15/02/2013

O concílio da mídia

O Papa Bento XVI, em discurso para o clero de Roma, faz afirmações, digamos, curiosas. Afirma que existiram dois concílios na década de 1960: o dos padres e o da mídia. O vencedor foi o da mídia que: “criou muitas calamidades, muitíssimos problemas, tanta miséria, na realidade: seminários fecharam, conventos fecharam, a liturgia foi banalizada… e o verdadeiro Concílio batalhou para se materializar, para ser realizado: o Concílio virtual foi mais forte que o Concílio real.” Os padres do concílio “se realizava dentro da fé”, enquanto a “a mídia via o Concílio como uma batalha política, uma batalha pelo poder entre diferentes correntes dentro da Igreja. Era óbvio que a mídia ficaria do lado de qualquer facção que mais se adequasse ao seu mundo. Havia aqueles que buscavam uma descentralização da Igreja, poder para os bispos e então, pela expressão “Povo de Deus”, o poder ao povo, ao leigo. Havia esta tripla questão: o poder do Papa, então transferido ao poder dos bispos e, então, ao poder de todos… soberania popular. Naturalmente, eles viam isso como a parte a ser aprovada, promulgada, favorecida.”
 
O momento é por demais grave para ficarmos nos demorando sobre esta questões, mas é preciso dizer que já não é mais possível concordar com o Papa Bento, depois de tantos estudos históricos sobre o Concílio. Não é possível acreditar que o Concílio que não deu certo foi o concílio que a mídia criou, pois a mídia não celebra Missa, não faz homilias, não promulgou uma Missa protestantizante, não tirou a batina dos padres, não tirou os santos, o Crucifixo e o confessionário das Igrejas, não promulgou os documentos do Concílio, não fez os discursos lamentáveis nas aulas conciliares, não deu o golpe nos esquemas originais, não perseguiu todos os que tentaram se ater à Igreja de Sempre.
 
Não, Santo Padre! Isso não pode ser dito sobre a mídia. Isso precisa ser dito sobre os Padres Conciliares, sobre as Conferencias Episcopais, que passaram a afirmar e fazer coisas cada vez mais estranhas à Tradição de Sempre. A Conferência Francesa, por exemplo, decretou, em 1978, a inexistência do Inferno, só para dar um exemplo.
 
Não, Santo Padre! Foram os bispos e os padres que, dando prosseguimento a um tal “espírito do Concílio”, causaram a gravíssima situação em que estamos afundados. Situação inclusive que é, quase certamente, a causa de vossa renúncia!
 
Não, Santo Padre! com todo o respeito, não foi isso que aconteceu.

3 comentários:

Ana Maria Nunes disse...

Então quer dizer que o CVII que eu li no site do Vaticano é da mídia?
O papa está parecendo algumas pessoas que ouvem o Olavo de Carvalho e só sabem falar da culpa da mídia, a culpa é da mídia, tudo culpa da mídia. Os rccistas têm outra desculpa, tb ‘tudo culpa do encardido’, cara faz horrores e coloca a culpa somente no encardido deles.

Dizem por aí que a culpa é nossa da renúnica, aaah vá!!! Nasci em 1974 com o rito do batismo mudado pelo cardeal ratzinger e seus amigos kungs C&A, que culpa eu tenho da renúncia?

Há indícios fortes mesmo que essa renúnica n passa de uma grande armação para desestabilizar o papado, pq até então era somente no governo do Igreja que a *.* se é que me entendem, n tinham tocado. Já tem gente boa aí dizendo que é certo mesmo que os papas de mais idades renunciem.

Nunca imaginei que Bento XVI fosse me fazer admirar JPII n tê-lo escutado e n renunciar!

Anônimo disse...

Caro professor, o senhor toda a razão em seus comentários! Esse tipo de declaração só mostra como o Ratzinger era e continua amarrado ao modernismo e a anti-religião do CVII.

- Jorge

Luiz Fernando disse...

Caro Angueth,

Salve Maria!

De fato, e com todo o respeito, não é possível concordar com essa análise do Santo Padre Bento XVI.

Muito boa e oportuna a sua colocação.

Luiz Fernando de Andrada Pacheco