Pe. Frederick William Faber
Nota: Pe. Faber deixou, com sua morte, uma quantidade enorme
de notas manuscritas de diversas ordens. Umas faziam parte de trabalhos mais
extensos que não puderam ser completados, outras eram pequenos artigos não
revisados. Algumas outras parecem ser anotações para algum sermão ou
conferência. Dois anos depois de sua morte, elas foram organizadas e
selecionadas para serem publicadas em livro e formam dois volumes de cerca
de 400 páginas cada um. Aqui eu traduzo uma dessas notas, sobre o assunto
favorito desse grande padre oratoriano: Maria. Ela data da Quaresma de 1856. Mesmo
as notas incompletas desse grande devoto de Maria valem mais que muitos livros
modernos sobre a Mãe de Deus.
I. Nosso Senhor é nosso exemplo e nosso Redentor.
1. Daí a necessidade de estudar
os quatro Evangelhos como nossa regra de vida.
2. Nessas coisas que parecem as
menos adequadas à Sua Divindade, Ele parece ser o maior de nossos exemplos.
3. E essas coisas estão
principalmente sob os títulos de humilhação e submissão.
4. Exemplos: Os quarenta dias no
deserto; Sua permanência no templo aos doze anos de idade. Seleciono esses
exemplos como os que, na superfície, são os menos imitáveis.
5. Mas acima de tudo, a maior
parte daqueles trinta e três anos dados a Maria, trinta do total de trinta e
três, e muito dos outros três.
II. Sua dependência de Maria.
1. Ele esperou seu consentimento
para Sua Encarnação, e determinou o momento por causa dela.
2. Sua infância com o uso da
razão, ainda assim dependendo dela.
3. Ele parece ter deixado os
negócios de Seu Pai ao retornar do templo para Nazaré.
4. Por dezoito anos, Ele foi
simplesmente sujeito a ela.
5. A tradição de que Ele
pediu-lhe permissão para iniciar Seu Ministério, e novamente para enfrentar a
Sua Paixão.
6. A seu pedido, Ele antecipou
Seu tempo de obrar milagres.
7. Ele perpetuou essa dependência
na Igreja ao transferi-la a nós por meio de São João.
III. Nossa dependência de Maria.
1. Sua posição em relação a nós é
assim simplesmente a que era em relação a Ele.
2. Toda verdadeira devoção a ela
não é nada senão dependência dela.
3. Essa dependência é baseada na;
a) Crença em seu poder;
b) Confiança em seu amor.
4. Todas as coisas boas que
falham, falham porque não possuem nelas o suficiente de Maria.
5. Devemos colocar as coisas em
suas mãos, e nos voltar a ela pelos resultados.
6. Ela deve estar incrustrada em
nossas vidas, como estava no ministério da Igreja.
7. Santidade é impossível para
nós sem Maria – pois, Deus criou um sistema consistente, e ela é parte dele,
por vontade d’Ele.
Ah, se nós nos lançássemos mais do que fazemos sobre Maria,
com todo o peso de nosso amor, com todo o peso de nossas necessidades! Ela
está amando cada um de nós neste exato momento, com um amor insuperável. Nenhum
amigo, nenhum parente, nenhum santo, nenhum anjo foi para nós o que ela tem
sido. É maravilhoso o que ela nos tem feito sem nenhum pedido nosso. Mais
maravilhoso ainda é o que ela tem feito com o pouco que lhe pedimos. Mas o mais
maravilhoso de tudo é o que ela pode fazer e fará, se pedirmos mais, acreditarmos
mais, confiarmos mais. Ah, nós que chamamos a terra de nosso desterro, e o céu,
nossa casa, e Maria o Rainha do Céu, como então não percebermos que não pode
haver celestial predisposição que não esteja repleta de lealdade à grande
Rainha?
3 comentários:
Me parece que o padre Faber, assim como São Luís de Montfort, não foram lá muito perfeitos em retratar o papel de Maria, a retórica deles foi bastante inadequada, sob certos aspectos. Me parece que quem soube, do meu conhecimento, elaborar uma linguagem adequada ao assunto, embora não tenha o abordado muito diretamente, foi o Sr. Chesterton, em especial no livro Hereges, meu favorito dele. Ali está a chave para elaborar uma apologética decente em torno da questão. Certos sedevacantistas que eu leio procuram citar textos bíblicos, o que supõe uma descompactação que eles não sabem fazer; outros citam milagres, o que não funciona quase nada para quem não os presenciou, apenas irrita. São Luís Montfort declarou que escrevia o Tratado para camponeses pobres que não necessitavam fé, e nesse sentido ele usou uma bela retórica, mas como ele não ignorava que o livro receberia ampla divulgação tempos depois, o seu esforço precisa de alguma ajuda nos tempos atuais.
Resposta ao Pedro de Lima aqui.
DELE GUARDEI MUITAS COISAS: O HOMO PATIENS É MUITO MAIS IMPORTANTE QUE O FABER, O QUE SE SUBMETE Á VONTADE DO SENHOR EM RELAÇÃO A QUEM JULGA FAZER MUITAS COISAS, MESMO BOAS!
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