29/09/2012

A Queda do Homem: blog entrevista Gilbert Keith Chesterton.


Blog do Angueth – Devo agradecer novamente vossa disponibilidade de nos conceder mais uma entrevista.

Chesterton – Curiosamente, há épocas em minha vida que tudo que faço é dar entrevistas, participar de debates e ser saco de pancadas do Sr. Bernard Shaw e do Sr. H.G. Wells.

Blog do Angueth – Sei que certa vez o senhor se irritou com este último senhor acerca de uma discussão sobre o Jardim do Éden e a Queda do Homem.

Chesterton – Eu pertenço, como um produto da evolução biológica (dogma defendido pelo Sr. Wells), à ordem dos paquidermes. Não sou movido minimamente por qualquer irritação.

Blog do Angueth – Mas o que me interessa aqui é o que o senhor pensa sobre a Queda. Como vivemos uma época em que todas as antigas heresias convivem entre nós, há hoje muita gente, mesmo dentro da Igreja Católica, que menospreza a Queda e considera que se deve relativizar a história do Gênesis. Como o senhor mesmo disse certa vez: “a mente do homem moderno é uma curiosa mescla de calvinismo deteriorado e de budismo diluído.” Eu perguntaria então: o que nos ensina a história da Queda do Homem? Que visões podem ser acalentadas por quem nela acredita?

Chesterton – A Queda é uma visão de vida. Ela não é apenas a única visão esclarecedora da vida, mas a única encorajadora. Ela afirma, contra as únicas filosofias alternativas reais, aquelas dos budistas, dos pessimistas e dos prometéicos, que nós usamos impropriamente um mundo bom, e não simplesmente que estamos presos num mundo mau. Ela remete o mal ao uso errado da vontade, e assim declara que ele pode eventualmente ser corrigido pelo correto uso da vontade. Qualquer outro credo, exceto este, é uma forma de rendição ao destino. Um homem que guarda esta visão de vida descobrirá que ela ilumina milhares de coisas; sobre as quais, as éticas evolucionárias não têm nada a dizer. 

Blog do Angueth – O senhor poderia nos dar um exemplo destas coisas iluminadas por esta visão?

Posso dar vários. O colossal contraste entre a inteireza da máquina humana e a contínua corrupção de seus motivos. O fato de que nenhum progresso social parece nos livrar do egoísmo. O fato de que os primeiros, e não o últimos, homens de qualquer escola ou revolução são geralmente os melhores e os mais puros; tal como William Penn foi melhor que um quacker milionário ou Washington melhor do que um magnata americano do petróleo. Aquele provérbio que diz: “O preço da liberdade é a eterna vigilância,” que é propriamente apenas um modo de declarar a verdade do pecado original. Aqueles extremos de bem e mal em que o homem excede a todos os animais pelos padrões do céu e do inferno. Aquele sentido de perda sublime que está em cada verso de toda grande poesia, e em nenhum outro lugar em maior quantidade do que na poesia dos pagãos e céticos: “Miramos o antes e o depois, e nos consumimos pelo que não é”; que clama contra todos os arrogantes e progressistas, das profundezas e abismos do coração partido do homem, de que a felicidade não é somente uma esperança, mas também, em certo estranho sentido, uma memória; e que somos todos reis no exílio.

Blog do Angueth – Mas então, senhor Chesterton, o correto entendimento da Queda é um antídoto contra o maniqueísmo, contra o panteísmo e, de quebra, o fundamento de nossa esperança?

Chesterton – Talvez possamos afirmar isto!

Blog do AnguethThank you very much! Say thanks to Mrs. Chesterton for the wonderful tea!

27/09/2012

O mistério do Gólgota


Recebo um e-mail sobre uma palestra acerca do mistério do Gólgota, enviado para destinatários desconhecidos. Considerei que era uma concentração incomum de coisas desconhecidas e resolvi ler o texto no corpo do e-mail.

Aparentemente, uma senhora de sobrenome Bomfim (que ela o tenha realmente!), nos informa que: “Na evolução da humanidade houveram acontecimentos que determinaram a vinda do Cristo, porém o que estava ocorrendo no macrocosmo?” (Grifo meu.) Minha primeira pergunta é: o que estava ocorrendo com a gramática da Sra. Bomfim?

Ela continua impassível sua sequencia de perguntas: “Como Adão e Eva contribuiram para esse acontecimento? Que participação tiveram os Elohins? (Ai, que falta faz uma gramática!) Quem era o Elohim Jehová? Que relação existe entre a alma da consciência, o nascimento do Eu do ser humano e o nascimento cósmico do ‘Ser Solar’?”

É claro que isto é pura cacofonia gnóstica do mais baixo nível, mas prova uma afirmação que muitos atribuem a Chesterton, mas que é na verdade de Émile Leon Cammaerts (1878 – 1953), poeta belga que se tornou professor de Estudos Belgas na Universidade de Londres em 1933. A frase aparece em The Laughing Prophet: The Seven Virtues and G. K. Chesterton, de 1937, e diz o seguinte: “quando os homens escolhem não acreditar em Deus, eles não passam a acreditar em nada. Eles se tornam então capazes de acreditar em qualquer coisa.” Acreditam até em elohins, alma da consciência, em ‘ser solar’, etc.

26/09/2012

Conduzidos à força


Nota: Eis mais um daqueles artigos de Olavo de Carvalho que são absolutamente imprescindíveis para se entender o país e o mundo; sem a leitura do qual a pessoa permanece idiota como todos ao redor. Por isso, não podemos deixar de agradecer ao filósofo. Deus lhe pague, Olavo!

Abortismo, casamento gay, quotas raciais, desarmamento civil, regulamentos ecológicos draconianos, liberação das drogas, controle estatal da conduta religiosa, redução da idade de consentimento sexual para doze anos ou menos: tais são, entre alguns outros, os ideais que fazem bater mais forte o coração de estudantes, professores, políticos, jornalistas, ongueiros, empresários “esclarecidos” e demais pessoas que monopolizam o debate público neste país.

Nenhuma dessas propostas veio do povo brasileiro ou de qualquer outro povo. Nenhuma delas tem a sua aprovação. 

Isso não importa. Elas vêm sendo e continuarão sendo impostas de cima para baixo, aqui como em outros países, mediante conchavos parlamentares, expedientes administrativos calculados para contornar o debate legislativo, propaganda maciça, boicote e repressão explícita de opiniões adversas e, last not least, farta distribuição de propinas, muitas delas sob a forma de “verbas de pesquisa” oferecidas a professores e estudantes sob a condição de que cheguem às conclusões politicamente desejadas.

De onde vêm essas idéias, a técnica com que se disseminam e o dinheiro que subsidia a sua implantação forçada?

Todos os Caminhos Levam a Roma: resenha de um leitor II.

Nota: esta resenha é do amigo, futuro afilhado e irmão na Fé, Augusto de Carvalho Mendes. Veja a opinião de outro leitor aqui.



Nesse final de semana, peguei o livro de Chesterton Todos os Caminhos levam a Roma, recém traduzido pelo professor Angueth, e o li rapidamente. Gostaria de parabenizar o Tradutor por mais esse relevante serviço prestado aos leitores brasileiros! 

O livro é de leitura muito agradável, fiquei lendo por horas durante a madrugada do sábado para o domingo, lendo metade dele, e concluindo a leitura na segunda. Como podem ver, o livro pode ser lido rapidamente e, garanto, com bastante proveito. 

Ficou tudo muito bom, da capa à tradução, passando pelas excelentes notas que ajudam muito na compreensão dos textos e pela introdução que mostra o que poderia, talvez, ser chamado de "pré-história" da conversão de Chesterton (ou, talvez, em outro sentido, o catolicismo “pré-histórico” dele).

Nunca tinha lido nenhum livro do Chesterton e agora estou convencido da sua importância para os católicos. Digo isso tendo em vista o modo de argumentação, as imagens literárias e os exemplos usados por ele. Chesterton consegue exprimir verdades da Doutrina Católica de uma forma mais compreensível para o leitor do século XXI. Para os que querem conhecer, transmitir e defender a Fé Católica, parece-me realmente importante ler Chesterton, visto que, por exemplo, num debate sobre religião feito hoje, um argumento ao estilo escolástico não sei acompanhado pelos ouvintes por nem um minuto, algumas comparações feitas pelos Padres da Igreja dificilmente seriam compreensíveis, mas, ao contrário, as imagens e comparações feitas pelo escritor inglês são muito mais acessíveis e inteligíveis, tanto por sua capacidade expressiva, quanto pelo fato de que, infelizmente, ainda vivemos muitos dos problemas vividos e combatidos por ele. Aquilo que o Concílio Vaticano II disse que queria fazer, Chesterton fez várias décadas antes e sem distorcer e falsificar, em vários pontos, a Fé Católica.

Achei bastante interessante que Chesterton aborda alguns aspectos que seriam também desenvolvidos por Eric Voegelin. Contudo, como Voegelin não era católico, não pôde se valer do benefício que Chesterton aponta no livro sobre o desenvolvimento de idéias dentro da Igreja Católica e descambou para uma crítica exagerada, assim me parece, de tudo que se consolide numa doutrina bem formulada, mais ou menos como os modernistas, confirmando que Chesterton estava certo: fora do local correto, ou seja, fora da Igreja Católica, uma idéia excelente pode se converter numa monstruosidade, mesmo quando desenvolvida por um homem genial e profundamente honesto.

Só me resta procurar os livros já publicados e esperar pelos próximos lançamentos que, se Deus quiser, chegarão.

Muito bom livro!

22/09/2012

Notícia auspiciosa: novo programa de Michael Voris!


O Michel Voris, da ChurchMilitant.tv, e do Vortex, inaugura seu BlogTalkRadio na próxima quarta-feira, às 21h, horário de Brasília. O programa promete ser tão imperdível quanto os Vortex e quanto tudo que a ChurchMilitant.tv produz. Não percam! 

20/09/2012

Todos os Caminhos Levam a Roma: resenha de um leitor.

Nota: Recebi quase simultaneamente a opinião de dois leitores, e amigos, sobre o livro que traduzi recentemente: Todos os Caminhos Levam a Roma. Publico aqui a resenha de Frederico Branquinho, meu caro ex-aluno, amigo e irmão na Fé, que agora está construindo seu reino familiar na Capital Federal. A outra resenha publico num post a seguir.



Acabei de reler o "Todos os Caminhos Levam a Roma" marcando as partes que mais gostei. A escolha dos textos foi muito feliz. Fiquei imaginando o grande apologista literário, Chesterton defensor fidei, esgrimindo com grande desenvoltura - apesar do peso - ao redor de uma magnífica Catedral Gótica, cujas torres representariam os principais temas defendidos nos ensaios: a juventude, a complexidade, a verdade, a unicidade e a perfeição (ou completude) da Igreja. 

Sobre a juventude da Igreja, realmente nada se compara ao Introibo ad altare Dei. Para além disso, cito dois trechos do primeiro ensaio que eu gostei muito; um pela atualidade e o outro pela beleza. O primeiro se aplica muito bem àqueles lugares onde a verdadeira Igreja ainda está viva hoje em dia:
Eu a tenho chamado pela expressão convencional "antiga religião". Mas ela não é uma antiga religião; é uma religião que se recusa a envelhecer. Neste momento da história, ela é uma religião muito jovem. Muito especialmente, uma religião de jovens.

O segundo eu transcrevo em inglês para ressaltar o domínio de Chesterton da língua inglesa e o desafio para os seus tradutores. A repetição de uma palavra no original soa melhor que a diversificação da tradução:
I cannot understand how this unearthly freshness in something so old can possibly be explained except on a supposition that it is indeed unearthly (Não consigo entender como esse frescor etéreo em algo tão antigo pode ser possivelmente explicado, exceto pela suposição de que este algo seja um frescor sobrenatural).

Do ensaio "A Defesa da Complexidade", eu grifei uma passagem com a qual eu me identifiquei completamente:
E, enquanto isso, qualquer camponês católico, ao segurar uma pequena conta do Rosário em seus dedos, pode estar consciente, não de uma eternidade, mas de um complexo, quase um conflito, de eternidades; como, por exemplo, nas relações de Nosso Senhor e Nossa Senhora, nas da paternidade e da infância de Deus, nas da maternidade e da infância de Maria. Pensamentos desse tipo têm, num sentido sobrenatural, algo análogo ao sexo; eles dão cria. São férteis e se multiplicam; e não há fim para eles. 
Eu só acrescentaria: e nos dão uma alegria sobrenatural!

Dos dois ensaios "A História de uma Meia-Verdade", eu marquei o primeiro parágrafo todo, mas não vou reproduzi-lo. Escolhi outros dois trechos menores. O primeiro lembra uma aula do curso de filosofia do Olavo:
(...) e, com certeza, a Igreja é muito mais interessada nos homens que em movimentos. O mais miserável dos homens é imortal, e o  mais poderoso dos movimentos é temporal, para não dizer temporário.

O segundo também!:
Os moralistas protestantes aboliram o confessionário e a psicanálise restabeleceu o confessionário, com cada um de seus alegados perigos e nenhuma de suas admitidas salvaguardas.

No próximo ensaio, Chesterton nos mostra que a Igreja é incomparável:
Num sentido, podemos dizer que não há algo como uma religião budista ou mesmo uma religião muçulmana. Noutro sentido, podemos dizer que se estas são religiões, então o cristianismo não é uma religião. Com efeito, esta última sugestão, embora mais ou menos simbólica, aproxima-se da verdade sobre a matéria. Pois a verdade é - usando sua expressão favorita em sua frase anterior - verdadeira e realmente "única". O cristianismo não é uma religião, é uma Igreja. (...) Ela corresponde a uma combinação de coisas que são, não obstante, uma coisa; e esta coisa é realmente uma. Há só uma espécie e há somente um exemplar.

Por fim, o fim do livro, o fechamento com chave de ouro. Para abrigar todas as verdades juntas - estas coisinhas vigorosas e repelentes (se não estamos preparados para recebê-las) - só um lugar perfeito:
Mas a Igreja não é um movimento e sim um lugar de encontro, um lugar de encontro para todas as verdades do mundo.

18/09/2012

As Sentenças de São Bernardo IV


1. Aquele que quer agradar perfeitamente a Deus deve resplandecer em castidade e em caridade. A castidade abarca os cinco sentidos: os ouvidos, os olhos, o olfato, o paladar e o tato. A caridade se manifesta de quatro maneiras. Segundo o Apóstolo, tudo desculpa, não é suspicaz, tudo espera, não hesita, tudo sofre, não murmura, tudo suporta,[1] não é impaciente. Estas nove qualidades configuram a perfeição de quem as possui perfeitamente e se associa, já nesta vida, aos coros angélicos. Por isso diz o Apóstolo: nossa pátria encontra-se nos céus.[2] E eu diria que um homem que vive assim supera em mérito ao anjo, pois o anjo as possui por dignidade e o homem as alcança por virtude.

2. A criatura racional, para ser ditosa, tem de amar-se a si mesma e a Deus, o único que pode cobri-la de felicidade. Seu perseguidor e inimigo trabalha precisamente para corrompê-la em ambas as disposições. Corrompe e perverte sua disposição corporal mediante o apetite da gula e o fluxo da luxúria. O asno da carne, agitado por estes dois aguilhões, se lança ao precipício da morte. Ataca com armas invisíveis a disposição espiritual do homem e a viola como uma peste dupla: corrompendo-a com o tumor da soberba e a mácula da avareza. Deste modo, põe a perder toda a massa pela mistura desse fermento[3] e toma do homem a felicidade que ele perdera.

3. Nesta vida, prestamos nosso acatamento à carne, ao mundo e ao diabo, ou a Deus. Militamos a favor da carne, quando nos sujeitamos aos incentivos da gula e acedemos aos estímulos da luxúria. Militamos a favor do mundo, quando fomentamos nossa desmedida avareza e acariciamos a sublimidade da fama. Militamos a favor do diabo se invejamos a quem progride no bem e nos inchamos com espírito de soberba perante Deus. Militamos a favor de Deus se lutamos humildemente com nossas boas obras e combatemos com espírito vigoroso contra os espíritos malignos. Cada um deles dispõe de recompensas especiais: a carne oferece a seus adeptos um prazer momentâneo; o mundo, uma glória fugaz; o diabo, uma escravidão perpétua; Deus, uma felicidade sem fim. É o único que prevalece.



[1] 1 Cor 13:7.
[2] Fil 3:20.
[3] 1 Cor 5:6.


Ver também: Sentenças de São BernardoSentenças de São Bernardo - II e Sentenças de São Bernardo III.

13/09/2012

Hoje faz...


Hoje faz 5057 dias que o ex-Ministro José Serra assinou a Norma Técnica do Aborto em 9 de novembro de 1998.

Hoje faz 2829 dias que o ex-Ministro Humberto Costa divulgou mais uma Norma Técnica do Aborto em 15 de dezembro de 2004.

Hoje faz 2730 dias dias que o presidente Lula sancionou a Lei de Biossegurança, que permite a destruição de embriões humanos, em 24 de março de 2005.

Hoje faz 2569 dias dias que o Ministro Saraiva Felipe editou a portaria 1508, que oficializou a prática do aborto no SUS, em 1º de setembro de 2005.

Estas contagens, atualizadas diariamente, aparecem no site do Pró-Vida de Anápolis, mantido pelo Padre Luiz Carlos Lodi da Cruz. Abaixo desta contagem, vem seus artigos. O mais recente, nos dá uma ideia do terrível Projeto de Reforma do Código Penal. O demônio está no ápice de sua ação. O céu do Brasil está se escurecendo. Quando Dilma assumiu, publiquei um post que talvez seja oportuno relembrar.

Vejam abaixo o resumo do projeto demoníaco que está em análise. 


(Reforma do Código Penal pretende esmagar o que resta de valores cristãos)

Padre Luiz Carlos Lodi da Cruz

Em 27 de junho de 2012, uma Comissão de Juristas entregou ao presidente do Senado, José Sarney, o anteprojeto de reforma do Código Penal. Seria de se esperar, que o texto fosse submetido à apreciação da sociedade para receber críticas e sugestões[1]. Isso, porém, não ocorreu. Em 9 de julho de 2012, apenas 11 dias depois, o Senador José Sarney subscreveu o anteprojeto convertendo-o em projeto de lei: o PLS 236/2012. Ao assinar o projeto, Sarney agiu de modo semelhante a Pilatos. Declarou-se, “por uma questão de consciência e religião”, contrário à eutanásia, ao aborto, ao porte de drogas e seu plantio para uso, mas não retirou nada disso do texto que subscreveu. Lavou as mãos, disse que era inocente do sangue de Cristo, mas decretou a sentença injusta. Favoreceu a presidente Dilma que, embora favorável ao aborto, havia prometido na campanha eleitoral não enviar ao Congresso qualquer proposta abortista.

O anteprojeto – agora convertido em projeto – foi muito mais audacioso que o de 1998. Pretendeu reformar não só a parte especial do Código Penal, mas também a parte geral e a imensa legislação penal extravagante. E tudo isso no curto prazo de seis meses![2] O resultado foi um conjunto de 544 artigos cheios de falhas graves.

Segundo a linha ideológica do PLS 236/2012, o ser humano vale menos que os animais. A omissão de socorro a uma pessoa (art. 132) é punida com prisão, de um a seis meses, ou multa. A omissão de socorro a um animal (art. 394) é punida com prisão, de um a quatro anos. Conduzir um veículo sem habilitação, pondo em risco a segurança de pessoas (art. 204) é conduta punida com prisão, de um a dois anos. Transportar um animal em condições inadequadas, pondo em risco sua saúde ou integridade física (art. 392), é conduta punida com prisão, de um a quatro anos. Os ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre não podem ser vendidos, adquiridos, transportados nem guardados, sob pena de prisão, de dois a quatro anos (art. 388, §1º, III). Os embriões humanos, porém, podem ser comercializados, submetidos à engenharia genética ou clonados sem qualquer sanção penal, uma vez que ficam revogados (art. 544) os artigos 24 a 29 de Lei de Biossegurança (Lei 11.101/2005).

11/09/2012

Missa Tridentina em BH dias 11 (hoje!), 12 e 13 de setembro.

Local: Capela da Academia de Polícia Militar;
End.: Rua Diabase, nº. 320 no bairro Prado;
Horário: 19h30;
Celebrante: Pe. Tarcísio.

50 anos de Vaticano II: blog entrevista Gilbert Keith Chesterton.

Blog do Angueth – Sabemos que aggiornamento foi a palavra de ordem do Concílio Vaticano II. Esta palavra foi usada para indicar atualização, adaptação, conformação da Igreja aos novos tempos, aos tempos modernos, ao século XX. Este conceito fundamentou a afirmação, na melhor das hipóteses, ufanista de Paulo VI, que disse, ao fim do concílio: “A religião de Deus que se fez homem se encontrou com a religião (pois é uma religião) do homem que se faz Deus.” Sabemos também que em nome deste aggiornamento a Igreja foi varrida por um tsunami de proporções apocalípticas. O senhor, como grande católico e defensor da Igreja, como um erudito de primeira grandeza, como defensor fidei, certamente não se furtará a nos dar sua opinião sobre tão importante tema eclesial moderno. Would you please share your thoughts with us? (Desculpem-me, mas o homem é inglês!)

Chesterton – Embora não conheça este “Blog do Angueth”, nem saiba o que seja um blog, exceto talvez um parente distante de Frances, que tenha perdido um g em seu nome (Frances Blogg, esposa de Chesterton), reconheço que a pergunta é importante e que sua resposta é ainda mais importante.

A Igreja não pode mudar com os tempos; simplesmente porque os tempos não mudam. A Igreja pode apenas manter-se firme ao longo dos tempos, apodrecer e feder com os tempos. No mundo econômico e social em si nada há exceto aquele tipo de atividade que é chamada degeneração; o fenecimento das elevadas flores da liberdade e sua decomposição no solo aborígene da escravidão. Desse modo, o mundo está em grande medida no mesmo estágio que estava no começo da Idade das Trevas. E a Igreja tem o mesmo papel que teve no começo da Idade das Trevas; o de salvar toda a luz e liberdade que ela puder salvar, o de resistir a queda vertiginosa do mundo e o de esperar por dias melhores. Tal é o que uma Igreja real certamente faria; mas uma Igreja real poderia ser capaz de fazer mais. Poderia fazer das idades das trevas mais que um tempo de semear; poderia fazer delas o exato reverso das trevas. Poderia apresentar seu ideal mais humano, ao modo de um contraste tão súbito e atrativo à tendência desumana dos tempos, que inspirasse repentinamente os homens a uma das revoluções morais da história; de modo a que os homens ainda viventes não experimentassem a morte antes de terem visto a justiça retornar.

Não desejamos, como dizem os jornais, uma Igreja que mude com os tempos. Desejamos uma Igreja que mude o mundo. Desejamos que ela mova o mundo de muitas coisas em direção às quais ele agora se encaminha; por exemplo, o Estado Servil. É por este teste que a história realmente julgará qualquer igreja, seja ela a Igreja real ou não.

Blog do Angueth – Thank you very much!


______________________
Nota do blog: Já escrevi aqui o que penso sobre as posições de Chesterton acerca do Concílio Vaticano II, tivesse ele vivido os tempos pós-conciliares. O texto acima apareceu num artigo do grande católico inglês, no jornal New Witness, sobre se a Igreja deve mudar com os tempos ou não. Para quem sabe ler, a conclusão sobre a posição dele em relação ao CVII é óbvia!

07/09/2012

50 anos de Vaticano II: DOM SABURIDO E AS BESTAS, COM APROVAÇÃO "NEOECLESIAL".


Nota do blog: As travessuras de Saburido seria um título muito apropriado para um livro infantil, não fossem suas travessuras muito sérias e não fosse este senhor um sucessor dos Apóstolos. Melhor seria falarmos das tragédias de Saburido ou dos escândalos (no sentido bíblico) de Saburido. Eu já escrevi aqui muito sobre este senhor (ver aqui, aqui e aqui). Marcos Paulo, autor do texto abaixo e leitor do blog, também já escreveu aqui sobre o tal bispo. Mais recentemente alguns leitores de Pernambuco estão escrevendo ao blog para protestar contra suas mais recentes declarações. É que agora o bispo está sendo também, além de outras coisas, bestial. Vejam, no trecho a seguir, que Chesterton acertadamente mostra que a tendência dos pagãos modernos (sim, pagão é o que o bispo é, na melhor das hipóteses) de borrar a diferença entre homem e animal (que é o que o bispo agora quer nos impingir) leva logicamente ao canibalismo, que pensávamos extinto nas sociedades civilizadas. Vamos ao trecho de Chesterton: 

"Assim, muitos de nossos amigos e conhecidos continuam a entreter um saudável preconceito contra o canibalismo. O momento em que este próximo passo na evolução ética será dado parece ainda distante. Mas a noção de que não há muita diferença entre os corpos de homens e de animais – de que não eles estão, de modo algum, distantes, mas muito próximos – é expressa em centenas de maneiras, como um tipo de comunismo cósmico. Podemos quase dizer que é expressa de todas as formas, exceto pelo canibalismo. Ela é expressa, no caso dos vegetarianos, na não colocação de partes de animais nos homens. É expressa quando se deixa um homem morrer como morre um cachorro, ou quando se considera mais patético a morte de um cachorro do que a de um homem. Alguns se inquietam sobre o que acontece com os corpos dos animais, como se estivessem certos de que um coelho se ressentisse em ser cozido, ou que uma ostra exigisse ser cremada. Alguns são ostensivamente indiferentes ao que acontece aos corpos dos homens; e negam toda a dignidade aos mortos e todo gesto de afeto aos vivos. Mas todos têm uma coisa em comum; consideram os corpos humano e bestial como coisas comuns. Pensam neles sob uma generalização comum; ou, na melhor das hipóteses, sob condições comparativas. Entre pessoas que chegaram a esta posição, a razão para desaprovar o canibalismo já se tornou muito vaga. Permanece como uma tradição e um instinto. Felizmente, graças a Deus, embora seja agora muito vaga, é ainda muito forte. Mas, embora o número dos mais ardentes pioneiros éticos que provavelmente começariam a comer missionários cozidos seja muito pequeno, o número daqueles dentre eles que conseguiriam explicar suas próprias razões reais para não fazê-lo é ainda menor."

Curtam agora mais um lance na vida do pagão Saburido! Chamo-o de pagão por pura caridade. Agradeço a Marcos Paulo o texto muito bem fundamentado.


Marcos Paulo

“Havendo perigo próximo para a fé, os prelados devem ser argüidos, até mesmo publicamente, pelos súditos”. (Sum. Teol.II-II.ª,XXXIII,IV,a.d.2)

Dom Saburido não para de nos surpreender. E, o faz com regularidade solar. Passemos em revista alguns dos seus “portentos”, não em ordem cronológica necessariamente.
 Após uma infeliz declaração de independência da “ciência” frente à Santa Igreja Católica em questões da vida:

A Igreja defende que o aborto deve ser evitado. Mas é claro que tem que ver as condições médicas. Se existe um risco muito grande, há um consenso nesse sentido, então é algo a se considerar[1](http://www.diariodepernambuco.com.br/2010/04/10/urbana8_1.asp);

Após mobilizar o clero diocesano que comanda contra a dengue: “Arquidiocese renova parceria no combate à Dengue[2]”;
Após a capitulação diante da “gaystapo”, pois, nada fez contra a catilinária da ideologia gay em pleno território Católico, apologia da cultura gay na UNICAP[3], mesmo com idas e vindas de católicos zelosos ao Palácio Episcopal, pedindo sua intervenção[4];
Após participar da “Marcha contra a corrupção” (como é dado às marchas e movimentos este Bispo): "o evangelho é libertador e está para os homens[5]" (esse discurso é Teologia da Libertação em estado puro!);
Após participar da marcha “Grito dos excluídos”, juntamente com abortistas, petistas (desculpem o pleonasmo), comunistas...;[6]
Após cantar loas a um dos mais ferozes inimigos da Santa Igreja que é a Maçonaria[7], Dom Saburido adere agora ao famigerado movimento pela defesa dos animais (?);
A proposta é ridícula em si mesma. Já o fato de discutir isto já depõe contra os contendores, mas, como estamos no tempo do ridículo mesmo, vamos lá.
Eis o novo prodígio, em excertos[8]:

Integrantes do Pacto Pela Vida Animal, formado pela delegacia do meio ambiente e por ONG's que lutam contra os maus-tratos aos animais, se reuniram nesta quinta-feira (16) com o arcebisto de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, na Cúria Metropolitana da Igreja Católica, no bairro das Graças, Zona Norte do Recife. 
E continua:

O objetivo do encontro foi pedir a ajuda do arcebispo para divulgar o Pacto e ajudá-lo a se transformar em projeto de lei. Para que isso aconteça, o grupo precisa reunir 64, 634 mil assinaturas de pessoas que apoiem a causa, o que corresponde a 1% do eleitorado pernambucano. Trinta mil  delas já foram recolhidas.
[...]Em resposta à solicitação dos integrantes do Pacto, Dom Fernando Saburido disse que vai reunir todo o clero na próxima terça-feira (21), repassar estas informações aos padres e pedir o apoio deles para a divulgação nas igrejas da diocese.

     O link para o site desta estrovenga é este aqui: http://www.pactopelavidaanimal.com.br/. Vão lá e vejam o que estes iluminados pregam.
Não resisto e copio um trechinho do que eles chamam de “documento de trabalho”:
Isto quer dizer, que a proteção e o bem-estar dos animais é um princípio tão importante, como garantir a proteção social, respeitar a diversidade e combater a discriminação, reconhecer a igualdade de gênero, proteger a vida e a saúde humana, impulsionar o desenvolvimento sustentável e proteger os vulneráveis.

Não grifei nada acima, pois tudo acima seria grifado. Chamo a atenção para o léxico utilizado. Está tudo lá. Toda a agenda, tudo bem engendrado. Os dentes da catraca estão todos bem posicionados e azeitados. Temos diversidade, igualdade de gênero, ecoterrorismo, gaystapismo, e, “proteger a vida e saúde humana”. Quer apostar que na linguagem deles isto significa abortismo?
Pois bem, um Bispo da Santa Igreja, Dom Saburido, comprometeu-se mobilizar os parócos para arregimentarem votos para esta empreitada ilógica e ideológica.
Façamos o inverso, procuremos estas entidades, que o jornal chama de Ong’s simplesmente, sem declinar os nomes, e peçamos apoio para campanhas contra o aborto e vejamos se haverá esta solicitude. Aposto um churrasco que não!
Ficam as perguntas:
a)    Desconhecerá Dom Saburido que estas suas atitudes só fazem minar a igreja que ele jurou morrer por ela?;
b)   Ignora que suas ações listadas supra, todas elas, são pautadas pela agenda globalista?;
c)    Que nesse caso a idéia aí, defesa dos animais, não é defesa alguma das bestas como criaturas de Deus, mas sim a inversão ontológica da escala valórica do ser?
d)   Ignora, por acaso, Dom Saburido que abortismo, gaysismo, igualdade de gênero, direitos animais são premissas de um mesmo silogismo?;
e)    Que isto não pode ser atribuído ao que o professor Olavo de Carvalho nomina de “Teoria da Mera Coincidência”?
É claro que um Bispo não é obrigado a saber de tudo, porém, não pode é não saber de nada. Como defensor mor da Igreja deve saber quem são os inimigos a combater e as armas por eles utilizadas. Para que existem, por exemplo, os consultores do Bispo. Seus padres.
Pois bem, o que o referido Bispo fez tem a chancela papal. Vamos aos fatos e as fontes.
Vejam lá no novo Catecismo, mais conhecido como o amarelo, das questões 2415 a 2416. Ao término de uma redação até então condizente com o magistério não corrompido pelo liberalismo, temos a “pérola”: “Pode-se amar os animais, porém não se deve orientar para eles o afeto devido exclusivamente às pessoas”.
 Esperar o que de um Catecismo redigido com a clave da ambigüidade?  
Amor aos animais? Amor com moderação? Comentar o quê, não é mesmo? Pelo que se lê na Sagrada Escritura, o pai Adão rejeitou as bestas por companhia. Pediu Eva a Deus. Uma redação destas e Bento XVI ainda nos fala de hermenêutica da continuidade? Só se for a continuidade no erro.
Mas, claro, as coisas podem piorar. E, podendo, piorarão, como predisse Murphy.
No Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, do amarelo, lemos um upgrade(?), do sétimo mandamento:

506. O que prescreve o sétimo mandamento?
O sétimo mandamento prescreve o respeito dos bens alheios, mediante a prática da justiça e da caridade, da temperança e da solidariedade. Em particular, exige o respeito das promessas e dos contractos estipulados; a reparação da injustiça cometida e a restituição do mal feito; o respeito pela integridade da criação mediante o uso prudente e moderado dos recursos minerais, vegetais e animais que há no universo, com especial atenção para com as espécies ameaçadas de extinção. 
507. Como é que o homem se deve comportar com os animais?
O homem deve tratar os animais, criaturas de Deus, com benevolência, evitando quer o amor excessivo para com eles, quer o seu uso indiscriminado, sobretudo para experimentações científicas efectuadas para lá dos limites razoáveis e com sofrimentos inúteis para os próprios animais. [...]
Não, o redator acima não foi Peter Singer, o filodoxo de Princeton, mas poderia ter sido. Um dos redatores foi o então Cardeal Ratzinger. Podemos ler ali que podemos amar as bestas, mas com moderação. É espantoso!
Leiamos agora, uma explicação do mesmo mandamento na pena de São Pio X, no Catecismo escrito por este, nominado “Catecismo Maior de São Pio X”:
431) Que nos proíbe o sétimo Mandamento: não furtar? O sétimo Mandamento: não furtar, proíbe tirar ou reter injustamente as coisas alheias, e causar dano ao próximo nos seus bens de qualquer outro modo.
432) Que quer dizer furtar? Furtar quer dizer: tirar injustamente as coisas alheias contra a vontade do dono, quando ele tem toda a razão e todo o direito de não querer ser privado do que lhe pertence.
433) Por que se proíbe o furtar? Porque se peca contra a justiça, e se faz injúria ao próximo, tirando e retendo, contra o seu direito e contra a sua vontade, o que lhe pertence.
434) Que são as coisas alheias? São todas as coisas que pertencem ao próximo, das quais tem a propriedade ou o uso, ou simplesmente as tem em depósito
Que diferença. Não adianta procurar amigo, não há ai “animais em extinção”, nem “amor moderado” para com as bestas. O que há, é a verdadeira tradução do sétimo mandamento como quis o Logos Divino. Não há invencionices, modernidades e liberalismos.
E não se venha falar de são Francisco de Assis, coisa alguma, e sua oração da “irmã lua”, “irmão sol”..., o que houve, nesse caso, foi uma tradução equivocada, fazendo crer que este grande santo era panteísta.
Voltemos a Dom Saburido. Dom Saburido é ambíguo como os documentos do Concílio Vaticano II e seguintes. No caso do Bispo não poderia dizer se a vacilação e vocabulário escorregadios são propositais ou não, como os são nos documentos conciliares.
Não quero fazer ilações que me imantem ao pecado, mas é muito difícil compreender como um Bispo tão solícito a campanhas seculares, que nada tem a ver com sua missão de pastor, muitas delas contrárias mesmo ao seu telos, seu múnus apostólico, não consiga enxergar que, se há uma “categoria” ameaçada, assassinada, caçada em todo o mundo, quase em extinção mesmo é a dos Católicos Apostólicos Romanos. Justamente aqueles contrários às idéias e ações que vem sendo implementadas por Dom Saburido. “Erguei-vos, Senhor, e julgai vossa própria causa”.



[1]Sobre a declaração acima, ele, por meio de nota diocesana veio a culpar os jornalistas que, segundo ele ainda, o teriam enganado com “perguntas repetitivas”(sic! ?) Sei! Porém, em entrevista ao site UOL, http://mais.uol.com.br/view/k77arz6psxw4/dom-fernando-saburido--pedofilia-aborto-e-divorcio-04023262E4910366?types=A, mais anticatólico que o capeta, ele repete em essência aquilo que disse ao diário de Pernambuco, e, não vi a mocinha que o entrevistou engalobá-lo com “perguntas-charada” coisa nenhuma. Ela foi sim objetiva. Dom Saburido é que foi conciliarista. Afinal, não quer desagradar ninguém[1].
[2]http://www.arquidioceseolindarecife.org/2012/03/arquidiocese-renova-parceria-no-combate-a-dengue/ Esta “ação”, é verdade, ocorreu em outras dioceses pelo Brasil afora. Embora importante isto é prioritário na vida da Igreja? Imagino a maioria dos “padres sem batina” dizendo na homilia que a culpa é do capitalismo.
[7]http://pazzebem.blogspot.com.br/2012/03/dom-fernando-e-condecorado-com-medalha.html; Disse PIO IX: dirigem a sua criminosa conspiração contra esta Igreja romana”[...]Encíclica QUI PLURIBUS-1846.

03/09/2012

Palestra de lançamento "Todos os Caminhos Levam a Roma": assistam às 20h de hoje!


Broadcasting live with Ustream

Hoje é a festa de São Pio X e Chesterton fala sobre o grande Papa.


São Pio X morreu no dia 20 de agosto de 1914. No dia 29 de agosto do mesmo ano, Chesterton escreve um artigo no Illustrated London News intitulado “O Camponês que se Tornou Papa”. Abaixo os trechos mais significativos dessa homenagem que o futuro católico (sua conversão foi em 1922), então anglicano, presta ao grande Papa do Catecismo, ao Papa que identificou, analisou, desmascarou e anatematizou a monstruosa heresia do modernismo. Sabe-se que São Pio X morreu profundamente desgostoso pela guerra que apenas começava. No fundo, ele sabia o banho de sangue que se seguiria, ao qual Chesterton alude no final do artigo.

_____________
Dentre as muitas expressões verdadeiras e tocantes de respeito pela tragédia do Vaticano [a morte de São Pio X], muitos comentaram sobre o fato de que o falecido Papa era por nascimento um camponês. Contudo, poucos ou ninguém, penso eu, tiraram desse fato sua mais interessante ou mesmo tremenda conclusão. Pois a verdade é que o velho papado é praticamente e única autoridade na Europa em que isto poderia ter acontecido. É o mais antigo, imensuravelmente o mais antigo, trono na Europa; e o único a que um camponês poderia ascender. Esta é a única monarquia eletiva no mundo; e aquela a qual qualquer camponês pode ainda ser eleito.

Aqueles que mais o admiravam, admiravam sua simplicidade e sanidade de um camponês. Aqueles que mais murmuravam contra ele, reclamavam da obstinação e relutância de um camponês. Mas por esta razão exatamente, está claro que a instituição representativa mais antiga da Europa está funcionando: quando todas as outras já sucumbiram.

O Papa nunca pretendeu ter um intelecto extraordinário; mas ele professava estar certo: e ele estava. Todos os ateus honestos, todos os calvinistas honestos, todos os homens honestos que dizem algo, ou acreditam ou negam algo, terá razão em agradecer suas estrelas (um hábito pagão) pelo camponês naquele elevado lugar. Ele matou a heresia que afirma que ter duas cabeças é melhor que ter uma; quando elas crescem no mesmo pescoço. Ele matou a ideia pragmática de comer o bolo e o ter ao mesmo tempo. Ele permitiu que se concordasse ou discordasse de seu credo; mas não que o adulterasse. É exatamente o que qualquer camponês de qualquer colina ou planície da face da terra faria. Mas há algo mais nele que não existe num camponês ordinário. Por todo este tempo ele chorou por nossas lágrimas; e partiu seu coração por nosso banho de sangue.
_____________

São Pio X, rogai por nós!