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04/05/2013

São Francisco de Assis: o maior pecador do mundo!

Frei Rufino, um dos primeiros companheiros de São Francisco de Assis, teve uma visão da glória do santo no Céu, por sua humildade, que muito lhe impressionava. Ele fez então a seguinte pergunta ao santo: "Meu caro pai, eu vos suplico dizer-me na verdade que opinião tendes de vós mesmo". E o santo lhe disse: "Na verdade eu me considero o maior pecador do mundo e aquele que menos serve a Nosso Senhor." "Mas," replico Rufino, "como podeis dizer isso de verdade e em consciência, uma vez que muitos outros, como se pode ver claramente, cometem muitos pecados graves, dos quais, graças a Deus, estais isento?"

Ao que São Francisco respondeu: "Se Deus tivesse favorecido esses outros, dos quais fala, com tanta misericórdia como me favoreceu, estou certo de que, por maus que sejam agora, eles teriam sido muito mais reconhecidos pelos dons de Deus do que eu, e o serviriam muito melhor do que eu. E se meu Deus me abandonasse, eu cometeria mais maldades do que nenhum outro..."

28/04/2013

Palestra sobre vida de São Pio V





Para os interessados, seguem algumas indicações de leituras sobre a vida e a época de São Pio V:
 
1. Historia de la Iglesia Católica, Ricardo Garcia Villoslada e Bernardino Llorca, tomo III, BAC, 1960. 
 
2. History of the Popes, Ludwig von Pastor, trad. e editado por Pe. Ralph Francis Kerr (Oratório de Londres), tomos XVII e XVIII, KEGAN PAUL, TRENCH. TRUBNER & CO. LTD., 1929.
 
3. A Vida dos Santos, Pe. Rohrbacher, Tomo VIII, Editora das Américas, 1959.
 
4. Saint Pius V, Robin Anderson, Editora Tan Books, 1978.

06/10/2012

Palestra sobre a vida de Santo Afonso Maria de Ligório

Palestra proferida dia 30 de setembro, no Colégio Monte Calvário, logo após a Missa Tridentina.


 


03/09/2012

Hoje é a festa de São Pio X e Chesterton fala sobre o grande Papa.


São Pio X morreu no dia 20 de agosto de 1914. No dia 29 de agosto do mesmo ano, Chesterton escreve um artigo no Illustrated London News intitulado “O Camponês que se Tornou Papa”. Abaixo os trechos mais significativos dessa homenagem que o futuro católico (sua conversão foi em 1922), então anglicano, presta ao grande Papa do Catecismo, ao Papa que identificou, analisou, desmascarou e anatematizou a monstruosa heresia do modernismo. Sabe-se que São Pio X morreu profundamente desgostoso pela guerra que apenas começava. No fundo, ele sabia o banho de sangue que se seguiria, ao qual Chesterton alude no final do artigo.

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Dentre as muitas expressões verdadeiras e tocantes de respeito pela tragédia do Vaticano [a morte de São Pio X], muitos comentaram sobre o fato de que o falecido Papa era por nascimento um camponês. Contudo, poucos ou ninguém, penso eu, tiraram desse fato sua mais interessante ou mesmo tremenda conclusão. Pois a verdade é que o velho papado é praticamente e única autoridade na Europa em que isto poderia ter acontecido. É o mais antigo, imensuravelmente o mais antigo, trono na Europa; e o único a que um camponês poderia ascender. Esta é a única monarquia eletiva no mundo; e aquela a qual qualquer camponês pode ainda ser eleito.

Aqueles que mais o admiravam, admiravam sua simplicidade e sanidade de um camponês. Aqueles que mais murmuravam contra ele, reclamavam da obstinação e relutância de um camponês. Mas por esta razão exatamente, está claro que a instituição representativa mais antiga da Europa está funcionando: quando todas as outras já sucumbiram.

O Papa nunca pretendeu ter um intelecto extraordinário; mas ele professava estar certo: e ele estava. Todos os ateus honestos, todos os calvinistas honestos, todos os homens honestos que dizem algo, ou acreditam ou negam algo, terá razão em agradecer suas estrelas (um hábito pagão) pelo camponês naquele elevado lugar. Ele matou a heresia que afirma que ter duas cabeças é melhor que ter uma; quando elas crescem no mesmo pescoço. Ele matou a ideia pragmática de comer o bolo e o ter ao mesmo tempo. Ele permitiu que se concordasse ou discordasse de seu credo; mas não que o adulterasse. É exatamente o que qualquer camponês de qualquer colina ou planície da face da terra faria. Mas há algo mais nele que não existe num camponês ordinário. Por todo este tempo ele chorou por nossas lágrimas; e partiu seu coração por nosso banho de sangue.
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São Pio X, rogai por nós!

20/08/2012

A vida de São Policarpo

Proferi palestra sobre a vida de São Policarpo, no Colégio Monte Calvário (BH), dia 29 de julho passado, logo após a Missa Tridentina. O vídeo da palestra vai abaixo.

 

06/08/2012

São Pedro e São Paulo: os dois pilares da Igreja.


SÃO PEDRO, APÓSTOLO

Nasceu em Betsaida, cidade da Galiléia. Seu pai chamava-se Jonas, nome que por singular coincidências significa "pomba". Em certo sentido, todos os Papas são filhos da pomba, porque na eleição dos mesmos influi o Espírito Santo. E S. Pedro havia de ser o primeiro Papa.

Tinha ele um irmão chamado André, e dois primos, Tiago e João, filhos de Zebedeu e pescadores, como eles, no lago de Tiberíades. Casara-se Pedro em Cafarnaum, porto famoso daquele lago, e vivia muito bem com os seus. Prova disso é que Jesus, sem dúvida a pedido de Pedro, curou-lhe a sogra. Não só era bom esposo, mas - coisa menos frequente - era também bom genro.

Um dia entrou Jesus na barca de Pedro e seus companheiros e mandou que remassem para o alto mar e lançassem as redes.

- Mestre, (disse Pedro), trabalhamos a noite inteira e não pegamos nem um peixinho; mas, já que assim o queres, em teu nome lançarei as redes.

A pesca foi tão abundante que Pedro se lançou aos pés de Jesus, suplicando:_ - Afasta-te de mim, Senhor; eu não sou mais que um miserável pescador.

- Tem confiança e segue-me. De hoje em diante serás pescador de homens.

E Pedro, abandonando tudo, seguiu, prontamente a Jesus. Cristo distinguiu-o muito e prometeu-lhe que o faria seu Vigário e chefe supremo da Igreja. Pedro, por sua vez, foi o primeiro a afirmar categoricamente que  Jesus era o Filho de Deus.

Durante a última ceia, Pedro mostrou-se excessivamente confiado nas próprias forças. Jesus, porém, disse a ele e aos outros que, quando o vissem preso e maltratado, todos o abandonariam. Pedro replicou impetuosamente: - Ainda que todos te abandonem, eu não te abandonarei.

Nosso Senhor repreendeu-o suavemente, porque sabia que o ardoroso Apóstolo o havia de negar três vezes. E assim foi. Mas Pedro, segundo contam os antigos, chorou tanto esse pecado, que as lágrimas abriram dois sulcos em suas faces.

Depois da Ressurreição foi por Jesus Cristo nomeado solenemente Chefe supremo da lgreja, que governou até à morte.

Em Jerusalém, o rei mandou prendê-lo para, depois da páscoa, dar-lhe a morte. Mas, ouvindo as preces dos fiéis pelo primeiro Pontífice, enviou Deus um anjo à prisão e o Apóstolo foi libertado.

Depois de ter estado em Antioquia, fixou Pedro a sua sede em Roma, de onde governava toda a Igreja.

Quando Nero decretou a primeira perseguição contra os cristãos, S. Pedro foi encerrado na prisão Mamertina, onde permaneceu vários meses em companhia de S. Paulo.

A 29 de junho do ano 67, o príncipe dos apóstolos foi crucificado sobre uma colina às margens do rio Tibre. Pediu e obteve que o pregassem na cruz de cabeça para baixo, por se julgar indigno de morrer da mesma forma que seu divino Mestre. No lugar do glorioso martírio de S. Pedro levanta-se hoje o Vaticano, onde reside o seu sucessor, o Papa. 


DIALOGO COM SÃO PAULO 

Jesus Cristo diz de si mesmo: "Eu sou a luz do mundo". Nos lábios seus e nos lábios de seus apóstolos, em poucos anos, viu o mundo a formosura dessa luz e ficou envolvido em seus raios. 

Duvidais? Interrogai S. Paulo, o gigante da verdade e do amor, o apóstolo que não descansa, a boca que não cala, as mãos que não desmaiam, o coração que nunca se apaga. Aí o tendes: interrogai-o.

- Santo Apóstolo, donde vens?
- Da Grécia.
- Percorreste a Arábia?
- Toda.
- Estiveste na Ásia?
.- Cheguei às suas praias mais remotas.
- E visitaste Atenas?
- Falei no Areópago, bem como nas ruas de Corinto, de Tessalonica e Éfeso.
- Pensas em ir a Roma?
- Até lá chegarei. Tenho ardentes desejos de avistar-me com os césares do mundo.
- Estiveste na prisão?
- Muitas vezes.
- Sofreste naufrágios?
- Três vezes me vi nos abismos do mar.
- Estiveste em perigo de morte?
- Em muitos; a cada passo.
- Sofreste fome?
- Sim.
- Frio?
- Também.
- Ódios e calúnias?
- lsso, toda a vida; prego a verdade e não me crêem; prego o amor e odeiam-me.
- Santo Apóstolo, descansa!
- Não posso.
- Modera tuas energias.
- Tudo me parece pouco.
- És incompreensível.
- Sou  a lógica, a lógica da verdade, a lógica do amor.

O Apóstolo cala-se um instante. Pensa. Levanta a cabeça e prossegue:

- Vi o meu divino Mestre. Conheci-o na estrada de Damasco. Compreendi que é a verdade, a luz. Levo-o no coração: é um fogo que me abrasa. Levo-o nos lábios: é uma luz que me guia e me arrebata. Poucos anos faz que andamos pelo mundo, eu e os demais Apóstolos, pregando a sua doutrina, anunciando a sua lei. Erguei os olhos e vede: a fé tem sido pregada em todo o universo. Jesus Cristo conquista toda a terra, porque Ele é a luz, é o sol da verdade.Viva Jesus Cristo!

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Tesouro de Exemplos, Pe. Francisco Alves, Editora Vozes (quando ainda católica!).

13/07/2012

Sentenças de São Bernardo - III

1. Ama o teu próximo como a ti mesmo.[1] Cada qual deve amar o próximo como a si mesmo; de tal forma que, mediante o consolo do serviço, a informação da verdade ou a exigência da ordem estimule o homem a honrar a Deus. Quem se devota a isso com discernimento é um sábio. Aquele que não se desanima com qualquer contrariedade é valente. Quem não age por deleite algum é sóbrio, e se assim o faz sem nenhuma altivez é honesto.

2. Quatro coisas impedem a confissão: o medo da renúncia, a vergonha do menosprezo, a ilusão de receber benefícios e honras se for considerado inocente, o medo de perdê-los se for apontado culpado.

3. A unidade se conserva com três coisas:[2] paciência, humildade e caridade. O soldado de Cristo deve estar armado com elas: com a paciência, como escudo que lhe cobre e protege contra toda a adversidade; com a humildade, como couraça que conserva seus sentimentos internos;[3] com a caridade, como lança com a qual, como disse o Apóstolo, atacando a todos com a audácia da caridade[4] e fazendo tudo para todos,[5] trava o combate do Senhor.[6] Convém também colocar o elmo da salvação,[7] que é a esperança, para proteger e conservar a cabeça, isto é, a mente. Tampouco deve faltar a espada da palavra de Deus[8] e o cavalo dos bons desejos.

4. A morte e a vida são as duas últimas referências. Lançamos-nos a elas com duas asas: o temor e a esperança. Cobrimos os pés com outras duas: a penitência do coração e a confissão verbal, conforme está escrito: a fé interior obtém a reabilitação, e a confissão pública, a salvação.[9] Duas asas cobrem a cabeça: o amor de Deus e do próximo. Por isso, nos diz o Apóstolo: se perdemos a cabeça, é por Deus; se estamos em são juízo, é por vós.[10]

5. Há uma soberba cega, outra vã, outra cega e vã. É cega quando o homem se atribui o que não tem. É vã quando se gloria de que outros lhe atribuam o que não possui. É cega e vã quando se gloria se si mesma de um bem que não possui e busca o aplauso dos outros.

6. Há uma humildade idônea, outra fecunda e outra extraordinária; a idônea se submete ao superior e não se antepõe aos iguais. A fecunda se submete ao semelhante e não se antepõe ao inferior. A extraordinária se sujeita ao inferior. Donde a palavra do Senhor a João: Deixa por ora, pois assim convém que cumpramos toda a justiça.[11]

Obras Completas de San Bernardo, vol. VIII, BAC Editorial.

Ver também Sentenças de São Bernardo e Sentenças de São Bernardo - II.


[1] Mt 19,19.
[2] Ef 6, 16.
[3] Ef 6, 14.
[4] Hb 10, 24.
[5] 1Cor 9, 22.
[6] Ex 17, 16.
[7] Ef 6, 17.
[8] Ef 6, 17.
[9] Rom 10, 10.
[10] 2Cor 5, 13.
[11] Mt 3, 15.

20/06/2012

Sentenças de São Bernardo - II


1. Evitem sobretudo a murmuração, irmãos. Talvez alguns a consideram um pecado insignificante. Não pensava assim quem advertia que ninguém se envolve com ela à toa. Não o considerava leve aquele que declarava aos críticos: Não haveis murmurado contra nós, mas contra o Senhor; nós, porém, o que somos?[1] Nem aquele que disse: Nem murmureis como murmuraram alguns deles e foram mortos pelo exterminador.[2] O exterminador, colocado nas próprias portas daquela cidade para repelir as maldições e afastá-las de suas fronteiras. A ela, de fato, disse: Louva, ó Jerusalém, o Senhor; louva, ó Sião, o teu Deus. Foi ele que estabeleceu a paz nas tuas fronteiras.[3] Não há nada em comum entre a murmuração e a paz, a ação de graças e a detração, o zelo amargo e o elogio. Bastam estas três sugestões na boca destas três testemunhas notáveis para que aprendamos a evitar completamente a praga da murmuração.

2. Os homens se aplicam ao estudo por cinco razões: Há os que gostam de saber só por saber; e é curiosidade ignóbil. Outros há que desejam saber para serem conhecidos; e é indigna vaidade. E há também os que desejam saber para vender a sua ciência, por exemplo, por dinheiro, pelas honras; e é vergonhosa mercadoria. Mas há ainda os que querem saber, para edificar, e é caridade. E, finalmente, os que desejam saber para serem educados; e é prudência.

3. É comum duvidar-se se o amor a Deus precede no tempo o amor ao próximo, porque parece que não podemos amar ao próximo por Deus se antes não amamos a Deus. Ou que o amor a Deus supõe o amor ao próximo, como está escrito: Aquele que não ama seu irmão, a quem vê, como pode amar a Deus, a quem não vê?[4] Devemos saber que o amor de Deus se pode conceber de dois modos: como algo inicial ou como algo já maduro. O homem começa a amar a Deus antes que ao próximo; mas já que este amor não pode amadurecer se não se alimenta e cresce por amor ao próximo, é necessário amar ao próximo. Portanto, o amor a Deus precede ao outro amor no início; mas é inseparável do amor ao próximo para dele se alimentar. Se alguma vez te confiarem a missão de governar, exija e repreenda com amor, com caridade, buscando a salvação eterna, para que, condescendendo com a fraqueza, não se malogre uma vida. Atue deste modo mesmo que tenhas de suportar a quem recusa toda disciplina, por desconhecer tua autoridade. Ordene e fique tranquilo; que o Senhor fará justiça e defenderá a todos os oprimidos. Se te mostras compassivo, Ele terá misericórdia contigo. Seja compassivo, pois não ficará impune a injúria que padeces. A mim me pertence a vingança, eu retribuirei, disse o Senhor.[5]

Obras Completas de San Bernardo, vol. VIII, BAC Editorial.



[1] Ex 16, 8
[2] 1 Cor 10,10
[3] Sl 147, 12;14.
[4] 1Jo 4, 20.
[5] Rom 12, 19.

16/06/2012

A vida de São Bernardo


Segue abaixo o vídeo de palestra que proferi sobre a vida de São Bernardo, no Colégio Monte Calvário, em 27/05/2012.

A obra de São Bernardo está publicada em espanhol, numa edição bilíngue preparada pelos Monges Cistercenses da Espanha, a cargo da Editorial BAC. São oito volumes de uma muito bem cuidada publicação.

Em português, há alguns textos disponíveis na Internet. Por exemplo: O sermão sobre o conhecimento e a ignorância, traduzido pelo Prof. Jean Lauand. Há também textos traduzidos pelo Prof. Ricardo da Costa, que podem ser encontrados aqui.

Há ainda um projeto da Sétimo Selo de lançamento de uma obra de São Bernardo, As Heresias de Pedro Abelardo. Segundo Sidney Silveira, tal lançamento não demorará a ocorrer.

Finalmente, há um pequeno texto de São Bernardo, publicado pela Editora Vozes, De Delingo Deo: Deus há de ser amado.


Qualquer compilação da Vida dos Santos descreve a vida de São Bernardo, um dos maiores santos e doutores da Igreja.


Vale a pena ler, sobre o santo, a encíclica de Pio XII, Doctor Mellifluus.

Espero que gostem da palestra.




11/06/2012

As Sentenças de São Bernardo.


São Bernardo de Claraval deixou uma obra extensa em que constam 358 sentenças. Segundo Pe. Leclercq, esta é a parte mais modesta, mais desconcertante e menos conhecida de toda a obra do santo.[1]

As sentenças são um gênero literário muito usado na Idade Média na literatura sapiencial. Hugo de São Vitor, que era contemporâneo de São Bernardo, escreveu a Summa Sentenciarum, uma coletânea de sentenças de várias origens. As Sentenças de Pedro Lombardo ocupou lugar de destaque na educação do século XII e XIII, chamando a atenção de ninguém menos que Santo Tomás de Aquino, que escreveu comentários sobre tais sentenças.

Seguem abaixo quatro das sentenças de São Bernardo, o Doutor Melífluo, como lhe intitulou Pio XII, numa encíclica de mesmo nome, em comemoração aos oitocentos anos de morte do santo, em 1953. Elas nos dão o sabor da mística do santo que foi considerado o último dos Padres da Igreja. Dão-nos também o sabor da literatura católica medieval, plena do imaginário católico que atingirá seu apogeu no século seguinte ao de São Bernardo, o século de Santo Tomás de Aquino, de São Boaventura, de Santo Alberto Magno, de São Francisco de Assis.

Traduzo a partir do texto em espanhol da edição bilíngue da BAC Editorial, vol. III, das Obras Completas de San Bernardo.
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1.  Há três testemunhas no céu: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Três na terra: o espírito, a água e o sangue. E três nos abismos. Lemos em Isaías: Seu verme não morrerá e o seu fogo não se extinguirá.[2] Dois são os males: o verme e o fogo. O verme corrói a consciência; o fogo incinera os corpos. E acima de tudo, o desespero, subentendido nas palavras não morrerá e nem se extinguirá. É assegurado um testemunho de felicidade aos moradores do céu, de perdão aos habitantes da terra e de condenação a quem habita os abismos. O primeiro testemunho é de glória, o segundo de graça e o terceiro de violência.

2.  A morte dos pecadores é péssima.[3] É desgraçada porque abandonam o mundo e não podem separar-se sem dor daquilo que amam. É mais desgraçada ainda pela decomposição do corpo, porque os espíritos malignos o arrancam da alma. É horrorosa pelos tormentos do Inferno. Ali, corpo e alma são jogados no fogo eterno. Ao contrário, a morte dos bons é ditosa, porque é descanso das fadigas, gozo de delícias desconhecidas e segurança pela eternidade.

3. A missão do pastor é vigiar as ovelhas em três aspectos: na disciplina, na defesa e na oração. Na disciplina, devido à corrupção dos costumes, para que o rebanho que lhe é confiado não sofra por sua própria inquietude. Na defesa, por causa dos ataques diabólicos, para que não caia nas ciladas do inimigo. Na oração, por suas contínuas tentações, para que não se encolha de medo. Que o rigor da justiça brilhe na disciplina, o espírito de conselho, na defesa, e na oração, o afeto da compaixão.

4. O Criador de todas as coisas criou duas criaturas com capacidade de conhecê-Lo: o homem e o anjo. A fé e a memória fazem justo o homem. A inteligência e a presença fazem ditoso o anjo. Porque o homem será um dia como o anjo, é necessário que agora ele se santifique mediante a fé. E que pela fé fortaleça sua inteligência. Pois está escrito: Se não crerdes, não entendereis.[4] A fé se orienta à inteligência. Pela fé se purifica o coração para que a inteligência veja Deus. Igualmente, a recordação de Deus se abre à Sua presença. Quem aqui recorda e pratica os mandamentos de Deus, ali merece também gozar um dia a Sua presença. Que gozem os anjos no céu a presença e o conhecimento de Deus. E que também nós conservemos a fé e Sua recordação nesta vida.


[1] Talante Sapiencial de las Sentencias Bernadianas a la Luz de la Escatologia, Juan Maria de la Torre, introdução do Vol. III das Obras Completas de San Bernardo, BAC Editorial, 1993.
[2] Is 66,24.
[3] Sl 33, 22.
[4] Is 7, 9.

31/05/2012

Festa de Santa Joana D’Arc.



Pe. João Batista Lehmann
Na Luz Perpétua


Figura singularíssima entre os Santos é Joana d’Arc, a humilde camponesa de Domremy, que, chamada por Deus, libertou sua terra, a França, do jugo dos estrangeiros, para, como mártir dessa missão, terminar a vida numa fogueira.

Filha de pobres camponeses de Domremy, na Lorena, nasceu Joana em janeiro de 1412. Longe dos grandes centros de civilização e da política, recebeu Joana a educação que os bons e piedosos camponeses tem por costume dar aos filhos, e assim a menina cresceu em simplicidade, piedade e temor de Deus, em nada se distinguindo das companheiras, a não ser por uma piedade mais acentuada e acendrada, como também por uma compaixão extraordinária para com os pobres. Entrando na idade de 13 anos, começou para Joana uma nova época da vida. Por diversasa vezes a menina ouviu vozes celestiais e apareceram-lhe o Arcanjo S. Miguel e outros Anjos, que a prepararam para a grande e extraordinária missão, para a qual Deus a tinha destinado.

Tristíssima ou antes, desesperada era a situação da França, cujo governo estava nas mãos de Carlos VII. O norte dos ingleses, tendo ficado Carlos VII senhor apenas dos Estados ao sul do Loire. Com o sítio de Orléans, os ingleses ameaçavam apoderar-se também do resto da França. O chamado de Joana coincide com este período humilhante da monarquia francesa. O que as vozes angélicas exigiam da jovem, não era nada menos que salvar a França, libertar Orléans e conduzir o rei a Reims, para ser solenemente coroado. Tarefa aparentemente impossível para uma pobre e fraca donzela, além de tudo inexperiente e tímida! Mas as vozes tornaram-se cada vez mais insistentes e exigiram de Joana o mais pronto cumprimento da vontade de Deus. Visões que teve também de Santa Catarina e Santa Margarida, animaram-na a não se opor aos planos divinos.

Enormes, quase insuperáveis dificuldades se levantaram diante de Joana quando esta revelou sua resolução à família. Dificuldades de outra espécie surgiram, quando Joana, em nome de Deus, exigiu ser em audiência recebida pelo rei. Este só se convenceu da missão sobrenatural da donzela, quando esta lhe revelou um segredo, só por ele e por Deus conhecido. Ainda assim o monarca providenciou para que se fizesse a mais severa observação, mas todos: homens e mulheres, foram unânimes em declarar e depor que em Joana não havia nada de exagero ou fraude. Joana designou um altar da Igreja de Santa Catarina de Fierbois, debaixo do qual acharia uma espada, de que se deveria servir, na campanha contra os ingleses. A espada doi de fato encontrada. Profecias por ela enunciadas cumpriram-se ao pé da letra, principalmente a que lhe predizia os ferimentos que receberia no assédio de Orléans. Os ingleses foram rechaçados, Orléans foi libertada e Joana levou o rei em triunfo a Reims, onde se realizou a coroação do monarca. Desde o princípio de sua atividade, tinha Joana declarado positivamente que, realizada a coroação do rei em Reims, consideraria terminada sua missão. Desejava voltar para o seio da família. O rei, porém, no posto de comandar as tropas. Se Joana tinha preparado para o rei a solene coroação, outra coroa a ela esperava, a do martírio. Na batalha de Compiège caiu nas mãos dos ingleses, que a encarceraram no forte de Beaurevoir, perto de Cambrai. Infeliz numa tentativa de fuga, foi encontrada desacordada e novamente levada à prisão. Instalou-se então o processo contra a heroína. Rodeada só de inimigos, abandonada pelo próprio rei, que tanto lhe devia, foi Joana julgada por um tribunal iníquo, presidido pelo bispo Pedro Cauchon, de Beauvais, que outro interesse não tinha, senão de ser agradável aos ingleses. Sem ter um advogado, que lhe defendesse a causa; sem que lhe fossem ouvidos os protestos e solene apelação para a Santa Sé, Joana foi condenada à morte, a ser queimada viva. Na hora solene da execução (30 de maio de 1431) Joana se houve com toda a grandeza e dignidade. Heroína fora na vida, como heroína morreu, invocando o nome de Jesus.

“Estamos perdidos nós todos”, exclamou um oficial inglês, que assistira àquela cena, “pois ela é uma santa”. Os soldados, habituados à vida rude de guerreiro, enxergavam em Joana “um ser angélico, em cuja presença ninguém se atrevia a dizer ou praticar incoveniências”. Joana não permitia a blasfêmias entre os soldados, e mantinha entre eles a mais rigorosa disciplina. Confessava-se quase diariamente e, além dos sacrifícios e privações, que a vida no acampamento lhe impunha, praticava o jejum e a abstinência com muito rigor. A família requereu revisão do processo junto a Santa Sé, para que fosse reabilitada a inocência de grande heroína. A Santa Sé anuiu a este justo pedido, e o Papa Calixto III não só anulou o processo de Rouen, como também declarou solenemente a inocência de Joana. Pio X beatificou-a em 10 de abril de 1909. Em 1924 foi Joana canonizada por S.S Pio XI na presença de milhares de cristãos, e sob o entusiasmo mais justo de todos os católicos da França e do mundo.

Reflexões

         Incompreensíveis são os juízos de Deus e inescrutáveis seus caminhos. De um modo admirável Deus se interessa pelos destinos de uma nação. Para defender os direitos de um rei, de rei indigno, recorre à intervenção de uma pobre donzela e esta morreu vítima de um processo iníquo. “Quem já conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro?” (Rom. 11.34)

14/04/2012

Festa de Santa Liduína (Lídia)

Ó Deus, que fizestes a Bem-aventurada virgem Liduína vítima de admirável paciência e caridade, conceda-nos, nós Vos rogamos, por seu exemplo e intercessão, que depois de ter suportado, por Vossa vontade, as misérias desta vida e ter socorrido nosso próximo. em Vosso nome, possamos merecer as alegrias eternas. Por Nosso Senhor.

04/04/2012

A vida de São Francisco Xavier

Proferi palestra sobre a vida de São Franscisco Xavier, no Colégio Monte Calvário (BH), dia 26 de fevereiro passado, logo após a Missa Tridentina. O vídeo da palestra vai abaixo.

19/03/2012

A vós São José recorremos!

“A vós São José, recorremos na nossa tribulação, e depois de ter implorado o auxílio da vossa Santíssima Esposa, cheios de confiança, solicitamos também o vosso patrocínio. Por esse laço sagrado de caridade que vos uniu à Virgem Imaculada, Mãe de Deus, e pelo amor paternal que tivestes para com o Menino Jesus, ardentemente suplicamos que lanceis um olhar benigno à herança que Jesus Cristo conquistou com o seu Sangue, e nos socorrais, nas nossas necessidades, com o vosso auxílio e poder.

“Protegei, ó guarda providente da Divina Família, a raça eleita de Jesus Cristo; afastai para longe de nós, ó Pai amantíssimo, a peste do erro e do vício; assisti-nos do alto do céu, ó nosso fortíssimo sustentáculo, na luta contra o poder das trevas, e assim como outrora salvastes da morte a vida ameaçada do Menino Jesus, assim também defendei agora a Santa Igreja de Deus das ciladas dos seus inimigos e contra toda a adversidade. Amparai a cada um de nós, com vosso constante patrocínio, a fim de que a vosso exemplo e sustentados com o vosso auxílio, possamos viver virtuosamente, morrer piedosamente, e obter no Céu a eterna bem-aventurança. Amém.”

01/03/2012

Festa dos Santos de Março


Dia
Santo
1
Santo Suitberto, O.S.B., Apóstolo da Frisia, Bispo
2
São Gregório de Nissa, Bispo
3
Santa Cunegundes, O.S.B., Imperatriz.
4
São Casimiro
5
Santa Catarina de Bolonha, O.S.F.
6
Santas Perpétua e Felicidade, Mártires/span>
7
Santo Tomás de Aquino, O.P., Doutor da Igreja
Santa Tereza Margarida do Sagrado Coração de Jesus, Carmelita
8
São João de Deus
9
Santa Francisca Romana, Viúva
10
Os quarenta mártires de Sebaste
11
Santo Eulógio, Sacerdote e Mártir
12
São Gregório Magno, Papa
13
Santa Eufrásia
14
Santa Matilde
15
São Clemente Hofbauer, Redentorista
Santa Luiza de Marillac
16
Santo Heriberto, Bispo
17
São Patrício, Bispo
18
São Cirilo, Doutor da Igreja
19
20
Santo Abrahão, Eremita
21
São Bento
22
São Nicolau de Flue, Eremita
23
Santo Irineu, Bispo e Mártir
24
São Grabriel Arcanjo
Santa Catarina da Suécia
25
Anunciação de Nossa Senhora
Santa Lúcia Filipini
26
São Ludgero
Paixão de Nosso Senhor
27
São João Damasceno
São Ruperto, Bispo
28
São João Capristano, Confessor
29
Santo Jonas e Santo Barachiso, Mártires
30
São João Clímaco, Abade
31
São Guido, Abade

14/12/2011

Santo Alberto Magno - Doutor Universal e patrono das Ciências.

Proferi, como havia antecipado aqui no blog, palestra sobre a vida de Santo Alberto Magno, no Colégio Monte Calvário, dia 20 de novembro passado, logo após a Missa Tridentina. O vídeo da palestra vai abaixo.


01/12/2011

Festa dos Santos de dezembro


Dia
Santo
1
Santo Egídio, Bispo
2
Santa Bibiana, Virgem e Mártir
3
São Francisco Xavier, Missionário, S.J.
4
São Pedro Crisólogo, Bispo, Doutor da Igreja
Santa Bárbara
5
São Sabas
6
São Nicolau
7
Santo Ambrósio, Arcebispo, Doutor da Igreja
Santa Maria Josefa Rosello
8
Festa da Imaculada Conceição de Maria Santíssima
9
Santa Gorgônia
10
Santa Fulália, Virgem, Mártir
11
São Dâmaso
12
Nossa Senhora de Guadalupe
Santo Epímacho e companherios, Mártires
13
Santa Luzia, Virgem, Mártir
14
Santo Espiridião, Bispo
15
Santa Cristiana
16
Santo Eusébio, Bispo
Santa Adelaide
17
São Lázaro
18
Santa Olímpias, Viúva
19
São Timóteo e Santa Maura, Mártires
20
São Domingos de Silos
21
São Tomé, Apóstolo
22
São Flaviano, Mártir
Santa Francisca Xaveria Cabrini
23
São Sérvulo
24
Santas Tarcila e Emiliana
25
Nascimento de Nosso Senhor
26
Santo Estevão, Protomártir
27
São João, Evangelista
28
Festa dos Santos Inocentes
29
São Tomaz, Arcebispo de Canterbury, Mártir
30
Santo Esturmio, Abade
31
Santa Melania, chamada a Menor
Santa Catarina de Labouré
São Silvestre