23/06/2024

Semana do Vaticano

Semana movimentada no Vaticano. 1. Papa recebe comediantes e diz que podemos rir de Deus. 2. Papa faz publicar um documento em que afirma que no Novo Testamento não há nenhum registro da liderança de Pedro na Igreja. 3. Liturgista Andrea Grillo afirma que fidelidade à tradição significa a mudança do que foi previamente aceito.

A demolição da Igreja continua, de forma acelerada. Parece que antes de se encontrar diante de Nosso Senhor no juízo particular, o Papa Francisco não quer deixar pedra sobre pedra.

Leia o ótimo artigo abaixo. 

https://remnantnewspaper.com/web/index.php/articles/item/7240-satan-and-francis-continue-to-have-laughs-at-the-expense-of-god-and-traditional-catholics

2 comentários:

Gederson Falcometa disse...

Caro Prof. Angueth,

O ponto número 2 me lembrou o livro de Mons. Francesco Spadafora "O triunfo do modernismo na exegese católica". No livro ele relata uma polêmica envolvendo de um lado P. Alonso Schökel, S.J., P. Stanislas Lyonnet, S.J., P. Maximilien Zerwick, S.J., Cardeal Bea e a Universidade Gregoriana e de outro Mons. Antonino Romeo, Mons. Francesco Spadafora, Cardeal Parente e a Universidade lateranense. Resumidamente, o P. Schökel, fez uma interpretação modernista da Divino Afflante Spiritu, P. Lyonnet (Professor e orientador da tese de mestrado do Cardeal Carlo Maria Martini), uma falsa exegese de Romanos 5, 12 e por fim o P. Zerwick que defendia uma falsa exgese de Mateus 16, 13-19. Foram refutados por Mons. Antonino Romeo e Mons. Spadafora, o Santo Ofício impôs silêncio às partes, publicou um Monitum contra as ideias dos inovadores do Pontifício Instituto Bíblico, e destituiu Lyonnet e Zerwick de suas cátedras de ensino no instituo. Mas assim que assume Paulo VI, ele retira as condenações sem nenhum pedido de retratação dos réus, e depois em 66, ele reforma o Santo Ofício e o transforma em Congregação para a Doutrina da Fé.

A defesa do P. Zerwick, sobre Mateus 16, 13-19, foi assim contata por Mons. Spafora:

"As novidades do jesuíta Zerwick
E sempre pela Revista Bíblica (1960), aprendemos as «novidades» vulgarizadas pelo padre Maximilien Zerwick, S.J. do Instituto Bíblico Pontifício, no Congresso inter-regional dos
Professores de Sagrada Escritura, organizado pela Associação Bíblica Italiana (A.B.I.) em
Pádua, de 15 a 17 de setembro de 1959.

«Nas duas conferências que reproduzimos - está escrito no breve preâmbulo - o orador procurou no texto sagrado a resposta à questão: até onde a tradição viva da Igreja apostólica e o trabalho pessoal dos hagiógrafos inspirados pode, ao narrar as palavras e os atos de Jesus, se afastar da realidade histórica. Esta investigação pede um trabalho paciente, de prudência e de modéstia: nesses resultados ela ultrapassará muito raramente uma verdadeira probabilidade ... ». Então não saberemos ainda, e pelo que diz este preâmbulo, nunca saberemos com certeza o que Jesus diz e faz! E o que nos diz o próprio Zerwick quando fala da promessa do primado de Pedro (Mt. 16, 13-19): «Nosso objetivo é procurar, a partir do próprio texto sagrado, até onde vai a liberdade que a tradição e os Evangelhos tomam com a realidade histórica dos atos e das palavras de Jesus».

Depois disso, não obstante a «prudência» e a «modéstia» anunciadas no preâmbulo, não obstante o reconhecimento de que os resultados de investigações parecidas excedem muito
raramente a probabilidade, Zerwick dá como única, provada e insubstituível a tese, ou melhor, a hipótese arbitrária de Vögtle que opõe o texto paralelo de São Marcos (8, 27-33) ao de São Mateus e parcialmente também ao de São Lucas, para concluir que os famosos versículos Mt. 16, 18-19 (isto é, a promessa do primado) não pertencem ao contexto atual e que o versículo 17 (« bem-aventurado és... ») é uma invenção de Mateus! (A. Vögtle Messiasbekenntnis und Petrusverheissung Zeitschrift [1957] 252-272; 2 [1958] 85-102). Seus argumentos? As versões de Marcos e de Mateus - nos diz Zerwick - «são duas versões do que, historicamente, é uma única e mesma confissão de Pedro. Inútil negar que são profundamente diferentes e historicamente incompatíveis. Apesar das tentativas, sempre repetidas, de fundi-las numa só.
E porque não podemos nos conciliar, com um pouco de boa vontade e certa dose de gentil
violência, especialmente quando se acredita que a concordância é necessária e mesmo vital?»

Eis, em duas frases, toda a exegese católica jogada tora com uma oração fúnebre na qual se
lhe concede «boa vontade e gentil violência»!

Gederson Falcometa disse...

E a novela da «nova» exegese, que se pretende «científica», continua: em Marcos, Pedro
somente responde «Vós sois o Cristo»; entretanto, segundo Zerwick, ele queria dizer «Vós sois o Messias nacionalista etc ... esperado pelos Judeus». Jesus, que não podia aprovar uma tal confissão, a corrige predizendo seus sofrimentos. Uma confissão diferente da parte de Pedro - afirma Zerwick - é impossível antes da glorificação de Cristo.
Ora, São Mateus, mesmo tendo Marcos como fonte - ainda segundo Zerwick - introduziria aqui
uma confissão de Pedro totalmente diferente, à qual se segue a aprovação total de Jesus:
«Bem-aventurado és tu, Simão ... ». Para o jesuíta, Jesus nunca pronunciou estas palavras
(vers. 17 de Mateus); São Mateus as inventou para justificar de algum modo e tomar plausível esta total confissão de Pedro. E tudo isso porque Mateus quer introduzir aqui (na Cesaréia) a promessa do primado, expressão, (ou criação) da fé da comunidade cristã primitiva; São Mateus, voluntariamente. teria mudado o sentido da cena contada por Marcos, ele teria criado um versículo inteiro (versículo 17), apresentando-o como palavras autênticas de Jesus, enfim, ele teria tomado da comunidade os outros dois versículos (18 e 19), com a famosa promessa do primado, atribuindo-as igualmente a Jesus no episódio de Cesaréia de Filipe, contrariamente à realidade histórica. Mas Jesus nunca teria pronunciado, mesmo em outras circunstâncias, uma tal promessa? «Nada se opõe a que o tenha feito», eis a resposta' (Para a exegese de Mt. 16, 13-17 e as passagens paralelas, ver F. Spadafora, Fuori della Chiezza non c'è salvezza, ed. Krinon, Caltanisetta, págs. 55-90; no texto e nas notas se acham a refutação das hipóteses absolutamente sem fundamento de Vögtle, hipóteses que Zerwick fez suas)".

O que o documento defende de diferente do que o P. Zerwick, S.J., defendia na década de 60?

Mesmo a exegese de Rm V, 12 do P. Lyonnet, S.J. esta presente neste pontificado, como pode se ler no mesmo livro:

"...monsenhor Spadafora refutou ponto por ponto os argumentos do jesuíta Lyonnet, para sustentar que Rm. V, 12: «A morte passou para todos os homens, porque todos pecaram», não deve ser entendido como uma sustentação do pecado original, mas que «todos pecaram» imitando o «pecado de Adão»; trata-se portanto de pecados pessoais, ai onde o contexto (V,12-20) atesta claramente: «pelo erro de somente um ... todos foram feitos pecadores»..."

E mais uma informação que me foi passada por um italiano:

“De acordo com Lyonnet S.J. (De "iustitia Dei" in epistula ad Romanos, Roma 1947) o termo "justiça" não designa o atributo com o qual Deus pune o pecado (justiça vingativa), ou exige reparação pelo pecado (justiça exitiva), ou odeia o pecado (santidade) , mas sim aquela pela qual Deus permanece fiel às promessas de salvação e as cumpre (fidelidade)”.

O livro de Mons. Spadafora continua bastante atual (ainda mais com um jesuíta no Papado).

Paz e bem,

Gederson