12/04/2018

Gaudete et Exsultate: outro escândalo do Papa Francisco


Na mais recente Exortação Apostólica, o Papa Francisco afirma, entre outras coisas, o seguinte.

1. Ordens contemplativas afastadas do mundo são insalubres;

2. A Igreja nem sempre tem todas as resposta e não deve dizer às pessoas como viver suas vidas;

3. A doutrina católica está sujeita a diferentes interpretações dependendo das circunstâncias;

4. A doutrina católica não é monolítica, mas aberta a dúvidas;

5. Forte adesão à doutrina e à disciplia católica é pelagianismo, ou seja heresia;

6. Aqueles que resitem, i.e, àquilo que Francisco quer, sucumbiram às forças do mal;

7. Aqueles que dizem que tudo é possível com o auxílio da graça são realmente pelagianos;

8. Mesmo com o auxílio da graça é impossível "para o fraco" respeitar a lei moral dados seus limites "concretos"; somente um progresso gradual é possível. Isso, além de luteranismo claro, é também o pelagianismo que o Papa condena;

9. Adesão à doutrina e disciplina católica é aridez pelagiana que rejeita o "espírito";

10. Católicos tradicionais são crueis pelagianos curadores de um museu religioso que rejeita o "espírito";

11. Tentativas de limitar a imigração mulçulmana é equivalente ao aborto;

12. E mais.

Ferrara ainda cita dois autores: Roberto de Mattei e São Roberto Belarmino. De Mattei ela lembra o seguinte: "Precisamos ter coragem de dizer: Santo Padre, o senhor é o primeiro responsável pela confusão que existe hoje na Igreja. Santo Padre, o senhor é o primeiro responsável pelas heresias que circulam hoje na Igreja."

De São Roberto Belarmino ela cita o De Controversiis: sobre o Pontífice Romano. São Belarmino diz: "Portanto, tal como é legítimo resistir a um Pontífice que invade um corpo, é também legítimo resistir-lhe quando invande as almas ou perturba um estado, e ainda mais se ele tentar destruir a Igreja. Digo que é legítimo resistir-lhe, não fazendo o que ele ordena e impedindo-o para frustrar seu intento."

Paro por aqui, sugerindo a leitura do artigo do Ferrara.

7 comentários:

Español para niños disse...

Angueth,
li seu artigo e também li fray Gerundio de Tormes que não teve forças para ler todo o documento, em suas palavras disse que "Ahí está la clave de un documento que no hacía ninguna falta, porque a estas alturas no creo que la Iglesia necesite una reflexión sobre la santidad de este calado."

https://adelantelafe.com/magisterio-ordinario-santidad-vulgar

Anônimo disse...

Prof. Angueth,
Como positivo vi que o papa apresenta o demônio como ser pessoal e real, contrariando muitos teólogos que afirmam que apenas a personificação do mal. Também percebi que o Papa entende gnosticismo de forma diferente. Não é agnosticismo do século II. Para ele este seria apego ao conhecimento de doutrinas e achar-se superior aos outros porque tem um conhecimento mais do que os outros e que não admite mudanças. Velada referencia aos catolicismo conservador.
Francisco de Castro

Antônio Emílio Angueth de Araújo disse...

Caro Francisco,

Não sei se entendi o que você falou.

O papa recentemente disse não haver Inferno, agora ele diz acreditar no demônio como ser pessoal. Eu não acho isso positivo, mas uma confusão dos diabos!

Por outro lado, não existia agnosticismo no século II, mas gnose. E a gnose do século II é a mesma de hoje, é a mesma dos maniqueus, é a mesmo dos cátaros, é a mesma dos protestantes. Agnosticismo existe em Kant, este sim.

Acho que você tem razão sobre a origem da crítica do papa ao catolicismo conservador.

Obrigado pelo comentário. Um abraço.

Anônimo disse...

Professor foi erro de digitação que não percebi. É gnosticismo mesmo. Mas o papa não entende como o do seculo II. Ele ver o gnosticismo de outra forma como conhecimento doutrinal e imutável. Quanto a inexistência do inferno só sabemos por meio do dono do jornal a república. Aí não dar pra afirmar caloricamente que ele negou o inferno.
Francisco

Antônio Emílio Angueth de Araújo disse...

Pois é, Francisco, imaginei mesmo que fosse algum engano. Quanto ao entendimento do papa sobre gnosticismo, ele mostra simplesmente desconhecer o assunto ou, então, tentar reinterpretar, à maneira de Bergóglio, um assunto já tão bem estudado.

Seu argumento sobre não sabermos ao certo o que o papa falou ao jornal seria um argumento válido se fosse a primeira vez que um fato dessa natureza tivesse acontecido. Infelizmente, não é mais possível dar-lhe o benefício da dúvida. Principalmente, depois do desmentido oficial do Vaticano. Não, infelizmente, nós católicos não podemos acreditar que o La Republica tenha entendido mal o Papa Francisco.

Abraço e fique com Deus.
Angueth.

Isac disse...

Resolver a questão da existencia do inferno sob a ótica acima está evidente, por ex., dentre mais:
"Ninguém pode ser condenado para sempre, pois esta não é a lógica do Evangelho". A laetitia 296.
Quarta-feira, 11/10/17, na audiência geral da Praça de São Pedro, o papa Francisco disse que esse julgamento não deve ser temido, porque "no final da nossa história há o Jesus misericordioso" e, portanto, "tudo será salvo. Tudo.", assim facilitaria viver como no protestantismo "basta o crer(intelectual) e está salvo - haja que caia numa dessa cilada de Satã!
Existe quem atribua contatos com Scalfari, renomado material-ateísta, e o usaria para espalhar heresias sem se comprometer diretamente - levaria leito - será mesmo?

Anônimo disse...

Professor, não seria interessante a publicação ou tradução de algum texto a respeito de um papa "herético"? Creio que o opusculo do padre Ceriani "Contra paólatras y papoclastas" (link: https://drive.google.com/open?id=1vuUC8yG5yoRqWrX76t5RxABmDyTNZDYC).