O leitor Pedro de Lima deixa um comentário ao post Dependência de Maria com o teor seguinte. Respondo a
seguir.
Me parece que o padre Faber, assim como São Luís de
Montfort, não foram lá muito perfeitos em retratar o papel de Maria, a retórica
deles foi bastante inadequada, sob certos aspectos. Me parece que quem soube,
do meu conhecimento, elaborar uma linguagem adequada ao assunto, embora não
tenha o abordado muito diretamente, foi o Sr. Chesterton, em especial no livro
Hereges, meu favorito dele. Ali está a chave para elaborar uma apologética
decente em torno da questão. Certos sedevacantistas que eu leio procuram citar
textos bíblicos, o que supõe uma descompactação que eles não sabem fazer;
outros citam milagres, o que não funciona quase nada para quem não os
presenciou, apenas irrita. São Luís Montfort declarou que escrevia o Tratado
para camponeses pobres que não necessitavam fé, e nesse sentido ele usou uma
bela retórica, mas como ele não ignorava que o livro receberia ampla divulgação
tempos depois, o seu esforço precisa de alguma ajuda nos tempos atuais.
Permita-me dizer-lhe que você está equivocado em quase tudo o
que diz. Falo assim, tão francamente, porque percebo em você a inexperiência da
juventude.
Chesterton pouco fala de Maria em sua monumental obra. É
verdade que ele fez alguns belos poemas para a Virgem Santíssima e é verdade
que ela teve uma grande influência em sua conversão. Já escrevi sobre isso
no blog.
Mas São Luiz de Montfort, juntamente com Santo Afonso Maria
de Ligório, é o grande apóstolo mariano dos últimos três séculos. Seu tratado é
uma obra-prima devocional que deve estar na cabeceira de todo católico. Ele diz
no livro: “Falo, porém, aos pobres e aos simples que, por serem de boa vontade
e terem mais fé que a maior parte dos sábios, creem com mais simplicidade e
mérito, e, portanto, contento-me de lhes dizer simplesmente a verdade, sem me
preocupar em citar todos os textos latinos, embora mencione alguns, mas sem os
rebuscar muito.” Vê que você se equivoca acerca do que São Luiz fala. O Tratado
de São Luiz publicado pela Editora Vozes já deve ter mais de 40 edições, o que
prova que ele é bem atual e não precisa de nenhuma ajuda para atingir os homens
deste nosso tempo.
Quanto ao Pe. Faber, temo que você não conheça a obra desse extraordinário
servo de Maria. Antes de ler Foot of the
Cross, não diga nada sobre ele. A obra dele é imensa e de uma fundamentação
teológica e doutrinária irrepreensível. Aliás, Pe. Faber era muito estimado por
ninguém menos que Chesterton! Ele também traduziu o Tratado de São Luiz para o
inglês e é sua a Introdução da edição da Vozes que tenho.
Duas coisas são graves em seu comentário. Primeiro sobre os
sedevacantista, que você não devia estar lendo, não saberem citar textos
bíblicos em favor de Maria. Ora, quem sabe fazer isso são exatamente São Luiz e
Pe. Faber (e claro, Santo Afonso, São Bernado, Santo Agostinho, São Bernardino
de Sena, etc.). A segunda coisa é: que história é essa de que milagres não
funcionam para quem não os presenciou? Se você é católico, esta frase não pode
estar em sua boca! Você não acredita nos milagres de Nosso Senhor? Você não
acredita nos milagres dos apóstolos?
Minha sugestão a você, Pedro: leia mais Pe. Faber, leia mais
São Luiz de Montfort (leia, por exemplo, o Segredo do Rosário, ou Carta
Circular aos Amigos da Cruz), leia mais Chesterton e pare de ler os
sedevacantistas.