31/10/2012

Historinhas católicas


O FILÓSOFO E O BARQUEIRO

Um barqueiro transportava um filósofo em sua barca. 

Durante a travessia, disse o filósofo ao barqueiro:
- Então, meu velho, você sabe alguma coisa?
- Eu? Sei remar e nadar.
- Não sabe filosofia?
- Nunca ouvi falar disso.
- Não sabe astronomia?
- Não, senhor.
- Não conhece a gramática?
- Também não, senhor.

E assim foi o filósofo perguntando muitas coisas e o barqueiro respondendo:
- Não sei nada disso.
- Pois, assim, você perdeu a metade da vida, acrescentou o filósofo.

Nisso, distraídos pela conversa, deram contra um rochedo, partiu-se a barca e os dois naufragaram... O barqueiro, nadando, alcançou a margem; ao passo que o filósofo se afogava.

O barqueiro, malicioso, gritou-lhe:
- Senhor filósofo, não sabe nadar?
- Não.
- Ah! não sabe? Então o sr. é um infeliz; perdeu a vida inteira. Suas astronomias e filosofias não lhe servem para nada.

Isto mesmo se pode dizer dos que sabem tudo deste mundo, menos a doutrina cristã, pois: A ciência mais apreciada é que o homem bem acabe: porque, no fim da jornada, aquele que se salva sabe, e o que não, não sabe nada.


O SOLDADO E O OVO

A pessoa que sabe sofrer com paciência é semelhante a um anjo.

Conta Spirago que, num hospital servido por Irmãs de Caridade, achava-se um soldado em tratamento. Certo dia pediu lhe trouxessem um ovo cozido. Poucos instantes após uma das Irmãs servia ao enfermo o ovo cozido; mas aquele indivíduo, querendo, ao que parece, provar a paciência da religiosa, rejeitou o ovo bruscamente, dizendo:
- Está duro demais.

Retirou-se a Irmã em silêncio e, depois de alguns minutos, trouxe outro ovo; mas o doente rejeitou-o de novo, alegando:
- Está mole demais.

Sem mostrar o menor indício de impaciência, foi a Irmã, pela terceira vez, à copa e trouxe ao soldado um vaso com água fervente e um ovo fresco e disse-lhe com toda calma:
- Aqui tem o senhor tudo que é necessário; prepare o ovo do modo que lhe agradar.

Essa paciência inalterável da boa Religiosa causou ao soldado tal impressão, que não pôde deixar de exclamar:
- Agora compreendo que há um Deus no céu, uma vez que há tais anjos na terra.

Por aí se vê que pela paciência se pode fazer um grande bem ao próximo.


_____________
Tesouro de Exemplos, Pe. Francisco Alves, Editora Vozes (quando ainda católica!).

29/10/2012

Boçal engajado, modernista do CVII, com apelido florestal, nervosinho com o verdadeiro catolicismo!


Meu amigo do Resposta Católica, além do site, faz um apostolado por meio de listas para onde ele envia muito material católico interessante. Às vezes ele recebe respostas deveras reveladoras, como a reproduzida abaixo, em resposta a uma lista de vídeos de Michael Voris, o grande leigo católico americano. Vejam e curtam a boçalidade do rapaz; esqueçamos o analfabetismo do mancebo. Os negritos são meus.

_____________________
Ei [palavrão], não manda essas porcarias para meu e-mail que eu já te disse que eu não quero ler estas imundícies fundamentalistas que tu insiste vomitar nos nossos endereços eletrônicos. Vai procurar o que fazer em outro canto e deixa em paz quem quer fazer alguma coisa pra mudar a realidade.

Se tu quer endeusar o Papa e seus cardeais, fique a vontade. Porém, faça isso em outro canto e não no meu e-mail. Estou cansado de receber estas mensagens medievais. Procura na internet o e-mail de satanás e manda pra ele, mas não me encaminha mais lixo virtual que só fazem a Igreja ser menos humana e mais romana.

E se ainda puder, exclui o meu e-mail da tua lista que basta eu olhar uma mensagem tua que me bate um nojo. (...). E quem está falando aqui é uma pessoa e não uma organização.

Sem paciência,

Fulano (Fulano da Amazônia)
_____________________

26/10/2012

Palestra dia 28 próximo: O Concílio Vaticano II e suas definições sobre a Santíssima Virgem.

Outubro é o mês de Maria e neste outubro se comemora o aniversário de 50 anos do CVII. 

Darei uma palestra no próximo domingo, domingo de Cristo Rei, sobre o papel apequenado que o Concílio resolveu dar a Virgem Santíssima. Será depois da Missa, no Colégio Monte Calvário. Abordarei os seguintes tópicos: os dogmas marianos, as expectativas pré-concílio com relação à definição do dogma da Mediação de Maria e o texto final do Concílio, dentro da Constituição Lumem Gentium. 

25/10/2012

Leitora do blog responde com serenidade e firmeza ao discípulo de Frei Cláudio.



Prezado Fernando,

Não te conheço, mas já fomos da mesma paróquia. Eu me afastei, com muita dor e sofrimento, mas tive que fazer isto. Consigo imaginar sua indignação, pois esta também seria a minha em tempos passados.

Apesar da sua raiva será que consegue analisar com calma suas palavras? – “Frei Cláudio fala verdades ...”. Neste mesmo blog há uma manifestação minha sobre as verdades do Frei escritas em um de seus livrinhos e, se puder, a cada afirmação do Frei Cláudio, faça a seguinte pergunta: esta é a verdade da Igreja? Tente responder com sinceridade e pureza de coração se o que ele diz representa o Magistério da Santa Igreja Católica. Adianto a resposta: não representa e sabe o motivo? Frei Cláudio representa a si mesmo e a uma ideologia. Você sabe a diferença entre religião e ideologia?

Frequentei a Igreja do Carmo desde a minha infância e demorei muito para perceber do que se tratava a ação dele e do Frei Gilvander naquela comunidade. Admirava tanto o Frei que várias vezes pensei que se um dia ele deixasse a Paróquia eu não conseguiria mais assistir outras celebrações. Ao mesmo tempo sabia que algo estava errado. A Igreja não é Una? Então o que era aquilo, uma seita com um pregador carismático?

Você escreveu o suficiente para deixar claro que além de não conhecer o Catolicismo não sabe nem onde esta pisando. Conhece a expressão “inocente útil”? A maioria dos fiéis da Igreja do Carmo é assim. O restante é do “partido”, é a turma da teoria crítica, da revolução cultural gramsciana disfarçada de fiel Católico. Os primeiros parecem envergonhar-se da Igreja, mas orgulhar-se da “Igreja do Frei Cláudio” o restante, bem, estes não sei, devem odiar tudo da Santa Igreja.

Você diz que “quem conhece bem a história dessa sabe o que estou falando”. Em primeiro lugar, sugiro que não subestime este Blog e a inteligência do seu administrador. Em segundo, que tente sair dos chavões criados para denegrir a Igreja e estude para saber a verdade. Você descobrirá que ser “medieval” só pode ser um elogio, tamanha a grandiosidade e luminosidade deste período da história que, por meio da ação da Igreja Católica, construiu esta civilização. Foi neste período que a Igreja desenvolveu o método científico e as leis da evidência, fundou o sistema universitário e se aprofundou na defesa da dignidade da pessoa humana, dentre outras coisas. Você descobrirá, ainda, que os crimes imputados à Igreja (e repetidas pelos seus inimigos, às vezes no púlpito da Igreja) são exageros. O melhor exemplo é a Inquisição. Segundo a publicação “L’inquisizione. Atti del Simpósio Internazionale” dos 125.000 processos, a Inquisição espanhola condenou 59 pessoas, na Itália foram 36 e em Portugal 4. Consulte as atas deste simpósio.

Volto a te perguntar: você sabe a diferença entre religião e ideologia? Quando descobrir saberá quem manipula mentes e o que significa a palavra liberdade. Por enquanto, você me parece um rapaz revoltado e cheio de equívocos e confusão na cabeça.

Pelo que conheço do administrador do Blog e das pessoas que dele participam, todos estarão rezando por você a partir de agora. Eu, pelo fato de ter conhecido Frei Cláudio, estou rezando por ele também.

Cristina.

23/10/2012

Discípulo do herege frei Cláudio desanca o blog. Blog responde.


Estou abismado, sem palavras para descrever como me sinto nesse momento. Tolos (sem querer ofender ninguém. Frei Claudio fala VERDADES, e vocês são seres de mentes fechadas e medievais, ele apenas que mostrar as verdades!Alem de elitistas que condenam alguém apenas pela visão politica. O Frei Claudio me motiva a continuar na Igreja de maneira que me mostra que ainda ha maneiras de nos libertarmos do que hoje [e a Igreja Catolica, quem conhece bem a historia dessa sabe o que eu estou falando. Mas o que eu vi hoje nesse blog me assusta. CHEGA DE VIVER EM UMA SOCIEDADE COnTROLADA PELA MEnTIRA! CHEGA DE PEnSAMEnTOS MEDIEVAIS! CHEGA DE MAnIPULACAO DE MEnTES! SIM A VERDADE E A LIBERDADE! esse é, depois da falta de valores e da apoteose do dinheiro, dos maiores problemas atuais da humanidade em meu ver


Foi um tal de Fernando que escreveu tal comentário ao post 50 Anos de Concilio Vaticano II. Frei Cláudio: Um herege em plena atividade. A reação irada do rapaz me lembra a de um discípulo de outro frei, frei Betto; um tal de Padre Gelson. Veja aqui o post e os comentários.

Todos sabemos que o Concílio Vaticano II tentou criar uma nova religião. É muito interessante observar como os adeptos dela reagem de maneira tão semelhante: tão irados e com tantas afirmações de que não desejam ofender ninguém. O Fernando além de tudo, mesmo sem saber escrever, ainda fala em maiúsculas, gosta de gritar. Grita só tolices, mas grita!

Frei Cláudio motiva Fernando a “continuar na Igreja”, mostrando-lhe “maneiras de nos libertarmos do que hoje é a Igreja Católica”. Que modo mais doce de confessar que eles fundaram uma nova religião! Sim, porque “quem conhece bem a história dessa [da Igreja Católica, a esposa de Cristo, a quem Jesus deu o Poder das Chaves!] sabe o que eu estou falando.” Eu sei do que você está falando, Fernando. Você está falando que você não gosta dela, não gosta da Inquisição, não gosta das Cruzadas, não gosta de Santo Tomás de Aquino e da Escolástica (Bem, aqui acho que exagerei. O Fernando não sabe o que é isto.), não gosta dos seus santos, das suas penitências, das suas orações, da Eucaristia, não gostaria de morrer por Cristo, não gosta da disciplina da vida de um católico comum. Você não quer nem pensar no Inferno; aliás, você e seu guru não acreditam “que um Deus tão bom!” vá criar um lugar tão horrível. Você gosta mesmo do prazer, da liberdade; daquela liberdade dos sentidos, das partes mais inferiores da alma, não a liberdade da razão, da vontade. Sei que Frei Cláudio lhe ensinou que Cristo teria dito: Eu sou o caminho (dos prazeres), a verdade (aquela que mais me apetece) e a vida (aquela que eu decido viver); tudo em letra minúscula, viu Fernando? Isto que é a superação do medievalismo; a superação pela via da concupiscência; que é a via do demônio. Sei que você não acredita nele; sei bem e vou lhe contar um segredo: ele, o demônio, adora que você não acredite nele; faz tudo para que não acredite.

Você fala que se preocupa com o pobre, mas gosta mesmo é do luxo; você é comunista, você é herege e, a menos que se converta, você vai para o Inferno (isto quem diz é a Igreja, esta cuja história você pensa que conhece!), um lugar especialmente reservado a quem não acredita nele.

Você se libertou tanto da Igreja, que caiu fora dela! Para entrar de novo, converta-se; não há saída!

21/10/2012

Ave Maria rezada por Leão XIII!

Ganhei o presente abaixo do meu amigo e irmão em Cristo, Joel, e compartilho com meus leitores. O Papa Leão XIII que é conhecido como o papa do Rosário, reza a Ave Maria e nos abençoa! 

Sim os Papas antigamente rezavam em latim, que é a língua da Igreja!


19/10/2012

Hoje é dia do Padroeiro do Brasil!

Sobre a vida de São Pedro de Alcântara clique aqui.





São Pedro de Alcântara, livrai-nos do comunismo e do abortismo!

17/10/2012

Imparcialidade em discussões religiosas: blog entrevista Chesterton.


Blog do Angueth – Senhor Chesterton, é um prazer encontrá-lo nesta estação ferroviária. Para onde o senhor está indo?

Chesterton – Na verdade, estou aguardando um telegrama de Frances. É que eu esqueci meu destino, mas sei que estou indo para uma palestra no norte da Inglaterra. Passei-lhe um telegrama e aguardo sua resposta.

Blog do Angueth – O senhor parece estar escrevendo algo neste pedaço de papel.

Chesterton – Estou escrevendo meu artigo semanal para o The Illustrated London News. Tenho de enviá-lo ainda hoje, por telegrama e só consegui encontrar este guardanapo.

Blog do Angueth – Estou então fazendo o senhor perder tempo.

Chesterton – Em absoluto, estava mesmo precisando interromper o trabalho por alguns instantes.

Blog do Angueth – Talvez eu possa assim fazer-lhe algumas perguntas sobre um assunto muito importante?

Chesterton – Certamente.

Blog do Angueth – Como leitor de seus artigos no The Illustrated London News, não posso deixar de notar que o senhor mantém um debate intenso com os céticos e racionalistas que abundam em todos os lugares.

Chesterton – Sim, há uma singular maioria dessa espécie de homens atualmente.

Blog do Angueth – Imagino que o senhor já tenha se defrontado com o arrogante argumento de que, em assuntos de religião e filosofia, quem se associa a uma escola de pensamento ou a um credo, tem automaticamente questionada sua imparcialidade em discussões que envolvem tais assuntos.

Chesterton – Com efeito, este é de fato um argumento comum, embora altamente contraditório.

Blog do Angueth – Como assim?

Chesterton – Bem, agnóstico é aquele homem que não chegou à conclusão alguma sobre qualquer coisa e um homem religioso é aquele que chegou a conclusões muito firmes sobre tudo. A contradição está em considerar o agnóstico imparcial porque ele não chegou à conclusão alguma e o religioso parcial porque ele, ao contrário, chegou a muitas conclusões sobre quase todas as coisas, ou pelo menos, sobre o todo.

Blog do Angueth – De qualquer modo, é curioso ver como esses intelectuais agnósticos ficam às vezes indignados com homens religiosos que ousam contradizê-los em seus assuntos prediletos.

Chesterton – Isto é um fato. Lembro-me de uma vez discutir com um jovem e honesto ateu, que ficou chocado quando questionei algumas de suas suposições, que eram absolutamente sagradas para ele, tais como a proposição não provada da independência da matéria e a improvável proposição de seu poder para dar origem à mente. Ele finalmente recorreu à questão, que formulou com calorosa indignação: “Bem, o senhor pode me dizer sobre algum intelectual, proeminente na ciência ou na filosofia, que aceitou ou aceita a existência de milagres?” Eu disse: “Com prazer. Descartes, Dr. Johnson, Newton, Faraday, Newman, Gladstone, Pasteur, Browning, Brunetière – e tantos quanto o senhor queira.”

Blog do Angueth – Não posso esperar pela resposta do jovem ateu.

Chesterton – Bem, o jovem admiravelmente idealista reagiu extraordinariamente dizendo: “Oh, mas é claro que eles tinham de aceitar a existência de milagres; eles eram cristãos.” Ora, ele primeiramente me desafiou a encontrar um patinho feio, e então ele desqualifica todos os meus patinhos por serem feios. O fato de que todos esses grandes intelectos compartilhavam a visão cristã era de algum modo a prova de que ou eles não eram grandes intelectos ou não compartilhavam aquela visão.

Blog do Angueth – Isto é realmente impressionante!

Chesterton – O argumento se reveste de uma forma charmosamente conveniente: “Todos os homens que contam compartilham de minha conclusão; pois se eles não compartilharem, eles não contam.” Oh, suspeito que o telegrama de Frances acaba de chegar, pelo aceno do telegrafista. Infelizmente, tenho de ir.

Blog do Angueth – Muito obrigado e boa viagem!

Chesterton – Thank you very much.


14/10/2012

Sentenças de São Bernardo - V


1. Os homens possuem três estados de vida: o de não pecar, que é próprio do amor servil; o de não querer pecar, sintoma do amor filial; e o de não poder pecar, efeito da felicidade sem fim.

2. Quatro coisas intensificam a graça de nossa devoção: a memória dos pecados, que faz o homem humilde consigo mesmo; a recordação do castigo, que o estimula a agir bem; a consideração de que é um peregrino, que o encoraja a desdenhar as coisas visíveis; o desejo de vida eterna, que o incita à perfeição e o força a manter-se livre frente às afeições terrenas por meio do controle da vontade.

3. Deus educa a torpeza de nossa ignorância de três modos: pela generosidade de seus benefícios, que abranda a dureza de nossa alma e a estimula ao amor; pela severidade de seus castigos frequentes, ajudando-nos a compreendê-los intelectualmente, infundindo-nos assim o temor; pela afronta pública do desprezo, que com sua ignomínia nos ruboriza e envergonha.

4. Três causas movem e excitam nossa carne: o pensamento prévio, que arrasta para o interior formas e imagens ilícitas e nos agita com seus caprichos; a insaciabilidade excessiva, que dilata o ventre com a acumulação de alimentos e provoca a carne lasciva com movimentos luxuriosos; os embates do espírito mau, que se reconhece totalmente incapaz de dobrar os justos e com eles se enfurece valendo-se da solicitação carnal.

5. A autoridade das Escrituras nos proíbe de pensar mal,[1] falar mal[2] e fazer mal.[3] Pensar mal é uma imundície, porque se revolvem na memória assuntos sujos e impuros; ou é soberba, se se enaltece e se infla sentindo-se superior aos demais; ou é ambição, se se cobiça algo alheio contra o mandamento de Deus, por instigação do diabo. É evidente que alguma destas três atitudes se infiltra nos maus pensamentos. A maledicência é algo carente de fundamento, que não tem sentido nem é conveniente; ou é palavra difamatória, que calunia as qualidades do irmão pela corrosão da inveja ou do ódio instintivo; ou é palavra aduladora, porque massageia a cabeça do outro com o unguento de falso perfume. Em toda obra má há fingimento se nosso proceder se mostra oposto a nosso sentir interior; há crueldade se ofendemos nosso próximo; impudicícia, se nos manchamos de algum outro modo.




[1] Mt 9:4 e 1Cor 13:5.
[2] Rom 12:14 e Ecl 2:14.

11/10/2012

50 anos de Vaticano II: João XXIII convoca os Estados Gerais; logo a seguir, começa a Revolução.


Concílio Vaticano IIHá 50 anos, neste dia, o Papa João XXIII convocava o XXI Concílio Ecumênico da Igreja Católica. Com este comentário, termino aqui a série de posts que comecei em 13 de maio de 2011. Foram, com este, 37 posts, entre textos e vídeos, com que procurei lembrar do tsunami que atingiu a Igreja neste meio século passado.

Para mim, duas são as frases mais significativas sobre o Concílio Vaticano II. Uma é a do Papa que o encerrou:






“A religião de Deus que se fez homem se encontrou com a religião (pois é uma religião) do homem que se faz Deus.” (Papa Paulo VI, discurso de encerramento do Concílio Vaticano II, 8 de dezembro de 1965.)

A outra é a do Cardeal Ratzinger, então Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, depois Papa Bento XVI:

"Se se deve admitir um diagnóstico global sobre esse texto [a Gaudium et Spes do Vaticano II] poderia dizer-se que significa, (junto com os textos sobre a liberdade religiosa e sobre as religiões mundiais) uma revisão do Syllabus de Pio IX, uma espécie de Antisyllabus" (Cardeal Ratzinger, Teoria dos Princípios Teológicos, Herder, Munchen, Barcelona, 1992-1995, p. 457).

A frase de Paulo VI é por demais clara para merecer qualquer comentário adicional. 

A afirmação do Cardeal Ratzinger, pelo cargo que ele então ocupava, e pelo que hoje ocupa, é extraordinariamente esclarecedora acerca do Concílio. Se os principais documentos desse concílio se contrapõem ao Sillabus de Pio IX, que condena os erros da época, isso só pode significar que tal concílio reafirma os erros, ou nega que tais afirmações elencadas por Pio IX seja, de fato, erros, ou até que aqueles erros do século XIX se tenham transformados em acertos no século XX. Seja como for, é bom lembrar que o Sillabus dividia os erros em nove categorias, a saber: I. Panteísmo, Naturalismo e Racionalismo Absoluto; II. Racionalismo Moderado; III. Indiferentismo, Latitudinarismo; IV. Socialismo, Comunismo, Sociedades Secretas, Sociedades Bíblicas, Sociedades Clérico-Liberais; V. Erros Sobre a Igreja e os Seus Direitos; VI. Erros de Sociedade Civil, tanto Considerada em Si, Como nas Suas Relações com a Igreja; VII. Erros acerca da Moral Natural e a Moral Cristã; VIII. Erros Acerca do Matrimônio Cristão; IX. Erros acerca do Principado Civil do Pontífice Romano. É bom ler todo o Sillabus com muita atenção e meditar nas palavras de Ratzinger. Assim, podemos começar a entender o Concílio Vaticano II em sua dimensão mais profunda. E veja que, correndo o risco de uma enfadonha repetição: o cardeal era o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.

Tudo o que ocorreu no Concílio, inclusive o golpe desfechado por um grupo muito coeso e bem identificado, contra Nosso Senhor e Nossa Senhora, foi o trabalho de muitas décadas anteriores, desde o século XIX. Alguns, pouco antes da abertura do Concílio, tinham os olhos muito bem abertos e sabiam exatamente o que estava acontecendo. Há depoimentos impressionantes a respeito. Colho a seguir o depoimento de Mons. Antonino Romeo, da Sagrada Congregação para os Seminários e as Universidades, que em janeiro de 1960, escreveu um artigo, em que nos informa sobre como ele via a situação da Igreja (O Concílio Vaticano II: uma história nunca escrita, Roberto Mattei, Caminhos Romanos, 2012).

“Indícios cada vez mais numerosos, provenientes de vários lugares, atestam o gradual desenvolvimento de uma ampla e progressiva manobra, dirigida por habilíssimos chefes aparentemente muito piedosos, cujo objetivo é eliminar o cristianismo que foi ensinado e vivido durante dezenove séculos, a fim de o substituir por um cristianismo, ‘dos novos tempos’. A religião pregada por Jesus e pelos Apóstolos, intensamente posta em prática por Santo Agostinho, São Bento, São Domingos, São Francisco, Santo Inácio de Loyola, é febrilmente corroída para que venha a desaparecer; e para que então se imponha em vez dela uma nova religião, sonhada pelos gnósticos de todos os tempos, a que já se chama, aqui ou ali, ‘o cristianismo adaptado aos novos tempos’. O cristianismo dos ‘novos tempos’ assentará na divindade cósmica e nos direitos do homem; terá como dogmas do seu ‘Credo’ o monismo evolucionista com progresso indefinido, a liberdade humana sem limites e a igualdade universal, com cambiantes de ‘fé’ cientista, teosófica e ocultista, que variarão conforme os ambientes. Terá como moral obrigatória a ‘adaptação’, ou seja, o ‘conformismo’, com a proibição de toda e qualquer ‘frustração’ e o dever de satisfazer todos os instintos e todos os impulsos; a finalidade última da vida eterna será afastada e substituída pelas ‘realidades terrenas’ que o obscurantismo dos dezenove séculos tinha posto de quarentena e que são hoje ‘reabilitadas’ com grande zelo. Neste cristianismo ‘novo’, Jesus, os Apóstolos, as definições e as diretivas emanadas do Magistério da Igreja durante dezenove séculos passarão a ser simples memórias, como valor exclusivamente ‘histórico apologético’: anéis da cadeia de uma evolução indefectível que só terminará quando o homem, tendo-se tornado o Ser perfeitíssimo, for reabsorvido na infinidade do Todo. ”

Alguns dias antes do encerramento da Primeira Sessão do Concílio, que ocorreu em 8 de dezembro de 1962, Mons. Luigi Carlo Borromeo, então bispo de Pesaro, anotava em seu diário (tiro a citação do livro de Mattei citado acima):

"Estamos em pleno modernismo. Não se trata do modernismo ingênuo, declarado, agressivo e combativo dos tempos de Pio X, não. O modernismo dos nossos tempos é mais sutil, mais camuflado, mais penetrante e mais hipócrita. Não pretende provocar uma tempestade, pretende que toda a Igreja se torne modernista sem disso se aperceber. (...) O novo modernismo também admite a tradição, mas como consequente à Escritura, originada pela Escritura e pelo Magistério, que originalmente teve por objeto apenas a Escritura. No modernismo, Cristo salva-se, mas não é o Cristo histórico; é um Cristo elaborado pela experiência religiosa, a fim de que houvesse uma figura humana, bem delineada e concreta, que apoiasse as experiências religiosas que não podiam ser expressas, na sua riqueza e intensidade, pro meio de puros conceitos racionais e abstratos. (...) Assim também, o modernismo de hoje salva todo o cristianismo, o seus dogmas e a sua organização, mas esvazia-o por completo e inverte-o. Já não se trata de uma religião que vem de Deus, mas uma religião que vem diretamente do homem e indiretamente do divino que há no homem."

Que palavras terríveis as dos Monsenhores Romeo e Borromeo; tanto mais terríveis por serem extraordinariamente proféticas. Este é o modernismo que devastou a Igreja nos últimos 50 anos, por dolorosa permissão divina (quam incomprensibilia sunt iudicia Eius!) Este é o modernismo no qual vivemos, no qual sofremos.

Comecei esta série de posts na data da primeira aparição da Virgem Santíssima na Cova da Iria, em Fátima. Termino-a hoje, em que se comemora a festa da Maternidade de Nossa Senhora, instituída por Pio XI, em 1931, por ocasião do décimo quinto centenário do Concílio de Éfeso, que declarou Maria Teotokos. Os modernistas, que no Concílio deram um golpe terrível na Virgem Santíssima, comemoram hoje os 50 anos de convocação deste que foi o único concílio da Igreja que não condenou os erros do seu tempo, um dos quais fora condenado por Maria em Fátima. Nós devemos comemorar a Maternidade de Maria, nossa Mãe, e suplicar para que ela nos acolha em seu colo santíssimo, nestes tempos duríssimos em que vivemos. 

Virgem Santíssima, olhai por nós!




07/10/2012

Atenção! Leia antes de votar: O boçal engajado!


Nota: Eis mais um daqueles artigos que são absolutamente imprescindíveis para se entender o país e o mundo; sem a leitura do qual a pessoa permanece idiota como todos ao redor. Desta vez, quem nos alimenta a alma é Sidney Silveira. Considero este artigo altamente recomendável para quem se dirige à cabine de votação. É um artigo para o dia de hoje, um dia que a mídia quer nos vender com "a festa da democracia". Considero que o dia de hoje (em que a Igreja festeja o Santíssimo Rosário, desde o remoto ano de 1571!)  é exatamente o dia do boçal engajado. Deus lhe pague, Sidney!

A falta continuada de contato com coisas belas e elevadas mutila a alma. Os dois sintomas mais evidentes de que uma pessoa chegou a tal dramático estado são os seguintes: extasiar-se com tolices e ser indiferente ao sublime. Não raro, são sintomas concomitantes num mesmo sujeito — que se superexcita com ninharias, futilidades ou torpezas, enquanto se mostra apático diante de qualquer beleza de ordem superior. Trata-se de alguém capaz de se entediar mortalmente ouvindo uma sinfonia de Bach ou lendo um parágrafo de Vieira, ao passo que sente arrepios de entusiasmo beatífico ao ouvir uma rima bem feita cantada em ritmo sincopado.

Estamos falando de um arquétipo contemporâneo: o boçal engajado. Pessoa de espírito lânguido, em geral ávida consumidora de produtos culturais alternativos cuja esterilidade artística pode ser medida pela tola pretensão de originalidade. Não se trata, propriamente, de um iletrado ou de alguém oriundo das camadas sociais menos favorecidas. Não: o boçal engajado é homem de classe média, habitué de feiras literárias, freqüentador de bienais de livros, encontros artísticos performáticos e exposições. Tem interesse por leitura, sim, mas sem jamais arriscar-se em autores que ou exijam de sua inteligência um maior esforço abstrativo, ou fujam ao limitado universo estético-político em que se embrenhou.

06/10/2012

Palestra sobre a vida de Santo Afonso Maria de Ligório

Palestra proferida dia 30 de setembro, no Colégio Monte Calvário, logo após a Missa Tridentina.


 


03/10/2012

UM SACRISTÃO E UMA VOZ MISTERIOSA


Na pequena cidade de Ostra-Brama, Polônia, há uma bela igreja onde, há séculos, se venera uma devota imagem de Nossa Senhora das Dores.

No mês de março de 1896, um forasteiro, falando polonês com sotaque russo, apresentou-se ao sacristão com dois grossos círios, dizendo que queria ardessem diante da milagrosa imagem até se acabarem.

— Fiz promessa – disse – que fiquem acesos até amanhã depois da missa sem que se apaguem. Tenho um grande negócio, que amanhã se há de decidir e só me resta este .tempo para recomendá-lo a Nossa Senhora. Se quiser, irei junto para colocá-los na igreja.

— Eu o farei com gosto – replicou o sacristão- mas o caso é que, quando se deixam luzes na igreja, tenho de passar a noite lá, por temor de um incêndio.

— Sei – disse o desconhecido – mas por esse seu trabalho dou-lhe agora mesmo dois rublos.

A filha do sacristão preparou ao pai a ceia e roupas quentes e o russo foi com ele acender os círios, rezou alguns minutos e foi-se embora.

O sacristão, uma vez sozinho, tocou as Ave-Marias, fechou as portas, rezou sua oração da noite, sentou-se numa cadeira, na sacristia, e logo começou a cochilar.

De repente ouve uma voz que lhe grita:
— Apaga, apaga os dois círios!

Assustado, levanta-se, olha pata todos os lados e não vê ninguém. Julga ter sido um sonho e torna a dormir; mas, pouco depois, desperta-o a mesma voz misteriosa:
— Apaga, apaga os círios!

Como não vê ninguém, para acabar com aqueles sonhos, acha que seria melhor apagar as velas; mas, lembrando de sua promessa e do dinheiro recebido, pôs-se a rezar o rosário até que, vencido pelo sono, adormece pela terceira vez.

Desta vez a voz desperta-o com mais força:
— Apaga, apaga depressa os círios.

Convencido afinal de que a voz vinha do alto, apaga os círios e fica tranquilo. Ao romper do dia toca as Ave-Marias, prepara o altar para a missa e começam a chegar os fiéis e também sua filha. Esta, terminada a missa, pergunta ao pai por que apagara os círios.

Inteirada do que acontecera, após a saída dos fiéis, levaram os círios para examiná-los, pois notaram que eram de um peso extraordinário.

O pai com uma faca foi rasgando a cera e no meio viu que o pavio penetrava num tubo e ferro. Suspeitando uma armadilha sacrílega, puseram os círios num barril de água e foram depressa avisar ao vigário e ao delegado de polícia.

Descobriram, então, que os dois tubos estavam carregados com dinamite e calculados para explodir precisamente à hora da missa.

Imagine-se a gratidão dos habitantes de Ostra-Brama para com Nossa Senhora por os haver livrado, com sua intervenção direta, do horrível atentado.


____________________
Tesouro de Exemplos, Pe. Francisco Alves, Editora Vozes (quando ainda católica!).