27/10/2011

Uma palestra sobre algo diferente

A palestra cujo vídeo vai abaixo, eu a proferi na UFMG em maio passado. Ela tem como tema um assunto de minha área de especialidade profissional, o eletromagnetismo; mais propriamente a história de como esta teoria veio a ser concebida. Os três personagens principais da história são três grandes cientistas, dois ateus e um protestante. Oliver Heaviside, um gênio eremita esquisitão, era um ateu convicto. Homem que quando, num relato, na terceira pessoa, de suas experiências numa biblioteca pública, escreve: “Alguns livros eram puro veneno: teologia e metafísica, em particular; eles eram fechados com um “plac”. Mas os trabalhos científicos eram melhores, havia algum sentido em se procurar as leis de Deus por observação e experimento, e por raciocínio nisto fundamentado. Alguns livros enormes, portando nomes estupendos, como Newton, Laplace, etc. atraiam sua atenção. Depois de examiná-los, ele concluiu que poderia compreendê-los, se tentasse.” O Deus de Heaviside era o Deus das leis físicas, pelas quais ele tinha verdadeira veneração.

George Fitzgerald, o protestante, um grande físico-matemático, vinha de uma linhagem de protestantes irlandeses. Era admirador do idealismo filosófico de Berkeley e em suas tentativas de adaptar suas concepções e teorias físicas à sua religião. Como todos sabem, a gnose é o fundamento último do protestantismo e é inevitável que Fitzgerald não consiga sair dessa arapuca. Fitzgerald chegou a acreditar piamente que todo o movimento é uma manifestação objetiva do pensamento de Deus e que se pudéssemos conhecer as leis do movimento, teríamos desvendado o segredo divino.

Oliver Lodge, nosso segundo ateu, foi um grande cientista experimental e depois se tornou uma figura de projeção na Inglaterra do início do século XX. Sua história tangencia a de Chesterton num episódio fortuito. Ele foi convidado pela Coroa Britânica a ser reitor da recém fundada Universidade de Birmingham. Ele aceitou o cargo em 1909, quando já era um cientista muito famoso. Logo depois de assumir o cargo, ele teria convidado Chesterton para assumir um cargo de professor de Literatura na universidade nascente, o que Chesterton polidamente recusou. Depois, em vários artigos de jornal, Chesterton critica o já então Sir Oliver Lodge, por suas idéias, ora materialistas, ora espíritas. Sim, o empedernido ateu, depois da morte de sua esposa, se tornou adepto do espiritismo. Acabou seus dias se dedicando à comunicação com os mortos, certamente almejando conversar com sua esposa. Triste fim para um homem com tantos dons especiais, que está reservado a todo aquele que despreza as Revelações de Nosso Senhor e a Sua Igreja.

Mas a história, do ponto de vista científico, é muito interessante e espero que os leitores gostem.


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