Escrevi ano passado, no post Ano
novo, vida nova! Será?,
que a festa de ano novo é uma festa pagã e que nosso ano novo, o ano novo
católico começa com o Advento. E sabiamente a Igreja começa o ano novo
recomendando penitência, recomendando-nos de que nos lembremos da primeira
vinda de Nosso Senhor, mas que não nos esqueçamos da segunda vinda d’Ele, do
Juízo Final, com tremor e temor.
Penitência é normalmente a privação voluntária de algo na
esperança de que essa privação possa ser vista, pela infinita misericórdia de
Deus, em conjunto com os sofrimentos do Nosso Senhor, e que isto possa nos
servir na hora gravíssima de nossa morte (nunc et in hora mortis nostrae).
Podemos oferecer também nossa penitência em sufrágio pelas almas do Purgatório,
prática recomendada como muita insistência por todos os santos e santas.
Há vários períodos de penitência e jejuns recomendados pela
Igreja; por exemplo, a abstinência de carne às sextas-feiras. As quartas-feiras
também são dias de abstinência de carnes. Há as penitências e jejuns da
quaresma. Mas há também penitências que podemos fazer no nosso dia a dia, em
lembrança da Paixão de Nosso Senhor, para não nos esquecer de nossa fragilidade
e dependência de Deus. Não é preciso nada de muito elaborado. Um pequeno
desconforto que passamos e o oferecemos a Deus, já basta para agradarmos ao
Coração Amantíssimo de Deus. Uma sede cuja satisfação adiamos voluntariamente
por alguns minutos, lembrando a pena dos sentidos que as almas do Purgatório
sofrem, é já uma penitência muito boa.
A privação de confortos de que dispomos pode ser uma fonte
de penitências quase inesgotável. Uma coisa que deixamos de comprar, embora
tenhamos os meios e o desejo, um banho mais frio do que o que gostaríamos de tomar,
um dia de calor que passamos sem o ar condicionado ou o ventilador ligado, etc.
Se tudo isso for feito e oferecido a Nosso Senhor, a penitência terá sido
feita. Santa Teresinha do Menino Jesus fazia uma penitência silenciosa muito
simples: ela ficava por cinco minutos, sentada, sem mexer um só músculo do
corpo e oferecia o desconforto a Nosso Senhor.
Pe. Faber fala sobre isso, e muito mais, quando, falando
da devoção à Sagrada Humanidade de Nosso Senhor, fala-nos do amor afetivo,
efetivo e passivo. Com relação ao amor efetivo, ele nos diz: “O amor efetivo
faz-nos ver a imagem viva de Jesus, representando em nossa própria vida os
estados, mistério e virtudes da Sua. Trazemos exteriormente essa imagem pela
contínua mortificação, diminuindo e apertando o conforto corporal, regulando os
sentidos, derrubando as exigências extravagantes do mundo e da sociedade, pela
ciosa moderação dos afetos e dos prazeres inocentes, e pela perpétua repressão
de toda vaidade e arrogância.”
Comecemos o ano novo atentos à palavra de Pe. Faber e
decididos a pelo menos “diminuir e
apertar o conforto corporal, regular os sentidos, derrubar as exigências
extravagantes do mundo e da sociedade”.
Que o Advento de 2013 nos encontre mais mortificados, mais
devotos à Sagrada Humanidade de Nosso Senhor!