14/06/2011

75 anos da morte de Chesterton

Hoje, há 75 anos, morria Chesterton. Maise Ward em seu Gilbert Keith Chesterton, conta-nos os últimos momentos. 

“Monsenhor Smith o ungiu (...) [Padre Vicente] foi levado ao quarto do doente e cantou sobre o moribundo a Salve Regina. Este hino a Nossa Senhora é cantado na Ordem Dominicana sobre todo frade moribundo e foi certamente apropriado ao biógrafo de Santo Tomás e um ardente devoto de Nossa Senhora: ‘Salve Regina, mater misericordiae, vita dulcedo e spes nostra salve (...) E Jesum bendictum fructum ventris tui nobis post hoc exsilium ostende (...)’ 

“A caneta de Gilbert jazia sobre a mesa ao lado de sua cama e padre Vicente a tomou e a beijou. 

“Era 14 de junho de 1936, o Domingo dentro da oitava de Corpus Christi, a Festa na qual ele fora recebido na Igreja, 14 anos antes.” 

O que se seguiu foi então uma manifestação mundial de pesar. Não só seus amigos íntimos, mas muitos desconhecidos se lamentaram nas ruas de Londres. Conta-se que um homem nos escritórios do Times teria exclamado, quando soube da morte de Chesterton: “Meu Deus! Mas este não é o nosso Chesterton, é?” Um policial, no seu funeral, teria confidenciado: “Todos nós teríamos vindo, se tivéssemos podido nos afastar de nossas obrigações. Ele era um grande homem.” 

Cardeal Pacelli (depois Pio XII) enviou telegrama ao Cardeal Hynsley, em nome de Pio XI: “Santo Padre profundamente contristado pela morte do Sr. Gilbert Keith Chesterton, devotado filho da Igreja, dotado defensor da Fé Católica. Sua Santidade oferece paternal simpatia ao povo da Inglaterra assegura orações para o querido falecido, concede Benção Apostólica.” 

Fiquemos aqui, para terminar esta singela homenagem que este blog presta ao grande escritor inglês, com o último parágrafo de sua Autobiografia, livro que ele terminou de escrever poucos meses antes de morrer. 

“Esta história, portanto, só pode terminar como qualquer história de detetive deve terminar, com suas questões particulares respondidas e com seu problema principal resolvido. Milhares de histórias totalmente diferentes, com problemas totalmente diferentes terminaram com seus problemas resolvidos. Mas para mim, meu fim é meu início, segundo citação de Mary Stuart feita por Maurice Baring, e esta irresistível convicção de que há uma chave que consegue abrir todas as portas me traz de volta à memória o primeiro vislumbre do glorioso dom dos sentidos; e a sensacional experiência da sensação. E levanta-se de súbito à minha frente, com a forma clara e definida de antigamente, a figura de um homem que atravessa uma ponte e leva uma chave; da mesma forma que o vi quando, pela primeira vez, olhei para o país das fadas através do visor do peep-show[1] de meu pai. Mas eu sei que aquele que é chamado Pontifex, o Construtor da Ponte, é também chamado Porteiro, o Portador da Chave; e que tais chaves lhe foram dadas para ligar e desligar quando ele era um pobre pescador de uma província distante, às margens de um mar quase secreto.”


[1] Caixinha cheia de figurinhas que são vistas através de um visor. (N. do T.)

3 comentários:

Captare disse...

Que o senhor Gilbert Keith Chesterton se digne a interceder a Deus por nós e por toda a Santa Igreja, especialmente pelo atual "Portador da Chave".

Amém!

Unknown disse...

Caro Antonio,

Numa palestra do Prof.Nougué que ouvi,de passagem ele,rapidamente,falando sobre Chesterton,disse que ele,no fim de sua vida,estava muito triste,desiludido,não me lembro exatamente a palavra que o Prof. usou,mas foi alguma palavra semelhante a essas,para designar como se encontrava Chesterton nos últimos momentos de sua vida.

Aquilo ficou na minha cabeça.Lendo esse tópico,aproveito para,se possivel,pedir que fale sobre esse estado interior de Chesterton que mencionou o Prof.Nougué.

SALVE MARIA!

Fiquem com Deus.

Flavio.

Antonio Emilio Angueth de Araujo disse...

Caro Flávio,

Chesterton estava muito preocupado com o desenrolar dos acontecimentos no mundo. Lembre-se que eram os anos pré-Segunda Guerra. Ele enfrentava problemas graves como seus colaboradores no GK's Weekly, o jornal que ele escrevia.

Segundo Maise Ward, sua biógrafa, foram meses muito difíceis, os seus últimos.

Um abraço.