04/05/2008

Lições das Missas dominicais pós-Vaticano II – Parte V

Omnes gentes, pláudite mánibus: jubiláte Deo in voce exsultatiónis.”

Nota inicial explicativa: Já vamos para o quinto comentário sobre as mensagens que a Missa nova nos traz, por meio do Semanário Litúrgico-Catequético O Domingo. Devo aos leitores uma explicação da razão porque estou fazendo esses comentários dominicais. Em primeiro lugar, para cumprir uma obrigação de católico: defender a Igreja de seus inimigos. Em segundo lugar, para manter minha – e, se possível, a dos leitores deste blog – sanidade mental frente a ataques constantes de uma turba enlouquecida de padres apóstatas e suas doutrinas heréticas.

Toda vez que sou obrigado a assistir a uma Missa nova – em Belo Horizonte temos a Missa Tridentina a cada quinze dias – me deparo com o tal semanário e não posso deixar de ler a parte supostamente catequética do folheto. A catequese não é católica, como todos esperariam, mas marxista, como tenho evidenciado em meus comentários. Eu não leio essa parte durante a Missa, pois, se o fizesse não conseguiria assistir a celebração com a atenção e respeito que N.S.J.C. merece. Leio-a depois, em casa. É o que recomendo a todos.

Com o tempo, veio a necessidade interior de me rebelar contra tamanhas mentiras, heresias e sandices escritas ao final do folheto. Esses comentários que faço são o resultado desse movimento interior de revolta.
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Comento abaixo dois textos de autoria de Pe. Benedito Ferraro, que aparecem no folheto de 27/04/2008 (Documento de Aparecida: Opção preferencial pelos pobres e excluídos) e no folheto de 04/05/2008 (Documento de Aparecida: As comunidades Eclesiais de Base [CEBs]).

Os dois documentos versam sobre o mesmo tema de forma que eu os comentarei juntos. Todos os negritos abaixo são meus.

A idéia central de Pe. Ferraro é que Deus tem uma preferência pelos pobres econômicos, não os “pobres de (em) espírito” do Evangelho. Assim, Jesus foi enviado por seu Pai para salvar os pobres econômicos, não os humildes, os simples. Quando a Igreja assumiu a missão de Cristo, ela, no entendimento (ou falta de) do Pe. Ferraro, assumiu então a tarefa de salvar os pobres. Bem, pensarão os leitores, a idéia é então salvar as almas dos pobres econômicos. Que se danem os ricos! Apesar de isso estar completamente errado, vá lá, ainda é muito melhor do que o verdadeiro pensamento de Pe. Ferraro e, conseqüentemente, da CNBB. A idéia desses heréticos é que a Igreja tem o papel de salvar, não as almas dos pobres, mas salvar os pobres da pobreza! Ou seja, de torná-los menos pobres, ou até ricos, de riqueza material, não espiritual.

Diz Pe. Ferraro que “A grande novidade da Igreja na América Latina e no Caribe é a entrada dos cristãos e cristãs na luta política de libertação dos pobres e excluídos.” Viram só? Mais adiante ele diz: “As CEBs fazem a ligação da fé com a vida, de tal modo que, com base nessa ligação, percebemos novo modo de viver a fé, assumindo todas as questões vindas do mundo econômico, da política e das culturas; novo modelo de transmitir a fé.”

Aí está! As CEBs são células revolucionárias de uma fé econômica e política. Mas Pe. Ferraro – meu estomago fica embrulhado toda vez que chamo esse sujeito de padre – resolve fundamentar essas idéias nas Sagradas Escrituras. Vamos às suas citações bíblicas. Vocês verão quão vagabundas são as credencias exegéticas de padre.

A primeira citação é de Mateus (Mt 11, 25-26). Esses versículos fazem parte de uma fala de Jesus extremamente importante. Nela Ele afirma sua condição de Filho de Deus e: “Ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelar.” Antes disso Ele afirmava: “Eu te louvo e agradeço, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e aos sagazes e as revelaste aos simples”. Sei bem que Pe. Ferraro quer fazer todo mundo entender “simples” por “pobres”. Mas é impossível tal entendimento. Primeiro porque Jesus contrapõe aos simples, os sábios e sagazes, não os ricos e poderosos. Depois porque a palavra que aparece na Vulgata é parvulus que significa pequenino, não importante, simples. A mensagem de Jesus é simples (desculpe o trocadilho): O Pai, através de seu Filho, se revela aos simples e humildes, não aos sábios, sagazes e arrogantes. Os simples e humildes podem ser ricos ou pobres, negros ou brancos, reis ou súditos, desde que sejam simples e humildes.

A segunda citação é também de Mateus (Mt 25, 31-46). Aqui Jesus fala da caridade que todos devemos aos sofredores deste mundo: famintos, sedentos, nus, peregrinos, encarcerados e doentes. Ele fala ainda mais: devemos a todos esses sofredores o mesmo amor que devemos ao próprio Cristo: “Em verdade vos digo que tudo o que fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes.” Aqui está a fundamentação da opção preferencial pelos pobres do mundo. Mas, vejam bem: Jesus não diz que devemos lutar contra a pobreza genérica, libertando os pobres da pobreza. Ele diz que devemos ajudar os pobres, dando-lhes comida, roupa, água, remédios, o que pudermos. Jesus não diz que devemos libertar os presos; diz que devemos visitá-los, confortá-los, rezar por eles. Jesus não diz que devemos derrubar o governante da região em que haja pobres, presos e doentes.

Aliás, é bom lembrar ao Pe. Ferraro que, se ele continuasse lendo o Evangelho de Mateus, logo à frente, ele encontraria a seguinte passagem (Mt 26, 6-11): “Estando Jesus em Betânia, em casa de Simão, o leproso, aproximou-se dele uma mulher com um frasco de alabastro cheio de ungüento perfumado e de grande preço e derramou-lho sobre a cabeça, quando ele estava à mesa. À vista disso, os discípulos indignaram-se e disseram: “Para que este desperdício? Podia-se vender aquilo a alto preço e dar-se aos pobres”. Mas Jesus percebeu e disse-lhes: Por que molestais esta mulher? Foi por certo uma boa obra que ela praticou comigo. Com efeito, pobres sempre os tereis convosco, a mim, porém, não me tereis para sempre.”

Veja que oportunidade perdeu Jesus, caso Ele tivesse vindo ao mundo para acabar com a pobreza. Ele poderia ter concordado com os discípulos (e, certamente, com Pe. Ferraro) e repreendido a mulher. Não só Ele repreendeu os discípulos como nos disse que “pobres sempre os terei convosco”. Esses pobres são realmente os econômicos, pois o dinheiro do ungüento serviria para ajudá-los. Assim, a mensagem de Jesus é a de que não há como acabar com a pobreza econômica, apesar de sermos obrigados, como seguidores Dele, a ajudar os pobres em seus sofrimentos.

A próxima citação é a dos Atos (At 2, 42-47). Aqui, São Lucas descreve a Igreja primitiva em sua vida de comunhão, partilha e oração. Os versículos 44 e 45 dizem: “E todos os cristãos viviam juntos e tinham tudo em comum; vendiam propriedades e bens e as distribuíam por todos, conforme cada um precisava.” Houve um tempo, antes do Concílio Vaticano II, quando os comentários exegéticos das Sagradas Escrituras, que acompanhavam suas sucessivas edições, eram feitos por padres de verdade. Assim, vou citar um tal comentário exegético, da edição do Novo Testamento das Paulinas, de 1969. Os exegetas são os padres Frederico Dattler, Daniel de Conchas, Léo Persch, Antônio Chabel e Joaquim Salvador. Essa edição foi traduzida, anotada e dirigida pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma. Vamos aos comentários da expressão “tinham tudo em comum” que aparece em negrito acima: “não, porém, em sentido absoluto e universal. Isso aparece claramente pelo que S. Lucas diz, mais adiante, a respeito de Barnabé e de Ananias (4,36;5,4). Era um heroísmo santo e voluntário dos ricos que ajudavam generosamente aos pobres; a esse heroísmo aderiam, com plena liberdade, os que quisessem, como hoje ainda sucede na disciplina da pobreza das ordens religiosas. O fato, contudo, não era tal que pudesse ir além do período heróico primitivo da Igreja, favorecido como era pela abundância transitória dos carismas. Aliás, fora de Jerusalém só foi imitado esporadicamente. Seria, sem dúvida, absurdo querer apelar para esse exemplo de heroísmo voluntário para justificar a bárbara loucura de um comunismo imposto a todos pela força, e que teria por conseqüência a destruição da liberdade humana, da unidade familiar e de todas as fontes do progresso da civilização, acabando no embrutecimento universal.”

Antigamente, a Igreja condenava o comunismo! Diante desse comentário exegético pré-CVII, eu não tenho nada mais a dizer. Note a observação, que deve fazer tremer de raiva Pe. Ferraro: “Era um heroísmo santo e voluntário dos ricos”. Dos ricos, Pe. Ferraro, não dos pobres.

Tudo o que Pe. Ferraro diz é lixo marxista travestido de evangelização. Vade retro, satanás!

Para terminar este comentário que já vai longo, convido os leitores a lerem Antídotos contra a Teologia da Libertação e Cardeal e Papa condenam a Teologia da Libertação.

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5 comentários:

Anônimo disse...

Caro Prof. Atônio Emílio,
Salve Maria!

Novamente parabenizo-o pela denuncia deste sacrilégio. Estes elementos, usam a tática de Joseph Goebbels, mentem, mentem e mentem, até que a mentira seja tida por verdade.

Houve uma enorme polêmica a época da redação do V CELAM. Onde "alguém", acrescentou textos sobre as Ceb's no documento final da Conferência. O texto foi retirado do documento, mas pela maneira como falam, parece que o texto continuou lá.

O fato do acréscimo destes textos e do recente DVD da CF, seriam fatos mais do que suficientes para a CNBB se afastar desta gente. Não se afasta porque eles são apenas testas de ferro desta entidade. É válido lembrar que o Papa não aprovou os textos do V CELAM, ele deu aos Bispos a liberdade de publicarem-no e mesmo assim a CNBB publicou. No fim das contas, ninguém sabe o que esta conferência ensinou.

Joseph de Maistre, é um filósfo bastante suspeito, mas tanto o Concílio quanto o V CELAM, provam que ele estava certo quando dizia:

“O homem pode modificar qualquer coisa dentro de sua esfera de ação,
Mas não cria nada: eis a lei tanto física quanto moral. Sem dúvida o homem
Pode cultivar pepinos, cuidar DA planta, aperfeiçoá-la por enxertia,
conformá-la de maneiras mil, mas nunca se imaginou tendo o poder de
fabricá-la. Como concebeu que tinha o de fazer uma constituição?... 1º
Nenhuma constituição resulta de deliberação; OS direitos dos povos nunca
são escritos ou, pelo menos, OS atos constitutivos ou leis fundamentais
Escritas são tão-somente títulos declaratórios de leis anteriores, de que nada
Podemos dizer senão que existem porque existem... 4º As concessões
[feitas pelo] soberano sempre se precederam de um estado de coisas que
Lhes exigia e que não dependia dele. 5º Mesmo que as leis escritas não
Sejam senão declarações de direitos anteriores, todavia falta muito para que
Tudo o que possa ser escrito seja escrito: sempre há, em cada constituição,
Algo que não pode ser escrito...

>>> 6º Quanto mais se escreve, mais fraca a
instituição, é óbvio. As leis são apenas declarações de direitos e só se
Declaram direitos atacados; de sorte que a multiplicidade de leis
Constitucionais escritas prova apenas a multiplicidade dos conflitos e o
Perigo de destruição”.<<<

É interessante destacar especificamente, este trecho:

"As leis são apenas declarações de direitos e só se
Declaram direitos atacados"

A maneira como a Igreja declarou os direitos humanos através do Concílio, deixa transparecer que considerou-se que ela mesma os atacava...

A atividade Missionária da Igreja, consiste em convencer o homem do pecado, da justiça e do juízo.Como São Paulo e Apolo, ela planta e rega, o Espírito dá o crescimento. Pregando-se a doutrina da experiência modernista, é impossível convencer o homem do pecado, da justiça e do juízo. Porque a verdade evoluí e evoluindo ela simplesmente não existe. O que sobra é a pregação da dignidade humana. Que vai totalmente na contra-mão da Missão da Igreja. Chegando a ser um ateísmo prático, porque trata-se de uma pregação totalmente oposta a sua missão. Logo, também é uma rejeição do Espírito Santo.

Se a dignidade da pessoa humana nasce com o homem, Cristo morreu em vão. Pois sacrifício de Nosso Senhor visa a salvação de nossas almas. Assim, também pode se dizer que ele visava a restauração da dignidade da pessoa humana. Repare o Sr. que nos textos oficiais do Magistério e nas Igrejas, não se fala mais em alma ou quando se fala é muito pouco.

O documento de Aparecida apenas armou ainda mais os teologos da libertação. E só enfraqueceram ainda mais a Igreja no Brasil. Lamentável que nenhum Bispo se levantou e se levante contra estas coisas. Fique com DEUS.

Gederson

Maria Luiza disse...

Conheço o Padre Benedito Ferraro há mais de 30 anos, e não posso aceitar tais comentários sobre seus escritos ou sua pessoa. Só alguem que não o conhece pessoalmente, não sabe o quanto ele ama e defende a Igreja e sobretudo o povo de deus poderia fazer considerações...
Lamento profundamente tal leviandade!
Maria Luiza Lazarin - Catequista e professora de História- acima de tudo católica e seguidora do Reino de Deus.

Maria Luiza disse...

Estranho o fato do meu comentário não ser aceito... Isso mostra bem a identidade de quem domina esta página!

Antonio Emilio Angueth de Araujo disse...

Dona Maria Luiza,

Os comentários não são automaticamente aceitos e devem passar por minha moderação. A senhora vê que os seus foram por mim aceitos e estão já publicados. Mas quero deixar claro uma coisinha para a senhora: eu não tenho nenhum compromisso de aceitar comentários. Este blog é meu e aqui faço o que quiser.

Bem, quanto às suas observações sobre o Pe. Ferraro, eu não tenho nada a declarar. Eu não ataquei pessoalmente o Pe. Ferraro em nenhum momento. Respeito a pessoa do padre e acima de tudo, respeito o Sacramento que ele recebeu que o faz agir, em algumas ocasiões, In Persona Christi!

Ataco sim, suas idéias expostas no semanário, que não são nada católicas. São comunistas, são heréticas, são contrárias à Tradição da Igreja. E enquanto ele defender essas idéias numa publicação católica, eu, como católico, vou mostrar o quão anti-católicas elas são.

Aliás, a senhora, como catequista, deveria saber que as idéias expostas por Pe. Ferraro são contra o catecismo da Igreja. Comunismo é condenado pela Igreja. Se a senhora desejar, posso enumerar os itens do Catecismo que condenam as idéias comunistas.

Como a senhora vê, não cometi nenhuma leviandade, apenas mostrei o quanto as ideias do Pe. Ferraro destoam da Tradição da Igreja.

Antônio Emílio Angueth de Araújo

Sergio Costa disse...

Olá Irmão em Cristo Jesus
Nem sei como vim parar no seu Blog. Coisas da Internet. Tento te explicar. Estava e ainda estou tentando obter informações sobre o padre Frederico Dattler, e nessa infrutífera pesquisa, nada encontrei a seu respeito, vim dar aqui, e me agradaram sobremaneira suas colocações. Só voltando um pouco ao tema da minha procura: o Padre Frederico Dattler, tem ou melhor, teve algum tipo de ligação, envolvimento, com a famigerada Teologia da Libertação?
Para não me alongar e ser objetivo, onde posso obter os textos que mencionastes acima sobre: "Antídotos Contra a Teologia da Libertação" e "Cardeal e Papa condenam a Teologia da Libertação".
Para finalizar, meus parabéns, e toque em frente sempre defendendo nossa Igreja dos que "pensam" que são Católicos, mas não o são.
Meu Email para contato:
spcostaster@gmail.com
Moro no Rio de Janeiro, e sou frequentador da Capela Santo Antonio na Paróquia de Nossa Senhora de Loreto.
Abraços
Sergio