27/12/2006

Bulverismo, ou os fundamentos do pensamento do século XX

C.S. Lewis

Nota do tradutor – Este talvez seja o texto curto mais famoso de Lewis. Nele o autor identifica o que pode ser considerado um novo estratagema erístico, que Schopenhauer não descreveu em seu famoso tratado sobre a técnica de ganhar uma discussão, mesmo sem ter razão.[1] Ele não poderia fazê-lo, pois o bulverismo alimenta-se da psicanálise freudiana e do marxismo para sobreviver, duas coisas que não existiam na época do filósofo alemão. O tema geral deste texto é mais bem desenvolvido no capítulo terceiro (A principal dificuldade do Naturalismo) do livro de Lewis intitulado Miracles. Lá o autor apresenta com mais vagar seus argumentos sobre a Razão, o pensamento e os eventos físicos em geral.




É desastrosa, como diz Emerson, a descoberta de que existimos. Quero dizer, é desastrosa quando, ao invés de atentarmos para a rosa, somos forçados a pensar em nós observando a rosa, com um certo tipo de mente e um certo tipo de olhos. É desastroso porque, se você não for muito cuidadoso, a cor da rosa acaba sendo atribuída ao nosso nervo ótico e seu perfume ao nosso nariz, e, no final, não sobra nenhuma rosa. Os filósofos profissionais têm se preocupado com esse blackout universal por duzentos anos e o mundo não tem dado ouvido a eles. Mas, o mesmo desastre está agora acontecendo em um nível que todos nós podemos entender.

Descobrimos recentemente que nós “existimos” em dois novos sentidos. Os freudianos descobriram que existimos como feixes de complexos. Os marxistas descobriram que existimos como membros de alguma classe econômica. Antigamente, supunha-se que se uma coisa parecia obviamente verdadeira a cem homens, então ela era provavelmente verdadeira de fato. Hoje em dia, o freudiano dirá que temos de analisar os cem indivíduos: descobriremos que eles consideram Elizabeth I uma grande rainha porque todos eles têm um complexo materno. Seus pensamentos são psicologicamente deformados na fonte. E o marxista dirá que temos de examinar os interesses econômicos das cem pessoas: descobriremos que todos consideram a liberdade uma boa coisa porque eles são todos membros da burguesia cuja prosperidade cresce sob a política do laissez-faire. Seus pensamentos são “ideologicamente distorcidos” na fonte.

Ora, isso é obviamente muito engraçado; mas, nem sempre se nota que há um preço a pagar por isso. Há duas questões que devemos formular às pessoas que dizem tais coisas. A primeira é: todos os pensamentos são, então, distorcidos na fonte, ou apenas alguns? A segunda é: a distorção invalida o pensamento – no sentido de torná-lo inútil – ou não?

Se eles disserem que todos os pensamentos são assim distorcidos, então, claramente, devemos lembrá-los que as teorias freudiana e marxista são sistemas de pensamento tanto quanto a teologia cristã e o idealismo filosófico. Todas essas teorias estão no mesmo barco em que nos encontramos e não podem nos tecer críticas desde o exterior. Eles serraram o galho em que estavam sentados. Se, por outro lado, eles disserem que a distorção não invalida, necessariamente, o pensamento deles, então ela também não invalida o nosso. Nesse caso, eles salvarão o próprio galho, mas também salvarão o nosso.

O único caminho que eles podem realmente tomar é dizer que alguns pensamentos são distorcidos e outros não – o que tem a vantagem (se freudianos e marxistas considerarem isso uma vantagem) de ser o que todos os homens sãos sempre acreditaram. Mas, se é assim, devemos perguntar como se faz para descobrir quais são distorcidos e quais não são. Não adianta dizer que os distorcidos são aqueles que concordam como os desejos secretos do pensante. Algumas das coisas que eu desejo devem ser verdadeiras; é impossível organizar um universo que contradiz cada desejo de alguém, em todos os aspectos, todo o tempo. Suponha que, depois de fazer muita conta, eu imagino que tenho um grande saldo bancário. E suponha que você queira descobrir se minha crença é “wishful thinking”. Você não chegará a nenhuma conclusão apenas examinando minha condição psicológica. Sua única chance é sentar e rever meus cálculos. Quando isso acontecer, então, e somente então, você saberá se eu tenho aquele saldo ou não. Se você concluir que minha aritmética está certa, então qualquer quantidade de ilações sobre minha condição psicológica só será uma grande perda de tempo. Se você descobrir que meus cálculos estão errados, então pode ser relevante uma explicação psicológica sobre como eu pude ser tão ignorante em matemática, e a doutrina do desejo secreto se tornará importante – mas, somente depois de você ter feito a soma e descoberto, em bases puramente matemáticas, meu erro. Acontece o mesmo com todo o pensamento e com todos os sistemas de pensamento. Se você tenta descobrir qual está distorcido por meio de especulações sobre os desejos dos pensantes, você está meramente se enganando. Você deve primeiro descobrir, em bases puramente lógicas, qual deles, de fato, pode ser reduzido a argumentos. Depois, se você quiser, continue e descubra as causas psicológicas do erro.

Em outras palavras, você deve mostrar que um homem está errado antes de começar a explicar porque ele está errado. O método moderno assume, sem discussão, que ele está errado e então distrai sua atenção disso (a única questão real) por meio de uma prolixa explicação de como ele se tornou tão tolo. No curso dos últimos quinze anos, tenho descoberto que esse vício é tão comum que eu inventei um nome para ele. Eu o chamo Bulverismo. Algum dia eu vou escrever a biografia de seu inventor imaginário, Ezekiel Bulver, cujo destino foi determinado quando ele tinha 5 anos de idade e ouviu sua mãe dizer ao seu pai – que afirmava que a soma do comprimento dos dois lados de um triângulo era maior que o comprimento do terceiro – “Ah, você diz isso porque você é um homem.” “Naquele momento”, E. Bulver nos conta, “como um facho de luz, a grande verdade atingiu minha mente receptiva: a refutação não é uma parte necessária de um argumento. Suponha que seu oponente esteja errado e que, então, você explique o erro dele. O mundo estará a seus pés. Tente provar que ele está errado e o dinamismo nacional de nosso tempo lançará você contra a parede.” Foi assim que Bulver se tornou um dos construtores do Século XX.

Encontro os frutos de sua descoberta em todo o lugar. Assim, vejo minha religião rejeitada sob o argumento de que ‘o pároco de vida confortável tinha toda a razão de assegurar ao trabalhador do século XIX de que a pobreza seria recompensada num outro mundo’. Bem, sem dúvida ele tinha. Supondo que o cristianismo seja errado, posso ver muito bem que alguns ainda teriam um motivo para inculcar tal idéia. Vejo isso tão facilmente que posso, claro, inverter a coisa e dizer ‘o homem moderno tem toda a razão para tentar convencer-se de que não há nenhuma sanção eterna por trás da moralidade que ele rejeita’. Pois, o bulverismo é um jogo verdadeiramente democrático no sentido de que todos podem jogá-lo o tempo todo e de que ele não trata injustamente a pequena e ofensiva minoria que o joga. Mas, claro está que ele não nos aproxima sequer um milímetro da conclusão a respeito da falsidade ou verdade do cristianismo. Essa questão permanece em aberto para ser discutida em bases muito diferentes – utilizando-se argumentos históricos e filosóficos. Qualquer que seja a decisão, os motivos impróprios da crença ou descrença, permanecerão intocados.

Vejo o bulverismo em funcionamento em todo argumento político. Os capitalistas devem ser maus economistas, pois, sabemos porque eles querem o capitalismo. Igualmente, os comunistas devem ser maus economistas, pois, sabemos porque eles querem o comunismo. Assim, há bulveristas de ambos os lados. Na realidade, ou as doutrinas dos capitalistas são falsas, ou as doutrinas dos comunistas são falsas ou ambas são falsas; mas você só pode descobrir os erros e os acertos por meio do raciocínio – nunca por meio de grosserias a respeito da psicologia do seu oponente.

Até que o bulverismo seja vencido, a razão não pode ter nenhum papel nas questões humanas. Cada lado agarra-se ao bulverismo como uma arma contra o outro; entre os dois, a própria razão é desacreditada. E por que não seria? Seria fácil, em resposta, mostrar o estado presente do mundo, mas a resposta real é ainda mais imediata. As forças que desacreditam a razão, elas próprias dependem da razão. Você raciocina mesmo quando bulverisa. Você está tentando provar que todas as provas são inválidas. Se você falhar, você falhou. Se você tiver sucesso, então você falha ainda mais – pois, a prova de que todas as provas são inválidas deve ser, ela própria, inválida.

A alternativa seria ou uma completa idiotice autocontraditória ou, então, uma crença tenaz no nosso poder de raciocínio, mantido a unhas e dentes diante de toda evidência que os bulveristas pudessem trazer de uma ‘distorção’ neste ou naquele raciocínio humano. Estou pronto a admitir, se você quiser, que essa crença tenaz tem algo de transcendental ou místico. E daí? Você preferiria ser um lunático ao invés de um místico?

Assim, vemos que há justificativa para nos atermos à crença na Razão. Mas, isso pode ser feito sem o teísmo? A expressão “Eu conheço” não implica que Deus existe? Tudo que conheço é uma inferência da sensação (exceto o momento presente). Todo o nosso conhecimento do universo, além de nossa experiência imediata, depende de inferências dessas experiências. Se nossas inferências não nos dão uma genuína apreensão da realidade, então nada podemos conhecer. Uma teoria não pode ser aceita se não permite que nosso raciocínio nos leve a uma genuína apreensão, nem tampouco se o nosso conhecimento não for explicável em termos dessa teoria.

Mas, nossos pensamentos só podem ser aceitos como apreensões genuínas sob certas circunstâncias. Todas as crenças têm causas, mas uma distinção há de ser feita entre (1) as causas ordinárias e (2) um tipo especial de causa chamada “uma razão”. Causas são eventos inconscientes que podem produzir outros resultados além de crenças. Razões surgem de axiomas e inferências e afetam nossas crenças. O bulverismo tenta mostrar que outro homem tem causas e não razões e que nós temos razões e não causas. Uma crença que pode ser explicada inteiramente em termos de causas é inútil. Esse princípio não deve ser abandonado quando consideramos as crenças que são os fundamentos de outras. Nosso conhecimento depende de nossa certeza sobre axiomas e inferências. Se esses são resultados de causas, então não há possibilidade de conhecimento. Ou não podemos conhecer nada ou o pensamento tem apenas razões e não causas.

[O resto deste ensaio, que foi originalmente lido no Clube Socrático antes da publicação no Socratic Digest, continua na forma de notas tomadas pelo secretário do clube. Isso explica porque ele não é todo na primeira pessoa, como o texto até aqui.]

Pode-se argumentar, continuou o sr. Lewis, que a razão evoluiu por seleção natural e que somente os métodos de raciocínio que se provaram úteis sobreviveram. Mas a teoria depende de uma inferência que ligue a utilidade à verdade, cuja validade deve ser suposta. Todas as tentativas de tratar o pensamento como um evento natural envolvem a falácia de excluir o pensamento do indivíduo que faz a tentativa.

Admite-se que a mente é afetada por eventos físicos; um aparelho eletrônico é influenciado por eventos atmosféricos, mas não os causa – não notaremos isso se pensarmos o contrário. Podemos relacionar eventos naturais uns com os outros numa seqüência contínua no espaço-tempo. Mas o pensamento não tem outro pai a não ser o pensamento. Ele é condicionado, sem dúvida, mas não tem causa. Meu conhecimento de que estou ansioso é gerado por inferência.

O mesmo argumento aplica-se aos nossos valores, que são afetados por fatores sociais, mas se estes causam aqueles, nunca poderemos saber se eles (os valores) são certos. Pode-se rejeitar a moralidade como uma ilusão, mas o indivíduo que faz isso o faz freqüentemente excetuando seu próprio motivo ético tacitamente: por exemplo, no caso da tentativa de libertar a moralidade da superstição e de difundir a ilustração.

Nem a Vontade nem a Razão são produtos da Natureza. Portanto, ou eu sou auto-existente (uma crença que ninguém pode aceitar) ou eu sou dependente de algum Pensamento ou Vontade que é auto-existente. Tal razão e bondade que podemos atingir devem derivar de uma Razão e uma Bondade auto-existentes fora de nós, na realidade, uma Razão e uma Bondade Sobrenaturais.

O sr. Lewis continuou dizendo que é comum se argumentar que a existência do Sobrenatural é excessivamente importante para ser discernível apenas por argumentos abstratos e que, dessa forma, apenas alguns poucos desocupados podem fazê-lo. Mas, em todas as outras eras o homem comum tem aceitado as descobertas dos místicos e dos filósofos para a formulação de sua crença inicial no Sobrenatural. Atualmente, o homem é forçado, ele próprio, a carregar aquele peso. Ou a humanidade cometeu um terrível erro em rejeitar a autoridade, ou o poder(es) que controla(m) seu destino está (ão) fazendo um ousado experimento, e estamos todos no caminho de nos tornarmos sábios. Uma sociedade que consista apenas de homens comuns está fadada ao desastre. Se vamos sobreviver, devemos ou acreditar nos homens de visão ou escalar as alturas nós próprios.

Evidentemente então, algo além da Natureza existe. O homem está na linha limite entre o Natural e o Sobrenatural. Os eventos materiais não podem produzir atividade espiritual, mas esta pode ser responsável por muitas de nossas ações na Natureza. A Vontade e a Razão não podem depender de nada a não ser delas próprias, mas a Natureza pode depender da Vontade e da Razão, ou, em outras palavras, Deus criou a Natureza.

A relação entre a Natureza e o Sobrenatural, que não é uma relação no espaço e no tempo, se torna inteligível se o Sobrenatural tiver feito o Natural. Temos até uma idéia disso, pois conhecemos o poder da imaginação, apesar de não podermos criar nada novo, mas podemos rearranjar o material absorvido pelos sentidos. Não é inconcebível que o universo tenha sido criado por uma Imaginação forte o suficiente para impor os fenômenos em nossas mentes.

Sugere-se, o sr. Lewis conclui, que nossas idéias do fazer e do causar são inteiramente derivadas de nossa experiência da vontade. A conclusão que usualmente se tira é que não há o fazer ou o causar, apenas “projeção”. Mas, “projeção” é em si uma forma de causar e é mais razoável supor que a Vontade é a única causa que conhecemos e que, portanto, a Vontade é a causa da Natureza.

Uma discussão se segue. Alguns pontos levantados:

Todo o raciocínio supõe a hipótese de que a inferência é válida. A inferência correta é auto-evidente.

“Relevante” (re-evidente) é um termo racional.

O universo não alega ser verdadeiro: ele apenas existe.

Conhecimento por revelação é mais conhecimento empírico do que racional.

Pergunta: Qual é o critério da verdade, se você distingue entre causa e razão?

Sr. Lewis: Um país montanhoso deve ter muitos mapas. Apenas um é verdadeiro, isto é, apenas um corresponde aos contornos reais. O mapa feito pela Razão alega ser o verdadeiro. Eu não poderia perceber o universo a menos que eu pudesse confiar em minha razão. Se não pudéssemos confiar na inferência não poderíamos conhecer nada, exceto nossa própria existência. A realidade física é uma inferência de nossas sensações.

Pergunta: Como um axioma pode ser mais auto-evidente do que um juízo baseado em evidência empírica?

[Este ensaio termina aqui, deixando essa questão sem resposta.]



Extraído do livro God in the docks

[1] Ver, Como Vencer um Debate sem Ter Razão: em 38 estratagemas, Introdução, Notas e Comentários de Olavo de Carvalho, Topbooks, 1997.



17/12/2006

Mensagens de Natal em prosa e em verso

Seguem duas mensagens de Natal de que gosto muito. Uma delas é um texto curto mas profundo de Olavo de Carvalho sobre o significado do Natal. A outra é uma poesia de Manuel Bandeira.

Esta é a forma deste blog felicitar a todos os seus leitores.

FELIZ NATAL

Por que celebrar o Natal
Olavo de Carvalho

25 de dezembro de 2003

Só existe um motivo para celebrar o Natal, mas esse motivo é tão amplamente ignorado que as festas natalinas devem ser consideradas uma superstição em sentido estrito, a repetição ritualizada de uma conduta habitual que já não tem significado nenhum e na qual, portanto, cada um está livre para projetar as fantasias bobas que bem entenda.

Jesus Cristo, encarnação do Verbo Divino, ou inteligência de Deus, veio ao mundo para oferecer-se como vítima sacrificial única e definitiva, encerrando um ciclo histórico que durava desde as origens da humanidade e que era regido essencialmente pela Lei do Sacrifício (v. Ananda Coomaraswamy, A Lei do Sacrifício, e René Girard, O Bode Expiatório).

A Lei do Sacrifício é inerente à estrutura da existência cósmica. Só Deus tem a plenitude do ser, e o que quer que exista sem ser Deus tem uma existência precária, fundada num débito ontológico insanável, que na escala da alma humana se manifesta como culpa.

A Lei do Sacrifício não pode ser suspensa e jamais o foi.

O que Nosso Senhor Jesus Cristo fez foi cumpri-la toda de uma vez, instituindo em lugar do Sacrifício a Eucaristia, que é a recordação do ato sacrificial definitivo. A recordação passa então a ter o valor de uma repetição sem necessidade de novas vítimas.

Antes as vítimas se somavam: 1 + 1 + 1 + 1...

Agora a vítima única se multiplica por si mesma no ato da Eucaristia: 1 x 1 x 1 x 1...

Façam as contas e compreenderão por que o Natal deve ser celebrado.

O problema é que o fim de um ciclo histórico não traz necessariamente, para as gerações seguintes, a consciência da mutação ocorrida.

Essa consciência deve ser reconquistada e retransmitida de geração em geração, e na sociedade moderna essa transmissão cessou já faz algum tempo. Pouquíssimas pessoas têm uma consciência clara do que ganharam com o Natal. A maioria, mesmo quando recebe presentes, não sabe que eles apenas simbolizam um ganho muito maior que já foi obtido 2003 anos atrás.

Esse ganho pode ser explicado em poucas palavras:

Todo homem, pelo simples fato de existir, é atormentado pela culpa e vive num constante discurso interior de acusação e defesa, que produz medo, ódio, inveja, ciúme, busca obsessiva de aprovação. Esses sentimentos tornam o homem vulnerável às palavras más, às acusações e insinuações que lhe chegam de seus semelhantes, da cultura ambiente ou de seu próprio interior. O conjunto dessas acusações e insinuações é o espírito demoníaco, que em razão da culpa mesma tem poder incalculável sobre o ser humano. Em busca de proteção contra esse poder, o homem se submete aos maus e aos intrigantes, isto é, aos representantes do próprio espírito demoníaco, acreditando que aqueles que podem feri-lo devem também poder ajudá-lo. Com isso ele se torna a vítima sacrificial, o bode expiatório num grotesco ritual simulado.

Cristo adverte-nos que esse sacrifício é inútil, desnecessário e pecaminoso. Não existe no mundo um poder ou autoridade habilitado a exigir vítimas. Deus Pai só exigiu uma, e Ele mesmo a forneceu. Quem quer que, depois disso, se sinta culpado, não deve se oferecer como vítima sacrificial perante altar nenhum. Deve apenas recordar-se do sacrifício de Cristo e alegrar-se. Isso é tudo.

Muitas pessoas até sabem que as coisas são assim, mas entendem isso somente do ponto de vista religioso formal, sem tirar desse conhecimento as conseqüências práticas de ordem psicológica, que são portentosas:

Aquele que se ofereceu para ser sacrificado em nosso lugar não é um cobrador de dívidas nem um acusador, mas um salvador. Ele nada pede, apenas oferece. E em troca aceita uma palavrinha, um sorriso, uma intenção inexpressa, qualquer coisa, pois não é irritadiço nem orgulhoso: é manso e humilde.

Se, sabendo disso, você ainda é vulnerável aos olhares acusadores e às palavras venenosas, se ainda sente ante os intrigantes e os maldosos um pouco de temor reverencial e tenta aplacá-los com mostras de submissão para que eles não o exponham à vergonha ou não o castiguem de algum outro modo, é porque ainda não compreendeu o sentido do Natal.

Esse sentido é simples e direto: os maus e intrigantes não têm mais nenhuma autoridade sobre você. Não baixe a cabeça perante eles, não consinta que suas fraquezas sejam exploradas pela malícia do mundo.

Jesus Cristo já pagou a sua dívida.

É por isso que comemoramos o Natal.

Canto de Natal

Manuel Bandeira

O nosso menino
Nasceu em Belém.
Nasceu tão-somente
Para querer bem.

Nasceu sobre as palhas
O nosso menino.
Mas a mãe sabia
Que ele era divino.

Vem para sofrer
A morte na cruz,
O nosso menino.
Seu nome é Jesus.

Por nós ele aceita
O humano destino:
Louvemos a glória
De Jesus menino.

10/12/2006

Cartas para meu e-mail pessoal sobre o Linux

Com as minhas respostas em itálico. Como de costume, omito o e-mail do rementente. Há, como sempre, muito da mesma baboseira dos linuxmaníacos.


-----Mensagem original-----
De: TIBOR [mailto:tibor_hodos@]
Enviada em: quinta-feira, 7 de dezembro de 2006 17:35
Para: araujo@cpdee.ufmg.br
Assunto: Software livre: de graça?

Caro Sr.


Em um texto relativamente curto, o autor não se fez
entender. Misturando conceitos primários de física
(que ficaram mal explicados) com uma teoria de que se
você misturar economia com receita de bolo degenera a
sociedade brasileira (deve ser por isso que os nossos
políticos são assim, eles comem muito bolo), ele chega
à conclusão de que o Linux foi produzido por
esquerdistas.
E continuando a aula de culinária ele avisa, que se
você colocar uma pitada de caridade "o bolo vai
desandar". É isso aí, Capitalismo Selvagem, que se
dane o próximo. Professor Antonio Emílio, esse é o
cara.
Pegando da parte concernente ao Linux, fizeste uma
mistureba professor, que dá dó.
Primeiro, mais uma vez, o Linux não é de graça (pois
você pode cobrar pelo serviço, qualquer que seja ele),
a DISTRIBUIÇÃO é que é gratuita. Para quem ainda não
entendeu, é como se você, para fornecer o cd com a
distribuição você cobrasse pelo custos da gravação,
mas em contrapartida teria que empresta-lo para cópia.
Continuando a análise do seu texto vemos alguns
conceitos errôneos, como:
O Linux foi criado para competir com o Windows. Não
foi professor, pode ser uma decepção para o Sr., mas a
vida é assim.
O Linux é desenvolvido (este é o termo correto) por
"despojados" de qualquer ambição. Não, não são
"despojados". Mas são pessoas com outros objetivos,
outras visões de vida e temos de respeita-las (o que
parece, não é o seu caso).
Uma distribuição Linux é difícil de instalar e usar.
Não, uma distribuição Linux já vem com TUDO que o
usuário comum pode precisar, é mais fácil do que o
rWindows para instalar e (como diz o professor) é só
sair operando (será que é porque operational system,
acho o termo "usando" melhor).

Outros detalhes do seu texto, para encerrar, que não
condizem com um texto razoável são:
O Windows pode ser encontrado em qualquer esquina,
por R$400,00. Totalmente fora da realidade, inclusive
de se encontrar alguma coisa fácilmente em qualquer
lugar do Brasil.( O Linux pode ser baixado do Oiapoque
ao Chuí)
Achar que todo mundo que usa Linux, o faz por se
rebelar contra a Microsoft. Há pessoas que estão
usando o Linux por uma opção melhor de vida, por não
quererem ficar à mercê dos vírus, cavalos de tróia e
worms (tão comuns na vida dos Windowsusers)
Onde professor fala de leis econômicas, leia-se medo
capitalista de diminuição de lucros. Ora, acima das
leis econômicas estão os direitos do cidadão de
escolher o que é melhor para si. Se a comunidade
quiser se reunir em torno de um software,
desenvolve-lo e passar a usá-lo em detrimento de outro
pago, me desculpe o professor e as grandes companhias,
mas este sapo vocês terão de engolir !!!!!



Sr. Tibor,

O sr. é mais um daqueles que lê mas não entende bem as palavras. Além disso, é esquerdista que dá dó.

Quer ver uma coisinha: não existe capitalismo selvagem, só comunismo selvagem. Sabe por quê? Eu sei que o sr. não sabe. Mas, eu explico: o capitalismo exige um sistema legal para funcionar. Se o sistema legal (que garante o direito à propriedade, o respeito aos contratos e a ordem pública) não funcionar, não há capitalismo. Ao contrário, no comunismo, nada disso pode funcionar, pois, o comunismo é o inverso de tudo isso. Assim, se existe capitalismo, a situação está muito longe de ser selvagem. Essa expressão é um chavão comunista dos mais elementares.

O sr. diz que o Linux não é de graça. Mas, não foi isso que falei em meu artigo? Sobre a facilidade de usar do Linux, o sr. vai me desculpar, mas o sr. deve avisar aos 90% de usuários, no mundo, que preferem usar o Windows. Leia a revista "Pequenas Empresas, Grandes Negócios" de julho de 2006 para o sr. se inteirar do assunto.

Cito também para seu conhecimento um trecho da Veja online de 18/11/2006 às 14h14: "Computador para Todos acabou em pirataria: O Computador para Todos, criado há um ano pelo governo para facilitar a compra de máquinas pelas classes C e D, estimulou a pirataria ao obrigar o uso do software Linux nos computadores. É o que mostra um estudo feito pelo Ipsos para a Associação Brasileira das Empresas de Software, que será divulgado na terça-feira: 73% dos que compraram o produto trocaram o Linux pelo Windows (na maioria das vezes pirata) em no máximo um mês."

Assim, 90% da humanidade, mais as faixas C e D do Brasil, discordam do sr. quanto à facilidade de utilização do Linux. Eles, certamente, estão errados!!!!

Atenciosamente,

Antonio Emilio Angueth de Araújo.

________________________________________________________________



-----Mensagem original-----
De: Felipe [mailto:felipe_cury@vivax.com.br]
Enviada em: sábado, 9 de dezembro de 2006 00:24
Para: araujo@cpdee.ufmg.br
Assunto: Software Livre

Acho que o Sr. Antônio Emílio não entendeu o principio do software livre. A grande questão que envolve o Linux e os programas opensource não é dinheiro, a questão não é "ser de graça" ou coisas economicas, tanto que softwares livres podem ser vendidos livremente. A grande questão é o "codigo aberto", que permite às pessoas ou empresas que usam softwares livres (de graça ou não) possam adaptar os programas às suas necessidades.
Condordo com o que o sr disse que Linux nao é coisa de "monge", mas como disse um conhecido: "os alvos economicos do linux sao outras empresas, como a Oracle, e não a dona de casa que precisaria pagar 500 reais pra poder ler seus emails".
Obviamente você tem o direito de expressão, mas no seu primeiro artigo sobre software livre você acabou atacando o movimento do software livre de maneira dura, e muitos argumentos seus nao foram baseados em nenhum fato concreto, apenas imaginarios, baseados principalmente em sua opiniao e "primeira impressao" de quando ouviu algo sobre, pois acredito que voce nunca teve a curiosidade (ou privilegio) de se aprofundar mais no Linux, nos softwares sob licensa GNU ou em sua filosofia
Não espero resposta, (ao menos que o sr faça questao de responder) apenas que voce entenda que o Linux é mais do que "esquedistas tentando derrubar a Microsoft com argumentos ridiculos"
Desculpe pelo pobre vocabulario, tenho meros 13 anos de idade e tentei escrever de uma forma clara e objetiva
Espero ter conseguido fazer o Sr Antônio refletir um pouco mais sobre isso

Fico por aqui

Felipe


Jovem Felipe,

Não entendi se você não quer que eu te responda, ou se não espera que eu te responda.

Bem, de qualquer forma eu te responderei. Sobre o software livre não ser de graça, nós concordamos. Mas, não foi isso que eu disse em meu primeiro artigo sobre o assunto? Software livre, tendo ou não sua licença gratuita, não sai de graça para quem o adquire. Foi isso que falei.

Bem, você diz: "a grande questão que envolve o Linux e os programas open source não é dinheiro, a questão não é "ser de graça" ou coisas economicas". Mais embaixo, você cita um conhecido (aparantemente concordando com ele): "os alvos economicos do linux sao outras empresas, como a Oracle, e não a dona de casa que precisaria pagar 500 reais pra poder ler seus emails".

Você terá que decidir. Ou eu estava certo, em meu primeiro artigo, dizendo que estamos falando de um mercado de bilhões de dólares e que o Linux está tão envolvido nisso quanto a Microsoft, ou então você terá que apurar melhor seu raciocínio.

Quanto a eu aprofundar na filosofia do GNU, foi o que eu fiz no meu segundo artigo. Eu mostrei qual é esta filosofia e o que pensa o idiota do Stallman.

Agora, você não acha que está um pouco jovem ainda para começar a dizer para as pessoas que elas não leram o suficiente sobre um assunto que você pensa conhecer muito bem?

Antônio Emílio A. Araújo.

Os mais recentes artigos de Sowell no MSM

As minhas mais recentes traduções de artigos de Thomas Sowell para o Mídia Sem Máscara.


Onde está o Ocidente?
http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=5383&language=pt

Leviandade política - Final
http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=5372&language=pt

Leviandade política - Parte III
http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=5347&language=pt

Leviandade política - Parte II
http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=5332&language=pt

Leviandade política - Parte I
http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=5305&language=pt

Socialismo dos ricos
http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=5280&language=pt

01/12/2006

Cartas sobre o artigo abaixo

Seguem as cartas dos leitores do MSM sobre meu artigo sobre o sr. Stallman. Algumas delas são respondidas pelo editor do sítio, outras não. Alguns leitores respondem aos incautos quase tudo o que eu mesmo responderia. No entanto, quero dizer ainda uma coisinha.

Os defensores do software livre têm as seguintes opções, face ao documento do Sr. Stallman?

1. Concordam com o Manifestdo GNU e, portanto, se declaram comunistas;

2. Simpatizam com o Sr. Stallman e dizem que, talvez, o sr. Stallman estivesse de porre ou de ressaca quando escreveu aquele "textículo". Não era nada daquilo que ele queria dizer.

3. Escrevem um novo manifesto, dizendo o que vem a ser o movimento do software livre.

4. Não fazem nada disso. [Estes, por favor, parem também de discutir.]

Alerta para os incautos: quem for contra a propriedade intelectual, deve ser contra as outras propriedades. Pois, o conceito de propriedade não pressupõe a concretude ou a intangibilidade do que é possuído.

Luis Pazos nos ensina em seu livro "Lógica Econômica" que"a propriedade é a liberdade de usar, vender ou consumir um bem."

Ele também nos ensina que

"Alguns pensadores, entre eles Marx e Engels, criaram a dúvida, em muitoslegisladores, políticos e estudiosos das ciências sociais, sobre a legitimidadeda propriedade. Partiram da premissa de que o oferecido pela natureza é detodos e a apropriação de terras e de bens é um ato arbitrário. A partir dessa idéia se concluiu que se a propriedade era, originalmente, ilegítima, osgovernantes tinham o direito de apoderar-se dela e redistribuí-la com umcritério mais justo.

A origem da propriedade é muito anterior à época em que o homem se tornasedentário e começa a cercar pedaços de terra. A propriedade é uma atitude racional a respeito dos bens que nos rodeiam. Normalmente, o ser humano descobre ou acrescenta uma utilidade aos bens naturais, mediante sua transformação ou transporte.

O ser humano, na maior parte da história talvez, excetuando-se a época da coleta de frutos, tem utilizado a razão para reunir as coisas que o satisfaça. Na medida em que o ser humano progride, é menor a proporção do consumo de bens oferecidos espontaneamente pela natureza e prontos para serem consumidos. O erro dos marxistas estava em situar a origem da propriedade numa época histórica caracterizada pelos "cercamentos" ou pela repartição de terras.

A primeira manifestação social da propriedade não está em cercar um terreno, como pensavam Engels e Marx, mas na fabricação de ferramentas, desde o alvorecer da humanidade, como demonstram os restos do chamado Homo habilis, que datam de um milhão e oitocentos mil anos atrás."

Prestem atenção nas palavrinhas "fabricação de ferramentas" e veja só se o Bill Gates não está fazendo exatamente isso quando ele concebe, desenvolve e fabrica, por exemplo, o Windows.

Bem, vamos então às cartas.


Software Livre. Mais um leitor que não sabe explicar onde o calo dói...
enviada em 01/12/2006

Ridícula sua reportagem ! Mostra desconhecimento, petulância e arrogância !

Newton Nickel

Prezado Sr. Newton:

Gratos pelo seu contato.

Ridícula é uma pessoa que envia um e-mail tendo chiquiliques sem conseguir sequer se expressar onde é que dói a barriga, se é que vc nos entende. Talvez no lugar onde vc vive escrever besteiras e acreditar que são auto-explicativas seja normal, mas por aqui isto é sinônimo de despreparo e infantilidade. Quando perceber isso, tente um novo contato, pois no momento, seu e-mail só serve como amostra de despreparo e infantilidade. Atenciosamente,

Editoria MÍDIA SEM MÁSCARA


______________________________________________________________________
Critica
enviada em 30/11/2006

Primeiramente gostaria de pedir desculpas pela falta de acentos, pois estou em uma lan-house e seus teclados estao desconfigurados. Eu nao sei como um site de veiculacao de informacoes como este pode permitir pessoas como o Sr. Antônio Emílio A. de Araújo. Nao sou contra criticas, principalmente as construtivas, mas o colunista citado utiliza-se de termos pejorativamente para argumentar sobre questoes em seus artigos. Em muitas das vezes chega a revelar total desconhecimento sobre os assuntos tratados e o que poderia ser uma enorme fonte de conhecimento e discurssoes (construtivas) se torna alvo de velhos preconceitos e picuinhas.Nada pode ser levado aos extremos, tanto meu lado quanto o dele sao passiveis de criticas e elogios, mas precisamos tratar a opniao do outro com o devido respeito e sem descambar para a depreciacao.

Antonio Rogerio Lins Pessoa

Prezado Sr. Antonio:

Gratos pelo seu contato.

Seria interessante se o sr. explicasse quais são os pontos que o incomodaram nos textos do professor Antonio Emílio, ao invés de simplesmente escrever que o autor "não conhece o assunto" - que assunto? -, "não estabelece discussões construtivas" - o que é isso? Repetir conceitos que agradem os outros, e não gerar polêmicas, talvez? Afinal, abalar os castelos de cartas em que algumas pessoas vivem e fundamentam suas opiniões deve mesmo ser pouco construtivo -, para ficar em alguns exemplos da falta de coerência de sua mensagem. E chamar a atenção para isso não é desrespeito e depreciação, apenas constatar um fato. Atenciosamente,

Editoria MÍDIA SEM MÁSCARA.
_________________________________________________________________________
Software livre: um outro mundo é possível
enviada em 30/11/2006

Atualmente não trabalho mais como programador de computador, mas já trabalhei. A grande vantagem que vejo no uso do software livre, é a disponibilização do código-fonte, seja pago ou gratuito. Com o código-fonte, o usuário do software pode fazer personalizações do software que adquiriu sem amiores complicações. Sou a favor do software livre nesse sentido. Mas agora, entrar no debate se ele deve ser pago ou gratuito para mim é tolice. Eu não entregaria de graça o código-fonte de algum programa que eu desenvolvesse.

Daniel Silva

__________________________________________________________________
Software Livre
enviada em 30/11/2006

Professor Antônio Emílio A. de Araújo:

Contra a ignorância não há argumentos, já dizia Sócrates.Contra o conformismo e a intolerância também não.

José Tadeu Barros

______________________________________________________________________
"Software livre: um outro mundo é possível" publicada em 29/11/06
enviada em 29/11/2006

A grande questão em relação à Microsoft é o monopólio, que a empresa faz questão quase absoluta de manter. Faço referência ao “quase absoluta” devido principalmente à injeção de recursos que Bill Gates fez na Apple para comprovar que havia opção ao Windows e que não havia monopólio!! A Microsoft e Bill Gates não são demônios mas é óbvio que a empresa altera os códigos de seu sistema operacional de maneira muito suspeita. Como exemplo temos o Windows 98, um sistema operacional que não podia ser separado do Internet Explorer e que dificultava o uso do Netscape. Interessante que eu, e milhares de usuários, “desinstalamos” o Explorer do Windows 98... Usando um pequeno software distribuído pela rede.Existem muitos estudos que “provam que” o Windows é superior. Todos custodiados pela Microsoft, claro.Ora não quero a eliminação do Windows, se é tão bom que concorra com outros sistemas, assim como as distribuições do sistema Linux concorrem entre si.A maioria dos fanáticos pelo Linux e dos fanáticos pelo Windows se exaltam sem conhecer uma base mínima para discussão.O Sr. Antônio Emílio A. de Araújo parecer confundir Software Livre, Freeware, GPL e Linux fazendo uma salada digna de um neófito que se ilude de grande conhecedor. Também parece desconhecer que muitas das distribuições Linux que são copiadas são “piratas”. O Sistema Operacional pode ser distribuído não os programas acrescidos. Complementando, não estou irado, apenas expresso minha opinião individual.

Ricardo Fernandes Dionizio
___________________________________________________________
Software Livre
enviada em 29/11/2006

Tenho acompanhado o debate iniciado pelo articulista Antonio Emílio. Embora eu não seja especialista no assunto, pareceu-me que acontece nesse tema algo parecido com os assuntos relacionados à preservação ambiental. Trata-se de um tema importante, meritório sobre muitos aspectos, mas que se tornou campo preferencial de idiotas que o transformaram numa questão religiosa e irracional. Creio que ninguém pode ser contra a existência de iniciativas de software livre, desde que seja livre mesmo e não imposto. É ridículo o antagonismo de muitos desses maníacos contra os softwares proprietários, movidos por sentimento anti-empresarial ideológico. Quem quiser produzir e divulgar softwares livres que o faça; se forem bons terão sucesso, mas, por favor, não sejam mais uma seita de chatos. Teoricamente, sendo "gratuítos", as vantagens comparativas estão a favor e acho importante que isso exista. A voracidade monopolista da Microsoft não é diferente das outras grandes iniciativas econômicas e, assim sendo, a forma de combatê-la é a liberdade de criação e de oferta. O resto é balela, na minha opinião. Se dependesse de software livre apenas, ainda estaríamos usando ábacos.

Eduardo Afonso Bacelar
___________________________________________________________
Softwre-livre e livre-mercado
enviada em 29/11/2006

Muito se tem dito sobre essa questão do software-livre, mas a discussão continua rasa como sempre. Agora o Stallman é a bola da vez. Tudo bem, ele não passa de um comunista. Passemos a pontos mais pertinentes. Ninguem que defende o Windows e os softwares proprietários se dá conta de que quando alguem “compra” uma licença de uso, o comprador está abrindo mão do seu próprio direito de propriedade sobre o bem adquirido, em nome da defesa dos direitos autorais de quem desenvolveu o software. Só que programador nenhum é dono dos direitos autorais do programa que ele mesmo desenvolveu, mas sim a empresa que o emprega. Outro ponto a ser discutido. Suponhamos que a Microsoft fabricasse automóveis. O comprador iria feliz a uma loja comprar... uma licença de uso! Bem, esse comprador não poderia revendê-lo, nem doá-lo, nem fazer nada que não fosse andar para baixo e para cima com ele. Para os defensores da Microsoft parece que isso basta. Nada de personalizar o veículo. Na hora da troca, o comprador retornaria a uma agência Microsoft para trocar o seu carro V.2000 pelo modelo mais novo, o XP. Manutenção? Só em oficinas autorizadas Microsoft. Nada de levar o seu carro naquele mecânico de confiança que resolve seus problemas, porque o carro é uma caixa-preta. O que eu estou defendendo aqui é a livre disseminação da informação, e não do seu controle. Se isso é livre-mercado eu quero ir para Marte! Obrigado.

Wolmar Murgel Filho
___________________________________________________________
Software livre
enviada em 29/11/2006

Comentando o artigo "Software livre: um outro mundo é possível" de Antônio Emílio A. de Araújo . Primeiramente parabéns pela coragem e honestidade em comentar um assunto tão dominado pela opinião mastigada ou ainda pelo chamado "politicamente correto" nos dias de hoje. Falar em defesa do "software livre" (livre mesmo, não se sabe do quê) virou norma de conduta e sinal de responsabilidade "cidadã" nos dias de hoje. De fato, grandes movimentos da esquerda ativista como o folclórico "Forum Social Mundial" são eventos onde desfilam computadores rodando software chamado "livre" para a chamada "inclusão digital" dos cidadãos. O governo socialista do PT foi na onda do chamado "software livre" vendendo PCs populares (subsidiados com o dinheiro dos contribuintes) com Linux pré-instalado (muito embora a taxa de conversão para software proprietário Windows seja de mais de 70% nos PCs vendidos). Existe seriedade dentro do movimento de código aberto, mas infelizmente esta seriedade está sendo limitada e ideologicamente castrada em favor de interesses políticos. Antes que me crucifiquem por ir contra o software livre gostaria de citar que são sucessos indiscutíveis do chamado “movimento pelo softtware livre” o servidor de web “Apache”, o navegador “Firefox”, o banco de dados “MySQL”, o ambiente de impressão CUPs e o FreeBSD que hoje compõe o núcleo do sistema operacional Mac OS X da Apple. O próprio termo "livre" já carrega um ranço e uma falsa informação declaradas. Livre do quê afinal de contas? Depois de muitos anos de indagação sobre o que ao certo seria essa “liberdade” um amigo programador me respondeu a pergunta: "Livre dos grande fabricantes de software". Em resumo: livre do capitalismo. Software livre é tão livre como "sociedade alternativa" e "amor livre". Livre não no sentido que os liberais entedem: pelo direito de escolha. O movimento pelo software livre já sofre de contradições logo na partida. Experimente se posicionar contra um determinado software livre e será repreendido como quem não concorda com o movimento gay ou com o feminismo. Quer dizer: você é livremente obrigado a gostar do software livre, seja ele a porcaria que for. Eu, da minha parte como usuário de computadores há muitos anos sou radicalmente a favor do código fechado e proprietário. Tirando raríssimas e pontuais exceções de sucesso a iniciativa do chamado software livre tem a cara do seu guru e mentor "Richard Stallman": sujo, pesado e irresponsável. Vou citar algumas experiências frustrantes que tive com o chamado "software livre". Em meados dos anos 90 surgiu na internet o que viria a ser chamado "Photoshop killer": o software Gimp. Inicialmente disponível apenas para Linux, logo foi portado para outras plataformas (Mac e Windows). Nunca, absolutamente nunca, este software sequer chegou no “chulé” do Adobe PhotoShop. Se pretendia ser um dia um concorrente a altura do PhotoShop, o Gimp só serviu para aumentar a certeza de que vale a pena investir o que a Adobe pede para que você possa rodar um software de edição de imagens decente. Resumidamente o "Gimp" passados mais de 10 anos de desenvolvimento sequer possui suporte ao modo CMYK. Pífio. Estivesse na iniciativa privada e seria facilmente descartado logo no primeiro ano de desenvolvimento. Mas ... Outro exemplo: quem já sofreu os diabos na frente de um OpenOffice sabe muito bem. Usando OpenOffice temos a certeza de que vale a pena pagar o que for necessário para ter o Office funcionando e mandar aquele "nerd-consumidor-de-revistinha-de-informática-do-departamento-de TI” da empresa para o inferno. Linux? Somente 30% das máquinas vendidas pelo governo com Linux pré-instalado ainda rodam este sistema operacional. Pelo visto o índice de insatisfação do consumidor é bem alto. Mas você vai reclamar para quem se o software é "de graça"? Reclame e você ainda será advertido. O consumidor não é você: são eles. Uma das maiores falácias do chamado "software livre" é a lenda de que você pode "alterar" e “customizar” o software a seu bel prazer, como se isso fosse uma possibilidade aberta ao usuário comum. Quer dizer que eu posso mudar o software do jeito que eu quiser? Sim. Se você tiver a coragem de primeiramente perder alguns anos da sua vida aprendendo a programar em C++ para algum sistema operacional ou ambiente de janelas (Linux, por exemplo, tem vários e cada um usa padrões totalmente independentes), depois tiver a paciência de analisar milhares de linhas de código e então caçar defeitos as vezes imperceptíveis até mesmo para programadores experientes quem sabe você será capaz de mudar um menu ou uma entrada do programa. Mas a mera tentativa de mudança logo esbarra no fato de que você terá quase nenhuma chance de sucesso se não se relacionar bem com o pessoal da comunidade de desenvolvimento e logo de fato se tornar um desenvolvedor de software dispondo diariamente de várias horas para isso. Se ainda assim você não conseguir mudar o programa do jeito que você gostaria dirão que a sua “experiência” não foi “profunda o suficiente” ou ainda que você é “burro” ( o problema é você, não o software). E a sua liberdade para viver a vida como uma pessoa normal que quer apenas usar um programa sem ter que ser um expert no assunto? Puro papel pega-moscas. É o típico clichê de quem critica o Linux, por exemplo. Se critica é porquê não conhece a fundo. Se conhece a fundo e ainda assim critica é porquê não teve uma experiência “suficientemente profunda”. Não seria mais honesto reconhecer que Linux é ruim para o usuário doméstico e bom para empresas que querem gastar os tubos nas “consultorias” oferecidas pelos “experts” em Linux? Quem já teve um servidor rodando Linux na empresa sabe muito bem disso. Vira uma caixinha preta onde somente o “fulano” que é “o expert” no assunto mexe. Se o cara morrer ou tiver uma doença, um abraço. Até outro “expert” entender o que está exatamente programado ali é melhor começar tudo do zero novamente. Como numa empresa estatal, nada melhor do que um bom Linux para sustentar um cabidão de emprego numa empresa privada. Conheci não um, mas vários programadores vivendo assim. De tão bom o Linux sequer conseguiu ter um ambiente de gerenciamento de cores até hoje, coisa que Mac OS e o Windows tem há mais de 10 anos. Que se dane se as suas cores não saem do jeito que você quer. Você tem uma câmera digital e quer que as cores da sua foto saiam boas ou pelo menos coerentes com a impressão? Azar o seu. “Isso daí é frescura do pessoal de DTP”. Sim, mais de 1 bilhão de câmeras digitais já foram vendidas no mundo e isso ai é só um “nicho do pessoal de DTP”. Ipod? Coisa de “burguês”. Instalar um simples Java no Linux é uma terefa hercúlea que logo leva o usuário as raias do desespero na caça de um CD de instalação do Windows. Eu prefiro o Mac OS e vivo com ele sem menores preocupações há muitos anos. Livre de vírus, seguro, estável, sexy, “think different”, versátil.Chega a ser sacanagem comparar a qualidade do desenvolvimento de uma solução proprietária rodando num Apple “capitalista” com um PC xing-ling rodando aplicações de software livre. A qualidade de desenvolvimento, de atenção nos mínimos detalhes, o suporte que você tem, a durabilidade do equipamento, o nível de integração entre hardware e software, o grau de evolução e de variedade de aplicações disponíveis é indescritível. No Mac eu me sinto livre para usar o computador, me sinto estimulado a usar a ferramenta e tirar dela todo o meu potencial criativo sem me preocupar em descer a minuncias de desenvolvimento de software. No Mac eu não sou escravo do software: eu comando o software. Não me sinto amarrado a nada, nem a “comunidades”. Dentro do Linux e dos softwares livres me sinto preso numa jaula soviética. Em resumo: Essa é a diferença entre livre-mercado e socialismo. Um te cobra o justo para que você tenha um retorno a altura do seu investimento. O outro aparentemente te dá tudo de graça, mas nos detalhes te transforma num escravo se você não tomar cuidado. Viva a liberdade e o direito de escolha. “Think different” !

Ibis Itiberê Salgado Luzia
__________________________________________________________________