29/09/2019

Guerra espiritual, não cultural!


Quem ainda não entendeu que a guerra cultural é apenas a arma mais visível da guerra espiritual que se trava no mundo desde a Queda, não poderá entender o que acontece no mundo e, principalmente, quais os instrumentos (armas) de luta devemos usar para nos defender. Agarrar-se somente ao conceito de guerra cultural é perder a dimensão mais ampla do nosso inimigo. Ele não quer apenas a nossa rendição pessoal, não quer apenas a nossa submissão a uma ordem política e social deformada e crudelíssima; não quer usurpar nossas liberdades políticas e sociais; não quer nos matar de fome. Não, ele quer usurpar nossa alma, ele quer nos fazer adorar o demônio.

Ora, Satanás tem três formas, e apenas três formas, de tentação do homem. Ele demonstra claramente estas três formas, na tentação do Homem Deus: a tentação da pedra, a tentação do monte e a tentação do Templo. O controle mágico da natureza bruta; transformar pedra em pão. O controle mágico das outras pessoas; o domínio dos reinos do mundo. O controle mágico das leis naturais e da lei moral; o domínio do Templo de Deus. Quem se prostrar diante do demônio, terá o poder mágico sobre a natureza bruta, terá o poder político e social e poderá desafiar livremente as leis naturais e as leis morais. Estará acima de qualquer limitação temporal e espacial; será imortal e dominará o mundo.

Como o Homem Deus não caiu em nenhuma das três tentações, o demônio se retirou "até outra ocasião" (Lc. 4:13). Que outra ocasião? A outra ocasião começou exatamente depois da Paixão e Ressurreição, ou seja, depois da Redenção. O demônio tem tentado, desde então, nos convencer a abandonarmos a Redenção que Nosso Senhor nos oferece. Ele, Filho Primogênito de Deus, não caiu nas tentações. Nós, filhos adotivos, pela Graça Santificante, somos a "outra ocasião". Não podendo atingir o Filho de Deus, ele, o demônio, quer atingir os filhos adotivos de Deus. Esta é a guerra que restou a Satanás. Esta é a guerra única que existe. Quem não entende isto, já está vencido. Não aceitem transformar pedra em pão, em comandar os reinos do mundo, em desafiar as leis naturais e morais. Aceitem o mundo como ele é, como Deus o fez. Aceitem a Redenção. Não há outra forma de vencer essa guerra. A "outra ocasião" é agora. Que Deus tenha piedade de nós!

2 comentários:

Anônimo disse...

Sábias e inspiradas palavras professor.

Obrigado por retornar. Sentimos sua falta!

Carlos Soares disse...

Prezado Professor, Salve Maria! Lembrou-me aquele maravilhoso vídeo que o Sr. fez sobre a tentações nos tempos atuais, com as reflexões do Venerável Fulton Sheen. Somos sempre atraídos ao que passa, ao fugaz. abraço