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11/10/2012

50 anos de Vaticano II: João XXIII convoca os Estados Gerais; logo a seguir, começa a Revolução.


Concílio Vaticano IIHá 50 anos, neste dia, o Papa João XXIII convocava o XXI Concílio Ecumênico da Igreja Católica. Com este comentário, termino aqui a série de posts que comecei em 13 de maio de 2011. Foram, com este, 37 posts, entre textos e vídeos, com que procurei lembrar do tsunami que atingiu a Igreja neste meio século passado.

Para mim, duas são as frases mais significativas sobre o Concílio Vaticano II. Uma é a do Papa que o encerrou:






“A religião de Deus que se fez homem se encontrou com a religião (pois é uma religião) do homem que se faz Deus.” (Papa Paulo VI, discurso de encerramento do Concílio Vaticano II, 8 de dezembro de 1965.)

A outra é a do Cardeal Ratzinger, então Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, depois Papa Bento XVI:

"Se se deve admitir um diagnóstico global sobre esse texto [a Gaudium et Spes do Vaticano II] poderia dizer-se que significa, (junto com os textos sobre a liberdade religiosa e sobre as religiões mundiais) uma revisão do Syllabus de Pio IX, uma espécie de Antisyllabus" (Cardeal Ratzinger, Teoria dos Princípios Teológicos, Herder, Munchen, Barcelona, 1992-1995, p. 457).

A frase de Paulo VI é por demais clara para merecer qualquer comentário adicional. 

A afirmação do Cardeal Ratzinger, pelo cargo que ele então ocupava, e pelo que hoje ocupa, é extraordinariamente esclarecedora acerca do Concílio. Se os principais documentos desse concílio se contrapõem ao Sillabus de Pio IX, que condena os erros da época, isso só pode significar que tal concílio reafirma os erros, ou nega que tais afirmações elencadas por Pio IX seja, de fato, erros, ou até que aqueles erros do século XIX se tenham transformados em acertos no século XX. Seja como for, é bom lembrar que o Sillabus dividia os erros em nove categorias, a saber: I. Panteísmo, Naturalismo e Racionalismo Absoluto; II. Racionalismo Moderado; III. Indiferentismo, Latitudinarismo; IV. Socialismo, Comunismo, Sociedades Secretas, Sociedades Bíblicas, Sociedades Clérico-Liberais; V. Erros Sobre a Igreja e os Seus Direitos; VI. Erros de Sociedade Civil, tanto Considerada em Si, Como nas Suas Relações com a Igreja; VII. Erros acerca da Moral Natural e a Moral Cristã; VIII. Erros Acerca do Matrimônio Cristão; IX. Erros acerca do Principado Civil do Pontífice Romano. É bom ler todo o Sillabus com muita atenção e meditar nas palavras de Ratzinger. Assim, podemos começar a entender o Concílio Vaticano II em sua dimensão mais profunda. E veja que, correndo o risco de uma enfadonha repetição: o cardeal era o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.

Tudo o que ocorreu no Concílio, inclusive o golpe desfechado por um grupo muito coeso e bem identificado, contra Nosso Senhor e Nossa Senhora, foi o trabalho de muitas décadas anteriores, desde o século XIX. Alguns, pouco antes da abertura do Concílio, tinham os olhos muito bem abertos e sabiam exatamente o que estava acontecendo. Há depoimentos impressionantes a respeito. Colho a seguir o depoimento de Mons. Antonino Romeo, da Sagrada Congregação para os Seminários e as Universidades, que em janeiro de 1960, escreveu um artigo, em que nos informa sobre como ele via a situação da Igreja (O Concílio Vaticano II: uma história nunca escrita, Roberto Mattei, Caminhos Romanos, 2012).

“Indícios cada vez mais numerosos, provenientes de vários lugares, atestam o gradual desenvolvimento de uma ampla e progressiva manobra, dirigida por habilíssimos chefes aparentemente muito piedosos, cujo objetivo é eliminar o cristianismo que foi ensinado e vivido durante dezenove séculos, a fim de o substituir por um cristianismo, ‘dos novos tempos’. A religião pregada por Jesus e pelos Apóstolos, intensamente posta em prática por Santo Agostinho, São Bento, São Domingos, São Francisco, Santo Inácio de Loyola, é febrilmente corroída para que venha a desaparecer; e para que então se imponha em vez dela uma nova religião, sonhada pelos gnósticos de todos os tempos, a que já se chama, aqui ou ali, ‘o cristianismo adaptado aos novos tempos’. O cristianismo dos ‘novos tempos’ assentará na divindade cósmica e nos direitos do homem; terá como dogmas do seu ‘Credo’ o monismo evolucionista com progresso indefinido, a liberdade humana sem limites e a igualdade universal, com cambiantes de ‘fé’ cientista, teosófica e ocultista, que variarão conforme os ambientes. Terá como moral obrigatória a ‘adaptação’, ou seja, o ‘conformismo’, com a proibição de toda e qualquer ‘frustração’ e o dever de satisfazer todos os instintos e todos os impulsos; a finalidade última da vida eterna será afastada e substituída pelas ‘realidades terrenas’ que o obscurantismo dos dezenove séculos tinha posto de quarentena e que são hoje ‘reabilitadas’ com grande zelo. Neste cristianismo ‘novo’, Jesus, os Apóstolos, as definições e as diretivas emanadas do Magistério da Igreja durante dezenove séculos passarão a ser simples memórias, como valor exclusivamente ‘histórico apologético’: anéis da cadeia de uma evolução indefectível que só terminará quando o homem, tendo-se tornado o Ser perfeitíssimo, for reabsorvido na infinidade do Todo. ”

Alguns dias antes do encerramento da Primeira Sessão do Concílio, que ocorreu em 8 de dezembro de 1962, Mons. Luigi Carlo Borromeo, então bispo de Pesaro, anotava em seu diário (tiro a citação do livro de Mattei citado acima):

"Estamos em pleno modernismo. Não se trata do modernismo ingênuo, declarado, agressivo e combativo dos tempos de Pio X, não. O modernismo dos nossos tempos é mais sutil, mais camuflado, mais penetrante e mais hipócrita. Não pretende provocar uma tempestade, pretende que toda a Igreja se torne modernista sem disso se aperceber. (...) O novo modernismo também admite a tradição, mas como consequente à Escritura, originada pela Escritura e pelo Magistério, que originalmente teve por objeto apenas a Escritura. No modernismo, Cristo salva-se, mas não é o Cristo histórico; é um Cristo elaborado pela experiência religiosa, a fim de que houvesse uma figura humana, bem delineada e concreta, que apoiasse as experiências religiosas que não podiam ser expressas, na sua riqueza e intensidade, pro meio de puros conceitos racionais e abstratos. (...) Assim também, o modernismo de hoje salva todo o cristianismo, o seus dogmas e a sua organização, mas esvazia-o por completo e inverte-o. Já não se trata de uma religião que vem de Deus, mas uma religião que vem diretamente do homem e indiretamente do divino que há no homem."

Que palavras terríveis as dos Monsenhores Romeo e Borromeo; tanto mais terríveis por serem extraordinariamente proféticas. Este é o modernismo que devastou a Igreja nos últimos 50 anos, por dolorosa permissão divina (quam incomprensibilia sunt iudicia Eius!) Este é o modernismo no qual vivemos, no qual sofremos.

Comecei esta série de posts na data da primeira aparição da Virgem Santíssima na Cova da Iria, em Fátima. Termino-a hoje, em que se comemora a festa da Maternidade de Nossa Senhora, instituída por Pio XI, em 1931, por ocasião do décimo quinto centenário do Concílio de Éfeso, que declarou Maria Teotokos. Os modernistas, que no Concílio deram um golpe terrível na Virgem Santíssima, comemoram hoje os 50 anos de convocação deste que foi o único concílio da Igreja que não condenou os erros do seu tempo, um dos quais fora condenado por Maria em Fátima. Nós devemos comemorar a Maternidade de Maria, nossa Mãe, e suplicar para que ela nos acolha em seu colo santíssimo, nestes tempos duríssimos em que vivemos. 

Virgem Santíssima, olhai por nós!




11/09/2012

50 anos de Vaticano II: blog entrevista Gilbert Keith Chesterton.

Blog do Angueth – Sabemos que aggiornamento foi a palavra de ordem do Concílio Vaticano II. Esta palavra foi usada para indicar atualização, adaptação, conformação da Igreja aos novos tempos, aos tempos modernos, ao século XX. Este conceito fundamentou a afirmação, na melhor das hipóteses, ufanista de Paulo VI, que disse, ao fim do concílio: “A religião de Deus que se fez homem se encontrou com a religião (pois é uma religião) do homem que se faz Deus.” Sabemos também que em nome deste aggiornamento a Igreja foi varrida por um tsunami de proporções apocalípticas. O senhor, como grande católico e defensor da Igreja, como um erudito de primeira grandeza, como defensor fidei, certamente não se furtará a nos dar sua opinião sobre tão importante tema eclesial moderno. Would you please share your thoughts with us? (Desculpem-me, mas o homem é inglês!)

Chesterton – Embora não conheça este “Blog do Angueth”, nem saiba o que seja um blog, exceto talvez um parente distante de Frances, que tenha perdido um g em seu nome (Frances Blogg, esposa de Chesterton), reconheço que a pergunta é importante e que sua resposta é ainda mais importante.

A Igreja não pode mudar com os tempos; simplesmente porque os tempos não mudam. A Igreja pode apenas manter-se firme ao longo dos tempos, apodrecer e feder com os tempos. No mundo econômico e social em si nada há exceto aquele tipo de atividade que é chamada degeneração; o fenecimento das elevadas flores da liberdade e sua decomposição no solo aborígene da escravidão. Desse modo, o mundo está em grande medida no mesmo estágio que estava no começo da Idade das Trevas. E a Igreja tem o mesmo papel que teve no começo da Idade das Trevas; o de salvar toda a luz e liberdade que ela puder salvar, o de resistir a queda vertiginosa do mundo e o de esperar por dias melhores. Tal é o que uma Igreja real certamente faria; mas uma Igreja real poderia ser capaz de fazer mais. Poderia fazer das idades das trevas mais que um tempo de semear; poderia fazer delas o exato reverso das trevas. Poderia apresentar seu ideal mais humano, ao modo de um contraste tão súbito e atrativo à tendência desumana dos tempos, que inspirasse repentinamente os homens a uma das revoluções morais da história; de modo a que os homens ainda viventes não experimentassem a morte antes de terem visto a justiça retornar.

Não desejamos, como dizem os jornais, uma Igreja que mude com os tempos. Desejamos uma Igreja que mude o mundo. Desejamos que ela mova o mundo de muitas coisas em direção às quais ele agora se encaminha; por exemplo, o Estado Servil. É por este teste que a história realmente julgará qualquer igreja, seja ela a Igreja real ou não.

Blog do Angueth – Thank you very much!


______________________
Nota do blog: Já escrevi aqui o que penso sobre as posições de Chesterton acerca do Concílio Vaticano II, tivesse ele vivido os tempos pós-conciliares. O texto acima apareceu num artigo do grande católico inglês, no jornal New Witness, sobre se a Igreja deve mudar com os tempos ou não. Para quem sabe ler, a conclusão sobre a posição dele em relação ao CVII é óbvia!

07/09/2012

50 anos de Vaticano II: DOM SABURIDO E AS BESTAS, COM APROVAÇÃO "NEOECLESIAL".


Nota do blog: As travessuras de Saburido seria um título muito apropriado para um livro infantil, não fossem suas travessuras muito sérias e não fosse este senhor um sucessor dos Apóstolos. Melhor seria falarmos das tragédias de Saburido ou dos escândalos (no sentido bíblico) de Saburido. Eu já escrevi aqui muito sobre este senhor (ver aqui, aqui e aqui). Marcos Paulo, autor do texto abaixo e leitor do blog, também já escreveu aqui sobre o tal bispo. Mais recentemente alguns leitores de Pernambuco estão escrevendo ao blog para protestar contra suas mais recentes declarações. É que agora o bispo está sendo também, além de outras coisas, bestial. Vejam, no trecho a seguir, que Chesterton acertadamente mostra que a tendência dos pagãos modernos (sim, pagão é o que o bispo é, na melhor das hipóteses) de borrar a diferença entre homem e animal (que é o que o bispo agora quer nos impingir) leva logicamente ao canibalismo, que pensávamos extinto nas sociedades civilizadas. Vamos ao trecho de Chesterton: 

"Assim, muitos de nossos amigos e conhecidos continuam a entreter um saudável preconceito contra o canibalismo. O momento em que este próximo passo na evolução ética será dado parece ainda distante. Mas a noção de que não há muita diferença entre os corpos de homens e de animais – de que não eles estão, de modo algum, distantes, mas muito próximos – é expressa em centenas de maneiras, como um tipo de comunismo cósmico. Podemos quase dizer que é expressa de todas as formas, exceto pelo canibalismo. Ela é expressa, no caso dos vegetarianos, na não colocação de partes de animais nos homens. É expressa quando se deixa um homem morrer como morre um cachorro, ou quando se considera mais patético a morte de um cachorro do que a de um homem. Alguns se inquietam sobre o que acontece com os corpos dos animais, como se estivessem certos de que um coelho se ressentisse em ser cozido, ou que uma ostra exigisse ser cremada. Alguns são ostensivamente indiferentes ao que acontece aos corpos dos homens; e negam toda a dignidade aos mortos e todo gesto de afeto aos vivos. Mas todos têm uma coisa em comum; consideram os corpos humano e bestial como coisas comuns. Pensam neles sob uma generalização comum; ou, na melhor das hipóteses, sob condições comparativas. Entre pessoas que chegaram a esta posição, a razão para desaprovar o canibalismo já se tornou muito vaga. Permanece como uma tradição e um instinto. Felizmente, graças a Deus, embora seja agora muito vaga, é ainda muito forte. Mas, embora o número dos mais ardentes pioneiros éticos que provavelmente começariam a comer missionários cozidos seja muito pequeno, o número daqueles dentre eles que conseguiriam explicar suas próprias razões reais para não fazê-lo é ainda menor."

Curtam agora mais um lance na vida do pagão Saburido! Chamo-o de pagão por pura caridade. Agradeço a Marcos Paulo o texto muito bem fundamentado.


Marcos Paulo

“Havendo perigo próximo para a fé, os prelados devem ser argüidos, até mesmo publicamente, pelos súditos”. (Sum. Teol.II-II.ª,XXXIII,IV,a.d.2)

Dom Saburido não para de nos surpreender. E, o faz com regularidade solar. Passemos em revista alguns dos seus “portentos”, não em ordem cronológica necessariamente.
 Após uma infeliz declaração de independência da “ciência” frente à Santa Igreja Católica em questões da vida:

A Igreja defende que o aborto deve ser evitado. Mas é claro que tem que ver as condições médicas. Se existe um risco muito grande, há um consenso nesse sentido, então é algo a se considerar[1](http://www.diariodepernambuco.com.br/2010/04/10/urbana8_1.asp);

Após mobilizar o clero diocesano que comanda contra a dengue: “Arquidiocese renova parceria no combate à Dengue[2]”;
Após a capitulação diante da “gaystapo”, pois, nada fez contra a catilinária da ideologia gay em pleno território Católico, apologia da cultura gay na UNICAP[3], mesmo com idas e vindas de católicos zelosos ao Palácio Episcopal, pedindo sua intervenção[4];
Após participar da “Marcha contra a corrupção” (como é dado às marchas e movimentos este Bispo): "o evangelho é libertador e está para os homens[5]" (esse discurso é Teologia da Libertação em estado puro!);
Após participar da marcha “Grito dos excluídos”, juntamente com abortistas, petistas (desculpem o pleonasmo), comunistas...;[6]
Após cantar loas a um dos mais ferozes inimigos da Santa Igreja que é a Maçonaria[7], Dom Saburido adere agora ao famigerado movimento pela defesa dos animais (?);
A proposta é ridícula em si mesma. Já o fato de discutir isto já depõe contra os contendores, mas, como estamos no tempo do ridículo mesmo, vamos lá.
Eis o novo prodígio, em excertos[8]:

Integrantes do Pacto Pela Vida Animal, formado pela delegacia do meio ambiente e por ONG's que lutam contra os maus-tratos aos animais, se reuniram nesta quinta-feira (16) com o arcebisto de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, na Cúria Metropolitana da Igreja Católica, no bairro das Graças, Zona Norte do Recife. 
E continua:

O objetivo do encontro foi pedir a ajuda do arcebispo para divulgar o Pacto e ajudá-lo a se transformar em projeto de lei. Para que isso aconteça, o grupo precisa reunir 64, 634 mil assinaturas de pessoas que apoiem a causa, o que corresponde a 1% do eleitorado pernambucano. Trinta mil  delas já foram recolhidas.
[...]Em resposta à solicitação dos integrantes do Pacto, Dom Fernando Saburido disse que vai reunir todo o clero na próxima terça-feira (21), repassar estas informações aos padres e pedir o apoio deles para a divulgação nas igrejas da diocese.

     O link para o site desta estrovenga é este aqui: http://www.pactopelavidaanimal.com.br/. Vão lá e vejam o que estes iluminados pregam.
Não resisto e copio um trechinho do que eles chamam de “documento de trabalho”:
Isto quer dizer, que a proteção e o bem-estar dos animais é um princípio tão importante, como garantir a proteção social, respeitar a diversidade e combater a discriminação, reconhecer a igualdade de gênero, proteger a vida e a saúde humana, impulsionar o desenvolvimento sustentável e proteger os vulneráveis.

Não grifei nada acima, pois tudo acima seria grifado. Chamo a atenção para o léxico utilizado. Está tudo lá. Toda a agenda, tudo bem engendrado. Os dentes da catraca estão todos bem posicionados e azeitados. Temos diversidade, igualdade de gênero, ecoterrorismo, gaystapismo, e, “proteger a vida e saúde humana”. Quer apostar que na linguagem deles isto significa abortismo?
Pois bem, um Bispo da Santa Igreja, Dom Saburido, comprometeu-se mobilizar os parócos para arregimentarem votos para esta empreitada ilógica e ideológica.
Façamos o inverso, procuremos estas entidades, que o jornal chama de Ong’s simplesmente, sem declinar os nomes, e peçamos apoio para campanhas contra o aborto e vejamos se haverá esta solicitude. Aposto um churrasco que não!
Ficam as perguntas:
a)    Desconhecerá Dom Saburido que estas suas atitudes só fazem minar a igreja que ele jurou morrer por ela?;
b)   Ignora que suas ações listadas supra, todas elas, são pautadas pela agenda globalista?;
c)    Que nesse caso a idéia aí, defesa dos animais, não é defesa alguma das bestas como criaturas de Deus, mas sim a inversão ontológica da escala valórica do ser?
d)   Ignora, por acaso, Dom Saburido que abortismo, gaysismo, igualdade de gênero, direitos animais são premissas de um mesmo silogismo?;
e)    Que isto não pode ser atribuído ao que o professor Olavo de Carvalho nomina de “Teoria da Mera Coincidência”?
É claro que um Bispo não é obrigado a saber de tudo, porém, não pode é não saber de nada. Como defensor mor da Igreja deve saber quem são os inimigos a combater e as armas por eles utilizadas. Para que existem, por exemplo, os consultores do Bispo. Seus padres.
Pois bem, o que o referido Bispo fez tem a chancela papal. Vamos aos fatos e as fontes.
Vejam lá no novo Catecismo, mais conhecido como o amarelo, das questões 2415 a 2416. Ao término de uma redação até então condizente com o magistério não corrompido pelo liberalismo, temos a “pérola”: “Pode-se amar os animais, porém não se deve orientar para eles o afeto devido exclusivamente às pessoas”.
 Esperar o que de um Catecismo redigido com a clave da ambigüidade?  
Amor aos animais? Amor com moderação? Comentar o quê, não é mesmo? Pelo que se lê na Sagrada Escritura, o pai Adão rejeitou as bestas por companhia. Pediu Eva a Deus. Uma redação destas e Bento XVI ainda nos fala de hermenêutica da continuidade? Só se for a continuidade no erro.
Mas, claro, as coisas podem piorar. E, podendo, piorarão, como predisse Murphy.
No Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, do amarelo, lemos um upgrade(?), do sétimo mandamento:

506. O que prescreve o sétimo mandamento?
O sétimo mandamento prescreve o respeito dos bens alheios, mediante a prática da justiça e da caridade, da temperança e da solidariedade. Em particular, exige o respeito das promessas e dos contractos estipulados; a reparação da injustiça cometida e a restituição do mal feito; o respeito pela integridade da criação mediante o uso prudente e moderado dos recursos minerais, vegetais e animais que há no universo, com especial atenção para com as espécies ameaçadas de extinção. 
507. Como é que o homem se deve comportar com os animais?
O homem deve tratar os animais, criaturas de Deus, com benevolência, evitando quer o amor excessivo para com eles, quer o seu uso indiscriminado, sobretudo para experimentações científicas efectuadas para lá dos limites razoáveis e com sofrimentos inúteis para os próprios animais. [...]
Não, o redator acima não foi Peter Singer, o filodoxo de Princeton, mas poderia ter sido. Um dos redatores foi o então Cardeal Ratzinger. Podemos ler ali que podemos amar as bestas, mas com moderação. É espantoso!
Leiamos agora, uma explicação do mesmo mandamento na pena de São Pio X, no Catecismo escrito por este, nominado “Catecismo Maior de São Pio X”:
431) Que nos proíbe o sétimo Mandamento: não furtar? O sétimo Mandamento: não furtar, proíbe tirar ou reter injustamente as coisas alheias, e causar dano ao próximo nos seus bens de qualquer outro modo.
432) Que quer dizer furtar? Furtar quer dizer: tirar injustamente as coisas alheias contra a vontade do dono, quando ele tem toda a razão e todo o direito de não querer ser privado do que lhe pertence.
433) Por que se proíbe o furtar? Porque se peca contra a justiça, e se faz injúria ao próximo, tirando e retendo, contra o seu direito e contra a sua vontade, o que lhe pertence.
434) Que são as coisas alheias? São todas as coisas que pertencem ao próximo, das quais tem a propriedade ou o uso, ou simplesmente as tem em depósito
Que diferença. Não adianta procurar amigo, não há ai “animais em extinção”, nem “amor moderado” para com as bestas. O que há, é a verdadeira tradução do sétimo mandamento como quis o Logos Divino. Não há invencionices, modernidades e liberalismos.
E não se venha falar de são Francisco de Assis, coisa alguma, e sua oração da “irmã lua”, “irmão sol”..., o que houve, nesse caso, foi uma tradução equivocada, fazendo crer que este grande santo era panteísta.
Voltemos a Dom Saburido. Dom Saburido é ambíguo como os documentos do Concílio Vaticano II e seguintes. No caso do Bispo não poderia dizer se a vacilação e vocabulário escorregadios são propositais ou não, como os são nos documentos conciliares.
Não quero fazer ilações que me imantem ao pecado, mas é muito difícil compreender como um Bispo tão solícito a campanhas seculares, que nada tem a ver com sua missão de pastor, muitas delas contrárias mesmo ao seu telos, seu múnus apostólico, não consiga enxergar que, se há uma “categoria” ameaçada, assassinada, caçada em todo o mundo, quase em extinção mesmo é a dos Católicos Apostólicos Romanos. Justamente aqueles contrários às idéias e ações que vem sendo implementadas por Dom Saburido. “Erguei-vos, Senhor, e julgai vossa própria causa”.



[1]Sobre a declaração acima, ele, por meio de nota diocesana veio a culpar os jornalistas que, segundo ele ainda, o teriam enganado com “perguntas repetitivas”(sic! ?) Sei! Porém, em entrevista ao site UOL, http://mais.uol.com.br/view/k77arz6psxw4/dom-fernando-saburido--pedofilia-aborto-e-divorcio-04023262E4910366?types=A, mais anticatólico que o capeta, ele repete em essência aquilo que disse ao diário de Pernambuco, e, não vi a mocinha que o entrevistou engalobá-lo com “perguntas-charada” coisa nenhuma. Ela foi sim objetiva. Dom Saburido é que foi conciliarista. Afinal, não quer desagradar ninguém[1].
[2]http://www.arquidioceseolindarecife.org/2012/03/arquidiocese-renova-parceria-no-combate-a-dengue/ Esta “ação”, é verdade, ocorreu em outras dioceses pelo Brasil afora. Embora importante isto é prioritário na vida da Igreja? Imagino a maioria dos “padres sem batina” dizendo na homilia que a culpa é do capitalismo.
[7]http://pazzebem.blogspot.com.br/2012/03/dom-fernando-e-condecorado-com-medalha.html; Disse PIO IX: dirigem a sua criminosa conspiração contra esta Igreja romana”[...]Encíclica QUI PLURIBUS-1846.

20/07/2012

Pe. Gaudron responde Mons. Bux sobre Arcebispo Mueller

O site do distrito alemão da FSSPX, pius.org , fez uma entrevista com Pe. Mathias Gaudron, um padre da Fraternidade Sacerdotal São Pio X que ensina teologia dogmática.


A discussão sobre as controvertidas afirmações do bispo (agora arcebispo) Gerhard Ludwig Mueller relativas à Virgindade de Nossa Senhora está atraindo atenção crescente. Uma gama enorme de portais na Internet apresentam contribuições que são a favor ou contra tais afirmações.


O site pius.org verificou com o teólogo dogmático Pe. Gaudron se ele ainda sustenta sua crítica às afirmações do bispo Mueller.

17/07/2012

50 anos de Vaticano II: O Tradicional e o Novus modo de receber Nosso Senhor.


Stephen Dupuy (The Remnant On Line)
Tradução autorizada.


Recentemente me deparei com uma história escrita por um padre Novus Ordo. Partes dessa história realçam, talvez involuntariamente, as diferenças entre a mentalidade católica tradicional e a neo-católica. Na primeira parte da história o padre diz (ênfases nossas):

“Meu predecessor era um conservador sob o ponto de vista litúrgico e era muito amado pelo povo aqui. Minha chegada causou muito temor. O que aconteceria com a paróquia com um homem jovem no comando? Uma senhora disse-me: ‘Estamos felizes por tê-lo conosco, padre, mas quero que saiba que se o senhor nos fizer receber a Sagrada Comunhão de pé, eu nunca mais virei aqui!’ Tive de rir-me dela. Eu não tinha nenhuma intenção de impor nenhuma mudança semelhante, e me importava muito pouco a posição que as pessoas tomavam para receber a Eucaristia. Com o passar do tempo, descobri que em questões religiosas, coisas irrelevantes como esta tomam proporções enormes.”

Infelizmente, é muito comum atualmente ouvirmos, em círculos católicos, que o modo em que se recebe o Corpo e o Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo importa pouco. Aparentemente, qualquer postura que se escolha é perfeitamente aceitável. Afinal, eles lhe dirão que o simples método de recepção não tem nenhum significado profundo, nem se constitui numa mensagem aos outros acerca da crença em relação Àquele que se recebe. Ao contrário, é um ato completamente “irrelevante” e “arbitrário”; um simples movimento usado para transportar a Hóstia das mãos do padre (ou Ministro da Eucaristia) para a boca do fiel. Se isto é verdade, então realmente tem pouca importância se se recebe a sagrada Hóstia na mão, na língua, de pé, ajoelhado ou mesmo sentado.

01/06/2012

50 anos de Vaticano II: Pe. Dominique Bourmaud nos ajuda a entender a confusão.


Nota do blog:  Não conheço texto curto tão claro quanto o que vai abaixo. Se há poucas pessoas a quem devemos responsabilizar pela monstruosa crise da Igreja, estas são exatamente os três mosqueteiros modernistas. Em séculos anteriores, estes senhores seriam calados pela Igreja, excomungados ou até condenados com a pena de morte. Na Igreja conciliar eles foram homenageados, paparicados, elogiados, incensados, purpurados, etc. Leiam e entendam um pouco mais a confusão atual.


Os Três Mosqueteiros Modernistas


Pe. Dominique Bourmaud, FSSPX
Angelus Magazine, Jan/Fev 2012
Tradução autorizada


É impossível falar sobre a gênese do Concílio Vaticano II sem mencionar as figuras principais de todo o movimento. Mencionemos três nomes, que evidenciam claramente como pessoas de tão diferentes culturas e formações chegaram a conclusões similares: Henri de Lubac, Yves Congar e Karl Rahner.

Muitas coisas unem estes três homens. Todos eles tiveram uma longa história como professores universitários; todos estiverem sob escrutínio teológico por suas ideias modernistas, no pontificado de Pio XII; todos foram de algum modo disciplinados ou retirados de seus cargos. Todos foram, então, miraculosamente reintegrados como periti conciliares às vésperas do Concílio. Suas ideias e ensinamentos passaram a ser conhecidos com o nome genérico de “a nova teologia” e influenciaram os princípios do magistério conciliar. Todos eles se tornaram expertos dos papas subsequentes e muitas honras e louvores lhes foi tributados pela Igreja pós-conciliar.

Pio XII dedicou pouco tempo à nova teologia e seus avançados professores. Eles representavam para ele a cauda atrasada da antiga onda modernista, tão vigorosamente condenada por São Pio X em sua Pascendi de 1907. O papa reiterou a condenação da nova – antiga – tendência na encíclica Humani Generis: “Outros [de Lubac] destroem a gratuidade da ordem sobrenatural, pois Deus, eles dizem, não pode criar seres intelectuais sem ordená-los e orientá-los à visão beatífica...[1] Alguns [de Lubac, Congar] reduzem a uma fórmula sem sentido a necessidade de pertencer à verdadeira Igreja a fim de obter a salvação eterna. Outros finalmente depreciam o caráter razoável de credibilidade da fé cristã.”

Os Herdeiros dos Modernistas

De Lubac, em suas Mémoires,[2] explica que ele devorou apaixonadamente a estranha filosofia do filomodernista Blodel, mas também a do mais abertamente modernista Lachelier. “Naquele tempo, tais leituras constituíam, em geral, um fruto proibido. Mas graças a professores indulgentes, estas não eram nunca consideradas atividades clandestinas.”[3] Como professor, de Lubac devotava maior parte do seu tempo ensinando e escrevendo a uma distância segura de polêmicas, evitando habilmente qualquer censura.

Congar não teve a mesma sorte. Menos contido, ele era repetidamente exilado em Jerusalém, então chamado a Roma e Cambridge novamente, terminando o período pré-conciliar em Estrasburgo. De Roma, ele podia escrever com toda a impunidade: “O curso que ofereço atualmente, De Ecclesia, apesar do tom ingênuo, é minha resposta real; é minha dinamite real sob os assentos dos escribas! Aguardo e aproveito as ocasiões que surgem para expressar publicamente minha recusa às mentiras do sistema.”[4]

Dos anos iniciais de Rahner pouco é conhecido. Ainda assim, parece que a duplicidade de seus confrades não lhe é totalmente desconhecida. Se não, como pode ele citar Santo Tomás em cada página de sua filosofia, que é o oposto do tomismo? Como pode ele pretender ser um teólogo católico explicando os mistérios fundamentais de nossa fé como uma espécie de panteísmo? O italiano Fabro o acusa, com justiça, de ser um deformador sistemático, chocando-se ruidosamente com teses tomistas, como um homem surdo num concerto musical.[5]

A “Nova Teologia”

O termo “nova teologia” foi cunhado para descrever a escola de pensamento organizada em torno de de Lubac, que atraiu muitos amigos dentre os jesuítas de Fourvière, sua residência no período que lecionava na universidade de teologia de Lion. Esse grupo poderoso incluía os futuros cardeais Danélou e von Balthasar. Eles exerceram alguma influência também sobre o jesuíta Teilhard de Chardim e sobre os dominicanos Chenu e Congar. Uma mente brilhante e um escritor competente, a cultura de de Lubac era universal; todavia, sua preferência se direcionou para a crítica histórica e da patrística, com profusas citações do dúbio Orígenes, ainda mais prontamente por sua aversão à teologia escolástica.

A nova teologia é também caracterizada por sua rejeição a uma autoridade soberana do magistério – que pavimenta o caminho que leva à tradição viva, a uma definição da Revelação como a Pessoa de Cristo vivente – e sua rejeição da ordem sobrenatural que leva ao louvor da dignidade do homem enquanto simplesmente homem. A exaltação do homem e a desvalorização do magistério da Igreja abrem as portas para o diálogo universal tanto com cristãos quanto com não cristãos. Uma fórmula, que condensa todo o espírito lubaquiano, consagraria sua fama no Concílio: “Ao revelar o Pai e por ser revelado por Ele, Cristo completa a revelação do homem a si mesmo... É por meio de Cristo que a pessoa alcança a maturidade, que o homem emerge definitivamente do universo...”[6] O cardeal Siri descreveu certa vez todo o trabalho de Pe. de Lubac como “evasivo”, porque ele efetivamente nega todos os primeiros princípios da filosofia. Pio XII também condenou a Nova Teologia em setembro de 1946, e protestou acerca a duplicidade dos jesuítas de Lion.[7] Nesta curta exposição, só podemos oferecer um relance da principal doutrina que cada mosqueteiro trouxe ao magistério do Concílio. De Lubac poda a essência da verdade; Congar adota um ecumenismo amplo e Rahner ataca o papado.

O Historicismo de de Lubac

Historicismo é a teoria que afirma que a verdade da fé varia segundo a época. A teologia, para permanecer viva, deve evoluir com os tempos. É uma forma mitigada de ceticismo aplicada à Fé. Eis alguns aspectos em que de Lubac se mostra um teólogo historicista: ele rejeita qualquer imposição da fé desde fora. “Nada é mais inadequado à verdade do que doutrinas extrínsecas que mantêm na Igreja apenas a unidade da repressão, a menos que seja a unidade da indiferença... Elas transformam a obediência da fé na fé da pura obediência.”[8]

A verdade nunca é adequadamente definida: “Tal como ontem, quando no estado pré-teológico, não estamos hoje e nem estaremos no futuro de posse de uma perfeita teologia da Igreja... Tal Utopia não se adéqua à natureza nem da verdade revelada nem da inteligência humana...”[9] De fato, a verdade consiste no poder da inclusão, independente do que seja isto! “Esse espírito, que dá o tom e a orientação de todo o seu trabalho, é o da plenitude, da totalidade, a ponto de o poder de inclusão se tornar o caráter primordial da verdade.”[10]

A unidade é obtida por meio da tradição, que é completamente redefinida. Ela é uma entidade “concreta e vivente... que se torna real em conformidade com as necessidades de cada época e que também preserva a verdade revelada.”[11]

“O rio da Tradição não pode nos alcançar se seu leito não é perpetuamente limpo da velha lama e areia.”[12] A “Tradição viva” de de Lubac, que ele descobriu em Blondel, é um retorno à “lei da vida” de Loisy, pela qual a Igreja é deformada e transformada para se tornar sua própria e mais perfeita contradição. A Tradição viva hoje rotula como falsa a verdade de ontem, e a verdade de hoje é o que então era falsidade.[13]
  
O Ecumenismo e a Igreja Ampla de Congar

A Congar devemos a maior parte do esquema da Lumen Gentium. A identidade entre o Corpo Místico e Igreja visível e hierárquica é mencionada de modo positivo, mas isso de forma nenhuma implica o sentido exclusivo que é encontrado em Pe. Tromp: “isso permite a inclusão do famoso ‘subsistit in’ no item 8, descoberta modesta mas decisiva que constitui a substância deste item.”[14] Congar, por exemplo, alega que as igrejas separadas pertencem à Igreja de Cristo – heresia pura.[15]

Onde o magistério tradicional tratou da natureza da Igreja, Congar fala, ao contrário, de mistério e sacramento da Igreja;[16] onde Pio XII define a noção de adesão ao Corpo Místico de Cristo, Congar inseriu a vaga noção tyrreliana[17] de “comunhão do Povo de Deus.” Por quê? Porque alguém é ou não é membro de um corpo, mas é possível estar em mais ou menos comunhão.[18] Em outras palavras, Congar reinterpretou o conceito absoluto de Igreja para que ele se tornasse um termo “um-número-que-serve-a-todos” que pudesse ser aplicado a qualquer grupo religioso. “A Igreja sempre existiu como uma instituição e coisa feita a partir de cima, desde Cristo e os apóstolos. Ela precisava ser refeita e, para isto, precisava ser reinventada como um povo.”[19] Há uma necessidade de reforma para evitar a tentação de se tornar “Sinagoga”, porque “O corpo da Igreja cresceu, mas não sua pele. Então, poderia haver um rompimento. O que são questionáveis são certas características do aspecto temporal que o cristianismo recebeu de um outro momento histórico.”[20] Curioso é que Congar está usando a mesma imagem de 40 anos atrás, criada pelo modernista inglês Tyrrell.[21] Entre a ampla Igreja de Cristo e a salvação universal há apenas um pequeno passo. “Hoje ninguém pode alegar que a razão das missões seja salvar alguma alma do Inferno. Deus as salva sem que elas conheçam o Evangelho. Do contrário, todos teremos de ir para a China.”[22]
  
Rahner e a Colegialidade da Igreja

Colegialidade era outro emblema dos modernistas. Era uma ideia lançada por Rahner, que tinha o apoio da onipotente coalizão do Reno. Este tipo de governo, como entendido pelos esquerdistas, teria feito o papa igual os bispos – primus inter pares, segundo uma tese formalmente condenada. Rahner definira a colegialidade como o destronamento do papa e a democratização da Igreja. Incidentalmente, ele era membro de uma subcomissão que rejeitou sumariamente o legítimo desiderato dos padres conservadores. E, apesar da Nota Explicativa Praevia que excluía a interpretação herética, os esquerdistas estavam jubilantes. Congar declarou que a Igreja teria vencido sua Revolução de Outubro! De fato, parece que depois do Vaticano II, o papado tem sido vítima de esclerose múltipla, virtualmente à mercê de superpoderes de algumas conferências episcopais, que determinam a agenda de Roma Urbi et Orbi.

O Impacto dos Três Teólogos

Há poucas dúvidas de que os três teólogos formularam os princípios teológicos da Igreja conciliar. João Paulo II louvou de Lubac ao fazê-lo cardeal “pelo longo e fiel serviço que este teólogo prestou, usando o melhor da tradição católica em sua meditação acerca das Escrituras, a Igreja, e o mundo moderno [sua Gaudium et Spes].”[23] Congar foi também premiado com a púrpura cardinalícia. E uma das principais surpresas do Reno se Lança sobre o Tibres é que o autor considera Rahner como a autoridade mais influente, talvez a decisiva, por trás de muitas das inovações do Vaticano II. Segundo o próprio Congar, “A atmosfera era a de que: ‘Rahner dixit, ergo verum est.’ ”[24] Que os Céus nos ajudem a encontrar um caminho cristão que nos liberte do presente labirinto, armado por tão poderosas mentes.


[1] O sobrenatural é  “absolutamente impossível e absolutamente necessário ao homem.” (Blondel, Action, p. 357. Cf. Wagner, Henri de Lubac, p. 87). De Lubac, como Blondel, alegava que Deus não poderia ter criado a natureza sem ordená-la ao sobrenatural (in The Angelus, Dec. 1993, p.18).
[2] De Lubac, in Mémoires autour de mes œuvres (Milan: Jaca Books, p. 10) citado in The Angelus, Dec. 1993, p.18.
[3] Ibid, p. 192
[4] In Leprieur, Quand Rome Condamne (Paris: Plon-Cerf, 1989), in One Hundred Years of Modernism (Kansas City: Angelus Press, 2006), p. 243.
[5] Fabro, La Svolta Antroplogica de K. Rahner, textos escolhidos por Innocenti, Influssi Gnostici nella Chiesa d’Oggi, p. 48.
[6] De Lubac, Cathlicism, p. 189; cf. Courrier de Rome, La nouvelle Théologie, p. 103; João Paulo II, Redemptor Hominis, 8, 2. Ver também Théologies d’Occasion, p. 68; Gudium et Spes 22,1; “L’Ahtéisme e Le Sens de l’Homme”m o. 96-112, in Wagner, Henri de Lubac, p. 92.
[7] “O problema é que nós nunca sabemos se o que ele fala ou escreve corresponde ao que ele pensa.” Cf. Mémoires, p. 70 e 296.
[8] La foi Chrétienne, Paria, Aubier-Montaigne, 1969; in Wagner, Henri de Lubac, Cerf 2001, p. 55.
[9] Méditation sur l’Église, tradução para o inglês de Michael Mason, The Splendor of the Church (San Francisco, CA: Ignatius Press, 1986), p. 27; cf. Wagner, Henri de Lubac, p. 166.
[10] V. Carraud, in Wagner, Théologie fondamentale, Cerf 1997, p. 157.
[11] La révélation divine, Cerf. 1983, p. 173.
[12] Paradoxes (Paris, 1959), in Wagner, Henri de Lubac, p. 139.
[13] Ratzinger, Osservatore Romano, 2 de julho de 1990, p. 5. “Seu núcleo permanece válido, mas os detalhes individuais afetados pelas circunstâncias do tempo podem precisar de retificações adicionais.”
[14] Le Concile de Vatican II, Beauchène, Paria, p. 134 e 18.
[15] Tal é a opinião do Cardeal Ottaviani, in Courrier de Rome, Église e Contre-Église, p. 123. Sobre a oposição entre os cadeais Ottaviani e Bea antes do Concílio, ver Courrier de Rome, Église e Contre-Église, p. 122-123.
[16] Lumen Gentium n. 1.
[17] Tyrrell foi um renomado modernista inglês.
[18] Congar, Une Vie pour la Vérité, p. 149.
[19] Jalons pour une Théologie du laïcat, Unam Sanctam 23 (Paris, Cerf, 1952), p. 81.
[20] Vraie et Fausse Réforme dans l’Église, Unam Sanctam 23 (Paris, Cerf, 1953), p. 186.
[21] “O catolicismo é o paganismo cristianizado ou religião mundial, e não o judaísmo cristianizado do Novo Testamento... Isso é uma completa libertação e um ganho espiritual – uma troca de uma roupa apertada para uma elástica.” In One Hundred Years of Modernism, p. 140-41.
[22] Jean Puyo, Jean Puyo Interroge Le Père Congar: Une Vie pour la Vérité (Paris: Centurion, 1975), p. 175.
[23] João Paulo II na morte de Henri de Lubac, Osservatore Romano, edição inglesa, 9 de setembro de 1991, p. 16.
[24] “Rhaner falou, então é verdade.”