31/10/2011

Meu Deus, como as coisas são antigas!


Num post do Reinaldo Azevedo que me enviaram, a respeito do câncer de Lula, o jornalista comenta um artigo de Gilberto Dimenstein, que diz que o câncer do ex-presidente vai servir de lição para que as pessoas parem de fumar. Diz textualmente, segundo Azevedo: “Infelizmente é desse jeito, com as pessoas sentindo-se próximas e vulneráveis diante de uma ameaça, que se consegue mudar atitudes.”

Quanto essa atitude de Dimenstein é velha, meu Deus! Essa gente é toda de uma mesma patota, há séculos. Em 1908, Chesterton, no seu extraordinário Hereges, diz:

Um jovem pode evitar o vício pela lembrança contínua da doença. Pode evitá-lo também pela lembrança contínua da Virgem Maria. Pode haver dúvida sobre qual método é mais razoável, ou mesmo qual é mais eficiente. Mas certamente não pode haver dúvida sobre qual é mais saudável.

Lembro-me de um panfleto, escrito por um secularista hábil e sincero, Sr. G.W. Foote, que continha uma frase que simbolizava e dividia agudamente esses dois métodos. O panfleto se chamava “A cerveja e a Bíblia”, estas duas coisas muito nobres, tanto mais, na medida em que associadas ao Sr. Foote, que, em seu modo rígido de um velho puritano, parecia estar sendo sarcástico, mas que para mim estava sendo apropriado e cheio de charme. Não tenho o panfleto comigo, mas lembro que o Sr. Foote desprezava fortemente qualquer tentativa de tratar o problema da bebida por meios religiosos, e disse que o quadro do fígado de um bêbado seria mais eficaz, em matéria de temperança, do que qualquer oração ou louvor. Essa pitoresca expressão, parece-me, contém perfeitamente a incurável morbidez da ética moderna. Naquele templo, as luzes são poucas, as pessoas estão de joelhos, hinos solenes são entoados. Mas no altar diante do qual os homens se ajoelham não existe mais a carne perfeita, o corpo e a substância do homem perfeito; é ainda carne, mas está doente. É o fígado do bêbado do Novo Testamento que está desfigurado por nós, que o tomamos como lembrança dele.

Bem, é este grande abismo da ética moderna, a ausência de quadros vívidos de pureza e triunfo espiritual.”

Dimenstein e o Sr. Foote pertencem ao mesmo clube, que Chesterton delicadamente chama de secularista. Eu diria que são simplesmente ateus cientificistas que querem impor a todos sua mórbida moral.

2 comentários:

Anônimo disse...

Caro Professor;

Seria possível existir um "laicismo saudável" na sociedade, conforme sugerido pelo Papa Bento XVI?

http://br.noticias.yahoo.com/papa-pede-brasil-fomente-laicismo-s%C3%A3o-sociedade-145947822.html

Um abraço,

Leonardo

Antonio Emilio Angueth de Araujo disse...

Caro Leonardo,
Salve Maria!

Se existisse "laicismo saudável" o que teria ido São Franscisco Xavier fazer em terras tão distantes? Para que evangelizar, para que converter?

Em JMJ.