03/02/2012

Família tradicional precisa de correção? Blog responde.

Leitor, Janos, comenta post A família, segundo Chesterton e os húngaros (vejam só!).: Algo assim não pode ser corrigido com leis. O problema é outro. Conflitos que surgem dentro da própria família tradicional levaram à perda da sua legitimidade. Tratar as pessoas que sofrem do efeito desse processo como se elas fossem a origem ou a causa disso é uma abordagem equivocada, ao meu ver.

Blog responde.

Puxa, Janos, você trata a família como se fosse doença: “tratar as pessoas que sofrem o efeito desse processo...”. Que processo? Do processo de viver em família, de ter uma família, de viver sob a proteção de um pai e de uma mãe? É disso que você está falando? Logo você, que é pós-graduado em Teologia, como nos informa seu perfil! Você estudou Santo Tomás e Santo Afonso, ou foi Kongars, Chenus, Boffs, etc.?

Você fala de “família tradicional”, pois certamente você imagina que existe outra forma desta organização. Pois é disto mesmo que Chesterton fala: não existe. E é exatamente para garantir a forma natural de organização familiar (lembra-se da Sagrada Família, Janos?) que a Hungria formulou uma lei positiva; uma lei positiva para garantir uma lei natural. Ou seja, é sim função do Estado garantir a organização da sociedade segundo a natureza mais elevada do homem.

Nada que diz respeito às organizações naturais da humanidade perde a legitimidade. A família não foi criada originalmente por lei positiva, mas é lei natural e esta não prescreve. Toda vez que o homem se afasta ou contradiz uma lei natural, o que ele consegue é só perversão e infelicidade; ele se afasta do Criador da lei natural, se afasta de Deus. Portanto, a família só perde a legitimidade para aquela classe de gente que denominei no post original: esquerdistas, gaysistas, pervertidos em geral; ou seja, a intelligentsia pagã moderna. Nada há a se “corrigir” na família, mas somente a (re)instaurar: Instaurare omnia in Christo (Do brasão pontifício de São Pio X).

2 comentários:

Unknown disse...

Obrigado por responder minha pergunta.

Eu acho que o julguei antecipadamente. Até ler este post, eu não tinha percebido sua posição ideológica extremamente conservadora.

Não tratei a família como uma doença, mas a doença, em algum sentido, nasce na família, nas interações entre familiares, mediadas por uma cultura individualista. O processo que eu citei é justamente o processo de perda do sentido tradicional. Acho equivocado tratar pessoas que não enxergam mais sentido na família tradicional como inimigos, e não como pessoas que precisam de orientação para voltar a enxergar o sentido.

Acredito não estar discordando de Chesterton ao usar o termo "família tradicional", pois a estou entendendo como uma organização natural. Porém, também compreendo que esta organização natural já começou a perder sentido muito antes da modernidade. Já na antiguidade as relações familiares estavam longe da naturalidade humana. A Sagrada Família em nada pode ser comparada ao conceito civilizado de família.

Mas minha principal discordância foi quanto à ideia de que a lei positiva pode garantir a lei natural. Não creio que a função do Estado seja garantir a organização da sociedade segundo a "natureza mais elevada do homem", mas justamente o inverso. O Estado é uma criação humana que garante o funcionamento da norma social, e não da naturalidade humana. O Estado é, como diz Hobbes, um deus artificial, criado para manter a paz na civilização.

A família perde sua legitimidade aos olhos da cultura moderna, a mesma que criou o Estado. O homem não teria criado o Estado se não tivesse se afastado na "lei natural", e não é por essa via que irá reencontrar o sentido original da família. Pois quem segue Jesus o segue em verdade, em amor e em liberdade, não por força de lei repressiva.

Para finalizar, considero um equívoco usar o pensamento de Chesterton para defender a ideologia conservadorista que você prega.

Antonio Emilio Angueth de Araujo disse...

Vejam resposta ao Janos aqui.