“Exsultáte, Justi, in Dómino:rectos decet collaudátio.”
Comento hoje, brevemente, dois artigos que se encontram no semanário litúrgico-catequético O Domingo, de 30-3-2008, sob os títulos “Abrir portas e janelas”, de Pe. Nilo Luza, e “Documento de Aparecida”, de Pe. Benedito Ferraro.
Ambos os artigos falam do Documento de Aparecida. Ambos fazem propaganda do Concílio Vaticano II. Sim, fazem propaganda! Apenas isso.
1. “Abrir as portas e janelas”
“O forte apelo feito pelo Documento de Aparecida é nesta linha: sair das quatro paredes do templo e ir à sociedade (...). É preciso escancarar portas e janelas e permitir uma interação entre as pessoas ‘de dentro’ e as ‘de fora’. Somente com esse intercâmbio a Igreja pode chegar com sua mensagem e aprender o que a sociedade tem para oferecer.” [ênfases minhas]
Pe. Luza fala aqui da atividade missionária da Igreja. Veja que entendimento peculiar tem esse padre da atividade missionária. A Igreja vai, através do “intercâmbio”, à sociedade para “aprender o que a sociedade tem para oferecer”.
Bem, o Pe. Luza não deve ter lido o Evangelho do dia (Jo. 20, 19-31), pois nele Jesus diz aos discípulos: “Como o Pai me enviou, também eu vos envio. Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhe serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos.”
Caso o padre já tenha se esquecido dos outros Evangelhos, não custa ajudá-lo a lembrar.
No Evangelho de Marcos (Mc. 16, 15-16), Jesus diz aos apóstolos: “Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda a criatura. O que crer e for batizado, será salvo; o que, porém, não crer, será condenado.” Em Lucas (Lc. 24, 46-47) se lê: “e disse-lhe Jesus: Assim está escrito, e assim era necessário que o Cristo padecesse e ressuscitasse dos mortos ao terceiro dia, e que em seu nome se pregasse a penitência e a remissão dos pecados a todas as Nações, começando por Jerusalém.”
Em nenhum lugar Jesus sugere aos apóstolos que aprendam com o mundo, que façam intercâmbio com o mundo, que se abram as portas e janelas do templo ao mundo. A atividade missionária só pode se basear nas palavras do Cristo ou não será uma atividade missionária. Então o que o missionário deve fazer é pregar as palavras do Deus Trino, pregar a penitência e a remissão dos pecados e quem, como o Pe. Luza, tiver recebido o sacramento da Ordem, perdoar os pecados.
Fora disso, o resto é balela ou, pior, heresia. Não é demais lembrar que o príncipe do mundo é o demônio. Fechemos portanto as portas e janelas do templo, e do nosso coração, ao mundo.
Fala ainda o Pe. Luza: “Acreditamos que a V Conferência Geral do Celam tenha sido novo pentecostes, em que a Igreja da América Latina se deixou inundar pelo Espírito Santo.”[ênfases minhas]
Bem, aqui o Pe. Luza ou está falando metaforicamente, ou devem ter ocorrido coisas nessa conferência episcopal que ainda não nos contaram. Mas como é possível falar de Pentecostes metaforicamente? Só vejo uma possibilidade: só fala metaforicamente sobre um novo pentecostes quem acredita que o Pentecostes foi apenas metafórico. Bem, mas se assim se fala está se cometendo, creio eu, um pecado contra o Espírito Santo. Deus me livre pensar isso de Pe. Luza!
2. “Documento de Aparecida”
Aqui o Pe. Benedito nos ensina que tal documento, seguindo uma linha ininterrupta desde o Concílio Vaticano II, passando por Medellín, Puebla e Santo Domingo, “demonstra um modo original de exercício da colegialidade no mundo.”
Para quem fica matutando o que seria essa tal de colegialidade dentro da Igreja, Pe. Benedito cita diretamente o documento: “Este método nos permite articular, de modo sistemático, a perspectiva cristã de ver a realidade; a assunção de critérios que provém da fé e da razão para o seu discernimento e valorização com o sentido crítico; e, em conseqüência, a projeção do agir como os discípulos missionários de Jesus Cristo.”
Entenderam agora, caros leitores? Ainda não? Bem, eu também não entendi. Mas continuo lendo o Pe. Benedito. “Esse método, surgido da ação católica no século passado, permite às pessoas ser sujeitos co-responsáveis e agir em conjunto de forma inteligente, planejada e perseverantemente executada.” Ainda bem que esse método surgiu no século passado (leia-se depois do Vaticano II), pois antes, as pessoas não eram sujeitos responsáveis e não agiam em conjunto de forma inteligente, planejada e perseverante. Santo Deus, quanta bobagem!
Mas continuo lendo: “[Esse método] acolhe as contribuições advindas da ciência moderna. À luz da palavra de Deus e da tradição da Igreja, busca uma aproximação respeitável da realidade vivida no continente e indica os passos necessários para que a missão colabore na vida dos povos latino-americanos e do caribe.” Aqui, Pe Benedito fala da ciência moderna acolhida pelo método da colegialidade. Eu não sei do que ele está falando. Será que ele fala que a Igreja acolhe os remédios, os telefones celulares, a tomografia computadorizada etc.? Ou será que ele fala que a Igreja do Vaticano II acolhe a teoria da evolução, as concepções materialistas das ciências físicas, as pesquisas com células-tronco etc.? O que isso tem a ver com a atividade missionária, seja aqui na América Latina ou em qualquer outro lugar? Ainda estamos pregando a penitência e a remissão do pecado, ou o século XX mudou isso também? E, a propósito, de que tradição da Igreja o Pe. Benedito fala? A do século passado ou a de Jesus e de sua Igreja?
Fiquemos, então, com essas lições dominicais da Igreja do Vaticano II, onde ser missionário é se abrir ao mundo e seus valores e até flertar com a ciência moderna, seja lá o que isso queira dizer.
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30/03/2008
Lições das Missas dominicais pós-Vaticano II – Parte II
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Lições das Missas de Paulo VI
16/03/2008
Traduções de Thomas Sowell
Finalmente consegui atualizar, aí do lado, os links aos artigos de Thomas Sowell que traduzi no Mídia Sem Máscara. Pretendo, de agora em diante, manter a lista atualizada. Essa lista já conta com mais de cem artigos (ver meu artigo no MSM, Uma nota sobre Thomas Sowell) traduzidos ao longo de quase três anos.
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