19/11/2010

Um ateu religioso, ou um ignorante atrevido à beira de um ataque de nervos?

Um sujeito estranho, talvez ateu, talvez um anti-religioso, certamente um perturbado, escreve ao blog, cheio de uma ignorância atrevida, para protestar contra um texto de Michael Novak que traduzi tempos atrás: Ateus solitários da aldeia global – Parte I. Começo pelo seu “P.S.”: “Espero que a democracia impere e você nao seja parcial, deixando que seja publicado apenas o que te convem, pois se assim for, apenas estaria confirmando o radicalismo religioso.” Caro rapaz, de nome Ademir, isto aqui não é um espaço democrático, aqui não impera a democracia. No meu blog só é publicado o que me convém; foi por isso que eu o criei. E sim, eu sou um religioso radical, pois religião tem a ver com a Verdade e com ela não há relativismo.

Há frases memoráveis no comentário idiota do ateu, como esta: “A humildade começa por aí, o divino está dentro de você, basta você abrir as portas da percepção.” Puxa!, que humildade achar que o divino está dentro de você, à sua disposição.

Há também exortações ao blogueiro: “Repense sua posição, não castre sua razão, nao tenha preguiça intelectual, nao tenha vergonha de admitir que nao tem todas as respostas”; e “Leia um pouco dos filosofos gregos, eles conviviam com esta problematica religiosa que hoje foi substituida por outras crenças.” A primeira exortação é puríssima ignorância, falta de educação e um atrevimento de dar dó. A segunda é nonsense em estado sólido. Este infeliz nunca deve ter passado perto de um livro de Platão ou Aristóteles – Ademir, estes dois que citei são filósofos gregos, tá bom?

Começamos a duvidar do equilíbrio mental do infeliz leitor quando lemos: “Sei que é desesperador acreditar que nao existe ceu, nem inferno, nem recopensas, que a vida é uma descontinuidade da nao existencia. Mas se esforce, tvz assim, acreditamos que esta vida é a unica podemos fazer este mundo um lugar melhor para nossos filhos e nao um altar de intolerancias.” A situação do indivíduo é calamitosa. Ele não sabe escrever e nem pensar; acredita no divino em nós e, ao mesmo tempo, que a vida é uma descontinuidade.

Ele termina seu comentário (que não será publicado na íntegra, porque aqui só acontece o que eu quero, viu Ademir?), antes do “P.S.”, com “Um abraço”. Um abraço a você também, Ademir. Quando você escrever algo menos desequilibrado, talvez eu publique.

30 comentários:

Flor disse...

É impressão minha ou cada vez mais tem gente entrando no blog para dar a cara a tapa? Bate forte professor para ver se essa gente acorda!
Parabéns pelo blog.
Victor Hugo

Pedro Felipe disse...

É como o professor Olavo de Carvalho diz: A questão dos Ateus é pura "BURRICE".Só isso. Vá estudar seu preguiçoso intelectual(Ademir), deixe de soberba daquele pensamento de: EU SEI QUAL O MUNDO MELHOR. Ora, você nem sabe onde está seu nariz, e não duvido que venha com aquelas teorias malucas provando que o nariz não está na cara, porque só é isso que ateu sabe fazer, inventar(rsrsrsr) teorias malucas. Quer um conselho de um ignorante, mas que pelo menos busca a verdade, Jesus Cristo, comece lendo "Ortodoxia" de Chesterton. Foi assim que me converti. Professor Angueth parabéns pelo Blog e que bom que publica o que lhe convém, porque sei que é tudo POR MARIA,COM MARIA, EM MARIA E PARA MARIA. SALVE MARIA.

Anônimo disse...

“um culto tribal a um Deus desagradável e feroz, morbidamente obcecado com restrições sexuais, com cheiro de carne queimada, exibindo sua própria superioridade sobre deuses rivais, e sua exclusividade para com sua escolhida tribo do deserto”

Meu filho usou argumento semelhante comigo, sem ter lido Dawkins. Por isso tento encontrar uma forma suave de lidar com o assunto. Quando usei argumentos mais unversais ele começou a concordar comigo.

Conforme disse, se não engano, Las Casas, há uma maneira certa de lidar até mesmo com ateus. Eles acabam percebendo que não há outro Caminho.

Em NSJC

Apologeta disse...

"vida é uma descontinuidade da nao existencia".

A negação da negação? Se bem me lembro da matemática, menos com menos dá mais :-).

Anônimo disse...

Caro Angueth, por acaso és monarquista?

Até breve....

Flávio

Anônimo disse...

Todo ateu ativista é, em verdade, um religioso. Ele crê que não há Deus.

No caso do Dawkins ele vai acabar se convertendo. Ele afirmou que, numa escala de 1 a 7, ele é ateu com nota 6. Isto é, ele tem quase certeza que não há Deus, assim como há quase católicos.

Segundo Dawkins, Carl Jung era religioso nota 1, que tinha certeza abasoluta - pela experiência - que Deus existe.

Praticando o Evangelho de Jesus Cristo podemos tornar-nos exemplos vivos de que Ele é a Verdade, o Caminho e a Vida.

Antonio Emilio Angueth de Araujo disse...

Caro Flávio,

Eu sou um medieval. Não quero só a monarquia, quero toda a Idade Média, a idade da Luz. Quero todo o século XIII restabelecido, quero o imaginário da Cristandade povoando a mente dos povos.

Só a monarquia é algo postiço, algo inútil e irreal.

Um abraço.

Anônimo disse...

Caro Angueth,

Sei que és um grande nome e importante especialista na área de engenharia em que atua. Talvez todaa carreira profissional que construiu não coubesse no séc XIII, ou estou errado? O que acha que estaria fazendo naquela época? Como seria?

Grande abraço e parabéns pelo blog.

Flávio

Antonio Emilio Angueth de Araujo disse...

Caro Flávio,

Sou apenas um professor de Engenharia Elétrica que tenta fazer um trabalho decente, nada mais que isso.

Quanto ao século XIII, sei que Deus nos permitiu viver agora porque Ele precisa de nós agora. Agora que a Igreja de Seu Filho está em profunda crise, com muitos, muitos padres e bispos propagando as mais variadas heresias. É agora que Ele quer que vivamos, agora que Santo Tomás foi substituído por Kant e seus asceclas nos Seminários mundo afora.

Que nós estejamos a altura da tarefa que Ele nos reservou.

Um abraço e obrigado.

Anônimo disse...

"É agora que Ele quer que vivamos, agora que Santo Tomás foi substituído por Kant e seus asceclas nos Seminários mundo afora."

Prof. Angueth,

Ensinaram-me que Kant salvou a fé contra a postura dos racionalistas que julgavam ter provado a impossibilidade da existência de Deus.

Então isso é falso?

Antonio Emilio Angueth de Araujo disse...

Caro anônimo,

Não sei onde você aprendeu isso, se na universidade ou no seminário. Kant não pode ter salvado a Fé de nada. Ninguém pode se apoiar em Kant para assuntos de Fé. Kant não era católico e não poderia ter salvado a Fé.

Contra o racionalismo, Kant ofereceu o idealismo. Jogue os dois no lixo. Leia Santo Tomás, se ainda não leu, e fique com o seu realismo. Aliás, se não leu Santo Tomás, leia primeiro sua biografia, escrita por Chesterton e aí a escuridão mental do racionalismo e idealismo vai começar a se dissipar.

Para terminar, ninguém pode provar a inexistência de Deus, exceto se estiver dopado ou fizer muito esforço para seu estúpido.

Em JMJ.

Anônimo disse...

"Para terminar, ninguém pode provar a inexistência de Deus, exceto se estiver dopado ou fizer muito esforço para seu estúpido."

O que me ensinaram foi o seguinte, Professor:

1. Santo Tomás,embora deixasse claro que só a Revelação seria suficiente, ela poderia ser compreendida melhor se à fe fosse ácrescentado o veredicto da razão, devido a sua credibilidade pelos filósofos. Mas isso só para quem já tinha fé, pois o ateu não reconheceria esse procedimento.

2. Contudo, os ensinamentos de Santo Tomás foram confundidos com suas demonstrações racionais, o que permitia aos ateus demonstrar o contrário pelo mesmo método. Com isso, perdeu-se a intenção inicial.

3. Kant estaria alinhado com Santo Tomás quanto ao valor da Revelação, mas só aceitou esse aspecto. Contudo, quanto à razão pura, demonstrou que tanto a afirmação quanto a negação de Deus poderia ser demonstrado pelo método racional. Os dois lados estariam, no fundo, apenas tentando dar credibilidade à sua crença, seja na existência, seja na inexistência de Deus.

Assim, Kant teria aceitado o fundamento de Santo Tomás, mas rejeitado aquilo que os adversários da Fé usavam para negar Deus. Como consequência Kant teria sido rejeitado tanto pelos religiosos quanto pelos ateus.

Os religiosos diziam que Kant alimentou o agnosticismo. Os ateus - marxistas, por exemplo - acusaram Kant de manter a possibilidade de Deus, minando suas doutrinas.

O senhor acredita que bastariam os argumentos de Santo Tomás, com suas provas da existènicia de Deus, para combater os marxistas e ateus em geral?

Neste caso, conforme posso compreender, a luta se travaria no campo da lógica. Quem persuadir seus leitores de que tem a lógica mais poderosa venceria. Aprendi que Santo Tomás acreditava nisso.

Porém, a lógica parte de um axioma. E um axioma não pode ser provado. Como ficaria, então, a discussão entre pessoas que partiam de posições contrárias como sendo o seu axioma?

Enfim, vou tentar aprofundar minha compreensão do tema, já que minha aprendizatem foi de segunda mão.

Em NSJC

Antonio Araujo disse...

1. Se tivéssemos uma nova Idade Média, um novo século xiii, o que garante que não teríamos logo depois um novo Renascimento, um novo Iluminismo, uma nova idade revolucionária? (Essa ouvi do Olavo)

2. Restaurada uma monarquia católica, se funcionasse bem na 1a geração, suspeito que na 2a ou na 3a já teríamos algum problema sério entre monarca e Papa.

3. Há comunidades mais básicas ligadas à igreja, a comunidade familiar, as famílias católicas, que hoje em dia têm poucos filhos, e não mais esperam que algum deles se torne padre, como acontecia antigamente. Esperar, por exemplo, que a educação familiar inclua esse imaginário católico - que hoje em dia você pode comprar em livrarias ou mesmo baixar na web - é mais viável que esperar um monarca católico que sirva de exemplo ao povo. E um imaginário que antes de incluir contos de fadas, inclua vidas de santos e seus sermões.

5. Essa Idade Média não foi uma idade de heresias, de avanço islâmico cada hora de um lado ou de outro da cristandade?

6. Foi também uma época de vários saques coletivos quando morria algum bispo, ou algum cardeal era eleito. Saques às moradas destes bispos e padres. Há várias reclamações de papas e bispos a esse respeito.

7. O que fazemos com a reclamação por parte de Deus de que o povo de Israel, no 1o livro de Samuel, queria um rei?

Essas são minhas dúvidas quanto a este assunto. Fique com Deus

Zeca Portuga disse...

É certo que eu não sirvo de modelo de virtudes, mas eu entendo esses fundamentalistas neo-ateistas como meios-homens. Um Homem sem a parte espiritual também é um deficiente.

Curiosamente, a OMS fala de "doenças do espírito". Este paupérrimos seres pensantes têm um problema de saúde de espírito.

Parabéns pela sua excelente, precisa e contundente resposta.

E... não precisa publicar isto, até porque sou um anti-ateísta.

Antonio Emilio Angueth de Araujo disse...

Caro Antônio Araújo,

Sei bem o que acontecia no séc. XIII, o ápice da cristandade. Mas quando respondi que só aceitava a monarquia se o pacote viesse completo, incluindo a Idade Média e seu grande século XIII, eu estava fazendo uma brincadeira. E o Olavo tem muita razão no comentário, pois foi também no século XIII que se forjaram idéias que agora, depois de muitos séculos de desenvolvimentos e acréscimos, conseguiram finalmente destruir o imaginário da cristandade. E acontecia muita coisa também na Igreja. Não fosse Santo Alberto Magno, as obras de Santo Tomás teriam sido rejeitadas pela Igreja. Infelizmente, a Igreja estava caminhando para uma época negra, que desembocou na Reforma.

Mas, caro Antônio, não se compra imaginário em livrarias. Se fosse assim, o próprio imaginário medieval não teria existido, por faltas de livrarias e Internet. O imaginário cristão, que se tornou generalizado no século XIII, foi o resultado do trabalho de 1000 anos e temo afirmar que ele não volta mais, até o final dos tempos. Uma boa referência sobre este assunto é o livro de Gustavo Corção, Dois Amores, Duas Cidades.

Temos de viver, como disse antes, no século que Deus quer que vivamos. Que nós estejamos à altura da tarefa que nos cabe.

Em JMJ.

Antonio Emilio Angueth de Araujo disse...

Caro anônimo entre Santo Tomás e Kant,

Desculpe-me a breve resposta. A partir de suas dúvidas, acho recomendável você ler, antes de mais nada, os textos dos links indicados abaixo. Você entenderá quem foi Kant e como o que você aprendeu está equivocado.

Sobre Kant:
http://contraimpugnantes.blogspot.com/2010/01/o-apriorismo-de-kant-e-suas.html

http://contraimpugnantes.blogspot.com/2010/01/o-apriorismo-de-kant-e-suas_29.html

http://contraimpugnantes.blogspot.com/2010/02/o-apriorismo-de-kant-e-suas.html

http://contraimpugnantes.blogspot.com/2010/02/o-apriorismo-de-kant-e-suas_04.html
__________________________

Sobre as provas da existência de Deus de Santo Tomás

http://contraimpugnantes.blogspot.com/2010/03/prova-da-existencia-de-deus-em-santo.html

http://contraimpugnantes.blogspot.com/2010/03/prova-da-existencia-de-deus-em-santo_26.html

http://contraimpugnantes.blogspot.com/2010/03/prova-da-existencia-de-deus-em-santo_31.html

http://contraimpugnantes.blogspot.com/2010/09/prova-da-existencia-de-deus-em-santo.html

http://www.montfort.org.br/index.php?secao=cadernos&subsecao=religiao&artigo=religiao_vaticano_ii_parte_2&lang=bra

Em JMJ.

Anônimo disse...

O filósofo realista sabe que o problema metafísico precede o gnosiológico, ou seja: a pergunta “o que é o ser?” antecede à questão “o que é conhecer?”

Prezado Prof. Angueth,

Lendo este primeiro parágrafo do primeiro artigo do (Professor?) Sidney Silveira, acabo de descobrir a minha condição de habitante de Caverna de Platão. Percebo que estou no limite da minha (in)competência para estudar assuntos que têm sido estudados há séculos, talvez milênios, sem solução satisfatória.

Contudo, como aprendiz ainda incipiente, e portanto passível de estar errado, percebo que eu deveria partir do consenso, se existe, entre o núcleo comum entre o ser e o conhecer.

Conforme posso perceber agora, usando o puro bom senso, pode-se ser algo sem conhecer; mas nenhum discurso sobre o ser é possível sem que se tenha uma teoria do conhecimento, ainda que ela tenha se desenvolvido de maneira natural pelo simples ato imperativo do viver.

Provisoriamente, pois, sou obrigado a disccordar do Prof. Sidney. A gnosiologia é o grande campo, e a metafísica apenas um setor desse campo. Contudo, quem sou eu, já que sou um aprendiz, para fazer tão grandiosa afirmação?

Creio, portanto, que preciso preparar melhor o caminho para o meu aprenedizado. E isso depende de que eu descubra os pensadores certos para orientar os meus primeiros passos para desatar o nó górdio que se estabeleceu no impasse entre Santo Tomás e Kant, via Aristóteles.

Assim, continuarei atento ao dilema Santo Tomas versus Kant. Corro o risco de não encontrar ninguém à altura (seria Karl Popper?) para ajudar-me a transitar entre os dois. Mas estarei tentando até que, por falta de competência, ou por mero cansaço, eu desista da busca.

Fico, então, com a úncia verdade acessível até o momento, e esta certamente uma verdade a priori:

O Cristo, que é o Caminho, a Verdade e a Vida.

Aprendiz

Anônimo disse...

Caro Aprendiz, o problema metafísico precede o gnosiológico já que a realidade é extramental e não concebida pelo intelecto humano.
Por mais "rico" que possa parecer a "idéia" ela é um elemento da realidade e não toda a realidade.
Não tenhamos delíricos demiúrgicos em crer piamente que o homem é que dá o sentido da realidade, pois a tal realidade é feita por e para ele...
Esse era o delírio kantiano que você pretende embarcar: não faça isso!
Outro ponto: não se trata de "com-senso" (como se um consabido e um acordo prévio nos fornecessem concretude e credibilidade para o saber...), mas, como você muito bem salientou, de bom-senso no trato da questão: procuremos os sábios e santos já que são verdadeiros luzeiros que balizam o Caminho, fazem o ornato da Verdade e acompnaham a Vida para nos mostrar quem são e como são os amigos de Deus.
São exemplos a serem seguidos!

Com estima imensa; MMLPImenta.

Anônimo disse...

Caro MMLPimenta,

Talvez eu não tenha me expressado com clareza. A linguagem pode ser, e geralmente é, uma cilada. Ainda mais quando a isca é a emoção que insiste em ignorar a razão, embora esta última seja uma espécie de luz que insite em iluminar a verdade.

O que me parece bom senso é o seguinte:

1. O ser precede o conhecer. Se se trata do Ser - Deus -, Ele precede ainda muito mais o conhecer.

2. Entretanto, para os que usam a razão para conhecer, o conhecimento evolui desde a certeza pela fé, esta inexplicável, por ser dom de Deus, até o conhecimento mistico, quando não há mais distinção entre crer e conhecer.

3. Do ponto de vista da razão, entretanto, o movimento para conhecer supõe:
3.1 - conhecer por ouvir falar, que não é propriamente conhecimento;
3.2 - conhecer por ler um texto e concordar com ele, que ainda não é propriamente conhecer;
3.3 - conhecer por uma fé sobrenatural, que ainda não é propriamente conhecer;
3.4 - conhecer pela combinação de fé e uso da razão, caminhando da criatura para o Criador, assim como se aproxima do círculo por meio de polígonos de infinitos lados, que ainda deixa uma abismo entre criaturea e criador;
3.5 - conhecer o Criador por aceitação da Revelação, e conhecer a criatura pela razão investigativa em contato direto com a criatura.

Assim, conforme posso enxergar com os olhos ainda cegados pelo excesso de luz, não há ruptura real entre as propostas de Kant e de Santo Tomás. É só uma questão de prestar atenção para perceber que elas são apenas formas diferentes de falar a mesma coisa.

É essa minha percepção que preciso confirmar a partir da leitura de pensadores que tenham transitado entre os dois - Kant e Santo Tomás -, sem tomar partido por um deles, mas colocando Deus acima dos dois.

Tenho a intenção de aplicar as regras fundamentais da pesquisa científica, porém tendo como norte a certeza sobre a existência de Deus.

Aprendiz

Anônimo disse...

Meu caro Aprendiz, você está misturando alhos com bugalhos! Apesar de parecidos, não há nada mais desemelhante!!!
Se se tomar uma certa aproximação semantica, podemos dizer que até mesmo que a intenção de Kant e Sto Tomás se analogam quando se referem aquilo que não se exprime, isto é, Deus.
Para o filósofo-patológico de Königsberg a suprema especulação humana é a "camisa-de-força" das categorias a priori que é a deformação do são pensamento: o ato de conhecer kantiano é anti-natural, pois amputa na raiz a verdadeira transcendentalidade da subjetividade humana, já que ela se volta ferozmente (mas com muita pose e prolixidade!) para a "inteligência" (razão) que cria o objeto na sua imanência subjetiva - é o tal "penso, logo existo", mas com muito mais charme, garbo e sofisticação do que poderia a nossa vã filosofia clássica conceber.
Como diria um famoso pensador é a ontologia em primeira pessoa: o eu no centro e no ápice da metafísica, apesar de todas as afirmações em contrário...
Vamos também fazer clarear alguns pontos que você elencou:
2) Toda e qualquer pessoa usa a razão para conhecer. Se há pessoas que a usa mal é outra estória.
3) O conhecer pela fé é conhecer, sim. E muito superior ao conhecimento discursivo que a razão natural pode obter. Mas como a fé não é algo irracional ou anti-natural, requisita ela o concurso da razão para "responder àqueles que perguntam, com sabedoria e mansidão, da fé depositada" (confiada) a nós.
Esse conhecimento da criatura ao Criador Sto Tomás já nos mostrou as escancaras nos seus escritos, mas não resito de citar também S. Boaventura: "... a criação é como um livro no qual resplandece, se representa e se lê a Trindade Criadora, em três graus de expressão, a saber: como vestígio, como imagem e como semelhança; de modo que a razão de vestígio se acha em todas as criaturas, a razão de imagem só nas intelectuais ou espirituais, e a razão de semelhança só nas deiformes [as que estão em estado de graça santificante]; pelos quais ( vestígio, imagem e semelhança) o entendimento humano está destinado a subir pouco a pouco, como por degraus de uma escada, até o Sumo Princípio que é Deus' (São Boaventura, Brevilóquio, II, cap. XII, no. 1. In Obras Completas de Sán Bonaventura, BAC, Vol. I, p. 248).
Coisa essa que, aliás, Kant dizia ser impossível.
E aqui cito Sto Tomás: 'É evidente que somente as criaturas intelectuais são, falando propriamente, à imagem de Deus' ( São Tomás, Suma Teológica, I, q. 93, a . 2). 'Ainda que em todas as coisas haja alguma semelhança com Deus, somente na criatura racional se acha a semelhança de Deus como imagem, conforme dissémos (artigo 2 da q. 33) e nas demais se acha somente como vestígio. Porém, a criatura racional é superior às outras pelo entendimento ou mente. Daqui que nela se encontre a imagem de Deus só na mente' ( Cfr. São Tomás, Suma Teológica, I q. 93, ª 6).
Resumindo: Kant é um doente mental que fez com as palavras uma arapuca mental semelhante a deformação da sua, com um convite atrativo para jovens caírem e se deliciarem com os jogos que fazem lá no Inferno.

Com estima imensa; MMLPimenta.

Gederson disse...

Caros amigos,
Salve Maria!

Se as provas são a máxima determinante da existência de algo ou alguma coisa, todos os políticos em Brasília, são honestos e nenhum ateu pode questionar isto.

Fiquem com Deus.

Abraço

Anônimo disse...

Caro MMLPimenta,

Como aprendiz, não posso fazer afirmações categóricas. Só posso observar e perguntar: - Por qual critério devo aceitar algo como verdadeiro? Eu mesmo não posso pesquisar todos os temas, mas sou apresentado aos resultados das pesquisas de outros.

Sei que Santo Tomás tinha opositores em seu próprio tempo: Duns Scot e Ockham, por exemplo. Todos eles eram inteligentes, alegavam ter fé em Deus e foram preparados pela Igreja Católica como teólogos.

Então, como posso eu, que não fui preparado, fazer uma opção entre eles? Você dir´s: - A Igreja Católica fez a opção, e você deve segui-la.

Ora, se assim fosse, eu não poderia estudar com liberdade, assim como eles estudaram. Eu não poderia pesquisar, mas apenas acatar os estudos feitos.

Por isso, eu separo as coisas assim:

1. Parto do Evangelho, e tento segui-lo, e é nisso que deposito minha esperança maior;

2. Tento analisar as conclusões dos estudiosos que foram preparados para tal pela Igreja Católica. Vejo que eles discordam entre si;

3. Tento, então, melhorar minha capacidade racional consultando os filósofos. Mas até nisso tenho que fazer escolhas. Que conhecimento eu tenho para dizer, por exemplo, que Aristóteles é a referência universal, e que não houve avanços depois deles?

Conclusão:
O tempo de minha vida talvez não seja suficiente para concluir os meus estudos como leigo. Então sou obrigado a partir da fé na Revelação e, secundariamente, mas sem importância capital, usar minha razão para conhecer Deus de forma progressiva, por meio da Sua criação.

Quanto a isso, tanto Santo Tomás quanto Kant, pelo pouco que sei, estão em perfeito acordo. Aliás, eles estão literalmente de acordo. Não citarei Santo Tomás agora pelo fato de não estar próximo à sua Suma, mas lembro-me perfeitamente que ele afirmou que o ser humano comum não teria tempo de vida útil para chegar a Deus pela razão, daí ser-lhe suficiente a fé, esta sendo um dom de Deus.

Aprendiz

Anônimo disse...

Caro Aprendiz, ao modo protestante você defende a sua "independência & liberdade" a ferro e fogo.
Por uma questão prática e de confiança em Deus, já que ele não nos deixaria a mercê de nossas próprias quimeras, prefiro aderir de corpo e alma a Igreja.
Confesso: sou preguiçoso e medroso. Prefiro seguir os caminhos de Luz e os rastros de Sangue que outros mais sábios e santos que nós trilharam por pura falta de opção melhor, e me pélo de medo de me aventurar em veredas desconhecidas pela simples razão de que as trevas exteriores são choro e ranger de dentes.
Numa primeira olhada pode parecer que há contradições dentro do próprio Evangelho e mais ainda naqueles que dizem que foram preparados por Deus para explica-lo: parece que cada um aponta para um lado diferente! Mas isso é só aparência, já que há somente acento de tônica: são todos átonos, pois são de Deus as palavras de vida eterna.
A busca solitária contraria formalmente a comunhão eclesial, pois denota soberba - mesmo que disfarçada na forma de pietismo, fideísmo ou qualquer forma de circunstancialismo existencialista...
Já que temos pouco tempo sobre a terra, aproveitemos o máximo e não o disperdissemos: o tempo é irreversível e o passado não torna a acontecer - mas somente por burrice, teimosia ou covardia como num infernal eterno retorno...
A melhor maneira de se aproveitar o tempo não é como num trabalho sisifista revisto e ampliado, mas usar a inteligência: neste caso o "menos" é "mais" pois já temos bons exemplos a seguir.
O resto é "matar o tempo" ou "chover no molhado"...

MMLPimenta

Anônimo disse...

E por falar em "acordo" de contrários, que você afirma haver entre Sto Tomás e Kant, você prova mais uma vez que os estudos solitários não prestam pra nada! E, se prestam para alguma coisa, prestam para confundir!!!
Parece que você não leu os textos do Contra Impugnantes referenciados pelo nosso amigo Angueth...
Lá, com a leitura, você poderia despertar desse delírio analogante onde os contrários se equivalem e se confraternizam e celebram a "verdade subjetiva de cada um".

MMLPimenta

Anônimo disse...

Caro MMLPimenta,

Desta vez eu não entendi o que você realmente quer dizer.

Se é para usar a razão, ela deve ser usada tanto quanto Aristóteles a usou, pois ele chegou a ser condenado por importantes autoridades da Igreja e, só mais tarde, corrigido para ser absorvido. Isso por uma questão de credibilidade da Igreja junto aos filósofos.

Santo Tomás estudou, corrigiu e absorveu Aristóteles. Mas ele não seguiu nenhuma recomendação divina, nem da Igreja para tal. Ele apenas usou sua razão e, dado que não havia quem melhor a usasse, foi tomado como referência naqueles tempos.

Contudo, ele mesmo pautou-se por limites que os seus adeptos parecem ter esquecido. Ele adotou claramente o ponto de vista de que a razão auxilia no esclarecimento daqueles que têm fé, mas não é suficiente para vencer aqueles que estão do lado oposto. Ele estava muito consciente disso.

Porém, percebo que alguns dos seus adeptos ultrapassam os limites que ele mesmo colocou, e o cristaliza em pontos que ele não enfatizou.

Assim, se é para ser coerente, devo aceitar diretamente as decisões da Igreja Católica, da forma como chegam até mim, nesta geração.

Então, se sou fiel à Igreja, posso ler Santo Tomás, mas isso quase perde o sentido se eu não aceito as deliberações da Igreja. Se, por outro lado, aceito as deliberações, entre elas o CVII, não preciso da autoridade de Santo Tomás, pois, naquilo que a Igreja reconhece, o próprio CVII baseou-se nele, teologicamente, em tudo que podia.

Conclusão:
Continuo procurando o pensador que consegue transitar entre Santo Tomás e Kant para firmar minha posição. Se eu não fizer isso e, se, além disso, rejeitar o CVII, estarei atuando contra a Igreja e contra a razão. Eu seria um subjetivista.

Já que aceito o império da razão, apesar de suas limitações, preciso pesquisar mais. Por outro lado, se eu julgar que devo aceitar prontamente as decisões da Igreja, o que de fato penso ser razoável, não posso acreditar que minha razão é tão poderosa que eu deva reprová-la quanto ao CVII.

Assim, ou aceito tudo e fico calado. Ou, ao aceitar que tenho inteligência suficiente para questionar o CVII, devo tê-la também para estudar Santo Tomás frente a pontos de vista que, eventualmente, se chocam contra ele.

Com respeito,
Aprendiz

Anônimo disse...

Caro Aprendiz de evolucionista, suas conclusões são um primor de modernices!!!
É uma confusão dos diabos essa, heim?!
Num mix de independência criticista e dogmatismo histórico você coloca tudo numa espécie de movimento que, ao fim e ao cabo, por conta do passo ternário de tese-antítese-síntese, o livre pensador depura aquilo que melhor lhe convier ou puder entender; claro que não sem eivos de pietismo e fideísmo!
Recomendo, antes de ir as tais "fontes", estude melhor bons comentadores. Faça aquilo que o Angueth lhe recomendou como antídoto ao aprendizado errado (ele é professor e sabe muito de pedagogia!!!): vá ao Contra Impugnantes, a Montfort, A Permanência; vá aos locais onde se pode beber da Sã & Santa Doutrina; onde se pode abastecer de reta filosofia; onde se pode entesourar da mais altaneira teologia!
Em suma: vá onde você pode realmente aprender alguma coisa proveitosa, já que você está mais perdido que outra coisa!...
Com amizade inquestionável; MMLPimenta.

Anônimo disse...

"Em suma: vá onde você pode realmente aprender alguma coisa proveitosa, já que você está mais perdido que outra coisa!..."

Obrigado pela lembrança, caro MMLPimenta.

Vejo que você tem certeza absoluta de que é um humilde realista sabedor de toda a verdade, esta depurada a partir de mentes que repetem conteúdos de terceira mão.

Espero estar errado a seu respeito!

Aprendiz

Anônimo disse...

Bom... meu caro Aprendiz, a coisa se mostra mais ou menos assim: é preferível ter uma única razão para acertar do que mil para errar!
Prefiro repetir conteúdos temáticos certos do que ser inalgural e original em erros e equívocos.
Bom, se você prefere se aventurar sozinho, confiando numa "iluminação" que lhe venha de algum lugar, pela "sinceridade" do "empenho", lembro que somente isso é incapaz de produzir bons resultados.
É preciso mais.
Não, não sou humilde: sou um velhaco tagarela, mas tento todo o dia pisar como um elefante na minha soberba! Tento, com muito esforço e falhanço imenso, saber como Sto Tomas: “Três coisas são necessárias para a salvação do homem: saber o que deve crer, saber o que deve desejar, saber o que deve fazer”.
E, assim como você, espero estejamos errados sobre a minha pessoa.
Com amizade; MMLPimenta.

Agora vou almoçar.
Depois vou ver os passarinhos e algumas balas traçantes aqui em Ramos, no Rio de Janeiro.

Anônimo disse...

Ao Aprendiz:

http://www.hottopos.com/mp3/de_modo_studendi.htm

http://www.hottopos.com/mp3/sentom.htm

Anônimo disse...

"E, assim como você, espero estejamos errados sobre a minha pessoa."

Por hora concordamos, caro MMLPimenta.

Voltarei ao silêncio para estudar.

Percebo qeu você tem muito boa intenção.

Que Deus nos abençõe, irmão.