15/12/2007

Os baby boomers devem uma desculpa aos nossos jovens

Dennis Prager


Vivemos em um tempo em que grupos pedem desculpas a outros grupos. Gostaria de adicionar mais um caso desses. A geração baby boomer[1] precisa pedir desculpas, especialmente aos jovens, pelos seus muitos pecados. Aqui vai uma lista parcial:

Primeiramente, e talvez principalmente, pedimos desculpa por termos roubado de vocês a infância.

Nós, baby boomers, tivemos provavelmente a mais inocente das infâncias que a história conheceu. Crescemos sem necessidades materiais, em um dos mais decentes lugares no mundo, com uma mídia que preservava nossa inocência sexual e outras inocências, em escolas que geralmente nos ensinavam bem, e brincávamos da forma mais inocente, menino com menina e menino com menino. Nossa geração impediu vocês de tudo isso. E mesmo conscientes da ameaça de uma guerra nuclear contra a União Soviética, poucos de nós estávamos temerosos por nossas vidas como hoje estão vocês com os perigos, de que convencemos vocês, sobre ser fumantes passivos, sobre o aquecimento global e sobre a AIDS entre os heterossexuais, só para mencionar uns poucos temores mortais exagerados que infligimos em vocês.

Nossa geração criou dois slogans verdadeiramente idiotas que terminaram roubando suas infâncias.

Um deles dizia, “Não acredite em ninguém acima dos 30 anos”. Nossa atitude infantil em relação à autoridade fez um grande mal a vocês. Por causa disso, muitos baby boomers decidiram não se tornar adultos, e isso teve conseqüências desastrosas em suas vidas. Isso retirou de vocês uma das maiores necessidades de suas vidas – os adultos. Isso, por sua vez, retirou de vocês algo tão importante quanto o amor – a autoridade de seus pais e de outros adultos. Com pequena autoridade dos pais, você foi deixado com sua insegurança pessoal, com poucas proteções e com um senso de ordem diminuído em suas vidas. E transferimos essa negação da autoridade para virtualmente todas as autoridades, de professores à polícia.

O outro slogan cujas horríveis conseqüências nós, baby boomers, deixamos de herança para vocês foi, “Faça amor, não faça guerra”. Nossos pais libertaram o mundo de um dos mais perigosos e imensamente cruéis regimes assassinos instalados na Alemanha e Japão – somente graças à guerra. Mas ao invés de concluirmos que a guerra fez um grande bem moral, nós cantávamos idiotamente letras insanas como “Dê uma chance à paz”, como se isso pudesse enfrentar um dos mais monstruosos males do mundo. Assim, ensinamos a vocês a fazer amor e não a guerra. E logramos êxito.

Fizemos de vocês indivíduos anti-guerra e quase completamente sexualizados em suas vidas. Dissemos a vocês que fazer sexo era muito bom, até mesmo na adolescência, e que as únicas coisas com que se preocupar eram as doenças sexualmente transmissíveis e a gravidez. E se vocês se engravidassem, nós nos asseguramos que vocês pudessem extinguir a vida que carregavam na barriga tão facilmente e sem culpa quanto possível.

Começamos por ensinar a vocês sobre sexualidade e homossexualidade no primário e ensinamos como usar caminhas em bananas. É verdade que não crescemos aprendendo essas coisas – certamente nossas escolas nunca nos ensinaram tais coisas – mas isso por causa, tal o considerávamos, daqueles ridículos, senão conservadores, anos 1950 e 1960. Desprezávamos nossos pais por acreditarem que “Father Knows Best”, “Leave It to Beaver” e “Superman” – com o slogan “verdade, justiça e american way” – eram coisas boas para os jovens assistirem. Então substituímos isso tudo pelos entorpecentes shows da MTV de três segundos de imagens saturadas de sexo. Desculpem-nos.

Também fizemos vocês mais fracos. Fizemos o possível para assegurar que vocês não sentissem nada doloroso. Algumas vezes mudamos resultados de jogos se um time estava ganhando de um placar muito grande; abolimos o dodgeball para que ninguém sofresse se fosse eliminado muito cedo do jogo; dávamos troféus a todos vocês que tivessem jogado basebol, não importando que você e seu time tivesse jogado mal, para que vocês não sofressem vendo somente o outro time ganhar o prêmio. Muito disso foi graças ao movimento auto-estima-sem-fazer-por-onde, que em nossa quase infinita falta de sabedoria nós infligimos em vocês. Desculpem-nos por isso também.

Também nos desculpamos por quase arruinarmos tantas escolas e universidades. Apesar de somas de dinheiro sem precedentes que os EUA gastavam em educação, a maioria de vocês tiveram uma educação muito inferior àquela que tivemos, com apenas uma fração do custo. Mas considerávamos nossos professores uns idiotas (eles tinham, afinal, mais de 30 anos) que se concentravam na leitura, na arte de escrever e na aritmética (e história, música e arte). Tínhamos a certeza que tínhamos razão e portanto nos concentramos em questões sexuais, e ensinamos a vocês sobre a paz, o aquecimento global e os horrores do fumo. O fato de que poucos secundaristas graduados conseguem identificar Mozart, muito menos foram expostos à sua música, é muito menos significante para muitos baby boomers do que nosso conhecimento dos alegados perigos enfrentados pelos fumantes passivos. Muitos de vocês não conseguem identificar também Stalin, e nos desculpamos por isso, também. Mas, olhe, nós nos asseguramos de que vocês assistiram o filme do Al Gore.

E uma real desculpa àqueles de vocês se viciaram em drogas. Apesar da escolha em usar drogas é sua responsabilidade, foi nossa geração que as romantizou e as fez uma coisa “legal”. “Expansão da mente” era a nossa expressão. Mas elas não expandiram as mentes, elas as destruíram. Desculpem.

E jovens mulheres, nós pedimos desculpas especialmente a vocês. Muitos de nós, baby boomers, compramos a idéia feminista de que casar e formar família com um homem era muito menos satisfatório que o sucesso na carreira e que o próprio casamento é “sexista” e “patriarcal”. Então, àquelas de vocês mulheres que têm uma carreira de sucesso e não se casaram, nós sinceramente pedimos desculpas. É que muitas carreiras terminaram não sendo tão satisfatórias quanto prometemos.

Assim, nós realmente arrasamos, e, o que é ainda mais extraordinário, poucos de nós mudamos de idéia. Muitos ficam mais sábios com a idade. Mas não aqueles de nós baby boomers que ainda acreditamos nessas coisas. Claro, muitos de nós nunca compramos essas horríveis idéias que tanto feriram vocês e nosso país, e alguns de nós crescemos. Mas muitos de nós ainda falamos, pensamos, nos vestimos e amaldiçoamos da mesma forma que fazíamos nos anos 1960 e 1970. E estamos ainda lutando contra o que consideramos o Eixo do Mal: o racismo americano, o sexismo e o imperialismo.

Mas, para aqueles de nós que conhecemos o estrago que os baby boomers, como um todo, fizeram a vocês, nossas mais sinceras desculpas.



[1] Geração que nasceu no pós-guerra até meados da década de 1960. (N. do T.)


Publicado por Townhall.com

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