Comento aqui o artigo final d’O
DOMINGO de 29/04/2018, 5º. Domingo de Páscoa, do Pe. Paulo Bazaglia.
O Evangelho que merece seu
comentário é Jo 15, 1-8. Jesus diz: Ego
sum vitis vera, et Pater meus agricola est (Eu sou a verdadeira videira, e
meu Pai é o agricultor). Este evangelho é prenhe de significado, pois a
metáfora é aqui portentosa. É um evangelho também terrível para padres como Pe.
Bazaglia. Padres modernistas não gostam do, na melhor das hipóteses, ou não
acreditam no Inferno. Mas vamos ver como se sai o nosso padre no comentário que
ele faz.
No primeiro parágrafo de seu
comentário (intitulado Permanecer em Jesus) ele denomina os profetas do Antigo
Testamento de trabalhadores. Ele coloca a palavra entre aspas, como que
acanhado... As aspas talvez denotem um objetivo oculto. Chamar os profetas de
trabalhadores não é incorreto, na sã perspectiva de que eles eram trabalhadores
da vinha do Senhor. Penso que nenhum deles se furtaria a se definir como tal.
Mas as aspas traem uma significação bem malandra do padre, uma ligação com tal
partido atual do nosso triste Brasil. Será que o padre está querendo ligar os
profetas, digamos Daniel, Isaias, com Dilma, Lula, Dirceu, etc? Sei não!
Ah!, mas tem coisa mais
interessante. O padre, a certa altura, desfigura vergonhosamente a palavra do
Senhor. Ele diz: “Permanecer unidos a ele não para cortar pessoas de nossa
vida, como se fôssemos os ramos bons e os outros fossem os ramos destinados ao
fogo.” Que história é essa? Quem interpretaria assim a palavra de Nosso Senhor?
Nosso Senhor está dizendo que ele é a videira, e nós os ramos. Ele diz que
enquanto permanecermos ligados à videira, não seremos cortados. Mas se nós nos
desligarmos da videira, morreremos. Um ramo da videira (cada um de nós) não tem
o poder de cortar outros ramos e Deus não cortará os ramos vivificados com a
seiva do Senhor. Jesus está dizendo que os ramos destinados ao fogo (do
Inferno) serão aqueles que optarem por se desligar. O Inferno é opção nossa.
Deus apenas aceita essa opção. Que conversinha fiada é essa de nós cortarmos os
ramos? Isso só pode passar pela cabeça de Pe. Bazaglia.
Outra coisinha que o padre se
esqueceu, muito convenientemente, de mencionar. Estar ligado à videira é
também, e principalmente, estar ligado à Cruz de Nosso Senhor, pois Sua seiva é
alimento de vida eterna, que não existe senão aos pés da Cruz. Muito bonitinho
falar em “permanecer firmes no testemunho da misericórdia e do amor
incondicional”, como faz o padre Bazaglia. Mas que tal lembrar que esse amor
incondicional é exatamente o amor à Cruz de Nosso Senhor? A Igreja desse padre
é a Igreja do amor e da misericórdia sem a Cruz e o sofrimento. Mas isso só
significa o caminho fácil para o Inferno. Amor e misericórdia sem a Cruz é o
lema de uma igreja sem Deus, ou melhor, uma igreja com um deus imanente, um
deus panteísta, um deus do “faça amor, não faça a guerra”.
Para terminar, lembremos-nos de
um diálogo entre a alma e Jesus, na Imitação de Cristo. A alma está tentando
entender o que significa o “renuncia-te a ti mesmo” e pergunta a Jesus: “Senhor,
em que devo renunciar-me, e quantas vezes?” Jesus responde: “Sempre e a toda
hora, tanto no muito como no pouco. Nada excetuo, mas quero te achar despojado
de tudo”. Ele ainda diz: tu deves renunciar a ti mesmo “oferecendo-se em
cotidiano sacrifício a Deus, sem o que não há nem pode haver união deliciosa
comigo”.
Aí está! Estar ligado ao tronco
da videira, estar em “união deliciosa” com Ele significa renunciar-se a si
mesmo. Nada mais, nada menos, viu padre Bazaglia?