15/11/2010

Santo Tomás e Aristóteles superados – o ponto alto do CVII

Descobri, no livro História da Filosofia, de Giovanni Reale, que o suporte de Santo Tomás - Aristóteles - foi superado. O momento da superação, em termos teóricos, se deu com Ockham. As consequência: ciência mais refinada, com Galileu Galileu e Newton, levando a Einstein.

Em termos teológicos, o resultado foi a rreafirmação da fé na Revelação e afirmação do poder da Igreja sobre o Papa e até mesmo sobre os Concílios. O CVII, portanto, foi inevitável. A Igreja não pode mais voltar atras, a não ser que se torne Igreja Católica Protestante.

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Este foi um comentário que recebi a propósito do post Mais um fruto do Concílio Vaticano II. O valente prefere falar besteira anonimamente, claro!

Veja que o rapaz descobriu que Tomás de Aquino e Aristóteles estão superados e quem o informou disto foi Giovanni Reale, aquele mesmo que escreveu uma obra só de comentários sobre a Metafísica de Aristóteles. Claro que Reale, tendo tempo a perder, escreveu a obra, que é extraordinária, sobre alguém que já foi superado, só para se divertir e nos enganar.

É tamanha a confusão na cabeça do leitor que dá até dó. Ele lê uma descrição histórica das conseqüências das idéias de Ockham, feita por Reale, e toma aquilo como verdade absoluta. Ele toma história da filosofia como filosofia e esta como ciência. Ele considera que porque Ockham disse isto ou aquilo sobre a filosofia de Santo Tomás, pronto!, Santo Tomás está superado.

Caro leitor, no texto que você leu tem um parágrafo que parece ter-lhe escapado: “Tais são as conseqüências últimas da tese fundamental da separação entre razão e fé, entre a ordem espiritual e a ordem mundana, resultando sobretudo no primado do indivíduo sobre qualquer universal.” Você entende agora que Reale está descrevendo todas as conseqüências das idéias de Ockham em todos os planos, sem subscrevê-las e/ou afirmá-las verdadeiras?

É claro que o CVII é filho de Ockham, é claro que a Reforma é filha de Ockham, é claro que a ciência é filha de Ockham, e é claro que você é filho de Ockham.

Aos leitores interessados neste assunto, incluindo meu infeliz leitor, sugiro a leitura do livro “Ideas have consequences”, de Richard Weaver, cuja introdução eu traduzi no post A dissolução do Ocidente: uma introdução.

Só para terminar, informo ao leitor que a Igreja fez um Concílio Ecumênico onde ela respondeu a todas as estocadas dos seguidores de Ockham: foi o Concílio de Trento. Informo isto porque parece que os católicos protestantóides pós-conciliares imaginam que nada houve na Igreja antes do CVII.

31 comentários:

Anacoreta, o Penitente disse...

Uma conhecida, deslumbrada em seu curso de filosofia, dizia-me o mesmo, que S. Tomás e Aristóteles estavam superados e eram "filosofia inferior" aos modernos e contemporâneos. Perguntei-lhe se ela conhecia a obra de S. Tomás e ela disse que não (repetindo o que o professor fala - depois falam em pensamento livre e/ou crítico). Crítico está a situação do ensino filosófico e teológico de hoje (aliás, um dos filósofos mais procurados pelos alunos dos cursos de filosofia da FAJE - Faculdade Jesuíta, ex-Instituto Santo Inácio, é...Nietzche!). Por isso, nossos padres e religiosos perdem a fé e se tornam ativistas da TL, a única coisa em que acreditam atualmente.

Guilherme disse...

Caro professor,

Hoje mesmo encomendei um exemplar de Ideas Have Consequences, antes de ver seu post mais recente. Que coincidência!

Acho, inclusive, que trata-se de obra indispensável em nosso país, mas que ainda não tem tradução. Pensando nisso, enviei um e-mail à Chicago University Press perguntando se os direitos de tradução para a língua portuguesa ainda estão disponíveis.

Quanto ao comentário do anônimo, só tenho uma coisa a dizer: prefiro rir para não chorar.

Um abraço!

Anônimo disse...

Prof. Angueth,

Eu não disse que o Giovanni disse, etc. Eu disse que descobri, pois não havia lido sobre a História da Filosofia nessa perspectiva.

Que Aristóteles foi superado - naquilo em que estava errado, logico -, fica evidente. Mas ele não estava errado em tudo, claro.

Assim, o que está em jogo é a avaliação das ideias e suas consequências. E essa avaliação depende da explicitação de critérios de verdade que, se não forem objetivos e universais, devem ser uma questão aferida pela consciência do juiz.

Eu apenas conclui que, dados os critérios de verdade naquilo que Aristóteles errou, Ockham deu uma solução mais inteligente e mais defensável. E isso permitiu a volta aos critériso do próprio Jesus Cristo: - a prática do Evangelho simples.

Antonio Emilio Angueth de Araujo disse...

Puxa! Que alívio: “ele não estava errado em tudo.” Que candura do anônimo que leu Reale e que descobriu Ockham. Fico a pensar em que exatamente ele estava errado, pois na sua lógica é que ele não estava!

Leitor infeliz, seu caso é facilmente diagnosticado por esta frase: “E essa avaliação depende da explicitação de critérios de verdade que, se não forem objetivos e universais, devem ser uma questão aferida pela consciência do juiz.” Já que seu mestre “mostrou” que não havia critérios universais da verdade, você admite vários critérios da verdade e acha que é nisso que Aristóteles foi superado. E você ainda fala dos critérios do próprio Cristo. O critério de verdade de Cristo é muito simples: “Eu sou a Verdade, o Caminho e a Vida.” Ele não disse: Eu sou uma verdade, um caminho e uma vida. Então existe – senão para você, pelo menos para Ele – verdade independente do juiz.

Depois disso você fala de prática do Evangelho simples. É a prática ou é o Evangelho que é simples. Se for o Evangelho, o que seria o Evangelho sofisticado; se for a prática o que seria a prática sofisticada do Evangelho? Será que isso também depende do juiz?

Você poderá responder estas perguntas e postar outros comentários se sair do anonimato. Com anônimos sabichões que nem você eu não discuto. Você teve seu momento de anonimato que, devo dizer, é muito mais sofisticado.

P.S. Terá sido coincidência você ter deixado Santo Tomás de fora, desta vez?

Anônimo disse...

O senhor está certo em quase tudo.

Mas vejamos alguns momentos em que Ockham corrigiu Aristóteles.

Erros de Aristóteles:

1. O mundo é eterno.

Correção de Ockham:
Deus o criou e, portanto, ele é contigente.

2. Tudo está perfeitamenter predeterminado (leva á predestinação absoluta)

Correção de Ockham:
Deus intervém, de acordo com a Sua Vontade.

Etc...

Guilherme disse...

Ao anônimo sabichão:

Você é capaz de discutir os princípios mestres da filosofia de Aristóteles?

O que são as Categorias, as Quatro Causas, Forma e Matéria, os Absolutos Lógicos? Poderia dizer sob quais aspectos eles estão ultrapassados? Pois essas são as colunas da filosofia aristotélica e são elas que importam, e não o fato dele ter errado, por exemplo, o número de dentes da mulher. Os modernos podem ter acertado em coisas particulares, mas erraram no principal: negaram pressupostos básicos da razão natural.

Não existe essa de Evangelho simples. Isso é coisa de TL. Qualquer católico minimamente instruído não conversa nesses termos.

Já que você tira suas conclusões a partir de historiadores da filosofia, e não das próprias ideias dos filósofos, leia a história da filosofia de Frederick Copleston.

Saia do armário! Revele-se!

Antonio Emilio Angueth de Araujo disse...

Caros leitores,

Não me contive e fui forçado a publicar mais um comentário do anônimo sabichâo. A candura do anônimo é mesmo o máximo. A coisa está ficando divertida.

Ele acha que foi Ockham quem corrigiu Aristóteles sobre a aeternitate mundi. Como sua ignorância é atrevida, não vou indicá-lo onde na obra do aquinate ele trata desta assunto.

Prometo que este foi o último comentário do sabichão.

Anônimo disse...

Como já havia mencionado anteriormente, para os bem-pensantes só importa o que vem por último no saber, isto é, aquilo que mais recente for elaborado com "sofisticação" sobre a realidade é onde está a verdade - mas ela também é uma fixação provisória do conhecimento que conseguimos obter pelos nossos parcos recursos cognocitivos, logo-logo superada pela próxima explicação mais completa. E assim como num círculo infernal do eterno retorno...
Vemos que a teoria do paradigma de Thomas Khum está mais do que na moda: está formatando mentes e corações que odeiam essas coisas caretas e conservadoras que o pensamento classico-tradicional, vetusto e ultrapassado, quer nos impor de forma despótica...
O lugar de velharia é no museu!
Mas lugar de jovens dementes é no manicômio ou na creche!!!!!!

MMLPimenta

Alvaro disse...

Caro Angueth, continue com o bom trabalho, especialmente nas traduções.
Será que não teria como instruir os comentaristas a, ao menos, se identificarem como "anônimo 1" , "anônimo C" ou qualquer outra ideia?!
Tem um post aí com uns 4 anônimos diferentes!
Em Cristo,
Alvaro

Gabriel Ferreira disse...

Filosofia é hoje algo que parece estar aí, à deriva, à espera de um incauto que a tome de assalto para seus propósitos mais ou menos honestos. É uma pena. Basta dizer que desafio o sujeito, a qualquer momento, a explicitar os conceitos aos quais faz alusão.

Permita-me também indicar um livro do Prof. Michael Gillespie, da Universidade de Chicago, "The theological origins of modernity", que é bibliografia fundamental para o tema da derivação da modernidade a partir da querela teológica de Ockham.

Para quem se interessa a sério, há um excelente resumo sobre o tema no artigo do professor Carlos Arthur Ribeiro do Nascimento, "A querela dos universais revisitada", nos Cadernos PUC, n. 13.

Só pra começar a falar sobre o tema...

Abraços.

Wendy A. Carvalho disse...

Acho tão tosco quem chega aqui achando que o Angueth é despreparado.

Sérgio Meneses disse...

Prof. Anguet,

O senhor já levou em consideração que pode haver uma interpretação ortodoxa do Concílio, como propõe o Papa gloriosamente?

Aliás, dizer qualquer em definitivo sobre doutrina, para nós católicos, não é tarefa que cabe justamente ao Santo Padre e ao Magistério da Igreja?

Não seria muito mais proveitoso para o bem das almas e para a exaltação da Santa Madre Igreja, que nós, em vez de combatermos a campanha do Santo Padre de dar uma interpretação final, inequívoca e ortodoxa, dos textos conciliares, a apoiássemos?

Admiro muito seu blogue e suas intuições Chestertonianas, mas a sua guinada para o sectarismo tradiconalista é algo a se lamentar, profundamente.

Cordialmente,

Sérgio

Antonio Emilio Angueth de Araujo disse...

Caro Sérgio,
Salve Maria!

Obrigado pelo seu comentário, pois ele me dá oportunidade de esclarecer certas coisas.

Já é algo muito estranho um Concílio precisar de interpretação. Você já ouviu dizer que algum papa precisou interpretar o Concílio de Trento ou de Éfeso? É claro que o CVII precisa de uma interpretação, ortodoxa ou não, porque ele foi escrito com uma linguagem ambígua, que admite muitas interpretações. Isso, Sérgio, foi feito conscientemente pelos peritos, que tinham os ouvidos dos cardeais abertos para suas novidades. Basta ler o livro “O Reno Deságua sobre o Tibre”, para ver como isso foi feito.

Sobre doutrina a palavra final sempre é do Papa, quando fala ex-cathedra, coisa que nenhum papa pós-conciliar quis fazer, em nenhum aspecto, sobre qualquer assunto. Isso também diz muito sobre o Concílio. Agora, o Papa Bento XVI, sucessor de Pedro, acena com a possibilidade de dar uma interpretação definitiva sobre as questões ambíguas do CVII. Admite até conversar com a FSSPX sobre isso. Anseio por esta interpretação de Bento XVI, tanto quanto você e todos os verdadeiros católicos. Espero que ele o faça ex-cathedra, rezo para que ele tenha força para fazê-lo.

Eu, ao contrário do que você diz, não combato uma possível definição ex-cathedra do Papa. Como poderia fazê-lo, e ainda pertencer ao Corpo Místico de Jesus Cristo? Mas neste assunto, caro Sérgio, o Papa não pode apenas dar uma opinião. Se ele vai falar a respeito, que seja para definir ex-cathedra!

Caro Sérgio, a FSSPX adota o nome de tradicionalista. Pois eu a admiro muitíssimo. Infelizmente, em nenhum outro lugar no mundo, você encontrará a verdadeira doutrina católica sendo vivida, festejada, ritualizada, amada e praticada como nesta Fraternidade. Eu não sou tradicionalista, pois não sou membro da FSSPX, nem de nenhum grupo que se autodenomina tradicionalista (aliás, não sou membro de nenhum grupo). Assim, eu sou apenas católico, sem outro qualificativo e sem nenhuma guinada, para lado nenhum.

Obrigado pelas palavras elogiosas a meu respeito.

Em JMJ.

Antonio Emilio Angueth de Araujo disse...
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Gederson disse...

Caro Sérgio Meneses,

para levar em consideração que o CVII necessite e possa ter uma interpretação ortodoxa, também é preciso levar em consideração que os 2.500 Bispos que participaram do Concílio, saíram de lá, sem saber o que efetivamente nele foi ensinado. O texto de um Concílio Ecumênico, não pode anular aquilo que os participantes do Concílio, viram e ouviram nas sessões conciliares. Não se pode reduzir a participação de 2.500 Bispos, a elaboração de textos, e foi isto que aconteceu, pois quando surgem controvérsias quanto a interpretações, nenhum Bispo vem ensinar aquilo que viu e ouviu nas sessões conciliares (reduz-se tudo aos textos). Isto não aconteceu em nenhum dos Concílios anteriores, mas aconteceu no CVII.

Apreciei muitos de seus textos publicados na ACM, como também admirava-o bastante. Mas agora com essa conversa de sectarismo tradicionalista, já não o admiro tanto. Porque você esta demonstrando ter caído no erro oposto ao que combatia. Se não fosse o "sectarismo tradicionalista", a Missa Tridentina, não seria mais celebrada. Graças a FSSPX, por exemplo, conseguiu-se o Motu Proprio Summorum Pontificum. Mas talvez você já deva estar assistindo a Missa Nova e não veja nela nenhum problema, quanto a sua ortodoxia, como fizeram os Padres de Campos e principalmente, Dom Rífan. Bom, pelo menos pela Missa Tridentina, peço-lhe mais respeito ao tradicionalismo católico.

Fique com Deus.

Gederson

Sérgio Meneses disse...

Caro Prof. Angueth,

Fiquei muito feliz pela sua resposta, pois ela demonstra a intenção de aceitar a autoridade do Magistério da Igreja. O critério próximo da nossa fé é o magistério eclesiástico, sem o qual ficaríamos perdidos sem saber em que ou em quem acreditar, como os protestantes.

Outrossim, o senhor se equivoca ao dizer que devemos submissão somente ao Magistério Extraordinário (ex cathedra). Isso não é verdade. Sugiro que o senhor leia, por exemplo, o livro do Padre Calderón, sobre a autoridade do Magistério. O Padre Calderón, como o senhor deve saber, é um padre da FSSPX, professor do seminário deles em La Reja. Essa confusão é muito comum, sobretudo entre os católicos tradicionais brasileiros, porque foi uma tese largamente difundida pelo falecido Orlando Fedeli. Eu trabalhei com Orlando Fedeli, como seu secretário e ajudante, quando ele desenvolveu parte dessa tese, e posso testemunha como ele não tinha método para o estudo da teologia, e como essa tese era uma colcha de retalhos, onde ele pescava citações desconexas de vários tratados de eclesiologia para justificar uma tese previamente concebida. Eu mesmo tive a oportunidade de alertar várias vezes que ele citava mal alguns autores, tentando justificar algo que não encontrava justificativa nos textos em questão. Toda aquela tese defendida sobretudo na polêmica com D. Estevão é absurda e não se sustenta.

Nós devemos adesão não só ao Magistério Extraordinário, mas também ao Magistério Ordinário. O Magistério Ordinário não pode ensinar heresia. Ele pode ser melhor explicitado por algum ato do Magistério posterior, mas nunca seu núcleo pode conter algo contra a fé. Isto posto, não poderíamos recusar adesão ao Concílio (ao texto do Concílio em si, não à intenção de quem o escreveu, e nem às interpretações que fazem em seu nome) em nome de um pretenso direito de não prestar obediência ao Magistério Ordinário.

Além do mais, caro Prof. Angueth, o Concílio parece fazer parte do Magistério Ordinário Universal, ao qual devemos professar fé católica e tem igual peso sobre nossas consciências que o Magistério Extraordinário, segundo o texto claríssimo da Pastor Aeternus.

Eu também concordo que o Concílio Vaticano II foi um concílio atípico, por vários motivos, mas sobretudo pelo abandono do tomismo como linguagem da Igreja e pela larga influências de peritos notoriamente não ortodoxos. Mas isso não justifica acusá-lo de herético, nem recusar-lhe submissão. Vamos rezar para que o Papa empreenda sabiamente a tão esperada hermenêutica da continuidade e que todas as dificuldades do Concílio sejam superadas.

Um abraço,

AMDG

Sérgio

Sérgio Meneses disse...

Prezado Gerderson,

Eu tenho muitos e bons amigos na FSSPX. Entendo a posição deles e procuro ponderar todos os aspectos psicológicos que levam uma pessoa a defender o tradicionalismo. Não acredito que todo tradicionalista seja sectário, mas existe muito sectarismo entre os tradicionalistas, como aliás há também muito sectarismo fora, como ficou claro agora no escândalo envolvendo os Legionários de Cristo.

Uma coisa é você defender uma posição, outra coisa é você excomungar todas as pessoas que defendem posições opostas. Esse era (e creio que ainda seja) o perfil da Montfort e dos seus membros e foi esse um dos motivos pelos quais eu me afastei de lá. Não acredito que a maioria das pessoas que defendam posições teológicos tão complexas de modo tão extremo reúnam as condições mínimas para ter tal segurança. Nem mesmo teólogos experientes e sábios enxergam claro as coisas no estado atual da questão. Como eu também vejo poucas coisas com clareza, preferi não me arriscar muito em posições ousadas (como a de afirmar que cinco papas legítimos defenderam um Concílio herético!) e fiz um ato de fé no Magistério da Igreja.

Agradeço a Deus se um dia o que eu escrevi lhe fez algum bem, mas sinceramente eu não mereço admiração de ninguém, aliás muito pelo contrário, motivo pelo qual você faz muito bem em não me admirar.

Abraço e Salve Maria,

Sérgio

Anônimo disse...

Professor,

Uma pergunta ao Sr. Sérgio Meneses:
Como podemos ser submissos a um Concílio que, nas palavras do Pe. Álvaro Calderón, substituiu a religião cristã por uma nova religião, a religião do homem?

Em comunhão de orações,

Carlos.

Antonio Emilio Angueth de Araujo disse...
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Antonio Emilio Angueth de Araujo disse...
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Antonio Emilio Angueth de Araujo disse...

Sérgio,

Sabendo, de sua própria lavra, quem você é, fico pasmo com os sofismas em seu comentário. Você foi secretário do prof. Orlando, respondeu cartas em nome da Montfort e esteve lá até 2008 (informação que colhi no blog do Legado), talvez tenha estudado no São Mauro, recebendo uma sólida formação em filosofia e religião. De você eu não esperava frases como esta: “Outrossim, o senhor se equivoca ao dizer que devemos submissão somente ao Magistério Extraordinário (ex cathedra).” Isto é sofisma e você sabe disto. Eu não disse nada disto. Disse apenas que num assunto tão complexo quanto a tal “interpretação” do CVII não há mais espaço para opiniões, mesmo que seja de um intelectual do porte de Bento XVI. Ele tem de se pronunciar ex-cathedra.

Agora, quanto à sua opinião sobre o Magistério Ordinário, ela está errada, é claro. A regra para o Magistério Ordinário é a de São Vicente de Lerins. Não foi o prof. Orlando que malvadamente influenciou os tradicionalistas brasileiros; foi São Vicente de Lerins: “Quod ubique, quod sempre, quod ab omnibus.” Se esta regra não se aplica a qualquer documento eclesial, este documento não faz parte do Magistério Ordinário.

Uma parte curiosa de seu comentário é sobre o Pe. Calderon, que no livro mencionado, em seu apêndice 3, aplica justamente esta regra, para mostrar quais os pontos da Fides et Ratio não estão de acordo com a regra de São Vicente de Lerins. Sua afirmação cautelosa de que “Além do mais, caro Prof. Angueth, o Concílio parece fazer parte do Magistério Ordinário Universal”, é refutada por Pe. Calderon no apêndice 4, onde o padre diz: “O Pe. Lucien defende que o CVII define infalivelmente algumas doutrinas não por magistério extraordinário, mas por magistério ordinário universal. Em nosso primeiro artigo, tínhamos incluído sua opinião como quinta objeção, e ao responder lhe fizemos duas críticas” e segue respondendo ao Pe. Lucien.

No livro há também afirmações contrárias frontalmente ao que parecem ser suas idéias. Página 271: “no CVII não se deu magistério infalível extraordinário”. Página 273: “as declarações conciliares não podem contribuir em nada para o modo ordinário do magistério, pois o vício que as afeta impede de vinculá-las às declarações do magistério autêntico anterior.”

Com tudo isso, fico me perguntando a razão de você ter citado o livro do Pe. Calderon. Ele prova a tese contrária à sua. E depois é o prof. Orlando que tece colchas de retalhos!

Para finalizar, foi leviano de sua parte referir-se ao prof. Orlando como você o fez, estando ele morto e não podendo se defender. Se você quer fazer uma crítica ao professor de modo responsável, faça uma análise de sua obra e mostre onde há falhas. Escreva um documento com substância, não venha aqui fazer fofocas. Vá fazê-las no blog do Marcelo Tas!
Em JMJ.

P.S. Aos leitores que queiram ler uma resposta do prof. Orlando a um leitor sobre o tema aqui tratado clique aqui .

Antonio Araujo disse...

Caro Angueth, perdoe-me por mudar um pouco o assunto aqui neste post. Ontem adquiri o "As grandes heresias" do Belloc. Obrigado por traduzir o livro. Estou lendo o capítulo sobre Islã. É muito bom mas falta algo, pelo menos para mim. Tenho lido a respeito do Islã e aceito a tese de que seria uma 'heresia'. E tenho a impressão de que havia uma tradição no Catolicismo de ver o Islã sob esta perspectiva, mas desconheço os autores que eu poderia ler para aprofundar este tema. O senhor teria alguma idéia a respeito? Fique com Deus e mais uma vez obrigado por traduzi-lo.

Augusto disse...

Prezado Antônio Araújo

Sim, houve uma série de católicos que entendeu o islamismo como uma heresia. Por outro lado, há hoje uma corrente que afirma ser essa religião um produto do judaísmo. Ela me parece mais correta do que a anterior. No Brasil, até onde sei, o único defensor dessa teoria é o professor Orlando Fedeli.
No livro do professor que será lançado no próximo mês o senhor encontrará algo sobre isso. Ele pode ser adquirido no site do Legado Montfort. É o meio mais acessível. Em todo caso há o que ele já publicou aqui
http://www.montfort.org.br/index.php?secao=cadernos&subsecao=apologetica&artigo=maome&lang=bra
Confira a bibliografia

Antonio Araujo disse...

Grato. Estou lendo o texto do professor Fedelli. Bom texto. Obrigado!

Gederson disse...

Caro Sérgio,

Em seu comentário anterior, você disse que as decisões em definitivo, sobre doutrina, compete ao magistério e ao Santo Padre. Não há como, não concordar com você, sem incorrer em heresia. Em contrapartida, em um de seus textos daquele debate com o Veritatis Splendor, pela primeira vez, muitas pessoas tiveram a oportunidade de ler na Notre Charge Apostolique de São Pio X, a seguinte menção feita ao tradicionalismo:

“Os verdadeiros amigos do povo não são revolucionários, nem os inovadores, mas os tradicionalistas”.

Agora você vem afirmar no blog do Prof. Angueth, que o tradicionalismo, é sectarista. Considerando-se isto, você também deve ponderar todos os aspectos psicológicos que levaram São Pio X, a defender o tradicionalismo, contra os revolucionários e inovadores. Acredito ainda que o juízo que você apresentou, deveria ter embasamento no magistério da Igreja para ser definitivo. Mas se há algo no magistério pós-conciliar, contra o tradicionalismo, também há algo, contra São Pio X. Como então defender uma "hermenêutica da continuidade", ou uma "hermenêutica da reforma" ?

Gederson disse...

O problema da Montfort ou de qualquer outro grupo tradicionalista (mesmo os sedevacantistas), é que o magistério não responde mais, as questões de fé. Recentemente Bento XVI, lançou a Carta Encíclica Caritas in veritate, um verdadeiro tratado sociológico, dirigido aos católicos e aos homens de boa vontade (maçons). Enquanto isto, não temos nenhum documento do mesmo porte, no pós-vaticano II, que análise os problemas surgidos do próprio Concílio. Na verdade, o máximo que temos, é o famoso discurso de Bento XVI, a cúria romana de dezembro de 2005. O qual Dom Tissier, demonstrou estar carregado de erros, na conferência; "atualidade da Pascendi: a hidra modernista, ainda vive".

Todos seriam católicos melhores, se o magistério se ocupasse das questões de fé, mas agora o magistério tem uma índole apenas pastoral. Depois do Concílio Vaticano II, nenhum dos 5 Papas, manifestou a vontade de impor e obrigar alguma coisa, em questões de fé. Mas curiosamente, o "sensus fidei" do povo de Deus, quis e quer, impor e obrigar sua vontade, a Fraternidade de Mons. Lefebvre, através dos mais altos dignatários eclesiásticos, para aceitar o CVII. Isto soa como se estes dignatários tivessem abandonado a representação papal, para representar o povo (o que é bem estranho). Bom, mas o simples fato dos 5 Papas conciliares não quererem impor e nem obrigar pela sua vontade, a nós católicos, demonstra uma ruptura em relação ao magistério precedente, que nunca deixou de manifestar a sua vontade de impor e de obrigar os fiéis (para negar esta ruptura, é necessário uma dose cavalar de liberalismo e modernismo).

Gederson disse...

Entre o magistério da Igreja e a fé católica, existe uma unidade indissolúvel. Desta unidade, é que nasce o direito do magistério de impor e obrigar os fiéis, a seguirem sua vontade para que se salvem, sob a pena de afastamento da comunhão com a Igreja. Mas depois do Concílio Vaticano II, as coisas já não são assim, o princípio mestre do "modus operandi" do magistério conciliar, não é a fé divina e católica (como antes), mas o religioso obséquio. Neste novo "modus operandi" a imposição e a obrigação, foram substituídas pela exortação e o aconselhamento. Então, como fazer profissão de fé, em um magistério que não impõe e obriga, mas apenas exorta e aconselha? O justo, não seria dar a ele, o que ele exige, ou seja, o religoso obséquio?

Não sabemos, o que é pastoral, mas o religioso obséquio, aparece intrisecamente ligado a ele. É interessante considerar a relação entre o dogma e a pastoral, onde o último aparece como um de seus elementos constitutivos. Negar que o dogma é pastoral, é negar que houve pastoral em toda Idade Patrística e Idade Média. Isto fazem os modernistas e os semi-modernistas. O dogma é aquela regra segundo a qual, conheceríamos a verdade e a verdade nos libertaria. Isto é verdadeiramente pastoral, mas apresentar a pastoral desvinculada do dogma, é substituir a regra cristã da liberdade, por uma outra coisa que sequer conseguimos definir.

Por fim, pastoral e religioso obséquio, se refletiram e refletem no exercício da autoridade, não como a primazia de jurisdição, mas como uma primazia de honra. Depois do Concílio Vaticano II, o relacionamento do Papa com os Bispos (principalmente com as conferências episcopais), dos Bispos com os Padres e dos Padres com os fiéis, é o de uma primazia de honra, não de uma primazia de jurisdição. Parecem ter notado algo semelhante, o Cardeal Heenan (falando do magistério dos Bispos) e Romano Amério (já considerando a afirmação de Heenan e falando do magistério do Papa), como, por exemplo, nesta pequena página datada de 2 de maio de 1995, citada no artigo de Sandro Magister, que apresenta a última obra, lançada por Romano Amério:

Gederson disse...

“A autodemolição da Igreja, deplorada por Paulo VI no famoso discurso pronunciado em 11 de setembro de 1974 no seminário Lombardo, torna-se cada dia mais evidente. Já no Concílio, o Cardeal Heenan (primaz da Inglaterra) lamentou que os bispos tenham deixado de exercer o ofício do Magistério, mas se consolava ao ver que tal ofício havia sido conservado integralmente no Pontificado Romano. A observação era e é falsa. Hoje, o Magistério Episcopal cessou e o Papal também. Hoje, o Magistério é exercido pelos teólogos que agora marcam a todas as opiniões do povo cristão e desqualificaram o dogma da fé. Tive uma demonstração impressionante disso ao escutar ontem o teólogo da Rádio Maria. Ele negou impávido e muito tranquilamente artigos de fé. Ensinou [...] Os defensores da tradição reinvidicam a Igreja Infalível - http://fratresinunum.com/2010/07/12/os-defensores-da-tradicao-reivindicam-a-igreja-infalivel/

Na verdade o magistério Papal e Episcopal, não cessaram. O que houve foi exatamente, a substituição da jurisdição, pela honra, como sempre quiseram os ortodoxos. Porém, Nosso Senhor, não exerce sobre a sua Igreja, uma primazia de honra, mas de jurisdição (existe qualquer relação disso, com o subisist in...). Agora para encerrar, pergunto a você, Sérgio Meneses:

O Concílio Vaticano II, conseguiu atigir sua finalidade, de dar UMA nova forma ao depósito da fé?

Fique com Deus e obrigado pela resposta.

Abraço

Gederson

André disse...

Somos atacados pelos adeptos da TL e da RCC, que nos chamam de reacionários, intolerantes, antiquados e fariseus; os neo-trads nos chamam de sedevacantistas e sectários; não importa o que façamos, os males do mundo sempre serão colocados na nossa conta.

Como interpretar o concílio "segundo a tradição", se o Papa e os bispos mesmo não fazem? Não vou sair falando mal da hierarquia por aí; mas não posso ser um idiota, que vê 2 e fala que viu 3.

Um dia, pela misericórdia divina, um Papa tradicional chegará à cátedra de Pedro; então, as pessoas que desejam que os tradicionalistas distorçam as palavras que estão escritas nos documentos do CVII para torná-lo confiável, acreditarão...

Enquanto isso não acontece, só podemos rezar pelos bispos, religiosos e fiéis e buscar a santidade; e, sinceramente, depois de muito rodar por aí, só encontrei essa possibilidade na FSSPX.

André

Felipe da costa disse...

Olha sou catolico e queria saber que aristoteles defendia e que um bom estado tem que se pequeno para dar certo enquanto que hoje existem paises intercontinetais