O tempo de preparação de 3 a 4 semanas, que precede a festa
de Natal é chamado de Advento. Isto quer dizer que o Redentor do gênero humano
está, por assim dizer, em caminho para vir até nós, enquanto nós nos preparamos
para recebê-lo. A consciência dos nossos pecados nos faz desejar ardentemente e
esperar a vinda do Redentor e Salvador do mundo.
1. Significação deste
Tempo. Estas quatro semanas recordam-nos a primeira vinda do Salvador, em
carne, e levam-nos a pensar numa segunda vinda, no fim do mundo.
As partes próprias das Missas destes quatro domingos põem
esses pensamentos diante dos nossos olhos. Vemos o Salvador que há de vir, como
O viram em espírito os Patriarcas: Salus
mundi, o Salvador do mundo. Como O anunciaram os Profetas: Lux mundi, a Luz do mundo que dissipa as
trevas e ilumina as nações. Como O designou S. João Batista, o precursor: Agnus Dei qui tollit pecata mundi, o
Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo. Como, finalmente, Maria
Santíssima contemplou, durante meses, o seu Filho, criança pequenina e meiga
que será chamada: Filius Altissimi,
Filho do Altíssimo.
Este Tempo diz-nos ainda que Ele virá novamente no fim do
mundo (Evangelho do primeiro domingo do Advento). Virá não mais como em Belém,
com as mãos cheias de misericórdias, mas como Juiz dos vivos e dos mortos, no
furor dos elementos desencadeados e num aparato tão terrível que os homens
ficarão mirrados de susto. Hora incerta que devemos temer e para a qual,
segundo o aviso do Senhor, cumpre estarmos preparados. E como nos prepararemos?
Lembrando-nos da primeira vinda do Senhor e aproveitando-lhe os frutos.
2. Como devemos celebrar
o Advento. Tenhamos, em primeiro lugar, um grande desejo do Salvador,
desejo esse que nasce da convicção firme da necessidade absoluta da Redenção,
não somente para a nossa pessoa, mas, acima de tudo, para toda a santa Igreja,
a Comunhão dos fiéis. Isaías, profeta do Antigo Testamento, coloca em nossa
boca as palavras: “Enviai, ó céus, o Justo”. E a santa Igreja faz-nos exclamar
nas orações: Veni, Domine, et noli
tardare. Vinde, Senhor, e não tardeis.
Em segundo lugar, devemos manter em nós o espírito de
penitência. S. João Batista exorta-nos: “Fazei dignos frutos de penitência”. A
salvação só se aproximará de nós, se afastarmos o pecado e o apego ao pecado,
se fizermos penitências pelas faltas cometidas. Preparai, pois os caminhos do
Senhor, porque o Reino de Deus está próximo. Passemos, por fim, este tempo, em
doce expectação com Maria, Mãe de Jesus. A Santa Igreja, de maneira toda especial,
lembra-se dela neste tempo, festejando, logo nos primeiros dias, a sua Imaculada
Conceição. Felizes somos nós, porque com a Mãe de Deus, já nos podemos preparar
para a festa do Natal. Cada uma das Missas é uma Encarnação do Filho de Deus, e
cada uma das santas Comunhões que fazemos neste tempo, faz nascer o Filho de
Deus em nós, auxiliando-nos para que possamos dignamente celebrar a festa de
Natal.
In Missal Quotidiano,
D. Beda Keckeisen, O.S.B., Tipografia Beneditina, LTDA, Bahia, junho de 1957.
2 comentários:
Professor, creio que a última palavra do quarto parágrafo deve ser "frutos", não "furtos". Saiu com um ligeiro erro.
Deus lhe pague, Israel. Já corrigi.
Ad Iesum per Mariam.
Postar um comentário