muito pessimistas sobre o futuro desta instituição.
Se você não é contra palmadas e reprimendas, certamente também deve ter se assustado com as considerações de Dom Walmor sobre as mais recentes descobertas da neurociência: “só elogios até oito anos de idade”. Foi sobre isto que comentei naquele post anterior.
De qualquer forma, Annelise, eu agradeço novamente seu interesse em meu blog e também estas suas palavras de esclarecimento adicional. Os comentários dos leitores, exceto se muito ofensivos ou mal educados (e eles existem aos montões!) são todos publicados e alguns, como os seus, pela sua importância são respondidos em posts individuais.
Espero que o blog continue a merecer sua leitura e não hesite em postar comentários quando julgar conveniente, como católica ou como neurocientista. Desejo-lhe também sucesso em seu mestrado!

08/08/2012

Neurocientista (sic!) puxa orelha do blogueiro e ele responde.



Prezado,
 Sou neurocientista E católica. Acredito que você teve uma interpretação equivocada e está dizendo grandes besteiras. 
Mas vamos aos fatos de uma forma bem simples: crianças pequenas aprendem mais facilmente quando a informação passada vem na forma POSITIVA e não NEGATIVA. Isto não significa que as crianças não precisem de limites, mas influencia em como os limites serão estabelecidos, certo!?
Troque o "isto não pode" por "faça desta outra maneira", por exemplo.
 Outra coisa, já foi demonstrado cientificamente que o estilo parental mais eficiente é o autoritativo e não o autoritário. Você já escutou/pesquisou sobre o assunto!?!?
 Acredito que você como (de alguma maneira) formador de opiniões deveria se inteirar melhor do assunto e MELHORAR SUAS FONTES de busca antes de escrever/falar palavras ao vento.
 Caso tenha interesse estou a disposição para discutirmos o assunto do ponto de vista de uma neurocientista católica e sensata.
 Att. Annelise


Cara Annelise,
Salve Maria!

Obrigado pela visita ao blog e pelo comentário (não muito educado!), que pelas suas supostas credenciais é autoritário, ou seja, de uma autoridade no assunto que decide usá-la com firmeza.

Eu, como você já deve suspeitar, não sou neurocientista, mas sou católico, como você.

Quando trato com um cientista, e que fala do alto de seu saber, assim como você, vou logo à plataforma Lattes para saber com quem falo. Não ligo a mínima para o Lattes quando estou em discussão normal, pois discussões se travam em torno de argumentos, não de titulações acadêmicas. Mas você mostrou logo suas credenciais e aí não há escapatória!

Encontrei nove Annelise’s doutoras (e portanto cientistas): uma doutora em Ciências da Linguagem; duas doutoras em Engenharia (Metalúrgica e Minas); uma bolsista de produtividade em Química; uma doutora em Química; uma doutora em Sociologia e Antropologia; uma doutora em Saúde Pública; uma doutora em Medicina Veterinária; e a última doutora em Biociências e Biotecnologia. Li o pequeno resumo do perfil de cada uma e não encontrei ninguém na área de neurociências.

Continuando no Lattes, pesquisei também o banco de dados de “Demais Pesquisadores (Mestres, Graduandos, Estudantes, Técnicos, etc.)” e acho que achei você, Annelise! Acho que você é da UFMG, a minha instituição! Seu perfil nos informa que você é mestranda em Neurociências. Parabéns e boa sorte! Mas você ainda tem muito caminho pela frente para se tornar uma cientista, Annelise. Vá com calma e com humildade.

Bem, mas você disse que: “Mas vamos aos fatos de uma forma bem simples: crianças pequenas aprendem mais facilmente quando a informação passada vem na forma POSITIVA e não NEGATIVA. Isto não significa que as crianças não precisem de limites, mas influencia em como os limites serão estabelecidos, certo!? Troque o ‘isto não pode’ por ‘faça desta outra maneira’, por exemplo.”

Gostei da “forma bem simples”, pois mostra que você sabe tratar com crianças. Gostei também das maiúsculas. Lembrei-me que Chesterton tem alguns textos memoráveis sobre o uso de letras grandes pela mídia impressa (veja um deles aqui) e uma das observações do gênio inglês talvez se aplique a seu texto. Ele dizia que “Os editores usam esse alfabeto gigante ao tratar com os leitores, pela mesma exata razão que pais e professoras usam um alfabeto gigante similar ao ensinar as crianças a soletrar.”

Mas vamos aos fatos, Annelise, aos fatos! Eu criei dois filhos e sempre fiz isto que você chama de “fato”, embora não seja neurocientista. Aliás, o ser humano normal sempre faz isso, sem precisar de neurociência. Às vezes dava certo. Muitas vezes não. Pois, criança pequena, às vezes, Annelise, não tem a capacidade de compreensão das situações corriqueiras. Aí o “faça desta outra maneira” não funciona e aí, Annelise, quem detém a autoridade deve exercê-la integralmente. E aí, Annelise, uma palmada, um castigo ou uma repreensão mais forte são as únicas maneiras de solucionar o impasse e educar nosso rebento. Bem mais tarde, quando a criança não for mais pequenininha, a coisa muda de figura. O entendimento do mundo já está mais amadurecido na cabecinha dela e então um nível de diálogo mais avançado já é bem mais possível. Aí, e só aí, entra, como norma geral, o “faça desta outra maneira”. Antigamente, Annelise, quando não existia a neurociência, e quando o homem ainda utilizava o senso comum que Deus lhe deu (homem sensato, como você chama a si mesma!), as coisas se passavam assim. Excetuando-se os desequilibrados, pais amorosos (e católicos) sempre abordam os filhos com amor e carinho, mesmo quando têm de usar da autoridade máxima!

O que me espantou nas afirmações de Dom Walmor foi que ele disse o seguinte: “que a neurociência afirma que ‘até os oito anos cabem somente elogios’.” Veja, Annelise, nem o seu “faça de outra maneira” é sugerido: “somente elogios” é a nova lei da neurociência, segundo o arcebispo. E isto é uma grandíssima besteira! Não só besteira, mas mentira! Não só mentira, mas uma má sugestão. Não só má sugestão, mas uma receita para o fracasso. Não só receita para o fracasso, mas um desrespeito das Sagradas Escrituras e da lei de Deus! Este foi o assunto de meu post.

Mas você se dispõe a discutir o assunto. Qual assunto? Não quero discutir com você neurociência, da qual não dependi para criar meus filhos, graças a Deus, e da qual nada conheço. Mas quero muito sua opinião sobre os versículos das Sagradas Escrituras que eu citei. Agora, Annelise, não me venha com embromação. Quero que você interprete as Sagradas Escrituras sob o ponto de vista do “faça desta outra maneira”. Defenda o seu lado neurocientista contra o seu lado católico!

Para finalizar (falo agora para a Annelise católica), quando faço meu exame de consciência, antes de me confessar, leio as obrigações que os pais têm para com os filhos, relativas ao quarto mandamento da Lei de Deus. Uma delas é: “Deixei de discipliná-los quando necessitassem de tal?” Deixar de fazer isto é pecado contra o quarto mandamento, Annelise. Disciplinar é algo muito autoritário, como é autoritário promulgar os Dez Mandamentos. Deus e Moisés não eram neurocientistas!

04/05/2012

O Sr. Robério é um personagem de Dickens


O Sr. Robério é o leitor do Fratres que prometeu postar o comentário que ele fizera lá, neste modesto blog, mas não o fez. Mesmo assim, eu o respondi daqui. Ele, agora, responde à minha resposta, por meio de outro longo texto, como comentário ao post acima referido.

Este senhor vive no mundo do Concílio Vaticano II. É daqueles que comemorarão com muita alegria tudo que o Concílio trouxe para a Igreja, nestes 50 anos de tragédia. Toda a modernização, todo o diálogo com o mundo, todas as mudanças litúrgicas, toda a relativização religiosa, todas as cantorias, etc. Ele está satisfeito com tudo. Ele lembra um personagem de Charles Dickens, o Sr. Podsnap. Dickens usa o personagem para uma ácida crítica à classe média inglesa da era vitoriana. Dele o autor diz: “O Sr. Podsnap era um sujeito que ia muito bem, e era tido em alta estima, na opinião do Sr. Podsnap./ Estava muito satisfeito consigo mesmo e não entendia porque as outras pessoas não sentiam o mesmo./ Considerava-se um brilhante exemplo social por se sentir tão satisfeito com a maioria das coisas e consigo mesmo./ O Sr. Podsnap estabeleceu que qualquer coisa que esquecesse, passaria a não mais existir.”

O Sr. Robério voluntariamente esquece que os bispos de hoje defendem heresias aos magotes, e então sai alegremente afirmando que os bispos devem ser obedecidos porque são sucessores dos apóstolos, etc., etc.

O bispo de Sidney está agora mesmo a defender muitas, mas muitas heresias. Um catecismo da Igreja, recentemente publicado, o YOUCAT, com prefácio do Papa Bento XVI, contém afirmações contrárias à Tradição da Igreja, contrárias ao Depósito da Fé, contrárias ao Catecismo Romano, mandado publicar pelo Concílio de Trento. Há hoje na Igreja, a Igreja do Concílio Vaticano II, padres que defendem o aborto em suas homilias, apenas para citar o mais recente exemplo publicado aqui no blog. Mas, esqueçamos isso, pois o mundo e a Igreja vão muito bem.

O Sr. Robério reclama também que eu usei um termo tendencioso para me referir a ele: modernista. O Sr. Robério, vocês sabem, é um homem moderno, da Igreja de hoje, e assim ele mal sabe que o modernismo é um termo definido muito precisamente, de forma magistral, com fundamentos teológicos, filosóficos e doutrinais pelo Papa São Pio X, numa encíclica inteiramente de acordo com toda a Tradição da Igreja, portanto, ensinamento infalível: Pascendi Dominici Gregis. Há nesta encíclica a descrição de todos os erros, hoje alegremente cometidos em quase todas as paróquias de quase todas as dioceses de quase todo o mundo. Mas ela é algo do passado, algo ultrapassado. Não é algo para homens como o Sr. Robério, um homem do seu tempo. Ele conhece apenas os documentos do CVII, desconhecendo o quanto eles estão em desacordo com o ensinamento da Igreja de sempre e do Concílio de Trento e de muitos outros. Ele desconhece, suponho, que o CVII não é concílio infalível, mas pastoral, seja isso o que for.

Ele também decididamente não quer aprender que quando um bispo defende ideias heréticas, não o devemos seguir. Ele não compreende que a desobediência é, as vezes, um dever. Ele finge ter muito interesse por documentos da Igreja, mas é muito seletivo em sua leitura ou conhecimento. Cita coisas em latim, cita o CDC, cita alguns santos, mas não outros. Ele pratica o catolicismo self-service, escolhe apenas o que gosta. Eu não posso negar que assim as coisas pareçam muito boas mesmo.

Finalmente, ele acha que tudo isso são ideias minhas e por isso ele afirma taxativamente discordar de mim. Ora, o Sr. Robério é o homo vaticanae secundus por excelência. É a personificação mais acabada do modernismo. Não esqueçamos nunca que o Sr. Robério é da diocese de Dom Hélder Câmara, o bispo vermelho, a quem Nelson Rodrigues gostava de entrevistar (aqui e aqui). Mas, Dom Hélder era bispo da Igreja e, segundo o Sr. Robério, deveríamos segui-lo. Se alguém lembrar, durante a discussão, dos ensinamentos de Cristo, ah!, o Sr. Robério dirá que isto é coisa antiga, que devemos viver o tempo presente, que devemos obedecer aos Saburidos da vida. Infelizmente, non possumus.

11/04/2012

Reposta a um leitor alheio.


Que me desculpe o amigo Ferreti
A grande pretensão,
De responder um leitor do Fratres
Num blog sem expressão.

 O Sr. Robério defendeu bravamente Dom Saburido, de um suposto ataque injusto que o bispo sofreu, num post, de minha lavra, que o FratresInUnum publicou. Ele prometeu fazer o mesmo comentário aqui no blog, mas não o fez. Então resolvi respondê-lo assim mesmo.

O comentário do Sr. Robério é muito longo, fala de tudo e puxa a orelha do autor do post: “Aprendi, certa vez com um sábio (um frater) que antes de citarmos um pensamento da Bíblia, de um santo ou de um místico em nosso discurso em correção à ou repudio a atitude de outrem; devemos antes viver com coerência, autenticidade o evangelho de Jesus e aquilo que acabamos de afirmar no pensamento que acabamos de expressar.”

Pois é, Sr. Robério, o senhor aprendeu uma coisa errada, infelizmente. As coisas não se passam assim. Se para falar de virtude tivéssemos de ser virtuosos, não falaríamos deste assunto. Se para afirmar verdades católicas, tivéssemos de vivê-las todas, não poderíamos ensinar nem o catecismo para crianças. Mas as coisas não se passam assim nem com o senhor, nem com o seu comentário. Por exemplo, o senhor nos diz: “Recordo-vos de vivenciar durante toda a nossa vida aqui na terra a caridade, principalmente durante este período em que Celebramos o mistério maior de nossa fé.” Com isso o senhor está afirmando que vivencia, aqui na terra, a caridade em todos os momentos?

O senhor me parece um homem de boa vontade, sem dúvida! Mas está encharcado de ideias modernistas que infelizmente lhe tolhem o raciocínio. Por exemplo, o senhor diz que Ubi episcopus, ibi ecclesia. Será mesmo? Seguindo este critério o senhor seria ariano com Ário, no século IV, seria jansenista com os bispos jansenistas no século XVII e hoje negaria o dogma Extra Ecclesiam nulla sallus com Dom Luiz Bergozini. O senhor hoje concordaria e seguiria Dom Paulo Sérgio Machado que diz: “Espiritismo: teoria ou religião? Para mim, perguntar se um espírita pode ser católico é o mesmo que perguntar se um evolucionista ou capitalista também pode. Ou, para ser mais radical, um corintiano pode ser católico? Ou, então, um católico pode ser corintiano? Não só pode, como deve.” Todos esses são bispos da Igreja e, contudo, não representam a Igreja ou a Tradição. Alguns inclusive defendem ideias integralmente heréticas.

Mas voltemos a Dom Saburido, que conta com seu total apoio. Bem, Frei Caneca foi maçom e um grande admirador da Revolução Francesa. Bastava isso para que um bispo devotado à Igreja de Cristo não aceitasse associar seu nome ao deste frei. Aceitar uma medalha cujo patrono é tal indivíduo é um insulto a Nosso Senhor. Sinto muito que o senhor possa ficar triste. Triste fico eu! O senhor imaginaria Santo Atanásio aceitando uma “Medalha do Mérito Eucarístico Dom Ário” do Imperador Romano? O senhor imaginaria Santo Tomás de Aquino recebendo uma “Medalha do Mérito Filosófico Singer de Brabante”, ou Simon de Montfort, uma “Medalha do Mérito Sacerdotal Conde Raimundo IV”? Pois é, mas Dom Saburido recebeu, gostou e agradeceu a “Medalha do Mérito Democrático Frei Caneca” e este é o problema. Nessa ação, o bispo esteve lá, mas lá não estava a Igreja.

O senhor observa já sem muita paciência: para que falar da Regra de São Bento. Ora, o bispo tem as três letrinhas no nome: OSB. E um religioso da Ordem de São Bento não pode compactuar com a maçonaria e Revolução Francesa.

Dom Saburido tem, há muito tempo, despertado o olhar de católicos bem perspicazes de seu estado. Veja aqui a carta de um deles, endereçada ao bispo medalhado.

Caro Sr. Robério, a unidade da Igreja é a unidade da Fé. Esta unidade depende da Regra da Fé e regra da Fé verdadeira é a de São Vicente de Lerins: “quod ubique, quod semper, quod ab omnibus.” Este santo dizia no século V: “Na Igreja Católica é preciso pôr o maior cuidado para manter o que se crê em todas as partes, sempre e por todos. Eis o que é verdadeira e propriamente católico ...” [Comonitório, Cap. II, Editora Permanência, 2010]. Assim, toda vez que um bispo afirmar algo fora da Regra da Fé, não posso segui-lo, por mais que isto o entristeça. E por isso, escrevi o post que tanto o desgostou.

17/02/2012

Janos strikes again

Vamos ao comentário de Janos ao post Família tradicional precisa de correção? Blog responde. .

Obrigado por responder minha pergunta.
Eu acho que o julguei antecipadamente. Até ler este post, eu não tinha percebido sua posição ideológica extremamente conservadora.
Não tratei a família como uma doença, mas a doença, em algum sentido, nasce na família, nas interações entre familiares, mediadas por uma cultura individualista. O processo que eu citei é justamente o processo de perda do sentido tradicional. Acho equivocado tratar pessoas que não enxergam mais sentido na família tradicional como inimigos, e não como pessoas que precisam de orientação para voltar a enxergar o sentido.
Acredito não estar discordando de Chesterton ao usar o termo "família tradicional", pois a estou entendendo como uma organização natural. Porém, também compreendo que esta organização natural já começou a perder sentido muito antes da modernidade. Já na antiguidade as relações familiares estavam longe da naturalidade humana. A Sagrada Família em nada pode ser comparada ao conceito civilizado de família.
Mas minha principal discordância foi quanto à ideia de que a lei positiva pode garantir a lei natural. Não creio que a função do Estado seja garantir a organização da sociedade segundo a "natureza mais elevada do homem", mas justamente o inverso. O Estado é uma criação humana que garante o funcionamento da norma social, e não da naturalidade humana. O Estado é, como diz Hobbes, um deus artificial, criado para manter a paz na civilização.
A família perde sua legitimidade aos olhos da cultura moderna, a mesma que criou o Estado. O homem não teria criado o Estado se não tivesse se afastado na "lei natural", e não é por essa via que irá reencontrar o sentido original da família. Pois quem segue Jesus o segue em verdade, em amor e em liberdade, não por força de lei repressiva.
Para finalizar, considero um equívoco usar o pensamento de Chesterton para defender a ideologia conservadorista que você prega.


Janos, você me desculpe, mas eu postei seu comentário integralmente. Peço desculpa porque ele é tão cheio de clichês e tão vazio de pensamento, que é um pouco vergonhoso, para um pós-graduado. Mas fazer o quê? Que esperar de um sujeito cujo pensamento é estimulado por uma letra de uma banda chamada Bad Religion (procurem na Internet e vejam quem são os anjinhos componentes da trupe) e que este mesmo sujeito faz uma comparação desta letra com o livro de Jó? É interessante que você começa seu artigo-comentário de forma integralmente contraditória: “Ela [a letra] é impressionante, porque nela Greg está como que falando com Deus, expondo de modo bastante claro seu pensamento ateísta.” Se o rapaz está falando com Deus, ele não pode ser ateu; se é ateu, não pode estar falando com Deus. Você tem de decidir. A propósito, se você quiser saber algo sobre o livro de Jó, leia a Introdução ao livro de Jó, de Chesterton (parte 1 e parte 2).

E você me pegou logo no início de seu comentário, heim espertinho?! Percebeu que eu sou conservador. Ora, que mais eu poderia ser, sendo católico?

Sua ideia sobre lei positiva e lei natural é completamente contrária à doutrina da Igreja; aquela instituição criada e mantida por Nosso Senhor. Sua ideia sobre o matrimônio também é contrária à doutrina da Igreja. Claro, você cita Hobbes para parecer moderno, mas esquece de citar a doutrina da Igreja. Mas, espera aí! Será que você conhece a doutrina da Igreja?

Por exemplo: Syllabus, Pio IX
ERRO 56: As leis morais não necessitam de sanção divina, e não é necessário que as leis humanas se conformem ao direito da natureza ou recebam de Deus a força de obrigar.
ERRO 67: Por direito natural o vínculo do matrimônio não é indissolúvel, e em diversos casos o divórcio pode ser sancionado pela autoridade civil.

Outro exemplo: Quas Primas, Pio XI
“E nisso não há diferença alguma entre os indivíduos e as sociedades domésticas e civis, porque os homens reunidos em sociedade não estão menos submetidos ao poder de Cristo do que os indivíduos. (...) E é também o autor da prosperidade e da felicidade genuína para os indivíduos e para o Estado: Pois a felicidade do Estado não se encontra separada da felicidade do homem, uma vez que o Estado não é outra coisa senão a concorde multidão dos homens.”

Outro exemplo: Immortale Dei, Leão XIII
“Mas, seja qual for a forma do governo, todos os chefes de Estado devem absolutamente ter o olhar fixo em Deus, soberano moderador do mundo, e, no cumprimento do seu mandato, tomá-lo por modelo e regra. Com efeito, assim com na ordem das coisas visíveis Deus criou as causas segundas, nas quais se refletem de algum modo a natureza e a ação divinas, e que concorrem para alcançar o fim para que tende este universo, assim também quis que, na sociedade civil, houvesse uma autoridade cujos depositários fossem como uma imagem do poder que Deus tem sobre o gênero humano, bem como da sua Providência.”

Com estes exemplos, escolhidos ao acaso, você pode perceber o quão distante você se encontra da doutrina da Igreja, que suspeito, você não conhece, mesmo sendo pós-graduado em teologia.

Mas a frase de seu comentário que eu mais gostei foi esta: “Pois quem segue Jesus o segue em verdade, em amor e em liberdade, não por força de lei repressiva.” Não, claro, Jesus era um sujeito liberalíssimo. Ele não separava os homens entre cabritos e ovelhas, reservando para os primeiros o Inferno e para os segundos o Céu. Ele não chamava os fariseus de “raça de víboras”. Ele não dizia: “quanto a este servo inútil, lançai-o fora, nas trevas. Aí haverá choro e ranger de dentes.” Ele também não falou assim. “Não julgueis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas guerra. Com efeito, vim separar o filho de seu pai, a filha de sua mãe, a nora de sua sogra; de sorte que os inimigos do homem serão os de sua casa.” Como você vê, Janos, você não conhece a doutrina da Igreja e nem as palavras de Cristo. Você julga Jesus um banana, água com açúcar, um bocó pacifista de meia-tigela. Aqui você também erra e erra feio.

Vamos combinar uma coisa: aprenda a doutrina da Igreja e leia os Evangelhos, depois a gente se fala. Ah! Leia também Chesterton, que lhe fará bem. Eu diria até: mais Chesterton e menos Hobbes.

03/02/2012

Família tradicional precisa de correção? Blog responde.

Leitor, Janos, comenta post A família, segundo Chesterton e os húngaros (vejam só!).: Algo assim não pode ser corrigido com leis. O problema é outro. Conflitos que surgem dentro da própria família tradicional levaram à perda da sua legitimidade. Tratar as pessoas que sofrem do efeito desse processo como se elas fossem a origem ou a causa disso é uma abordagem equivocada, ao meu ver.

Blog responde.

Puxa, Janos, você trata a família como se fosse doença: “tratar as pessoas que sofrem o efeito desse processo...”. Que processo? Do processo de viver em família, de ter uma família, de viver sob a proteção de um pai e de uma mãe? É disso que você está falando? Logo você, que é pós-graduado em Teologia, como nos informa seu perfil! Você estudou Santo Tomás e Santo Afonso, ou foi Kongars, Chenus, Boffs, etc.?

Você fala de “família tradicional”, pois certamente você imagina que existe outra forma desta organização. Pois é disto mesmo que Chesterton fala: não existe. E é exatamente para garantir a forma natural de organização familiar (lembra-se da Sagrada Família, Janos?) que a Hungria formulou uma lei positiva; uma lei positiva para garantir uma lei natural. Ou seja, é sim função do Estado garantir a organização da sociedade segundo a natureza mais elevada do homem.

Nada que diz respeito às organizações naturais da humanidade perde a legitimidade. A família não foi criada originalmente por lei positiva, mas é lei natural e esta não prescreve. Toda vez que o homem se afasta ou contradiz uma lei natural, o que ele consegue é só perversão e infelicidade; ele se afasta do Criador da lei natural, se afasta de Deus. Portanto, a família só perde a legitimidade para aquela classe de gente que denominei no post original: esquerdistas, gaysistas, pervertidos em geral; ou seja, a intelligentsia pagã moderna. Nada há a se “corrigir” na família, mas somente a (re)instaurar: Instaurare omnia in Christo (Do brasão pontifício de São Pio X).

09/08/2011

Resposta Católica colhe mais uma homenagem: padre comunista não gosta do site!

Um padre, de nome Frans Verhelle, escreve para o Resposta Católica o seguinte: “Os textos sobre a Teologia da Libertação ofendem muito. Esta "resposta católica" continua dividir nossa igreja. Falta de objetividade e ética. O site não é a resposta dos católicos mas de alguns católicos que negam a reforma do Concilio Vaticano II.” 

Coitadinho do padre, ele ficou ofendidinho. Quer dizer, ele, que subscreve a teologia da embromação, pode ofender Nosso Senhor Jesus Cristo permanentemente, mais ai de quem atacar esse câncer espiritual! O administrador do site, e meu amigo, respondeu muito bem ao padre comunista, dizendo: “Desnecessário dizer que discordamos radicalmente. A Teologia da Libertação foi condenada pela Igreja. Mais: está excomungado o católico que for comunista. Há um decreto da Santa Sé expresso nesse sentido.” O padre ainda, em sua tréplica, afirmou que não era comunista. 

Ora, comunista é o que ele é, e quem diz isto é o Papa Bento XVI, em seu livro Introdução ao Cristianismo. Ele diz, no prefácio da obra, que a teologia da libertação adotou Marx como guia. E diz ainda: “Quem aceita Marx como o representante de uma razão universal não adota simplesmente uma filosofia, uma visão da origem e do sentido da existência, assume sobretudo uma prática.” Bento XVI ainda diz que não é que a teologia da libertação negue a existência de Deus, mas que ela O torna dispensável, e acrescenta: “Quando Deus é deixado de lado, tudo parece inicialmente continuar como antes. (...) Mas tudo muda no momento em que a mensagem de que Deus estaria morto passa a ser realmente percebida.” Leia mais sobre o que o papa disse aqui

O padre ainda fala em ética, querendo dizer certamente ética marxista, aquela que matou 100 milhões de pessoas no mundo, EM TEMPO DE PAZ. Esta ética, nós negamos sim senhor. Mas veja, padre, que nós não negamos a reforma do CVII, como o senhor afirma. Nós vemos todos os dias seus resultados: bispos hereges afirmando que fora da Igreja há salvação, negando a Presença Real Eucarística; bispos e padres subscrevendo totalmente as lutas dos gaysistas, dos comunistas sem-isso, sem-aquilo; padres e bispos apoiando a agenda comunista geral de partidos e governo; padres e bispos promovendo, enfim, a descatolização do Brasil e do mundo. Isto tudo é fruto do CVII, e infelizmente nós acompanhamos tudo isso, com o coração mortificado.  

É completamente compreensível que o senhor não tenha gostado do Resposta Católica, pois lá se encontram obras que aludem, que se referem, que defendem o repositório da verdadeira doutrina da Igreja de Sempre e o senhor está do outro lado, subscrevendo uma ou várias heresias ao mesmo tempo. É claro que o senhor não apreciará os livros de Santo Afonso Maria de Ligório, sobre o que é ser padre, sobre a devoção a Mãe Santíssima; tampouco apreciará São Francisco de Sales tratar da Introdução à Vida Devota, porque sua devoção é a Marx, e seu livro de cabeceira é o Capital. O senhor não apreciará a Imitação de Cristo, pois Marx O substituiu em sua alma corrompida pelo comunismo. Que dirá de Santa Teresa D’Ávila, Santa Catarina de Sena, São João da Cruz, para citar alguns, que se mortificavam diariamente até tirar sangue de seus corpos, por amor a Jesus Cristo? Isto deve ser nojento, primitivo, medieval, para o senhor tão moderno, tão CVII, tão comunista! Afinal, estamos aqui na Terra para nos sentirmos bem, para "experenciarmos" Jesus, para sermos bem tratados, para evitarmos a todo custo o sofrimento. Depois que nós morrermos, como não existe Inferno, outra invenção medieval muito antipática, iremos todos banquetear no Céu, porque Deus é um “banana” que vai perdoar todas as nossas faltas. 

Penso que o administrador do Resposta Católica deve se orgulhar do repúdio recebido do senhor. Afinal, Nosso Senhor prometeu algo relativo a um prêmio para os que sofrerem em Sua defesa.

23/06/2011

50 anos de Vaticano II: Bispo nega o dogma Extra Ecclesiam nulla sallus.

Ainda com as palavras da maravilhosa Sequentia da Missa de Corpus Christi nos meus ouvidos (Lauda, Sion, Salvatorem, ... Laudis thema specialis/Panis vivus et vitalis/Hódie proponitur ...), composta por Santo Tomás de Aquino, fico sabendo, por minha amiga Ana Maria (que já noticiou em seu blog), que Dom Luiz Bergozini, em palestra no dia 20 próximo passado, negou o dogma EXTRA ECCLESIAM NULLA SALLUS, promulgado pelo IV Concílio de Latrão, em 1215.

Por volta dos 16 min. da palestra o bispo afirma: “A gente não pode dizer que só se salvam aqueles que são católicos”.

Como já fez com Dom Anuar, este blog vai ajudar Dom Bergozini e lembrar-lhe as determinações do IV Concílio de Latrão, em relação ao dogma por ele “esquecido”.

Diz o texto do Concílio, primeiro em latim e depois em português:
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Una vero est fidelium universalis Ecclesia, extra quam nullus omnino salvatur, in qua idem ipse sacerdos est sacrificium Iesus Christus, cuius corpus et sanguis in sacramento altaris sub speciebus panis et vini veraciter continentur, transubstantiatis pane in corpus, et vino in sanguinem potestate divina: ut ad perficiendum mysterium unitatis accipiamus ipsi de suo, quod accepit ipse de nostro.

Ora, existe uma Igreja universal dos fiéis, fora da qual absolutamente ninguém se salva, e na qual o mesmo Jesus Cristo é sacerdote e sacrifício, cujo corpo e sangue são contidos verdadeiramente no sacramento do altar, sob as espécies do pão e do vinho, pois que, pelo poder divino, o pão é transubstanciado no corpo e o vinho no sangue; de modo que, para realizar plenamente o mistério da unidade, nós recebemos dele o que ele recebeu de nós.
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Portanto, o texto do Concílio coloca magistralmente em relevo a estreitíssima ligação entre o dogma da salvação e o sacramento da Eucaristia. Vejam onde tocam as afirmações do bispo Bergozini, vejam a gravidade de suas palavras.

Que Nossa Senhora olhe por todos nós!

22/06/2011

Arcebispo de Maringá se desculpa por Brasil ser católico: vamos ajudá-lo

Dom Anuar Battist declara “que não nos cabe culpa pelo fato histórico de ser o povo brasileiro majoritariamente católico”. Achei a declaração muito limitada e resolvi ajudar o arcebispo a pedir desculpas direito; não fiquemos limitados ao Brasil, peçamos desculpas ao mundo pelo que fizeram nossos irmãos católicos ao longo do tempo.

Peçamos desculpas, em primeiro lugar, pelo Sangue de Nosso Senhor ter sujado os pátios e ruas de Jerusalém; pelo trabalho que demos aos flageladores de Jesus, que arrancaram pedaços de Sua Carne e acabaram com Seu Sangue. Desculpas pedimos a Pilatos, que tanto matutou, para depois trocar Jesus por Barrabás. Que problema de consciência lhe causamos!

Pedimos desculpas, a seguir, por sujar as ruas de Roma com o sangue daqueles que não aceitavam renegar Cristo. E olha que isto durou uns 300 anos e deve ter causado muita dor de cabeça para os garis da cidade; limpar todo aquele sangue!, que nojo! Houve o aspecto positivo, deve-se destacar, pois alimentamos muitos leões no Coliseu. Sem nossa carne os bichinhos dariam mais despesas ao Império e menos diversão aos pagãos.

Depois, temos de pedir desculpas por estabilizarmos as sociedades, quando o Império Romano ruiu. Quando as instituições desapareceram, só a Igreja sobrou para fazer todo o tipo de serviço; por isso pedimos desculpas. Aqueles bárbaros sanguinários que nossos santos converteram; por isso também pedimos desculpas. Pedimos desculpas também por preservar os costumes e os registros culturais da humanidade, quando ninguém dava a mínima para isso. Aqueles monges copistas ... Por falar em monge, pedimos desculpas para preservarmos todos os fundamentos da civilização nos mosteiros, fundamentos estes que iriam depois servir para construir o que chamamos de Civilização Ocidental.

Pedimos desculpas por criarmos as universidades, que nasceram das escolas paroquiais. Pedimos desculpas por criarmos a Ciência, por criarmos os hospitais e por lutarmos contra os mulçumanos, que hoje parecem estar conseguindo, finalmente, invadir e dominar a Europa, que não conta mais com nossa proteção, a proteção da Igreja. Pedimos desculpas por isso também.

Pedimos desculpas por esmagarmos os cátaros que, se tivessem dominado o sul da França, dominariam a França e o mundo e o destruiria em seguida.

Pedimos desculpas por criarmos toda a arte que vale este nome. Lembremos apenas do gótico que ainda nos tira o fôlego quando o contemplamos; e do canto gregoriano que nos eleva, até hoje, a uma atmosfera realmente espiritual.

Peçamos desculpas, para finalizar, pois a lista do mal que fizemos à humanidade não tem fim, pela filosofia tomista que, todos sabem, continua a ser a coisa mais terrível para a mente de quem a estuda!

Desculpa gente! Da próxima vez que vocês entrarem num hospital ou numa universidade, lembrem-se de nós, a culpa é nossa!

11/03/2011

Rom 8:22 – A Campanha da Fraternidade do sindicato panteísta dos bispos do triste Brasil

Que péssima lembrança a da CNBB, tomando como mote da CF2011 um versículo da Epístola aos Romanos! É nela que Paulo fala ferozmente o que se aplica muito bem aos senhores bispos: “Vangloriando-se, embora sábios, tornaram-se estultos, e trocaram a glória de Deus indefectível pela reprodução em imagens do homem corruptível, de aves de quadrúpedes e de répteis.” (Rom 1:22-23) Começaram, em síntese a adorar a natureza. Abraçando a falácia do aquecimento global, que é apenas a última moda dos comunistas, “new agers” e internacionalistas de plantão, os bispos do Brasil se tornam como estes “estultos” panteístas adoradores de ídolos, “Por isso é que Deus os abandonou, em poder da concupiscência dos seus corações” (Rom 1:24).

Mas vejamos se o versículo escolhido pela CNBB condiz com o que este sindicato de bispos quer que nós católicos acreditemos. Testemos o conhecimento exegético de nossos bispos. Reproduzamos um trecho um pouco maior (Rom 8:19-23): “Portanto, a criação atende ansiosamente a revelação dos filhos de Deus. De fato, a criação foi submetida à caducidade, não por sua inclinação, mas por vontade daquele que a submeteu, na esperança, porém, de que as próprias criaturas serão libertadas da escravatura da corrupção, para participarem da gloriosa liberdade dos filhos de Deus. Sabemos, com efeito, que a criação inteira geme e sofre em conjunto, as dores do parto, até ao presente. E não só ela: também nós próprios, que possuímos as primícias do Espírito, gememos igualmente em nós mesmos, anelando a adoção filial, a redenção do nosso corpo.”

Será que o gemido da criação inteira, suas dores de parto, se refere aos maus tratos que o homem dá à natureza? Será que Paulo está dizendo que os homens é que fazem a natureza gemer? Será a interpretação da CNBB das palavras de Paulo corresponde minimamente ao que diz a Tradição?

Sobre esse trecho, reproduzo um comentário do extraordinário livro de Josef Holzner, Paulo de Tarso (Editora Quadrante, 2008) que se encontra em sua página 411.

“Paulo nos sugere a imagem, cheia de melancolia e de poesia, da Criação que sofre ‘dores do parto’ e anseia por uma transfiguração. A história da humanidade e da Criação é um mistério, e não encontra qualquer explicação em si própria; não existe nenhum sentido imanente na História, como pretende o panteísmo [ouviram, senhores bispos!]. Em sim mesma, a História é um monstro, uma esfinge cujo enigma a humanidade tenta em vão decifrar desde os dias de Jó, e nem a Revelação nem a Redenção ergueram esse véu que oculta o destino. Pelo contrário, abriram-nos os olhos e fizeram-nos tomar consciência dos abismos à beira dos quais nos movemos, apesar de também nos assegurarem que todas as dissonâncias se reabsorverão finalmente na harmonia eterna. Se Virgílio ouve chorar as coisas (sunt lacrmae rerum, diz: ‘há lágrimas nas coisas’), o Apóstolo vê as criaturas elevarem as mãos ao Criador, num gesto de súplica, procurando ser libertadas da servidão do Maligno, ‘da sujeição à corrupção’ (Rom 8:21). [atenção bispos: a criação sente dores de parto porque está sujeita à lei da corrupção!] Os santos souberam captar esse mudo olhar da criatura maltratada [maltrata pela corrupção, senhores bispos!], e São Francisco de Assis ficou de tal modo impressionado como esse olhar que estreitou contra o seu coração todas as coisas criadas.”

Não conheço outro texto tão conciso quanto este para explicar o que os bispos parecem não compreender. A criação toda, incluindo os seres humanos chora e sente as dores do parto por causa da Queda (A Vós suspiramos gemendo e chorando neste vale de lágrimas!). A lei da corrupção é a lei de nosso estado.

Portanto, parem de tentar enganar os católicos do Brasil, senhores bispos da CNBB. O que vocês querem com esta CF2011 é pregar o panteísmo “new age”, usando para isto uma “ciência” vagabunda e de quebra achincalhando a verdadeira Doutrina Católica. Vocês já leram Ap 21:8?

02/10/2010

CARTA ABERTA A DOM SABURIDO. OU, ENSINANDO O VIGÁRIO A REZAR. OU, AINDA, UMA CORREÇÃO FRATERNA.

 

Nota do blog – Mais um corajoso católico leigo, Marcos Paulo, se dá a terrível incumbência de corrigir um representante dos Apóstolos. Parece mesmo que estamos vivendo um tempo (como anteriormente no séc. IV) que a defesa da Igreja está mais nas mãos dos leigos que dos clérigos. Nossa Senhora da Aparecida, livrai o Brasil do flagelo do comunismo!

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O que exige que falemos sem demora é, antes de tudo, que os promotores do erro já não devem ser procurados entre os inimigos declarados da Igreja; mas, o que é para deplorar e muito temer, se ocultam no seu próprio seio, tornando-se assim tanto mais nocivos quanto menos percebidos”. (S. Pio X, Encíclica Pascendi Dominici Gregis, 08/09/1907)

Excia. Revma.

Dom Saburido, O.S.B.

Arcebispo Metropolitano de Olinda e Recife

Como vai no subtítulo, sem arrogância alguma de minha parte, vou dizer-lhe certas coisas que acredito V. Excia, não aprendeu no seminário. Afinal, V. Excia foi ordenado já em um momento em que a fumaça de satanás já havia entrado na Igreja segundo as palavras do próprio Paulo VI, o Papa querido dos modernistas: “Por alguma fissura, a fumaça de Satanás está no templo de Deus: “a dúvida, a incerteza, o questionamento, a preocupação, a insatisfação, o afrontamento surgiram.”

Não são minhas intenções julgar as vossas, estas, só Deus as sabe e as julga corretamente. Não irei incorrer em juízo temerário. O que irei é comentar, à luz das Sagradas Escrituras, do magistério eterno da Santa Igreja Católica Apostólica Romana e do magistério dos Santos Doutores algumas ações e declarações públicas de V. Excia. que não estão “segundo a verdade do evangelho” (Gal. II,14).

Permita-me antecipar a minha defesa, em resposta aqueles que objetem a insignificância do escriba, aqueles que me imputem desrespeitador de um príncipe da Igreja de Roma. Sei que da parte de Vossa Excia. Revma, que tem por lema episcopal, Secundum Verbum Tuum, não haverá espasmos de indignação, mas recolhimento para realmente viver o “segundo Tua palavra” divina (Fiat mihi secundum verbum tuum. (Faça-se em mim segundo a vossa palavra. S. Lucas, I, 38).

Alguns “católicos” dirão, antevejo, que é um absurdo um danado de um pecador, reles professor de coisas seculares querer se arrogar em apontar erros nos outros e mais ainda em um Bispo. Dirão que este não é um tempo de imposições, de dogmas, mas sim um tempo de abertura, de acolhimento, de profetismo, de comunhão. Dirão que vejo ser o dono da verdade. Um absurdo! Ninguém é dono da verdade. Esta é uma construção coletiva. É comunitária. Não possuo a verdade, procuro permanecer nela, como prega Cristo. É para estes Vossa Excia. Revma. que antecipo os nomes de meus advogados. Os promotores de minha causa.

Miro-me em São Paulo, que, inferior hierarquicamente repreendeu publicamente a São Pedro. Em Catarina Benincasa, Santa Catarina de Sena que repreendeu rispidamente, mas respeitosamente, o Papa Gregório XI, fazendo-o voltar para Roma.

Tomei por parecerista o Doutor Angélico. Eis seu ensinamento:

Resistir na cara e em público ultrapassa a medida da correção fraterna. São Paulo não o teria feito em relação a São Pedro se não fosse de algum modo o seu igual (...). No entanto, é preciso saber que, caso se tratasse de um perigo para a Fé, os superiores deveriam ser repreendidos pelos inferiores, mesmo publicamente. Isso ressalta da maneira e da razão de agir de São Paulo em relação a São Pedro, de quem era súdito, de tal forma, diz a glosa de Santo Agostinho, que 'o próprio Chefe da Igreja mostrou aos superiores que, se por acaso lhes acontecesse abandonarem o reto caminho, aceitassem ser corrigidos pelos seus inferiores (S. Tomás., Sum. Theol. IIa-IIae, q. 33, art. 4, ad 2m).

Excia. o senhor é tido, ao menos midiaticamente, como um moderado, um conciliador. O que viria a ser isto? Quererá um moderado a quadratura do círculo ou, a circularidade de um quadrado? Afinal de contas, é uma arrogância medonha um quadrado só ser quadrado, e o círculo ser somente circular. Não, um moderado tem de mesclar os dois. É a dialética diabólica. Como se dá isto no plano espiritual? Ouso uma conjectura. Seria conciliar as coisas de Deus e a coisas do mundo? (os valores de satanás) Um moderado em questões espirituais só pode agir assim desta forma.

Teriam os jornais e “católicos” progressistas alcunhado o senhor de moderado devido a esta declaração, que segundo o Jornal Diário de Pernambuco teria Vossa Excelência pronunciado:

A Igreja defende que o aborto deve ser evitado. Mas é claro que tem que ver as condições médicas. Se existe um risco muito grande, há um consenso nesse sentido, então é algo a se considerar.”(http://www.diariodepernambuco.com.br/2010/04/10/urbana8_1.asp)

Hum! Confesso que não compreendi, Excia. Tendo sido realmente o senhor que pronunciou isto, pesa-me no coração dizer, mas o senhor não é mais católico, logo, não pode ser um Bispo da mesma Igreja Católica. Da “igreja” Universal, certamente.

Caro Dom Saburido, o senhor leu o que dizem que o senhor disse? Eu li. Não pode aquilo ali ter sido dito por um verdadeiro Bispo Católico Romano. O repórter foi incisivo nas perguntas. Mas o senhor foi tão evasivo, tão escorregadio, tão, como direi... MODERADO. O senhor diz que a Igreja “defende que o aborto seja evitado”. Isto soa tão romântico. Tão Concílio Vaticano II. Tão humano. Maldito respeito humano! A Igreja anatematiza e excomunga os abortistas e seus asseclas, e seus defensores, como o senhor. É isso. E nada pode ser acrescentado, nem retirado desta verdade.

O senhor diz mais. Quando perguntado se condenaria o abortamento, o senhor diz: “Essa é uma decisão médica, muito mais do que eclesial[...]Depende do parecer médico, da situação. Não pode radicalizar também as coisas”.

Então o senhor está querendo dizer que Deus é radical, não é? Que uma verdade revelada por Deus está abaixo axiologicamente e ontologicamente de um parecer médico? Bendito sejas tu ò Deus, por não ser um moderado, como Dom Saburido.

Dom Saburido, os moderados são como a serpente: tem língua dupla. Bífida. São como os políticos que tem “currais” eleitorais. Dependendo da região que estejam, mudam seu discurso. Elegantemente isto se chama de sofistaria.

Pode parecer esnobe esta coisa de indicar leituras, que me vejam assim. Dom Saburido leia urgentemente a Carta Encíclica Vehementer Nos de São Pio X, que trata da relação entre Igreja e Estado, que é onde reside seu erro doutrinário e teológico. No Magistério deste Santo Papa, como qualquer Papa Pedro e Cristo redivivos, V.Excia. ainda encontrará a recomendação paterna e voltará a estudar a Teologia e Filosofia verdadeiras, a de Santo Tomás.

Dizem também os jornais, como o senhor é midiático, não é mesmo, que V. Excia. foi a uma passeata dos “excluídos”. Que V. Excia. foi o máximo orador desta passeata, que orgulho, não? O senhor é um Bispo de passeata? Fui ver quem eram esses excluídos e lá estavam, para resumir: abortistas (assassinos), homossexuais militantes, comunistas, sem-terra, PSOListas, CUTistas, PTistas et caterva. Salvo engano, todos estes defendem antivalores. São contrários e afrontam o que defende a Santa Igreja Romana, logo, o que Deus ordena. São mesmo, anticatólicos.

O senhor se crê amigo desses movimentos? Lembra o senhor qual o conceito de amizade para Santo Tomás? “Amigos são aqueles que desejam e rejeitam a mesma coisa”. V. Excia. Quer as mesmas coisas que eles querem? Um Bispo da Santa Igreja não pode ser amigo destes “excluídos”, pelas razões expostas acima. Ou será o senhor capaz de moderar este conflito de interesses ao ponto de fazê-los confluir para um mesmo fim? Isto é, moderar os interesses divinos com os diabólicos.

Esta passeata dos “excluídos” é de uma alogia asinina, excelência. Todos os seres criados, animados, tem, em certa medida uma ou mais exclusões nos seus acidentes em relação a uns com os outros. Uns são mais belos que outros, mais gordos, ou magros; com ou sem cabelo, com mais dinheiro, etc. É o que se chama de desigualdade material.

Dela diz Leão XIII na encíclica Quod Apostolici Muneris:

... a desigualdade de direitos e de poder provém do próprio Autor da natureza ... ". Diz mais: "Por isso, assim como no Céu quis que os coros dos anjos, fossem distintos e subordinados uns aos outros, e na Igreja instituiu graus e diversidade de ministérios, de tal forma que nem todos fossem apóstolos, nem todos doutores, nem todos pastores (I Cor. 12, 27). Assim estabeleceu que haveria na sociedade civil várias ordens diferentes em dignidade, em direitos e em poder, a fim de que a sociedade fosse, como a Igreja, um só corpo, compreendendo um grande número de membros, uns mais pobres que os outros, mas todos reciprocamente necessários e preocupados com o bem comum." (Leão XIII, Quod Apostolici Muneris, no 15, 17 e 18).

Entendeu, Excia? Estes “excluídos” com quem V. Excia. Fez coro não lutam por dignidade alguma, eles querem e dizem abertamente isso, é igualdade. Querem a igualdade material que Deus não quer. O que devemos combater principalmente os bispos, é que esta desigualdade material seja transformada em ideologia para fazerem crer que os homens foram criados com naturezas diferentes, havendo espíritos e espíritos. É combater a idéia gnóstica de que Deus necessita de nós para completar sua obra. Medite o que diz ainda Leão XIII, Humanum Genus:

... se considerarmos que todos os homens são da mesma raça e da mesma natureza e que devem todos atingir o mesmo fim último e se olharmos aos deveres e aos direitos que decorrem dessa comunidade de origem e de destinos, não é duvidoso que eles sejam iguais. Mas, como nem todos eles têm os mesmos recursos de inteligência, e como diferem uns dos outros seja pelas faculdades do espírito seja pelas energias físicas; como, enfim, existem entre eles mil distinções de costumes, de gostos, de caracteres, nada repugna tanto à razão como pretender reduzi-los todos à mesma medida, a introduzir nas instituições da vida civil uma igualdade rigorosa e matemática." (Leão XIII, Humanum Genus, no 22).

Em suma, devemos lutar pela semelhança e não pela igualdade.

Será que o senhor acredita que quando Deus fala da pobreza na Bíblia ele quer se referir simplesmente à pobreza material? Quem ensinou a vossa excelência exegese bíblica? Terá sido Gutierrez? Leonardo Boff? Lubac? Hans Küng? Ou, algum outro celerado dessas teologias da danação?

O senhor não pode ser tão ingênuo ao ponto de não perceber quem são os patrocinadores destes gritos dos excluídos. Pegam pobres miseráveis e manipula-os para servirem a causas espúrias que não ousam dizer o nome, se passando por defensores dos excluídos e explorados. Não direi o nome de cada um destes, posto serem Legião, mas posso repetir a definição dada aos mesmos segundo o Santo Papa São Pio X: “Pestífera espécie de homens.”(Sacrorum Antistitum).

Vossa Excelência lembra-se do Decretum Contra Communismum (Decreto Contra o Comunismo), do Papa Pio XII? Já na sua primeira questão pergunta-se e responde-se a seguir:

Q. 1 Utrum licitum sit, partibus communistarum nomen dare vel eisdem favorempraestare. (Acaso é lícito dar o nome ou prestar favor aos partidos comunistas?) R. Negative: Communismum enim est materialisticus et antichristianus; communistarum autem duces, etsi verbis quandoque profitentur se religionem non oppugnare, se tamen, sive doctrina sive actione, Deo veraeque religioni et Ecclesia Christi sere infensos esse ostendunt.

Nas questões seguintes responde-se que a pena é a excomunhão, Excia, latae sententiae. Procure seu confessor, caro dom Saburido. Arrependa-se! Caso contrário o senhor estará impossibilitado de ser admitido nos sacramentos. Estará destituído de sua autoridade episcopal. Acredite, é com pesar que escrevo estas coisas.

Por fim, repito Pio XI, que por sua vez repete o magistério da Santa Igreja desde sempre: “Socialismo religioso, socialismo cristão, são termos contraditórios: ninguém pode ao mesmo tempo ser bom católico e socialista verdadeiro.” (Pio XI)

Então, de que lado o senhor ficará?

Por favor, Excia. Não faça coro com os que dizem que a Igreja modernizou-se. Ah, não. Excelência, Deus não faz upgrades, aggiornamentos. Quem fez isto foi o Concilio Vaticano II, um Concílio herético e meramente pastoral, logo, não obrigatório em suas decisões para os católicos.

Lembra-se do Quo Vadis Domine?(Onde vais Senhor?) de São Pedro à Cristo (João 16,5)? Humildemente pergunto-lhe: onde vais, Dom Saburido? Volte para a Barca de Pedro. Não tema ser rechaçado por este mundo. Não tema ser humilhado pela maioria. Não tema ser crucificado com o Rei dos Reis, o mais excluído dos excluídos, posto que lhe é negada a adoração devida pela maioria dos do seu clero. Lembra da Ladainha da humildade? Ensinaram-na no seminário? [...] Do receio de ser humilhado, livrai-me, ó Jesus. Do receio de ser desprezado, livrai-me, ó Jesus. [...] (Cardeal Merry del Val)

Excelência de tua própria vontade escolhestes o maior dos fardos, atendendo a um chamado Divino. Escolhestes ser pescador de almas. Escolhestes ser o sal da terra. O senhor esqueceu o que diz Santo Afonso Maria de Ligório, em seu A Selva, sobre a responsabilidade e dignidades de um de um sacerdote quanto à salvação ou danação das almas de seu rebanho?

Sou sacerdote, a minha dignidade está acima da dos anjos.

Um Deus digna-se de obedecer à minha voz; com melhoria de razão devo obedecer à sua.

O respeito humano e as amizades mundanas desonram o sacerdócio: logo devo ter-lhes horror.

Só devo procurar a glória de Deus, a minha santificação e a salvação do meu próximo; a isso pois me devo dedicar, até com o sacrifício da minha vida, se tanto for necessário.

Reafirmo minha indignidade em apontar erros em qualquer ser humano, principalmente os de um Bispo, mas é que os fatos são gravíssimos, são escandalosos. Uma coisa é um escândalo provindo de um miserável pecador como eu, outra coisa é vindo de um pecador, como todos somos, sendo um Bispo. Não restam dúvidas que o escândalo se torna mais pernicioso. É lição de seu irmão de episcopado, Santo Afonso de Ligório, no mesmo A Selva: “Ensina Santo Tomás que o pecado dos fiéis é mais grave que o dos infiéis, precisamente porque os fieis conhecem melhor a verdade ora; as luzes de um simples fiel são bem inferiores às de um sacerdote.”

Seu modelo deve ser Cristo, São João Maria Batista Vianney; o Santo Pe. Pio de Pietrelcina; deve ser aquele pároco de uma pequena cidade, com batina preta com sol a pino, demonstrando seu luto por este mundo corrompido pelo pecado adâmico, nossa herança desgraçada.

Não pense que com estas heréticas concessões o senhor estará trazendo de volta as ovelhas desgarradas, não! Estas atitudes só atraem as hienas, os chacais para agredirem, desde dentro, a Santa Igreja. Medite as palavras do Santo Papa Pio X, o Papa da Eucaristia, no seu Pascendi, ao referir-se aos Modernistas: “Ninguém é mais insidioso que eles [...] Agem de modo dissimuladíssimo; arrastam por isso facilmente para os erros a qualquer incauto”.

Excia. Revma. o Senhor é um beneditino. Permita lembrá-lo do Capítulo 5 (da obediência) das regras do patriarca São Bento:

O primeiro grau da humildade é a obediência sem demora. É peculiar àqueles que estimam nada haver mais caro que o Cristo; por causa do santo serviço que professaram, por causa do medo do inferno ou por causa da glória da vida eterna, desconhecem o que seja demorar na execução de alguma coisa logo que ordenada pelo superior, como sendo por Deus ordenada. Deles diz o Senhor: "Logo ao ouvir-me, obedeceu-me". E do mesmo modo diz aos doutores: "Quem vos ouve a mim ouve.

Obedeça a Deus, obedeça ao Santo Padre; Desobedeça os pareceres de médicos abortistas (assassinos), desobedeça os “excluídos”, desobedeça os homens. Caso contrário, nós católicos é que deveremos por amor a deus, por dever de consciência exercer o nosso direito à desobediência. Pedindo sua benção, despeço-me, in Corde Jesu et Maria, Semper.

P.S. Caso tenha errado aqui em qualquer comentário; se fugi ao magistério infalível da Santa Mãe Igreja de Roma, penitencio-me e desde já recuso o que escrevi. Havendo erros são frutos de minha ignorância, nunca má fé ou maldade.

Marcos Paulo.

Vitória de Santo Antão-PE.

Setembro de 2010.

30/09/2010

Carta aberta a Dom Demétrio Valentini – Bispo Diocesano de Jales

 

Nota do blog – Importante carta de Diogo Ferreira; a triste posição de um leigo católico que se vê obrigado a corrigir um Bispo. Nossa Senhora de Aparecida, livrai o Brasil do flagelo do comunismo!

Excelência,

Sua Benção!

Como leigo Católico residente na circunscrição eclesiástica da Diocese de Jales venho respeitosamente tecer alguns comentários que reputo importantes acerca de um dos últimos artigos de Vossa Excelência, intitulado “Pela liberdade de consciência”.

No referido texto Vossa Excelência parece reagir aos pronunciamentos de Bispos e Padres, secretarias e institutos religiosos que ultimamente têm conclamado os fiéis católicos a não contribuírem com o voto à candidatura de Dilma Roussef à Presidência da República. Tanto assim que em meio a uma ode à liberdade de consciência Vossa Excelência pontua que se difundem “cartas procedentes de sub-comissões, de sub-regionais, ou cartas individuais de determinados bispos ou padres, e pretendem invocar sobre estes escritos a autoridade de toda a instituição, quando o Presidente da CNBB, D. Geraldo Lyrio Rocha já esclareceu, enfaticamente, que a CNBB não apóia nenhum partido e nenhum candidato, nem igualmente proíbe nenhum partido ou candidato.”, aludindo aos vídeos e textos que se lançaram recentemente, como o de Dom Luiz Gonzaga Bergonzini, Dom Alberto Taveira Correia, Dom Manoel Pestana, ou a nota da Comissão Episcopal representativa do Conselho Episcopal Regional Sul 1 da CNBB entre outros nobilíssimos Bispos e Padres.

Pode-se confirmar que o intento era mesmo o de defender mais especialmente a legitimidade de voto em Dilma Roussef observando o texto seguinte, publicado alguns dias depois no mesmo site da Diocese, em que se lê sob o título “o fato relevante” que, entre outras coisas “Esta autonomia frente à grande imprensa, se traduz também em liberdade diante das recomendações de ordem autoritária. Elas também já não influenciam. Ao contrário, parecem produzir efeito contrário. Quando (sic) mais o bispo insiste, mais o povo vota contra a opinião do bispo.”

Diante de tudo isso, sinto-me no dever moral de lançar algumas ponderações atinentes ao assunto, o que faço primeiramente a Vossa Excelência, mas também a tantos mais quantos tiverem lido os supracitados artigos, daí esta carta aberta.

O dever de todo católico de colaborar - conforme suas condições e estado de vida - ao Bem Comum na Polis é algo deveras relevante, e em vista de que “a Graça não destrói, mas aperfeiçoa a natureza[1]”, esse mesmo católico encontra na Sã Doutrina e na disciplina da Igreja uma apurada e renovada força para cumprir com seus deveres de cidadania, bem como fazer valer seus direitos.

Assim é que, os problemas de ordem natural em crivo político e econômico, enquanto estão sob aspectos técnicos, carregam consigo uma maior liberdade decisória quanto a maneira de resolvê-los.

Entretanto, a face política dos problemas de ordem natural pode ter, e regularmente têm, um outro aspecto além do meramente técnico, trata-se do sobressalente aspecto moral, sobre o qual deve a Igreja instruir os fiéis, como múnus próprio entregue por Cristo aos Apóstolos e seus sucessores.

Por isso é que se lê na Encíclica Immortale Dei, de Leão XIII, a explicitação do que sempre fora crido:

“Destarte, tudo o que, nas coisas humanas, é de certo modo sagrado, tudo o que pertence à salvação das almas ou ao culto de Deus, que seja assim por natureza própria ou, ao invés, se entenda como tal pela causa a que se refere, tudo isso abrange do poder e arbítrio da Igreja” (Denzinger-Hunermann, 2007, p. 678).

É ainda mais clara a Instrução Libertatis conscientia (título bem a calhar ao assunto em pauta), que sob o reinado do Papa João Paulo II e retomando as grandes chaves de leitura da Doutrina Social da Igreja, asseverou:

“Nesta missão, a Igreja ensina o caminho que o homem deve seguir neste mundo para entrar no Reino de Deus. Por isso, sua Doutrina abarca toda ordem moral e, particularmente, a justiça, que deve regular as relações humanas. [...] Quando propõe sua doutrina acerca da promoção da justiça na sociedade humana ou exorta os leigos ao engajamento, segundo sua vocação, a Igreja não excede seus limites [...] Na mesma linha, a Igreja é fiel à sua missão, quando denuncia os desvios, as servidões e as opressões de que os homens são vítimas; quando se opõe às tentativas de instaurar, seja por oposição consciente, seja por negligência culposa, uma vida social da qual Deus esteja ausente, enfim, quando exerce seu julgamento a respeito de movimentos políticos que pretendem lutar contra a miséria e a opressão, mas são contaminados por teorias e métodos de ação contrários ao Evangelho e ao próprio ser humano.” (Idem, p. 1122)

Ora, o pedido de muitos Bispos e Padres para que os fiéis não incidam no erro de votar em candidatos que, pessoalmente ou por força do partido, defendam a legalização do aborto é totalmente justificado pela própria hediondez do crime que não pode ter chancela governamental sem grave prejuízo a toda a nação.

O partido dos trabalhadores conseguiu evidente destaque negativo nessa seara ao encaminhar, em 2004, um relatório ao Comitê de Direitos Humanos da ONU que afirma o compromisso do governo do PT na luta em “revisar a legislação repressiva” contrária ao aborto no Brasil; o governo Lula, publica ainda em 2004, o plano nacional de políticas para mulheres, em que apresentava como algo de ação prioritária no item 36.1 do referido documento “revisar a legislação punitiva” do aborto, tais diretrizes conforme os dizeres do próprio documento oficial foram aprovados pelos ministros de estado e pelo presidente da República; em seguida, o governo por meio de sua base parlamentar na câmara dos deputados, lutou pela aprovação do projeto de lei nº 1135/91, de autoria dos ex deputados petistas Eduardo Jorge e Sandra Starling, que liberaria o aborto no país a ser financiado pelo governo com o dinheiro dos impostos, através do sistema único de saúde, e sem qualquer restrição; a rejeição do projeto de lei retro indicado ocorreu somente em 9 de julho de 2008 com parecer em contrário da Comissão de Constituição e Justiça, entretanto, para que não houvesse o arquivamento do mesmo, o deputado do PT José Genoíno apresentou o recurso 201/2008 solicitando a liberação do projeto para ser votado em plenário, apesar dos pareceres contrários de duas comissões internas da câmara, assim o deputado pretende que o projeto seja aprovado no momento oportuno, o que vale dizer, depois de manobras e visível maioria com mínimo legalmente possível de quorum.

Agora, o mais aviltante ainda está por vir: em 21 de dezembro de 2009, o governo Lula sanciona o Plano Nacional de Direitos Humanos, que apresenta como objetivo estratégico (item III) o apoio à aprovação de projeto de lei que descriminalize o aborto, além de defender projetos que equiparem ao casamento a união homossexual e propostas de retirada obrigatória de todos os símbolos religiosos de qualquer repartição pública. Isso também é reafirmado em 22 de fevereiro de 2010, em que o site oficial do PT publica a Resolução sobre as diretrizes de programa 2011 a 2014 (portanto a ser implantada com a eleição de Dilma Roussef, o apoio ao aborto é especialmente citado na diretriz nº 57 do documento).

Em 16 de Julho de 2010, um ministro e uma chefe de secretaria do governo, e “companheiros” de Dilma Roussef, assinaram em nome do Estado Brasileiro o denominado “Consenso de Brasília”, em que se assume o compromisso pela legalização do aborto (item 6, alínea f).

Dilma Roussef, em recente entrevista filmada aos editores da revista “istoé” (que pode ser vista na íntegra quanto ao tema, até mesmo pelo youtube), se reportou ao aborto dizendo que o fato negativo do mesmo é apenas o de provocar dores na mulher, disse ela: “além de ser uma agressão ao corpo da mulher, dói... eu imagino que a mulher sai de lá baqueada (sic)”, nenhuma palavra fora dita sobre o sofrimento e morte da criança no ventre, o que, além de tudo, mostra uma cruel insensibilidade.

O fato emblemático, entretanto, é outro, pois “nunca antes na história desse país”, deputados tinham sido perseguidos e forçados a sair de um partido mediante processo disciplinar, por terem se mostrado contrários à legalização do aborto. Foi talvez uma das maiores façanhas ocorridas durante o governo petista: os deputados federais Luiz Bassuma e Henrique Fontes sofreram processo disciplinar no PT e foram punidos pelo partido por serem contrários à legalização do aborto! (de fato, o PT não é lugar para pró-vida). Isso fora possível, pois, no PT o aborto é programa de partido e fora institucionalizado como meta em Congresso Nacional partidário (definida a legalização do aborto a ser realizado nos hospitais públicos sem restrições, pelo III Congresso Nacional do PT, em 2007, entre outros anteriores e com confirmação posterior do Congresso de número IV, de 2009).

Tendo diante de si todas essas amostras de desrespeito ao bem natural mais fundamental que é a vida, em vista ainda da pretensão do PT de que esse bem mais fundamental possa ser diretamente atacado e tolhido através do aborto financiado pelo Estado via SUS, os religiosos conscientes e zelosos de seu dever opuseram-se a tal plano que “clama aos céus por vingança” conclamando os católicos a não contribuírem nessa tenebrosa empreitada.

Pois quem colabora com o pecado, mesmo por omissão, é réu da mesma culpa e prestará contas a Deus, assim ensina o Catecismo da Igreja. Muito claramente expressa essa lição do catecismo o Padre Marcelo Tenório:

“colaborar com o pecado grave, nem que seja por omissão é comete-lo também. O aborto é pecado grave que brada aos céus por justiça. Votar em qualquer candidato que o apóia é ser réu diante de Deus, é ficar com as mãos sujas do sangue dos inocentes que será derramado mais ainda se esta lei iníqua um dia for aprovada.”[2]

Afinal, se lê na Lumen Gentium que tanto os clérigos quanto os leigos, por óbvio, “se devem guiar em todas as coisas temporais pela consciência cristã, já que nenhuma atividade humana, nem mesmo em assuntos temporais, se pode subtrair ao Domínio de Deus.” (Idem, p. 958. parágrafo 36 do doc.).

Para atacar os prelados que atacaram o PT, Vossa Excelência repetidamente lançou mão em seu texto da expressão “liberdade de consciência” – com a qual, segundo Vossa Excelência, os católicos poderiam votar sem receio em Dilma Roussef.

Ocorre que a liberdade de consciência que Vossa Excelência evoca não se parece nesse ínterim com a sã liberdade católica, pois verdadeira liberdade não é aquela que se satisfaz em ser livre, mas sim aquela que se vale do ser livre para abraçar e prover a Verdade e o Bem.

Ou, noutras palavras, não se trata de obnubilar a consciência para usa-la de maneira contrária ao Bem sob a bandeira da liberdade, a isso melhor seria chamar libertinagem ou arbitrariedade

A liberdade é um bem, mas é um bem “meio”, e não um bem “fim” em si mesmo, ela deve estar a serviço da Verdade e do fim último do ser humano, Este sim Bem Absoluto, Deus mesmo.

Vale mais uma citação de Leão XIII, o grande Papa da Doutrina Social da Igreja, dessa vez na Encíclica Libertas Praestantissimum:

“Em conseqüência disso, numa verdadeira sociedade humana, a liberdade não consiste em cada um fazer o que bem entende,... mas nisto, que, por meio das leis civis, se possa viver mais facilmente de acordo com as prescrições da Lei Eterna.” (Ibidem, p. 691).

Do contrário a liberdade se torna auto destrutiva e destruidora de seu fundamento terreno participado, o ser humano.

Desta forma a liberdade não tem a prerrogativa de tudo legimitar, nem foros absolutos.

Diga-se ainda que, nenhum dos clérigos que apontaram o dever moral do católico de não contribuir com a legalização do aborto, irá porventura coagi-los ou obriga-los por intermédio da força, isso sequer é factível no sistema de voto secreto e muito menos fora esse o intento que manifestaram os reverendíssimos religiosos, eles apenas alertaram sobre o grave problema ético que envolve a questão. De fato, a possibilidade de votar em partidos pró-aborto se mantém, por isso mesmo é que devemos reafirmar ao católico que não deve anuir nesse projeto contra a vida, ou seja, o dever de não votar nesses partidos é decorrência lógica da posição católica contra o aborto, é dever por coerência cristã... não uma obrigação imposta por armas e avessa ao exercício da liberdade de consciência, mas se trata exatamente de fomentar o uso consciencioso da liberdade de maneira autenticamente cristã.

Por tudo isso é que o católico não deve votar no PT e em políticos pessoalmente favoráveis ao aborto, pois o tema atinge o bem natural maior – que é a vida – daqueles mais indefesos, os nascituros.

Defender posição em sentido contrário e votar em candidatos legalizadores do aborto é se tornar ipso factum cúmplice (seja em maior ou menor grau) do assassinato de inocentes por nascer, pois a Santa Igreja Católica Apostólica Romana sempre proibiu o aborto e isso pode ser atestado historiograficamente já pelos documentos patrísticos.

Desde o 1º Catecismo Cristão (Didaché) que data do ano 90-100, está escrito ‘não matarás criança por aborto, nem criança já nascida’ [...] Em 220, Tertuliano diz uma frase genial: ‘É homem o que deve tornar-se homem, tal como o fruto inteiro está contido na semente’ (apologética, cap.9)[3].

A condenação foi reafirmada em vários Concílios no correr dos séculos: Concílio de Ancara (ano 314, cânone 20); Concílio de Lérida (ano 524, cânone 2); Concílio de Constantinopla (ano 629, cânone 91); Concílio de Worms (ano 829, cânone 35). Também através de Bulas: Ephenatom (ano 1588), Sedes Apostólica, do Papa Gregório XIV (ano 1591) e Sedes Apostólica do Papa Pio IX (ano 1869) e assim, sempre, no exercício Perene do Magistério Eclesial[4].

De quem lhe agradece imensamente por ter ministrado meu Sacramento da Crisma, cuja Graça Divina comunicada me fez - ainda que muito pecador - um soldado do Senhor dos Exércitos, subscrevo-me suplicando que reveja vossa posição acerca do que escrevera.

Ad Maiorem Dei Gloriam.

Diogo Ferreira.


[1] AQUINO, Santo Tomás. Summa Theologica, I, q. I, art. 8, ad. 2.

[2] Retirado de http://www.acidigital.com/noticia.php?id=20210

[3] MARTINS, Roberto Vidal da Silva. Aborto no direito comparado: uma reflexão crítica. In: A vida dos direitos humanos: bioética médica e jurídica.1999 p.409.

[4] Idem. p.409 e 410.