13/10/2011

50 anos de Vaticano II: uma pesquisa acadêmica resolverá a hermenêutica do CVII.

Recebo do amigo e irmão na Fé, Renato Salles, a notícia cujo trecho vai abaixo. Comento logo a seguir.

Exatamente em um ano, a Pontifícia Comissão para as Ciências Históricas organizará, em  colaboração com o Centro de Estudos sobre o Concílio Vaticano II, um congresso  internacional em Roma (3 a 6 de outubro de 2012) sobre a interpretação do Concílio, no qual serão  fixados os critérios para essa pesquisa. "Será o ponto de chegada de uma ampla pesquisa internacional realizada pela Sociedade de História Eclesiástica e pelas Associações de Arquivística Eclesiástica de diversas nações, sob a égide do Pontifício Comitê de Ciências Históricas".

O Centro de Estudos sobre o Concílio Vaticano II da Pontifícia Universidade Lateranense  também é o promotor de um ciclo de conferências organizadas em colaboração  com o Centre  Saint-Louis de France. Os encontros serão realizados entre fevereiro e maio de 2012 sobre o tema "Reler os grandes textos do Concílio Vaticano II. História e teologia".

Dom Enrico dal Covolo esclarece que a Pontifícia Universidade Lateranense  pretende examinar “sem preconceitos nem conclusões predeterminadas todas  as cartas disponíveis sobre os trabalhos do Concílio, começando com as anotações e os diários dos pais e dos peritos teológicos que participaram da elaboração das declarações e dos outros documentos aprovados”.

“Só assim, isto é, com um trabalho verdadeiramente científico e imparcial, será possível verificar qual das duas hermenêuticas, de fato, é a mais correta. Para trazer tudo à luz como nos propomos – explica o reitor –, o trabalho de pesquisa deverá ser absolutamente imparcial”. Para o bispo salesiano, a reflexão referente à "vexata quaestio" [questão polêmica] da hermenêutica do Concílio é emblemática da missão de uma universidade como a Lateranense.

Bem, caros leitores, estamos agora todos tranqüilos. Depois de uma pesquisa internacional conduzida pela “Sociedade de História Eclesiástica e pelas Associações de  Arquivística Eclesiástica de diversas nações, sob a égide do Pontifício Comitê de Ciências Históricas”, tudo se esclarecerá sobre o CVII. Todos sabem que o que faltava era uma pesquisa acadêmica, destas que terminam em dissertações e teses, para que a Igreja descobrisse o que significou o Concílio Vaticano II.

O bispo Dom Enrico dal Covolo ainda nos esclarece que a Pontifícia Universidade Lateranense pretende examinar “sem preconceitos nem conclusões predeterminadas todas as cartas disponíveis sobre os trabalhos do Concílio, começando com as  anotações e os diários dos pais e dos peritos teológicos que participaram da  elaboração das declarações e dos outros documentos aprovados. Só assim, isto é, com um trabalho verdadeiramente científico e imparcial, será possível verificar qual das duas hermenêuticas, de fato, é a mais  correta.” 


Ora, vejam como são tranqüilizadoras as palavras do bispo. O que faltava em toda a discussão era pesquisa acadêmica. Toda a questão da hermenêutica do Concílio poderá agora ser esclarecida, pois, “a hermenêutica do Concílio é emblemática da missão de uma universidade como a Lateranense.” E vejam que coisa mimosa: o bispo ainda sabe algum latim e diz vexata quaestio. Não é mesmo o máximo; o CVII ainda não impediu que alguns bispos saibam algumas palavras em latim.

Tivesse D. Lefebvre a par dessa pesquisa, ele não teria fundado a FSSPX. Não avisaram ainda ao Pe. Calderon sobre este evento, por isso ele fica escrevendo livros como “A Candeia Debaixo do Alqueire”; Michael Davies e Romano Amerio não teriam perdido tanto tempo escrevendo livros e mais livros criticando o Vaticano II. O que estava faltando era a Sociedade de História Eclesiástica, o Pontifício Comitê de Ciências Históricas e a Pontifícia Universidade Lateranense se manifestarem por meio de estudos “absolutamente imparciais”.

Ainda bem que fico sabendo desta notícia no mês de outubro, que além de ser o mês do Rosário, os dias são recheados de comemorações de santos importantíssimos, para os quais podemos suplicar a benção e as suas intercessões: Santa Teresinha, Santo Inácio de Loyola, Santa Teresa, Santa Margarida Maria Alacoque, São Pedro de Alcântara, São Lucas, etc.

O ano que vem promete muitas asneiras nas comemorações que acontecerão, mas o bispo dal Cavolo sai na frente na corrida para o prêmio Estultice 50 anos do CVII.

Bem, a reportagem afirma que o bispo é salesiano e também cita um Centro São Luis da França. Peçamos a estes santos (São Luis e São Francisco de Sales) a especial intercessão para que o ano de 2012 nos reserve, pelo menos, um pouco de sanidade.

5 comentários:

Swytz Tavares disse...

Não podeemos negar que tal assunto é de extrema importância e urgência para a vida da Igreja. Provavelmente faz parte de mais uma das batalhas do novo movimento liturgico beneditiano à execução da "reforma da(s) reforma(s)". Sou fã do Santo João Paulo II pela "bala santa" que recebeu por causa de N. Sa., e sou doente por S.S. Benedictus XVI por sua forma "cordeiral" e inteligente de combater os inimigos da Sancta Igreja que inusitadamente na historia religiosa acharam uma forma cancrosa e silenciosa de atuar, no modo mais cruel e covarde de promoção da iniquidade, copiando a traição de judas e aplicando deliberadamente. Aos que acham que detem tanta "sapientia" leiga, que adentram ao diálogo AGNUS_DEI com o Papa, esquecem que as heresias transcorrem também por colaboração daqueles que tentam tirar o argueiro do olho cego de outrém. Quando os fiéis assistem missas pré-balada, desobedecem ao CV-II que elaborou o novo missal em LATIM (vernáculo só em execções) e manteve o Canto Gregoriano sem bateria, guitarra e palmas liturgicas irreverentes, tão observadas nas show-missas de entidades de fiéis de grande porte, presididas por celebrantes animadores de multidões. Enquanto os santos indicam o modo da Santa Mãe de Deus como forma salutar e fiel de participação liturgica, assitimos no altar das grandes basílicas do mundo as danças liturgicas. Então, onde está dito no CV-II tais HERESIAS? Enquanto isso, no mundo e no Brasil, apesar da falta de apoio e terrorismo de grande grupo de eclesiasticos, pequeno grupo de fieis (não lefevbrianos)vão cumprindo o Motu Proprio Summorum Pontificum em promoção das Missas Gregorianas, resgatando o tesouro perdido e sacralizado a Missa Nova, tirando-lhes os abusos e devolvendo-lhes o MISTÉRIO original de Deus. Claro que uma simples formalidade do LATIM não traz por si a sacralidade da Santa Missa, e sim a forma de participação dos fieis e modo de celebração do Padre. Muitos vivem de fofocar controvérsias sobre assuntos sérios. Outros, tal qual santos mosteiros, rezam silenciosamente pra que se cumpra a vontade de Deus tão explicita no Pai-Nosso. (Aos tópicos supra expostos num vejo nenhum pregador corajoso debater publicamente)

Serge Lenneth disse...

Pois é...

Veja lá se seria necessário um concílio de 3 anos para saber se o CVII representou uma ruptura ou uma continuidade. Se em 50 anos ainda tem gente que não conseguiu ver, o que leva a pensar que conseguiriam em 3? Mas é claro que o importante, afinal, é a base política do conflito. Um debate teológico entre "tradicionalistas" (desculpem o termo. Eu sei que apenas 'católico' basta para se referir aos leais ao magistério da igreja. Mas uso este termo apenas para situar melhor) e modernistas não é um debate. É um massacre. Os modernistas vão apresentar suas chantagens políticas e os tradicionalistas devem focar neste problema. Sou otimista em pensar que o Papa tem um plano para este encontro. Vamos ver... e até lá, rezar...

Antonio Emilio Angueth de Araujo disse...

Senhor Swytz, aguarde minha resposta, que virá em breve.

Em JMJ.

Swytz Tavares disse...

Caro Moisés, a solução de um problema vem do diagnostico real e na aplicação do remédio correto. Todas as Heresias são recorrentes desde o Ant Test, com personagens apóstatas como Judas na Santa Ceia. Não sou tradicionalista ou modernista, sou o que sou em consequencia do caminho tomado. Pela TEODICEIA vimos que o mal entrou na perfeita criação divina pela própria criatura, o segundo abuso liturgico viria da criação (primeiro foi de Lucifer). Não obstante aviso prévio do terceiro segredo de Fátima, as linhas do CV-II foram preparadas malignamente para serem adulteradas pelas entrelinhas (quem sabe permitido no plano divino pra castigo de seu povo como em JUÍZES). Quando o vernáculo foi introduzido só na leitura das epístolas, evangelho e homilia, adicionando mais participação dos fiéis ao Mysterium Fidei, os Srs. Bispos (Deus me perdoe, Santa Catarina sabe pq digo isto) manusearam a seu bel prazer, onde na America Latina foi apoiada pela Teologia da Libertação. Assim, a integridade da Liturgia antiga e nova que é um evento único por preservar o ciclo da renovação ENCARNAÇÃO e MORTE de JESUS Cristo foi ameaçada. Entretanto, o desprezo pelo Missale Romanum 1962 (comparo ao livro da Verdadeira Devoção a MARIA - São Luiz de Montfort, que o demonio esconderia por 100 anos, segundo palavras do próprio santo) pelos Srs. Eclesiásticos, tomou como castigo a multiplicação do mesmo na mão dos fieís que sempre buscaram a piedade, nunca concordaram com a retirada criminosa do SACRARIO do altar, protestaram pela comunhão na mão suja e sem reverência, sofreram pela não genuflexão durante a consagração eucarística, lutaram pra que a confissão mantivesse o seu papel de perdão à acusação dos pecados e não conversa ou troca de ideias com um sacerdote, ministras que colocam vinho e agua no cálice durante o ofertório com o padre sentado olhando e outros tantos abusos que boa parte dos leigos tem reclamado aos padres que não dão exemplo de piedade. Recentemente, decidi assitir a missa toda de joelhos, escondido na ultima fila, sem incomondar niguem, mas o padre só iniciou a missa quando eu me levantei, segundo ele é proibido tal ato. Então, quando o SANTO PAPA sabe do risco de engrossar o pescoço e as CNBBs mundiais (maçonaria eclesiastica) executarem o plano de divisão mundial da Igreja Católica em milhares de feudos, Ele tenta executar ações (que são sabotadas pelo mal) de forma cautelosa. Assim, uma multidão infantil de teologos, bispos e leigos se levantam pra criticar como verdadeiros sabem-tudo. Muitas casas de família hj são mais sagradas que muitos seminários diocesanos que são apenas hospedarias do MST. Então, diante desta tristeza que vivencio todo dia, abro a TV e vejo na missa em APARECIDA ontem dança liturgica de candoblé de um grupo que levava a Santa Imagem (réplica) ao altar, ponho em outra a missa é com bateria e guitarra, palmas, o padre parece mais um palestrante, pois tudo tem de explicar e interagir com o público, por incompetência para manter o MISTERIO que sempre permeou a missa. Em outro canal, com apoio de um bispo ao lado, um padre-cantor-show acha que a missa é pra divulgar livretos com contéudo sentimentalista. Gostaria de saber onde está a undade da CNBB responsável pelo Canto Gregoriano (em latim) no Brasil? Pq não se obdece ao Missal Novus Ordo que é em latim? E que determina que o sangue de Cristo foi derramado "pro multis" e não por todos? E ai num vejo muitos fiéis-leigos famosos fazendo depoimento daquilo, explicando isto. Não tem peito pra fazer campanha pelo que é essencial e verídico. Não vejo uma instituição religiosa com TV radio querendo fazer o lado certo do CV-II. Só vejo pentecostalismo forjado em línguas gandulas, preenchendo espaço precioso que poderia ser designado a verdadeira função da Igreja. A Religião vira o Ópio do Povo, quando o povo faz a sua religião, e não a vontade de Deus !!! Religião não é como se gostar da cor vermelha e vc da verde, TEM COR ÚNICA, só a imutável cor de DEUS!!!

Bruno Luís Santana disse...

A iniciativa de uma pesquisa acadêmica com o intuito de definir qual é a real hermenêutica do Concílio Vaticano II é louvável, mas só o Santo Padre pode, falando como Sucessor de São Pedro, definir de uma vez por todas o que é obrigatório e o que deve ser repudiado.
No entanto, não é bom criar um entusiasmo excessivo, porque a probabilidade de sabotagem da parte dos hereges é muito alta.

Está evidente que os hereges escreveram os textos para basear os contextos do concílio. É um questionamento que até mesmo D. Mauro Olivieri, bispo de Albenga-Imperia deixou escapar no prefácio do Iota Unum.

A crise da Igreja é um assunto que toca a todos. Mas tentar colocar panos quentes, alegar que os abusos litúrgicos não estão mencionados nos textos, que foram apenas invencionice dos modernistas é igualmente insuficiente (para não dizer cúmplice), pois prolonga ainda mais a situação em que nos encontramos.

Enquanto estes textos não forem corrigidos de uma vez por todas, sempre usarão suas ambiguidades para fazerem o que bem entenderem, para o bem ou para o mal.

Schillebeekxs confessou a estratégia destes textos, Romano Amerio situou a passagem no seu Iota Unum. "Nós nos exprimimos de forma diplomática, para depois tirarmos as reais conclusões".

Pois então: destruam a linguagem ambígua (que se fez diplomática para ser aprovada pelos conservadores do concílio), para que os modernistas deixem de ter o trampolim para continuar invadindo a Igreja.

Eu pessoalmente não vejo como salvar este concílio, mas enfim, creio que o passo mais sensato, visto que não querem sacrificá-lo, é o de reformar a letra.
Mas como se reformar o espirito que moveu João XXIII e Paulo VI? Estes papas no fundo queriam abraçar o mundo, isso está evidente em suas muitas declarações. É inegável a benevolência, a simpatia do Concílio, a sua vontade de fazer as pazes com o mundo. Essa boa vontade está em todos os textos, até mesmo nos ortodoxos.

Mas Nosso Senhor alertou-nos: o mundo está posto no Maligno...