30/11/2012

Sentenças de São Bernardo - VI


1. Para ascender desde o vale do pranto devemos perseguir e aspirar sempre o sublime. Terra deserta, intransitável e sem água.[1] Existem três desertos: o da vaidade momentânea, que devemos desprezar com a sobriedade de vida. Convém-nos sair desse deserto, como está escrito: Quem é esta, que sobe do deserto inebriada de delícias, apoiada sobre o seu amado?[2] Inebriamo-nos de delícias com a prática de muitas virtudes. Apoiamos-nos no amado quando atribuímos a Deus nossas boas ações. Há outro deserto: o da humildade pela simplicidade cristã, chamada deserto, porque quase nenhum imitador de Cristo se preocupa em praticá-la. Necessitamos nos adentrar nesse deserto. Por isso se diz: Que é isto, que sobe do deserto, entre colunas de fumaça, exalando mirra e incenso, e toda a sorte de aromas?[3] Subimos como coluna de incenso quando nos adestramo-nos na prática das virtudes e da disciplina e, ademais, animamos os outros a fazer o mesmo. Existe ainda outro deserto: o da integridade ou simplicidade da inocência mais pura. A ele devemos subir, já que temos de suspirar pela verdadeira pureza para sermos santos de corpo e espírito. Subamos, portanto, desde o deserto da vaidade momentânea através do deserto da mais humilde simplicidade, até o deserto da mais irrepreensível pureza.

2. Nosso Senhor dispõe de flechas com que fere seus inimigos e os vence com a força de Seu braço. Há três classes de flechas que atravessam os inimigos: o desencanto do dinheiro perdido, porque muito se consome aquele que perdeu as riquezas como meio de vida e promotor de prazeres. Em seguida, há a peste das moléstias corporais que açoitam com a dor física. Assim se fecha todo o caminho a quem quer se precipitar no pecado. Em seguida, vem o martírio da representação infernal. Quando alguém se imagina rodeado por todos os lados com o peso das penas corporais, estende os olhos até essa angústia sem fim e considera com temor o horrível forno de fogo.

3. Há outras três flechas; com elas Deus traspassa inclusive a quem convida a participar da doçura de seu amor. A primeira é o temor casto. Assim se chama porque ordena o escravo que tema ao Senhor, e o persuade, advertindo-o sem cessar, a que evite o ilícito por respeito ao Senhor. Segue o amor de veneração, que coroa a inteligência e a inflama com o fogo de um amor suavíssimo. Por fim, a força do desejo, que, com uma tênue brisa a soprar na capacidade da consciência, se consome esquecendo-se de tudo, e suspira só pelo rosto do Criador, o único que satisfaz o alcance de seus desejos.

4. As sentenças e exortações dos Santos Padres nos admoestam a bem pensar, a bem falar e a bem fazer. Porque quem pensa bem goza de uma inteligência honesta, humilde e piedosa, que não se mancha nunca, não se compraz em nada soberbo e não constrói nada cruel. Se aquele que se expressa o faz com correção, humildade e transparência, quem escuta o faz com agrado; e aquele que fala não se incha com as habilidade de sua eloquência, nem pretende encobrir nada com o adereço da dissimulação ao longo da conversação. Toda obra reta, piedosa e recatada supõe já algo puro que exala inocência, destila misericórdia e não ofende nem molesta a quem a observa.
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27/11/2012

A COLEGIAL QUE SE CONVERTEU


Estudava num colégio de irmãs uma menina de treze anos apenas.

Era alma forte; era coração indômito. Não sei o que tinha aquela criatura, mas exercia uma influência pavorosa sobre todas as colegas que viviam com ela... Quando pregava a revolução entre suas companheiras contra as ordens das Irmãs, a revolução estalava tumultuosa, e só a mão forte da Superiora conseguia impor de novo a disciplina.

Um dia aquela menina altiva e insolente foi severamente repreendida e castigada.

Aquela tarde não poderia sair a passeio com as colegas. Tinha que ficar no colégio, escrevendo cem vezes estas palavras: Primeiro mandamento da lei de Deus: Amarás o senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças.

Ficou na sala vigiada por uma professora... Pôs o papel diante de si e começou a escrever: primeiro mandamento da lei de Deus: Amarás o Senhor, teu Deus... E continuou escrevendo... Logo estava cansada... Largou a pena e passou os olhos pela sala. Bem em frente, pendurada na parede, estava uma devota imagem de Jesus Crucificado... Contemplou-o como jamais o contemplara. Parecia-lhe que aquelas palavras que acabava de escrever, a ela eram dirigidas por aquele santo Cristo, que tinha diante dos olhos... Lentamente, solenemente, com acento de ternura... com olhos cheios de lágrimas... dizia-lhe aquele Deus amoroso: Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração...

Que se passou então naquela alma forte e naquele coração indômito, que lhe saltaram as lágrimas... e ali mesmos e ajoelhou... e se fixaram longo tempo os olhos daquele Deus-amor e daquela menina-revolução?

Em seguida levantou-se... pediu humildemente licença à mestra para ir uns instantes à capela. Tinha sede de falar de mais perto com Deus... e Deus estava ali, a dois passos dela, no sacrário.

Quando se levantou estava regenerada... Desde aquele dia foi a santa do colégio...

Anos mais tarde, quando o capelão e o confessor falavam dela, diziam: As almas assim ou são grandes santas ou grandes pecadoras.

Naquela tarde de sua vida começou a ser santa e o foi até o fim, até o heroísmo...

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Tesouro de Exemplos, Pe. Francisco Alves, Editora Vozes (quando ainda católica!).

22/11/2012

Ainda sobre as mentiras que falam de nós...

Recebi um comentário ao post O 'Último Teorema de Fermat' e as mentiras sobre a Igreja Católica e os católicos. de Pedro Burgalês, que vale a pena ser lido, principalmente os links indicados, que são textos escritos pelo próprio Pedro. Confiram.


"A Igreja e os católicos participam da história contada por Singh sempre como bárbaros. Vou tomar apenas dois exemplos contidos no livro. O primeiro se refere à queima da Biblioteca de Alexandria. Singh conta a seguinte história, que ele provavelmente tirou do mentiroso Gibbon..." Etc.

Essa história realmente não morre.O Sr. não leve a mal as auto-referências, mas eu não resisto, pois eu cheguei a escrever três posts sobre Hipátia de Alexandria e a tal biblioteca: aquiaqui e aqui.

20/11/2012

O Concílio Vaticano II e suas definições sobre a Santíssima Virgem.

Palestra proferida no dia 28 de outubro último, no Colégio Monte Calvário, após a Missa Tridentina.


16/11/2012

Missa Tridentina em BH no próximo domingo.



Padre Tarciso celebrará a Santa Missa segundo o Rito de São Pio V, como ela sempre foi celebrada por 1500 anos em todo o mundo, no próximo domingo, às 9h30, na capela da Polícia Militar, à rua Diabase 320, no Prado. Padre Tarciso é um padre muito piedoso e eu recomendo muitíssimo a Missa por ele celebrada.

Santa Gertrudes, rogai por nós!

15/11/2012

O “Último Teorema de Fermat” e as mentiras sobre a Igreja Católica e os católicos.


Divulgar mentiras e desinformação contra a Igreja é o esporte favorito de muitos. Quem não se lembra das trave$$ura$ de Dan Brown e o seu Código Da Vinci. Mentiras sobre as Cruzadas, sobre a Inquisição, sobre a Igreja e a ciência, etc., abundam e enchem milhões de páginas desde Pentecostes.

Esperamos sempre encontrar tais mentiras em livros de história geral, ou de divulgação barata como o livro de Brown. Nossa expectativa é menor em livros de história da matemática, como o livro de Simon Singh, O Último Teorema de Fermat, Ed. Record, 2006. O Sr. Singh não consegue esconder seu desprezo pela Igreja em várias passagens do livro, que narra a interessantíssima história do último teorema, dentre muitos, enunciado por Pierre Fermat numa margem do seu exemplar da Aritmética de Diofante de Alexandria. Todos os outros teoremas foram provados, restando este, que afirma ser impossível encontrar três números inteiros – x, y e z – em que xn + yn = zn, para n>2. Para n=2, a igualdade é válida, pois expressa o teorema de Pitágoras. Na margem do livro, Fermat não só enuncia o teorema como afirma tê-lo provado, mas não registra a prova, dizendo-a longa demais para ser contida em tão pouco espaço.

Vocês veem que o assunto é muitíssimo interessante e aparentemente alheio a assuntos teológicos. Mas nada é alheio à teologia. O Sr. Singh, para tornar o livro mais interessante e mais compreensível ao leitor comum, se propõe a contar uma longa história, que começa na antiguidade grega, exatamente com Pitágoras, e termina em 1995, ano em que o teorema de Fermat foi finalmente provado; mais de trezentos anos depois de ter sido enunciado.

A Igreja e os católicos participam da história contada por Singh sempre como bárbaros. Vou tomar apenas dois exemplos contidos no livro. O primeiro se refere à queima da Biblioteca de Alexandria. Singh conta a seguinte história, que ele provavelmente tirou do mentiroso Gibbon: No ano de 389 “o imperador cristão Teodósio ordenou que Teófilo, bispo de Alexandria, destruísse todos os monumentos pagãos. Infelizmente, quando Cleópatra reconstruiu e reequipou a Biblioteca, ela decidiu alojá-la no Templo de Serápis. E assim a Biblioteca foi jogada no meio da fúria para a destruição de ícones e altares. Os estudiosos ‘pagãos’ tentaram salvar seis séculos de conhecimento, mas antes que pudessem fazer qualquer coisa foram linchados pela horda de cristãos. O mergulho em direção à Idade das Trevas tinha começado.” Que malvados esses católicos, não é mesmo? Não só colocam fogo na imensa biblioteca, que continha todo o conhecimento humano até então, como ainda assassinam os grandes homens que a queriam salvar! Que odiosos são esses idólatras cristãos assassinos!

Vamos usar duas fontes para desmascarar essa historinha de botequim. A primeira é a obra História Eclesiástica do Padre da Igreja Sócrates de Constantinopla, ou Sócrates Escolástico. No livro V, capítulo XVI, da referida obra, Sócrates conta o seguinte.

“Por solicitação de Teófilo, bispo de Alexandria, o imperador ordenou então a demolição dos templos pagãos daquela cidade; ordenando ainda que a execução da ordem fosse dada a Teófilo. Aproveitando essa oportunidade, Teófilo expôs os mistérios pagãos à execração pública. Para começar ele esvaziou o templo de Mitra e fez uma exibição pública dos símbolos desses mistérios sangrentos. Então ele destruiu o templo de Serápis e também exibiu todas as suas extravagantes superstições, e fez com que o falo de Príapo fosse trazido para o meio do fórum. Os pagãos de Alexandria, e especialmente os professores de filosofia, não se contiveram em seu ódio por tal exposição pública. (...) eles se lançaram impetuosamente sobre os cristãos, e assassinaram cada um dos que eles puderam alcançar. Os cristãos tentaram resistir, mas isso só piorou a situação. A carnificina só terminou quando findou a saciedade pelo derramamento de sangue. Descobriu-se então que, embora poucos pagãos tenham morrido, pereceu um grande número de cristãos. (Heládio, um sacerdote de Júpiter, admitiu ter assassinado nove homens com suas próprias mãos). Depois desses tumultos, Teófilo mandou demolir os templos pagãos.”

Como fica agora a historinha de botequim do Sr. Singh? Quem massacrou quem? Os tais estudiosos estavam enfurecidos pela exposição pública de seus ritos sangrentos e secretos. Mas, e a imensa biblioteca, contendo todo o conhecimento humano, que os cristãos destruíram? Bem, para desmascarar esta mentira não precisamos mais do que a Wikipedia – quem diria? – que nos informa que: “Um texto mais antigo, do historiador Ammiano Marcelino, indica que a biblioteca foi destruída no tempo de Júlio César; quaisquer livros que tenham sido guardados no tempo de Serápis não estavam mais lá, na última década do século IV. O autor pagão Eunápio de Sardis testemunhou a demolição, e embora detestasse os cristãos, e fosse um estudioso, seu registro da destruição do templo não menciona nenhuma biblioteca.”

A historinha do Sr. Singh é composta de três partes: os cristãos destruíram os templos pagãos de Alexandria no final do século IV; eles queimaram a biblioteca de Alexandria; eles massacraram quem tentou evitar tal ato de vandalismo. A primeira parte é verdadeira, com o detalhe de que foi Teófilo que solicitou a Teodósio a destruição dos templos e não o contrário. A segunda parte é uma mentira deslavada e na terceira parte ocorreu justo o contrário. Pois é, a Idade das Trevas começou muito mal; com uma grande e gorda mentira.

O segundo exemplo é realmente interessante. O Sr. Singh fala de muitos matemáticos em seu livro, como se pode imaginar. Ele descreve suas obras no que concerne ao tema principal do livro, que é o último teorema de Fermat. Ele não comenta nada sobre traços pessoais de nenhum desses estudiosos, atendo-se apenas às suas obras. A única exceção é para o matemático Cauchy, que ele descreve gratuitamente como “hipócrita, fanático religioso e pessoa extremamente impopular com seus colegas. Ele só era tolerado na Academia por seu talento.” Bem, Cauchy era um fervoroso católico, com um pequeno detalhe: era um fervoroso católico na época da Revolução Francesa! Um homem que sempre confessou sua Fé e que por isso foi perseguido, destituído de empregos, exilado, etc. Numa época em que os jesuítas eram extremamente impopulares, ele escreveu duas obras em defesa deles. Em 1810, ele escreveu para sua mãe: “eles reclamam que minha devoção me torna muito orgulhoso, arrogante e presunçoso... Deixaram-me de lado acerca da temática religiosa e ninguém a menciona para mim.” É de se imaginar sobre o que Cauchy fala aqui: qualquer católico que afirma que o catolicismo é verdadeiro é acusado de arrogante, pois o chique, o sinal de humildade é dizer que não existe verdade, ou que cada um tem a sua, ou que cada um consegue absorver uma parte dela, etc. Mas Cauchy foi um dos maiores matemáticos que já existiu na face da Terra; ele produziu 789 artigos matemáticos e muitos livros. Suas obras completas cobrem 27 volumes. Deve ser a isso que se refere o Sr. Singh, quando fala de seu talento.

Mas o mais curioso de tudo isso é que o matemático que originou todo o enigma que foi resolvido em 1995, o matemático que enunciou o teorema que se tornou o mais famoso do mundo, o matemático francês Pierre de Fermat era – adivinhem? – UM FERVOROSO CATÓLICO! Isto o Sr. Singh não tem a gentileza de nos informar.

E assim se vão mais algumas mentiras sobre a Igreja e sobre nós católicos.

12/11/2012

Guia Prático de Teologia: Protestantes, aprendam a ler a Bíblia com o católico Chesterton!

Já está nas bancas do Brasil o segundo número do Guia Prático de Teologia. Nesta edição, Chesterton aparece com um texto extraordinário: Introdução ao livro de Jó. Se os tempos fossem outros, se os cursos de Teologia fossem outros, se a Igreja não tivesse sido atingida pelo tsunami do Concílio Vaticano II, este texto seria estudado, seria tema de dissertações de mestrado, quiçá de teses de doutorado. Mas pela graça de Deus, temos ainda, milagre dos milagres, quem se interesse em publicá-lo para o deleite e edificação dos católicos que sobraram por aí. Os protestantes têm uma oportunidade única de acompanhar como um católico interpreta a Bíblia. Este mesmo católico que fala o seguinte, em outro de seus escritos.

(...) Afinal, quando chego a pensar nisso, todas as outras revoltas contra a Igreja, antes da Revolução e especialmente desde a Reforma, contaram a mesma estranha história. Todo grande herege sempre exibiu a combinação de três extraordinárias características. A primeira é que ele escolhia alguma ideia mística do conjunto harmonioso das ideias místicas da Igreja. A segunda característica é que ele usava aquela única ideia mística contra todas as ideias místicas. A terceira (e a mais singular) é que ele parecia não ter tido nenhuma noção de que sua própria ideia mística favorita era uma ideia mística, pelo menos no sentido de uma ideia misteriosa, dúbia ou dogmática. Com uma estranha e incomum inocência, ele aparentemente sempre considerava esta ideia uma coisa natural. Ele a pressupunha inatacável, mesmo quando a estava usando para atacar ideias similares. O exemplo mais popular e óbvio é a Bíblia. A um pagão imparcial ou a um observador cético, esta deve ter sempre parecido a mais estranha história do mundo; que homens invadindo um templo para destruí-lo, destruindo o altar e expulsando o padre, encontraram lá certos volumes sagrados intitulados “Salmos” ou “Evangelhos”; e (ao invés de jogá-los ao fogo com o resto) começaram a usá-los como oráculos infalíveis para invalidar todos os outros sistemas. Se o altar sagrado e principal está errado, por que os documentos sagrados e secundários estariam certos? Se o padre profanava os Sacramentos, por que não poderia ter profanado as Escrituras? Mesmo assim, demorou muito para que ocorresse àqueles que brandiam esta peça do mobiliário da Igreja para quebrar todo o mobiliário da Igreja, quão profano seria examinar este fragmento do mobiliário. As pessoas se surpreenderam muito, e em algumas partes do mundo ainda estão surpresas, que alguém tenha tido a audácia de fazê-lo. 

Vocês veem ao lado a página inicial da bela edição que o texto ganhou no segundo número do Guia Prático de Teologia. O ensaio toma oito páginas da mais criativa exegese bíblica.

É bom ver Chesterton sendo disponibilizado em bancas de jornal. Ele, que sempre se considerou apenas um jornalista, se alegraria com isso!


09/11/2012

Anápolis, a cidade vermelha: por enquanto, o vermelho está apenas na tinta!

Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz


Em 1966, o líder do Partido Comunista Chinês, Mao Tsé-tung, iniciou na China uma campanha chamada “Revolução Cultural”, destinada a combater os seus opositores de dentro do Partido. Grupos de jovens conhecidos como “Guarda Vermelha”, tendo nas mãos o “Livro Vermelho” (coletânea de citações de Mao), atacavam todos os suspeitos de deslealdade política ao regime. Fábricas e universidades foram fechadas, professores foram espancados, intelectuais tiveram que trabalhar no campo. As cores dos semáforos foram invertidas: parava-se no sinal verde e avançava-se no sinal vermelho.

* * *
Em 2008, pela primeira vez o município de Anápolis elegeu um prefeito do Partido dos Trabalhadores (PT): Antônio Roberto Otoni Gomide. Em seu mandato de 2009 a 2012, a cidade foi pintada de vermelho. As fachadas das repartições públicas, o uniforme dos funcionários, os brinquedos das praças, as luminárias dos postes, as lixeiras dos parques, os ladrilhos das calçadas, as placas de sinalização, tudo passou a exibir a cor do PT. Quanto aos sinais de trânsito, ao menos por enquanto eles não foram invertidos. No entanto, uma tarja vermelha passou a cobrir a haste vertical dos novos semáforos. 
     Essa decisão de avermelhar a cidade tem um significado preciso: Anápolis pertence ao PT. É ao PT que o cidadão anapolino deve agradecer quando vê qualquer obra pública. O povo não deve pensar no verde-amarelo da bandeira nacional e da bandeira do Estado de Goiás. Deve substituir a reverência à pátria pelo culto a um Partido.
Nos países comunistas, o Estado e o Partido se confundem. Assim ocorre na China e em Cuba. Assim o PT pretende que ocorra no Brasil.  

O vermelho de sangue
Mais assustador do que as ruas, praças e viadutos pintados de vermelho é o perigo de a prefeitura e/ou a Câmara Municipal aprovarem alguma medida para favorecer o aborto.
Convém lembrar, mais uma vez, que o 3º Congresso do Partido dos Trabalhadores (PT), ocorrido entre agosto e setembro de 2007, aprovou a resolução “Por um Brasil de mulheres e homens livres e iguais”, que inclui a “defesa da autodeterminação das mulheres, da descriminalização do aborto e regulamentação do atendimento a todos os casos no serviço público[1].
Convém lembrar ainda que essa resolução pró-aborto deve ser acatada por todos os políticos filiados ao Partido. Para ser candidato pelo PT é obrigatória a assinatura do Compromisso Partidário do Candidato ou Candidata Petista, que “indicará que o candidato ou candidata está previamente de acordo com as normas e resoluções do Partido, em relação tanto à campanha como ao exercício do mandato” (Estatuto do PT, art. 140, §1º [2]). Ou seja:  Todo político filiado ao PT é comprometido com o aborto.
Com essa mensagem, seria de se esperar que nenhum cristão votasse mais nesse Partido. No entanto, lamentavelmente, em 7 de outubro de 2012, o prefeito Antônio Gomide (PT) foi eleito com 88,93% dos votos válidos. Quanto à Câmara Municipal, houve uma sensível mudança. Hoje apenas uma vereadora pertence ao PT. Dos 23 vereadores eleitos para o próximo mandato, 6 são filiados ao PT. O Partido passou a ter a maior bancada junto à Câmara. Com isso, será muito mais fácil para o PT pôr em prática seus propósitos.

Alguns esclarecimentos

Impressionados com a quantidade de obras públicas feitas durante o último mandato – todas elas cuidadosamente pintadas de vermelho – os eleitores de Anápolis decidiram em massa reeleger o atual prefeito petista. Afinal – diziam – o que importa é o candidato, não o partido.
Enganaram-se: segundo o Estatuto do PT, o que importa primeiramente é o partido. “O Partido concebe o mandato como partidário” (art. 70, Estatuto do PT). Desde o pedido de indicação como pré-candidato, o filiado reconhece de modo expresso que “todo mandato eletivo pertence ao Partido” (art. 73, I, Estatuto do PT). Note-se bem o que diz o Estatuto: o mandato do prefeito não pertence aos eleitores que o elegeram; pertence ao Partido dos Trabalhadores! Também o mandato dos vereadores petistas não pertence aos eleitores; pertence ao Partido dos Trabalhadores. Ou seja: Votar em um candidato petista é o mesmo que votar no PT. E votar no PT é o mesmo que votar no aborto.
A imensa maioria dos eleitores não sabe (ou não sabia) disso. O vereador eleito com maior número de votos foi Pedro Mariano (PP), justamente o autor da Proposta de Emenda à Lei Orgânica n. 13 de 2012, que suprimiu da Lei Orgânica do Município de Anápolis (LOMAN) o parágrafo único do inciso X do artigo 228, que previa a prática do aborto pela rede pública de saúde. Maciçamente contrários ao aborto, os anapolinos não sabem que favorecerem o aborto ao elegerem candidatos petistas.
Há quem pense que a emenda à Lei Orgânica que suprimiu o aborto foi sancionada pelo prefeito Antônio Gomide. Isso não é verdade. Uma emenda à Lei Orgânica é votada em dois turnos pelos vereadores e, uma vez aprovada, é promulgada pela Câmara Municipal (cf. art. 48, LOMAN). O prefeito não tem parte no processo legislativo. Não pode vetar nem sancionar a emenda.
Se, porém, a aprovação de uma emenda tivesse dependido do prefeito, não será que ele a teria vetado? O motivo teria sido óbvio: a existência de uma lei que favorece o aborto é extremamente cara ao PT. Revogar tal lei seria contrariar as diretrizes do Partido. Em particular, seria contrariar o que foi expressamente resolvido pelo III Congresso Nacional do PT: a descriminalização do aborto e a regulamentação do atendimento a todos os casos no serviço público.
É verdade que o Partido pode dispensar o político de cumprir uma decisão coletiva, quando houver “graves objeções de natureza ética, filosófica ou religiosa, ou de foro íntimo”. Mas isso só “excepcionalmente” (art. 13, XV, Estatuto do PT). Se o Partido disser “não”, o filiado é obrigado a agir contra sua consciência.
Em se tratando da causa abortista, se o prefeito tivesse o poder de vetar uma emenda antiaborto, jamais o Partido o teria dispensado desse “dever”. Se o prefeito, alegando ser católico, insistisse diante da Comissão Executiva do Diretório do PT que não poderia vetar aquela emenda, o Partido teria um argumento irrespondível: “Se você é tão intransigentemente contrário ao aborto, por que se filiou ao PT? Está esquecido do compromisso partidário que assinou e registrou em cartório?”. [3]
Não nos iludamos. Há duas bandeiras irrenunciáveis para o PT e inaceitáveis para o cristão: o homossexualismo e o aborto. Nosso prefeito já manifestou sua adesão à primeira bandeira, promovendo as marchas de “orgulho” (!) homossexual em nossa cidade. Infelizmente, a segunda bandeira poderá manifestar-se no futuro. Então, os que votaram nos candidatos do PT terão motivo de amargo arrependimento. Queira Deus que nas próximas eleições tirem, então, também as necessárias consequências.

[1] Resoluções do 3º Congresso do PT, p. 80. in: http://www.pt.org.br/arquivos/Resolucoesdo3oCongressoPT.pdf

[2] Estatuto do Partido dos Trabalhadores, Redação final aprovada pelo Diretório Nacional em 09/02/2012, in: http://www.pt.org.br/arquivos/ESTATUTO_PT_2012_-_VERSAO_FINAL.pdf

[3] DN suspende direitos partidários de Luiz Bassuma e Henrique Afonso, 17 set. 2009, in: http://pt.jusbrasil.com.br/politica/3686701/dn-suspende-direitos-partidarios-de-luiz-bassuma-e-henrique-afonso





08/11/2012

Padre Estevam não assistiu, não viu, não leu, não conhece e não gostou.


Resposta de um padre ao envio do vídeo de um TrueOutSpeak (31/10/2012) de Olavo de Carvalho sobre o Concílio Vaticano II, fazendo um comentário ao livro, recém lançado em português, do prof. Roberto de Mattei.
  
Não  li, não sei quem é este Olavo, presumo que seja mais um dos doidos que ao invés de darem testemunho tornando um missionário em meio as comunidades, mostra-se um acomodado que como diz são Paulo é muito atarefado sem nada fazer. Me faz lembrar dos fariseus com suas hipocrisias. Por favor não me envie mais estas bobagens são de péssimo nível, vergonha para os que se dizem católicos... Só mesmo coisa de quem não tem o que fazer, pessoas assim fazem um desserviço a Igreja e a Cristo. Pe. Estevam

Vocês veem que é uma resposta perfeitamente previsível de um padre “normal” da Igreja pós-conciliar. Nenhuma capacidade de raciocínio, nenhum conhecimento, cheio de chavões – missionário em meio as comunidades --, e cheio de opiniões, inclusive sobre o Olavo de Carvalho, a quem não leu, não assistiu, não viu e não conhece! Chama-o de louco, hipócrita e fariseu.

05/11/2012

Paulo VI e a Tiara Papal

Outro dia, numa lista de discussão católica de que participo, encontro a seguinte frase surpreendente: "O Papa Paulo VI tinha verdadeiro amor à Igreja, e isso é inegável. Quando da reforma litúrgica, o Santo Padre, de veneranda memória, estava em depressão clínica, e a aprovou descuidadamente." Sei que a frase tem vários aspectos que irão chamar a atenção dos leitores. Vou me ater aqui à afirmação de que "Paulo VI tinha um verdadeiro amor à Igreja". E vou discuti-la por meio de um dos muitos atos públicos de de demolição da Igreja personificados por Paulo VI ; são muitos, são diversos, são escandalosos. Mas vou me referir a apenas um, em que parece que Paulo VI não estava nem um pouco deprimido. 

Trata-se da "deposição da Tiara (Triregnum) Papal", símbolo dos três poderes do Papa: Ordem, Jurisdição e Magistério. Escreve Luigi Villa, em Paulo VI: o papa que mudou a Igreja: "Em 13 de Novembro de 1964, Paulo VI, na presença de 2.000 Bispos, depõe definitivamente a Tiara sobre o altar. Era este o grande objetivo da Revolução Francesa, praticado pelas mãos daquele que se sentava na Cátedra de Pedro; uma consequência mais importante do que a decapitação de Luís XVI e do que a “brecha da porta Pia”. Com este gesto, Paulo VI rejeitava os três poderes papais, simbolizados na tríplice coroa, quase a significar que não queria mais governar a Igreja. A que poderes se referia, durante o seu Pontificado, depois daquele  gesto?"

Luigi Villa continua dizendo: "Recordemos as palavras do Pontífice da Maçonaria Universal, Albert Pike: 'Os inspiradores, os filósofos e os chefes históricos da Revolução Francesa tinham jurado lançar a Coroa e a Tiara sobre a tumba de Jacques de Molay… Quando Luis XVI foi justiçado, metade do trabalho estava feita; e desde então, o Exército do templo dirigiu todos os seus esforços contra o Papado'."

O mesmo autor lembra ainda uma instrução secreta da Alta Vendita, de 1820, que dizia: "Façam com que o clero caminhe sob a vossa bandeira, crendo caminhar sob a bandeira das Chaves Apostólicas! Estendei as vossas redes; estendei-as no fundo das sacristias, dos seminários e dos conventos (…) Pescareis amigos e os conduzireis aos pés da Cátedra Apostólica. Pescais assim uma revolução em tiara e capa, precedida da Cruz e do pendão; uma revolução que não terá necessidade senão de uma pequena ajuda para pegar fogo aos quatro cantos do mundo.

"Pegar fogo aos quatro cantos do mundo", que descrição mais precisa dos resultados do Concílio Vaticano II!

D. Hélder Câmara (ver Nelson Rodrigues entrevista D. Hélder Câmara, aqui e aqui), em suas Lettres Conciliaires (existe edição em português dessas cartas), descreve o evento assim: "Em emocionante silêncio, a Basílica viu Paulo VI avançar com a tiara nas mãos, pousá-la sobre o altar, e voltar para trás satisfeito! Foi um delírio!" (Concílio Vaticano II: um história nunca escrita, Roberto de Mattei, Caminhos Romanos, 2012.) Foi um delírio dos maçons! Foi um delírio de satanás! Pe. Congar outro representante do demônio no Concilio, consigna em seu diário: "O Papa tirou a tiara e ofereceu-a aos pobres. Se se trata de renunciar à tiara e se, depois daquela, não vai ter mais nenhuma, muito bem. De outro modo, será apenas um gesto espetacular sem futuro. Em suma, é necessário que ele tenha colocado sobre o altar, não uma tiara, mas A tiara." (Ibid.) Foi A tiara que ele depôs; não houve outra. O demônio e seus representantes estavam satisfeitos!

Este gesto de Paulo VI demonstra bem, como vocês veem, seu inegável e verdadeiro amor pela Igreja

02/11/2012

Missa Tridentina em BH, próximos sábado e domingo.


Padre Tarciso celebrará a Santa Missa segundo o Rito de São Pio V, como ela sempre foi celebrada por 1500 anos em todo o mundo, no próximo sábado a tarde, às 16h30, na capela da Polícia Militar, à rua Diabase 320, no Prado. Padre Tarciso é um padre muito piedoso e eu recomendo muitíssimo a Missa por ele celebrada.


Ele celebrará também no domingo, 4 de novembro, no Colégio Monte Calvário, às 9h30, onde atenderá confissões antes e depois da Missa.

Si iniquitates observaveris, Domine: Domine, quis susnebit? (Ps. 129)