06/10/2019

São João e Bolsonaro


Votei em Bolsonaro, sugeri voto em Bolsonaro e votaria de novo em Bolsonaro. Dito isto, passo a tecer algumas considerações sobre nosso presidente.

Em recente discurso na ONU, além de muitas coisas boas que ele disse, Bolsonaro lembrou, como desde a campanha, o versículo 32, do capítulo 8, do Evangelho de São João: "conhecereis a verdade e a verdade vos tornará livres". Isto dito na ONU, na ONU globalista, ateia, na ONU anti-pessoa, como diria Nelson Rodrigues, lava a nossa alma. Um católico que assiste à Missa de Sempre sabe a centralidade do Evangelho de São João, já que em toda Missa ele ouve o Evangelho final, que são os 14 primeiros versículos desse Evangelho. 

Alguns dias antes do discurso da ONU, Bolsonaro apareceu num templo protestante sendo abençoado por Edir Macedo. Alguns católicos se indignaram publicamente, em canais do YouTube. A meu ver, se indignaram por razões erradas. Indignaram-se por Macedo ter sido admirador da Dilma, que na mesma ONU propusera a estocagem de vento. Indignaram-se pelo aparente comunismo de Edir Macedo. Indignaram-se porque Bolsonaro se diz católico. 

Ora, há duas ordens de considerações a serem feitas em relação ao evento. Primeiramente, o ato de Bolsonaro está completamente de acordo com a prática do catolicismo modernista adotado pela Igreja pós-Concílio Vaticano II. Beijar o Corão, prestar homenagens a ídolos pagãos, instalar a estátua de Lutero no Vaticano, emitir selo comemorativo dos 500 anos da Reforma Protestante que mostra Lutero e Melachton ao pé da Cruz de Nosso Senhor nos lugares de São João (ele de novo) e Nossa Senhora, etc., são práticas comuns na Igreja atual. Não seria impensável um alto dignatário da Igreja receber a benção de Edir Macedo. Não crucifiquemos Bolsonaro por isto. Se ele for realmente católico como afirma, isso não está em desacordo com a Igreja de hoje, que Corção chamava de a Outra. 

Em segundo lugar, busquemos no próprio Evangelho de São João uma significativa passagem que pode nos orientar em toda essa discussão. Jesus diz: "Eu sou o pão da vida. Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram. Este é o pão que desceu do céu, para que aquele que dele comer não morra. Eu sou o pão vivo, que desceu do céu. Quem comer desse pão, viverá eternamente; e o pão que eu darei é a minha carne para a salvação do mundo" (Jo. 6:48-52). Mais adiante, Nosso Senhor continua: "Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós." (Jo. 6:54). Depois disso, o Evangelho nos informa que muitos discípulos que O estavam ouvido disseram que "dura é essa linguagem e quem a pode ouvir?". E estes, nos informa São João, "tornaram atrás e já não andavam com Ele." Nesta passagem há uma claríssima distinção entre o maná do deserto, que alimentou fisicamente o povo judeu e que era proveniente de Deus e o novo alimento anunciado por Nosso Senhor: Seu próprio Sangue e Sua própria Carne. Este alimento não era para o alimento físico, não era para a manutenção da vida biológica; era alimento espiritual, garantia de vida eterna. Isso horrorizou os discípulos e eles O abandonaram. Quem eram tais discípulos? Ora, eram os protestantes, eram os ancestrais de Lutero, Melachton e Calvino; eram, enfim, os agora homenageados pela Igreja com estátuas, selos e demais honrarias. Eram, em última análise, os ancestrais dessa repugnante figura chamada Edir Macedo. 

O escândalo do ato de Bolsonaro, um auto-proclamado católico, nada tem a ver com o suposto comunismo de Edir Macedo. Não. O escândalo tem a ver com Macedo se recusar a comer a carne do Filho do Homem e beber o Seu Sangue. Macedo é um daqueles que abandonaram Nosso Senhor que "tornou atrás e já não anda com Ele". 

Alguém tem de sugerir a Bolsonaro a leitura atenta de todo o Evangelho de São João e escolher de que lado ele vai ficar. Não para que ele faça um governo melhor ou pior, pois Deus tira sempre o bem de quaisquer males. Ele precisa disso para salvar sua alma. 

2 comentários:

Unknown disse...

Bolsonaro tenta agradar os Evangélicos pois eles ajudaram de forma significativa na sua eleição. pura estratégia política

Carlos Soares disse...

A distinção que o Sr. faz é perfeita e sempre a esquecemos e a razão é simples: o Reino de Jesus Cristo Nosso Senhor não é deste mundo.