27/11/2018

Espiritismo: blog entrevista Chesterton


Nota: O senhor Gilbert Keith Chesterton está muito ocupado no momento e não pode conceder uma entrevista ao blog pessoalmente. Vali-me da prestimosa ajuda da senhora Francis, esposa do eminente escritor inglês, que passou-lhe as perguntas. Ele telegrafou diretamente ao responsável pelo blog com suas respostas luminosas. Agradeço de público o auxílio da senhora Francis pela já conhecida atenção com todos que, por um motivo ou outro, procuram orientações do gênio inglês. Lembro-me com carinho e saudade dos deliciosos chás por ela preparados em outras oportunidades em que me encontrei com o casal em sua residência. Vamos à entrevista.

Blog do Angueth – Penso que para começar, devo perguntar-lhe se o senhor considera o espiritismo uma farsa, uma fraude.

Chesterton – Não, em absoluto. Minha posição é de uma forte objeção ao espiritismo, não porque ele seja fraudulento, mas porque ele é genuíno.

Blog do Angueth Senhor Chesterton, não sei se o senhor sabe, mas o espiritismo é muito popular no Brasil. Aqui a situação é, talvez, um pouco diferente, pois há um sincretismo do espiritismo, digamos, inglês, com os cultos africanos. Um famoso escritor brasileiro, Lima Barreto, muito ligado, por sua origem, aos extratos mais pobres da sociedade, fez, recentemente uma observação, sobre a qual gostaria de colher suas observações. Diz nosso escritor: “O padre, para o grosso do povo, não se comunica no mal com a divindade; mas o médium, o feiticeiro, o macumbeiro, se não a recebem em seus transes, recebem, entretanto, almas e espíritos que, por já não serem mais da terra, estão mais perto de Deus e participam um pouco da sua eterna e imensa sabedoria.”

Chesterton – A marca especial do mundo moderno não é que ele seja cético, mas que ele é dogmático sem saber. Ele diz, escarnecendo dos antigos devotos, que eles acreditavam sem saber porque acreditavam. Mas os modernos acreditam sem saber no que acreditam – e sem nem mesmo saber que eles realmente acreditam. Eles sempre têm um dogma inconsciente; e um dogma inconsciente é a definição de um preconceito. Os espíritas agem segundo um dogma, que não podem declarar dogmaticamente e, portanto, somente o assumem dogmaticamente. O que o espírita assume é praticamente o seguinte: não somente a existência de espíritos, mas a inexistência de espíritos maus. Em termos populares, os espíritas são otimistas em relação ao mundo espiritual. A objeção real ao espiritismo é quase idêntica à sua afirmação. A objeção é que ele coloca um homem sobre o controle de forças espirituais, ou que ele o coloca em contato com o desconhecido. Ele supõe a rendição espiritual do médium, o que é dúbio, mesmo que a influência seja boa, e chocante, se ela for má. Ora, não é certamente auto-evidente, por tudo que sabemos, que ela não possa ser má.

Blog do Angueth – Sabemos que na Inglaterra o grande apóstolo do espiritismo é Sir Arthur Conan Doyle, o grande criador de Sherlock Holmes. Sua influência é extraordinária na popularização do espiritismo. Sabemos também que ele faz uma distinção entre um espiritismo superior, o que ele professa, e um inferior, aquele dos fenômenos materiais mais grosseiros que acontecem em sessões espíritas: mesas e objetos se movendo. Sendo o senhor um grande admirador de histórias de detetives, tendo mesmo escrito as extraordinárias aventuras do Pe. Brown, o que o senhor tem a dizer-nos sobre Sir Doyle.

Chesterton – O sucesso literário merecido de Sir Arthur Conan Doyle o faz, de fato, o grande apóstolo do espiritismo. Explico minha discordância de suas ideias. Ele concorda com os protestos contra os truques grotescos e mesmo degradantes das sessões espíritas. Ele diz que mesas e cadeiras dançantes pertencem ao “plano inferior”; que este não é seu interesse principal; que ele deseja aproximar-se do espiritismo reverentemente, de considera-lo uma religião que pode nos fornecer respostas aos grandes mistérios da vida e da morte. Penso que essa distinção é muito valiosa quando completamente invertida. Uma cadeira ou mesa que voa parece-me uma coisa genuinamente interessante. Tomemos, por exemplo, qualquer mente racional de cem anos atrás, digamos aquela de Voltaire ou Gibbon, que teria considerado uma mesa voadora não tanto meramente sobrenatural, mas simplesmente impossível. Se é possível, algo sempre considerado uma lei da natureza é quebrado. O materialismo, com todas as suas leis mecânicas da natureza está acabado. Em resumo, uma mesa dançante não pode ser considerada um incidente comum; e se ela ocorre (como parece ocorrer), é um incidente muito importante. Sou completamente incapaz de ver que uma mesa dançante, ou uma religião numa mesa dançante, seja mais convincente do que uma religião de uma mesa mais repousante e possivelmente mais útil. As coisas que reverencio, no céu e na terra, são certas virtudes ou valores; e uma mesa não indica que ela possua essas virtudes simplesmente por levantar suas pernas. A isto o espírita responderá que ele não me pede para reverenciar a mesa, mas as revelações que vêm da mesa. E, ignorante como sou de tais revelações, sei o suficiente delas para não reverenciá-las, ou mesmo respeitá-las.

Blog do Angueth – Sei que há duas objeções que são colocadas às suas posições sobre o espiritismo. A primeira é que o senhor admitidamente nunca participou de uma sessão espírita e, portanto, não tem autoridade de emitir opiniões a respeito. Esta é, inclusive, a posição do próprio Sir Arthur Conan Doyle. A segunda objeção, derivada a primeira, é a de que o senhor ignora o valor da comunicação entre este mundo e o outro. Como o senhor responderia a essas duas objeções?

Chesterton – Quanto à primeira objeção, é verdade que nunca participei de uma sessão espírita, mas há muitas coisas que não presenciei, sobre as quais não tenho a mais mínima intenção de parar de falar. Recuso-me de parar de falar sobre o Cerco de Tróia. Recuso-me a ficar mudo em relação à Revolução Francesa. Não me silenciarei sobre o assassinato de Júlio César. Se ninguém tem o direito de julgar o espiritismo exceto um homem que já participou de uma sessão espírita, os resultados, logicamente falando, são muito sérios: quase pareceria que ninguém tivesse nenhum direito de julgar o cristianismo se não participasse se sua primeira reunião em Pentecostes. O que seria temerário. Considero-me capaz de formar minha opinião sobre o espiritismo sem ter visto espíritos, da mesma forma que formo minha opinião sobre a Guerra Japonesa sem tê-la visto, ou minha opinião sobre os milionários americanos sem (graças a Deus) ter visto um milionário americano. Bem-aventurados aqueles que não viram e acreditaram: uma passagem que alguns têm considerado uma profecia do moderno jornalismo. Respondo à segunda objeção, dizendo que eu não ignoro o valor da comunicação entre este mundo e o outro. Digo apenas que um princípio diferente liga a investigação nesse campo espiritual, em relação à investigação de qualquer outro campo. Se um homem põe uma isca no anzol para pegar um peixe, o peixe virá, mesmo se ele declara não acreditar em peixes. Se um homem faz uma arapuca para passarinhos, passarinhos serão pegos, mesmo se ele considera supersticioso acreditar em passarinhos. Mas um homem não pode colocar iscas para almas. Um homem não pode construir arapucas para capturar deuses. Todos a escolas de sábios sempre concordaram que essa última captura depende, de algum modo, da fé de quem captura. Então, a coisa se resume a isto: se você não tem fé nos espíritos, seu apelo é em vão; se você tem, você precisa disto? Se você não acredita, você não pode apelar. Se você acredita, você não apelará.

Obs: Para quem desejar ler outras entrevistas de Chesterton, favor acessar o marcador BLOG ENTREVISTA CHESTERTON

22/11/2018

O deslocamento da função magisterial depois do Concílio Vaticano II, por Romano Amerio - Parte VI

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VI – O novo “magistério” pastoral levou à dissolução da crença do povo cristão

28. É-nos possível, com trinta anos de distância,[1] verificar até que ponto o movimento triunfou, uma vez que o povo cristão de hoje crê nos artigos da fé segundo o modo disseminado por esses teólogos. Como isso foi também mencionado em meu último ensaio (Zibaldone), enumerei uma série de dogmas da fé que não são mais cridos pelo povo cristão, justamente porque são rejeitados pela teologia moderna, o que faz com que não se creia mais hoje nos dogmas de acordo com a fórmula de Nicéia. O que crê hoje o povo cristão a respeito do inferno? Crê o que os teólogos debatem no Avvenire[2] ou o que as imponentes emissões da Radio Maria[3] endossam calorosamente. Eles creem que o inferno não existe, ou que se existe, é uma forma de punição que se atenua com o tempo e que, talvez, mesmo Judas não esteja lá, pois no último momento de sua vida sua alma pôde se arrepender. Assim, o inferno está provavelmente vazio – mas São Gregório Magno, numa de suas homilias, dá por certo a danação de Herodes Agrippa (At. 12, 23). “Mas, no mesmo instante, o Anjo do Senhor o atingiu, pois que ele não rendeu glória a Deus e, comido pelos vermes, expirou.

29. O que creem hoje os cristãos sobre o Gênesis? Creem que é um relato simbólico; hoje, todos os cristãos estão de acordo sobre este ponto, destruindo assim um decreto da Pontifícia Comissão Bíblica de 1906, que confirma com autoridade o caráter histórico do relato sagrado do Pentateuco. O que pensam hoje os cristãos da Eucaristia? Que a Eucaristia não é a Presença Real e individual do Corpo de Jesus Cristo, mas a presença real do povo cristão, pois a nova teoria constrói o silogismo seguinte sobre essas semelhanças: no sacramento da Eucaristia o Senhor está presente, mas o Senhor que está presente é misticamente o povo cristão, então, o povo cristão está presente na Eucaristia; a opinião comum hoje admite que a Eucaristia é o sacramento da presença do Senhor, mas o Senhor que está presente é o próprio povo cristão.

30. O que creem hoje os cristãos sobre a predestinação? Aqui nos é necessário assinalar a deformação completa do conceito de predestinação, pois que os teólogos modernos que falam ainda a compreendem como uma previsão das coisas do homem, não como a determinação das coisas do homem por parte de Deus. Esta é uma grave falsificação, pois a predestinação se ocupa de nosso fim último e nosso fim último é a coisa mais importante que há. Se se falsifica o fim último do homem, que resta do homem?

31. Acabamos, então, de ver que a prática que se iniciou depois do Concílio se impôs, virando do avesso as opiniões gerais da cristandade. Depois de trinta anos, podemos apenas constatar o sucesso desta tendência. A fé católica despedaçou-se em mil opiniões sobre os Novissimi (as últimas coisas),[4] em mil opiniões sobre a virgindade de Maria, em mil opiniões sobre a Presença Real na Eucaristia, sobre os sacramentos, sobre a Igreja, sobre o primado de Pedro e mesmo, sobre a Trindade. Não há nenhum artigo do Credo, o Símbolo da fé que professamos a cada domingo na Missa, que não tenha sido despedaçado em uma miríade de opiniões professadas, apesar de e contra a firmeza absoluta dos seus artigos. Assim, o cristão perde a fé porque perde a unidade: não há fé se ela não é UNA. Essa dispersão de opiniões significa a dissolução da fé.




[1] Este ensaio de Romano Amerio foi escrito em 1996. (N. do T.)
[2] Jornal diário fundado em 1968 para difundir as ideias do modernista do Concílio Vaticano II. (N. do T.)
[3] Conjunto internacional de rádios católicas, fundado em 1982. Também modernista até a medula. (N. do T.)

13/11/2018

O deslocamento da função magisterial depois do Concílio Vaticano II, por Romano Amerio - Parte V

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V – O deslocamento do Magistério leva à dissolução da unidade da fé na multiplicidade de opiniões

21. O princípio da autoridade do Soberano Pontífice resulta de que sua palavra é vicarial da Palavra divina, ela exprime a lei moral decorrente da Encarnação do Verbo. As verdades que vibram nas Encíclicas de João Paulo II são as verdades centrais. E acima de todas essas verdades há a verdade fundamental do cristianismo: isto é, que Deus se revela hic et nunc, aqui e não lá, agora e não antes. Contudo, hoje em dia, esta verdade primordial é colocada em dúvida, como lemos na Carta Apostólica Tertio Millennio Adveniente; em seus parágrafos se desenvolve a doutrina que afirma que “o cristianismo é a resposta à aspiração que se eleva de todas as religiões: do budismo, do hinduísmo, do islamismo”. Mas o cristianismo não é uma resposta a essas religiões, (“Não entregues senhor – disse a rainha Ester – o teu cetro àqueles [deuses] que não são nada, para que não escarneçam de nossa ruína”, Est 14,11) porque o cristianismo e a Palavra divina revelada somente ao povo eleito, num tempo determinado, num lugar determinado, como canta o salmo 147,20: “Non fecit taliter omni nationi [Não fez assim a todas as nações]”.

22. Deus, potência absoluta, pode salvar todo homem sem batismo, mas por potência ordenada,[1] não o pode, pois a salvação sem batismo não faz parte do sistema, da economia desejada por Deus. A salvação dos não batizados é excepcional, é extra-sistemática, pois ela não pertence ao sistema que é centrado em Cristo e na concepção trinitária de Deus. Mas quando se diz: o homem se salva sem a graça, sem o batismo, apenas pela virtude de suas obras de homem religioso, bom, piedoso, justo, entra-se no sistema pelagiano. O sistema pelagiano tem merecido bastante atenção da parte dos teólogos modernos, porque o mundo se impregna do espírito pelagiano.

23. A fase final da síntese mostra que a decadência da autoridade do Magistério episcopal, abandonando a autoridade aos teólogos, gira em torno de uma autoridade individual, em torno do desenvolvimento que o Papa dá a suas opiniões privadas, em detrimento da Doutrina universal e da Tradição. Mas há uma outra coisa ainda mais aflitiva; há uma segunda realidade, mais universal, mais impalpável; causada pela demissão do Magistério episcopal, que se estende ao mundo inteiro ante à arrogância de opiniões teológicas as mais disparatadas, as mais variadas e as mais ricas.

24. Opiniões disparatadas, pois chamamos disparatadas o que difere, em alguma coisa, do essencial. Variadas, porque chama-se variada o que difere, em alguma coisa, do acidental. Duas coisas disparatadas são duas coisas de gênero diferente; duas coisas variadas são duas coisas que podem pertencer a um mesmo gênero. O mesmo se aplica às opiniões teológicas que pululam nesses últimos trinta anos, no mundo católico pós-conciliar. Elas diferem da doutrina una e santa porque, quando são do mesmo gênero, elas se distanciam segundo os acidentes. Elas, mais frequentemente, não são do mesmo gênero; isto é, elas não têm a mesma raiz sobrenatural que faz a doutrina católica um unicum. Em terceiro lugar, finalmente, eu digo; opiniões teológicas ricas, no sentido em que os mesmos teólogos falam de riqueza do pensamento teológico quando muitas outras mentalidades se misturam à mentalidade de nossa fé; a mentalidade de fés estrangeiras tais como: protestante, hebraica, budista, islâmica, animista.

25. Fazendo convergir os olhares para essa trilogia de opiniões variadas, disparatadas e ricas, num certo sentido, podemos dizer que hoje a doutrina da fé não é mais uma única. A unidade da Igreja deveria ser essencialmente teórica, doutrinal, pois se trata de coisas do intelecto, se trata da atividade teórica, não de uma unidade de gabinetes ou de indumentária. Ademais, o Santo Padre sustenta que existe uma unidade moral nas diversas religiões, todas ordenadas à salvação, de forma que todas as religiões e todas as culturas são “idealmente” uma só, sem que haja unidade doutrinal. Elas confessam assim que são doutrinariamente disparatadas: é nos detalhes que se encontram as diferenças teóricas.

26. Unidade da fé: cada um entre nós deve ter a certeza a priori de pensar que tudo o que pensam os outros cristãos do mundo, e tudo que pensaram através de todos os séculos, é idêntico ao que se crê. Devo ter a certeza a priori de crer tudo o que crê outro cristão sem verificar o que este outro cristão professa. No meu Iota Unum, falando da infalibilidade, eu disse também que cada cristão, quando anuncia uma verdade da fé, é infalível. Por exemplo: o Santo Padre anunciou infalivelmente que a Virgem Maria é isenta do pecado original, então quando repito o anúncio do Soberano Pontífice, sou infalível, não posso, pois, temer enganar-me. Esta doutrina põe em evidência a univocidade da doutrina da fé: “univocidade” por causa de tantas vozes, de milhões de vozes, de uma miríade de homens, que professam e sempre professaram a única doutrina do Verbo engendrado pelo pensamento do Pai. “Ninguém jamais viu a Deus; o Unigênito, que está no seio do Pai, ele mesmo é que o deu a conhecer.” (Jo 1, 18)

27. A fé que é, por natureza, una e unívoca, se tornou hoje aquela dos carismáticos, que não é aquela dos neocatecúmenos, que não é aquela do cardeal Ratzinger, que não é aquela do cardeal Martini e que não é aquela do Papa. E cada um vai ao rádio, à televisão, escreve nas revistas e livros e dá testemunho de sua fé “particular”. Todos esses testemunhos, todas essas manifestações de fé, têm em comum certa relação com a fé católica; essas são as opiniões em torno da fé católica e dissidentes da fé católica. Podemos ainda dizer que esses teólogos são católicos?
     


[1] (...) dizemos que Deus pode, por potência abso­luta, tudo o que é atribuído ao seu poder, em si mesmo considerado. E isto abrange tudo o que tem natureza de ser, como vimos4. Dizemos, porém, que Deus pode, por potência ordenada o que a esta é atribuído, enquanto executora da ordem da vontade justa. Por onde, devemos con­cluir, que, pela potência absoluta, Deus pode fazer coisas diversas das que previu e preordenou que haveria de fazer. Não é possível, porém, faça coisas diversas das que previu e predeterminou que haveria de fazer. Pois, o seu próprio fazer está sujeito à presciência e à preordenação; não porém o seu poder, que lhe é natural. Por onde, Deus faz o que quer; po­rém, o que pode não é porque o queira, mas, porque está na sua natureza. (Sto. Tomás de Aquino, Suma Teológica, I Parte, Q. 25, Art. 5, Respondeo, 1a. objeção) (N. do T.)

10/11/2018

Encíclica Quanta Cura e Machado de Assis

A Encíclica Quanta Cura, de 8 de dezembro de 1864, é uma das encíclicas mais importantes do século XIX. O Papa Pio IX condena, na encíclica e no Syllabus que lhe seguiu, os erros de seu tempo que, infelizmente, são os de nosso tempo, agravados pela crise da Igreja, depois do Concílio Vaticano II. Lembremos aqui as palavras do Cardeal Ratzinger:

“Se se deseja emitir um diagnóstico global sobre este texto [Gaudium et Spes] poder-se-ia dizer que significa uma revisão do Syllabus de Pio IX, uma espécie de anti-Syllabus.
(…)
Contentemo-nos aqui com a comprovação de que o documento desempenha o papel de um anti-Syllabus, e, em conseqüência, expressa a intenção de uma reconciliação oficial da Igreja com a nova época estabelecida a partir do ano de 1789.” (Cardeal Joseph Ratzinger, Teoria dos Princípios Teológicos, Editorial Herder, Barcelona, 1985, pág. 457-458).

Pois bem, descubro agora uma crônica de Machado de Assis, de 7 de fevereiro de 1865, em que o escritor dá conta da publicação da encíclica. Mostra como ela foi importante para a época e como ele pessoalmente via o Papa Pio IX, profetizando, inclusive, uma futura canonização desse papa. Ao final, nos dá uma amostra de como a encíclica foi recebida por parte do clero brasileiro. 

Fiquemos com Machado e sua crônica.

Não levantarei mão das coisas do mundo político, sem dar os meus parabéns ao Cruzeiro do Brasil, cuja alma naturalmente nada agora de júbilo com a publicação da encíclica de Pio IX.
Sinto não ter à mão o número de domingo, que ainda não li, mas que há de estar impagável, mais do que costuma.

Não sei se tenho crédito no espírito do Cruzeiro do Brasil; tenha ou não tenha, não guardarei para mim uma profecia que me está a saltar da pena: Pio IX há de ser canonizado um dia.

Os papas, de certo tempo para cá, entraram mais raramente para a lista dos santos. Todos os primeiros pontífices, entretanto, gozam dessa honra. Será uma espécie de censura póstuma? Não quero investigar este ponto. Insisto, porém, na crença de que Pio IX há de receber a coroa dos eleitos. É principalmente aos bispos de Roma que se aplicam estas palavras: muitos serão os chamados e poucos os escolhidos.

Que o santo padre merece da parte dos fiéis mais do que respeito, adoração, isso é o que me parece incontestável No meio dos perigos que o cercam, tendo contra si as potências, ameaçado de perder os últimos pedaços de terra, o débil velho não se assusta; toma friamente a pena e lança contra o espírito moderno a mais peremptória condenação. É positivamente arriscar a tiara.

Não sei que farão os nossos bispos com a encíclica. A encíclica é a condenação dos princípios fundamentais da nossa organização política. Quero crer que estenderão um véu sobre esse documento: acredito igualmente que as folhas de Pernambuco vão publicar brevemente um artigo de monsenhor Pinto de Campos em oposição à encíclica — a menos que monsenhor Pinto de Campos não esteja tão disposto a aceitá-la, que desista para sempre de ser deputado, — o que não me parece provável.


P. S.: Para outras referências de Machado de Assis no blog, clique aqui e aqui.

25/10/2018

Três tragédias atuais e simultâneas



Estou acompanhando, como muito interesse e preocupação, três crises ou tragédias atuais. A primeira, mais próxima, é a eleição no Brasil e o prospecto da fraude no segundo turno. A perspectiva da fraude das urnas é absolutamente aterradora, pois nos lançará numa situação de caos político cujo desfecho ninguém tem sequer a coragem de imaginar.

A segunda é a situação americana das "mid-terms elections", eleições de meio de mandato presidencial. É tradição americana que a Câmara e o Senado seja renovado dois anos depois de eleito o presidente. É também tradição americana que esta renovação se dê com integrantes do partido oposto ao do presidente. Seria então a vez do Partido Democrata assumir a maioria em ambas as instâncias legislativas. Ocorre que dado o sucesso do Presidente Trump e sua agenda conservadora, o Partido Democrata, que é simplesmente o partido comunista de lá, está desesperado. Lá como aqui, o discurso é o mesmo: Trump é fascista, violento, destruidor da pátria, contra as mulheres e os homossexuais, etc. Lá como aqui, a central da mentira (hoje chamada fake news) está em seu funcionamento máximo. Assassinato de reputações, perseguições de personalidades políticas em suas casas e em lugares públicos, cusparadas, ameaças e tudo o mais. Lá como aqui, os comunistas do Partido Democrata querem e vão fazer o diabo para ganhar as eleições. E agora, com recursos que só Deus sabe de onde veem, organizam uma invasão da fronteira dos EUA com milhares de pessoas vindas da América Central e de várias partes do mundo, para forçar Trump a reagir à invasão e, sabe Deus como, evitar a passagem dessa multidão. Querem forçar Trump a usar a força militar. Seria uma tragédia de grandes proporções, justo antes das "mid-terms elections".

A terceira grande crise ou tragédia é o Sínodo de Roma, que provavelmente irá "normalizar" a ideia da homossexualidade na doutrina católica. Digo normalizar porque penso que não haverá alteração da doutrina da Igreja, mas apenas a liberação dos bispos e padres da Igreja a encararem a agenda LGBT como uma agenda aceitável no corpo da Igreja. Casamento gay, comunhão para os LGBT's, etc, serão coisas normais no futuro. Isso tudo acontecerá, a menos que alguma interferência direta de Nosso Senhor Jesus Cristo não acontecer. Estaremos vivendo então no reino do Anticristo. 

Assisto tudo isso com apreensão e me apego ao meu Terço, arma mortal contra o demônio, que Nossa Senhora nos ensinou a usar. Que Ela olhe para nós e tenha pena do povo de Seu Filho.

22/10/2018

Uma marca modesta, mas significativa!

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Este blog foi criado em 11/08/2005. Nasceu sem a menor pretenção e tem me dado muito prazer. Ocorre que ele atingiu esta semana a marca de 1 milhão de visualizações. Registro o fato para agradecer aos leitores que ainda parecem se interessar pelo trabalho do blog.

O deslocamento da função magisterial depois do Concílio Vaticano II, por Romano Amerio - Parte IV



IV – O Papa, com a nova ideia que ele faz de sua função, não é mais o princípio de unidade da fé da Igreja

12. Nos últimos trinta anos, centenas e centenas de bispos, de superiores religiosos de ordens as mais diversas, de prelados e, finalmente, o Pontífice Supremo, enfraqueceram progressivamente esse fundamento doutrinal que dissolve a fé e sua raiz sobrenatural numa miríade de opiniões privadas e pessoais. Isso provém do fato de que o princípio do Pontificado romano é o verdadeiro princípio da Igreja; se o Papa se demite, a Igreja se demite e se o Papa é abatido, a Igreja é abatida. Há um só princípio de autoridade, o Pontífice Supremo, o Vigário de Cristo que recebeu de Cristo o mandato de confirmar seus irmãos na fé: “Confirmar” significa “tornar forte”, “tornar firme”.

13. Assim, da crise do Concílio, uma parte importante provém das tentativas de partilhar o Magistério infalível do Papa e dos bispos. No seu conjunto, o movimento antipapal tem prevalecido, apesar da Nota previa, porque esse espírito antipapal, anti-romano, anti-autoritário é muito difundido. Mesmo os cristãos estão convencidos que a infalibilidade deve ser interpretada de uma maneira nova. Por outro lado, como já vimos, o próprio Pontífice João Paulo II faz declarações antipapais: “...e quando ouço a solicitação que me é dirigida para encontrar uma forma de exercício do primado que, sem renunciar de modo algum ao que é essencial da sua missão, se abra a uma situação nova.”, escreve ele no § 95 da Ut Unum Sint . O que é o mesmo que dizer: não se pode renunciar mas, ao mesmo tempo, se pode renunciar. É um princípio absoluto, mas não é um princípio absoluto. A infalibilidade do Papa é uma rocha imutável “mas”... E quando se diz “mas”, o abrandamento já se operou.

14. A nova fórmula será uma alteração da verdade que se define inabalável. De fato, as proposições dos teólogos luteranos, sustentadas pelos teólogos católicos, já circulam, afirmando que os protestantes poderiam admitir a infalibilidade, admitindo que ela permaneça um costume e uma crença particular, característica da Igreja romana. E o Santo Padre, pelas palavras citadas acima, parece aceitar essa ideia. Ele se mostraria então prestes a limitar a infalibilidade, de tal modo que não sendo mais universal, ela não seria mais um dogma de fé. Desnecessário dizer que, com isso, a própria natureza da Igreja seria violada, pois se certas dioceses creem e outras não, a natureza está comprometida. A Igreja e a fé são uma só e mesma coisa e, portanto, com tal fórmula, a fé e a Igreja seriam uma em Roma e outra em Berlin.

15. Nos últimos trinta anos, essa supremacia pontifícia tem recebido golpes mais sórdidos ainda que durante o Concílio. De fato, esta grave ferida no cume do Santuário divino é ocultada pelo fato de hoje, no mundo, a autoridade moral do Pontífice cresceu. Mas o crescimento que assistimos não tem nenhum significado religioso, nenhuma forma sobrenatural. O Papa é reverenciado na medida em que representa a ideia humanitária que deve constituir o fundamento do mundo futuro, esta mesma ideia humanitária condenada com tanta força pelo Syllabus, na proposição LV: “A Igreja deve estar separada do Estado, e o Estado da Igreja”; e na proposição LXXX: “O Romano Pontífice pode e deve reconciliar-se e tornar-se amigo do progresso, do liberalismo e da civilização moderna”. Apesar disso, o Santo Padre parece sustentar essa ideia, pois fala sempre de um “mundo novo”, de um mundo guiado pela justiça, de um mundo no qual os povos se amam e reverenciam suas tradições boas e distintas, de um mundo fraternal e pacífico em que a paz e o bem-estar reinam sobre todos os povos. Mas o Santo Padre, diante os chefes das Nações, jamais fala da autoridade de Cristo por meio de seu representante na terra, jamais fala de Cristo-Rei, jamais. O discurso pronunciado na ONU é um discurso inteiramente humanitário; em certos trechos se faz, somente por obrigação, alusão a Cristo. Mas são, por assim dizer, apenas alusões formais, de polidez: o discurso é imbuído de humanitarismo, encharcado de humanitarismo, pois seu fim é humanitário.

16. O Santo Padre fala ainda de “nova evangelização”: mas tal “nova evangelização”, ou bem é a lembrança da Boa Nova, ou bem é o anúncio de certa novidade. A novidade consiste no anúncio humanitário, que faz abstração da ideia religiosa católica à qual se refere, em contrapartida, a carta de São Paulo aos Efésios (Ef. 2,4): “Uma só fé e um só batismo”. Em contraste, a novidade sanciona a religiosidade humana, pela qual todas as religiões merecem respeito, pois todas concorrem para o bem comum.

17. Mas se nossa religião se dissolve no sentimento religioso universal, nossa religião não existe; se nossa religião não é um primum, ela não é nada e, se ela não é a luz, então ela é a sombra.

18. O único conflito com o mundo se situa sobre os aspectos da moral; como a indissolubilidade do matrimônio, o aborto, as Tábuas da lei moral em geral. Sobre esses pontos, o Santo Padre tem perseverado na realização de seu dever[1], mas, como vimos acima, em todas as outras posições, ou seja, as posições dogmáticas, a dissolução da doutrina em opiniões pessoais do Papa é crescente.

19. Os sucessos do Santo Padre no mundo são, de fato, grandiosos: ele se movimenta entre milhares de jornalistas, participa de encontros com os grandes da terra; e o Papa participa também, de igual para igual, de reuniões ecumênicas. Tudo isso é importante, pois, de certo modo, João Paulo II conquistou o mundo; e o mundo hoje está imbuído de suas ideias sobre o ecumenismo, sobre a bondade geral, intrínseca e igualmente existente em todas as religiões, pois todas ex sese (por si mesmas) conduzem a Cristo, sobre a necessidade da fraternização dos povos, todos permanecendo com suas práticas tradicionais, com suas próprias convicções culturais; e outras coisas mais. O Santo Padre é acolhido com entusiasmo, não enquanto Pontífice romano, mas porque é considerado como o mais alto representante dessa mentalidade geral “de um mundo bom”.

20. O Papa manifesta sua especificidade, sua particularidade de soberano, unicamente sobre os pontos complexos da moral negada pelo mundo. Que ele nega, contudo, sem se dar conta, pois ninguém lembra a ele que a negação de pontos morais inclui a negação de pontos dogmáticos, pois a lei moral é a manifestação do Verbo, isto é, da Razão divina, que se encarnou e seu nome é Cristo. A lei moral se refere diretamente ao Verbo. Então, a negação da lei moral é uma negação implícita, mas não menos real, do Verbo. O princípio da Igreja e o princípio de tudo se chama Cristo, que é o Verbo encarnado, a Razão divina, que exprime a lei moral natural. A lei moral é uma lei racional e é a expressão da Razão divina: a lei moral é soberanamente razoável.


[1] [Hoje, infelizmente, com Francisco, este não é mais o caso; mas mesmo que Amerio não pudesse ainda perceber, ele já tinha visto que tal relativização moral já estava inscrita na relativização dogmática].

17/10/2018

Show de manifestos pró-Haddad de ex-reitores e "intelectuais".

Isso tudo me lembra os manifestos dos anos 1990 que apareceram contra a crítica corrosiva que Olavo de Carvalho fazia ao Imbecil Coletivo. Essa corja responde a argumentos com abaixo-assinados. A turminha se sente mais confortável quando junta, mas não apresenta nenhum argumento racional.

Entre os "intelectuais" deste atual manifesto, encontramos Caetano Veloso, Gilberto Gil, Preta Gil, Dráuzio Varella, Casagrande, Juca Kfouri e quejandos. Com essa intelectualidade, não surpreende que a ignorância no Brasil esteja atingido níveis catastróficos. 

Ocorre que o Brasil foi salvo por um intelectual, este mesmo que foi alvos dos antigos manifestos. É um caso único no mundo. Um sujeito sozinho, perdido num amontoado gigantesco de livros, preocupado com assuntos aparentemente alheios à agitação do mundo, com sua obra de formiguinha, em vinte anos, constroi um ambiente em que é possível expulsar o PT da vida nacional. O PT comunista, abortista e ladrão. O Brasil de hoje é obra de um estudioso, que ainda vivo, poderá contemplar os resultados práticos de sua vasta erudição.

Sim, os "intelectuais" e ex-reitores terão a sua hora. Estamos hoje ocupados em vencer o PT no cenário nacional. A luta na academia, embora já tenha começado, aumentará muito de nível. Esperem e verão. Essa gangue será varrida das cátedras e dos púlpitos. Atenção também padres e bispos hereges, vocês serão também varridos da história.

Manifesto dos "intelectuais" - clique aqui.

Manifesto dos ex-reitores - clique aqui.

ATUALIZADO EM 19/10/2018

11/10/2018

A provável falsidade de autoria do decálogo de Lenin

Um leitor chama a atenção do blogueiro para o fato de que o decálogo de Lenin seja falso. Ou seja, que não tenha havido, na obra do indigitado, tal decálogo. O prof. Francisco Castro, de uma maneira delicada, tenta atrair a atenção do blogueiro para este fato dizendo: "Olá Professor, poderia citar o livro ou a fonte onde ele escreveu este decálogo? Obrigado." Veja que o professor não disse que o decálogo era falso, só pediu a referência. Talvez ele soubesse que era falso e só foi gentil. Talvez ele genuinamente quisesse saber a referência. De qualquer modo, agradeço-lhe o comentário.

Não me lembro onde, em 2005, encontrei o decálogo. Mas com a pergunta do prof. Castro, fui lá procurar a fonte. Encontrei uma tonelada de referências ao decálogo e também uma suspeita, bem fundamentada de que o decálogo surgiu da pena de outra pessoa. Assim, não encontrei a fonte e, por hora, tenho de admitir uma grande probabilidade de falsidade da autoria de tal texto.

Mas penso que Lenin subscreveria tal decálogo e ficaria satisfeito de que dele só soubéssemos tal decálogo. Pois que o comunismo é muito mais feio, muito mais cruel, muito mais mortífero do que o que está dito nesses dez mandamentos. 

Esses dez mandamentos são todos verdadeiramente comunistas. Mas há centenas de outros mandamentos, muito mais terríveis.

Considere este decreto: "A partir de 1o. de março de 1919, o direito de possuir mulheres entre 17 e 32 anos está abolido (...). Pelo presente contrato, nenhuma mulher pode ser doravante considerada como propriedade particular e todas as mulheres se tornam propriedade da nação".

Mas há mais. Comentando sobre os objetivos do comunismo, W. Cleon Skousen os classifica em 45 categorias ou itens, dos quais separei alguns poucos relacionados ao decálogo de autor desconhecido. Os números dos itens são os originais.

17. Assuma o controle as escolas. Use-as como correias transmissoras para o socialimso e para a propaganda do comunismo. Suavise o currículo. Assuma o controle das associações dos professores. Coloque a doutrina do partido nos livros-textos

18. Assuma o controle dos jornais dos estudantes.

19. Use as greves dos estudantes para fomentar protestos públicos contra programas e organizações que estão sob ataque comunista. (Nota: O sucesso desses objetivos, da perspectiva comunista, é óbvio. Há alguma dúvida sobre isso?)

20. Infliltrem-se na imprensa. Assuma o controle da crítica literária, da editoria, de posições de elaboração de políticas editoriais.

21. Assuma o controle de posições chave no rádio, TV e indústria cinematográfica.

22. Continue a campanha de descrédito da cultura americana pela degradação de todas as formas de expressão artística. Um comunista americano recebeu a ordem de "eliminar todas as belas esculturas de parques e edifícios", substituindo-as por estruturas desformes, feias e sem sentido.

23. Controle a crítica artística e os diretores de museus. "Nosso plano é promover a arte feia, repulsiva e sem sentido".

24. Elimine todas as leis contra a obscenidade chamando-as de "censura" e uma violação da liberdade de expressão e da liberadade da imprensa.

25. Derrube os padrões culturais de moralidade pela promoção da pornografia e da obscenidade em livros, revistas, cinema, rádio e TV. (Nota: Esta é a agenda granmsciana da "longa marcha através das instituições" explicitamente declarada: tomada gradual dos "meios de comunicação" e o uso desses veículos para corrempor a cultura e enfraquecer a capacidade de resistência do indivíduo)

26. Apresente a homossexualidade, a degenerecência e a promiscuidade como "normal, natural e saudável". (Nota: Hoje, aqueles poucos que ainda tem a coragem de defender a moralidade pública são denunciados e viceralmente atacados.)

27. Infiltre-se nas igrejas e substitua a religião revelada pela religião "social". Desacredite a Bíblia e enfatize a necessidade da maturidade intelectual, que não necessita de uma muleta religiosa. (Nota: Isso tem sido realizado amplamente por meio da infiltração comunista do Conselho Nacional das Igrejas, no Judaísmo Reforma e Conservador e nos seminários católicos.)

28. Elimine a oração ou qualquer expressão religiosa nas escolas com a desculpa de que isso viola o princípio da "separação entre estado e igreja".

40. Desacredite a família como instituição. Encorage a promiscuidade e o divórcio fácil.

41. Enfatize a necessidade de educar as crianças longe da influência negativa dos pais. Atribua à influência supressora dos pais os preconceitos, os bloqueios mentais e o retardamento das crianças.

42. Crie a impressão de que a violência e a insurreição são aspectos legítimos da tradição americana; estudantes e grupos de interesse especial devem se levantar e usar sua "força unida" para resolver os problemas econômicos, políticos e sociais.

Para o bem de todos, devo dar a fonte de tais citações: Naked Comunism, de W. Cleon Skousen.

Assim, penso que Lenin preferiria que ficássemos com o decálogo. A coisa é muito mais feia, se aprofundarmos um pouco mais. O livro de Skousen é uma boa referência.

Repito o que disse no post anterior: Diga-me qual dos dois candidatos à presidência está completamente em acordo com o que vai acima.

10/10/2018

Recordar é viver: decálogo de Lenin, 1913

Em 29 de agosto de 2005, publiquei o decálo de Lenin. Reproduzo abaixo o texto. Diga-me qual dos dois candidatos à presidência está completamente em acordo com o que vai abaixo.


Decálogo de Lenin, 1913


1.. Corrompa a juventude e dê-lhe liberdade sexual;

2.. Infiltre e depois controle todos os veículos de comunicação de massa;

3.. Divida a população em grupos antagônicos, incitando-os a discussões sobre assuntos sociais;

4.. Destrua a confiança do povo em seus líderes;

5.. Fale sempre sobre Democracia e em Estado de Direito, mas, tão logo haja oportunidade, assuma o Poder sem nenhum escrúpulo;

6.. Colabore para o esbanjamento do dinheiro público; coloque em descrédito a imagem do País, especialmente no exterior e provoque o pânico e o desassossego na população por meio da inflação;

7.. Promova greves, mesmo ilegais, nas indústrias vitais do País;

8.. Promova distúrbios e contribua para que as autoridades constituídas não as coíbam;

9.. Contribua para a derrocada dos valores morais, da honestidade e da crença nas promessas dos governantes. Nossos parlamentares infiltrados nos partidos democráticos devem acusar os não-comunistas, obrigando-os, sem pena de expô-los ao ridículo, a votar somente no que for de interesse da causa socialista;

10.. Procure catalogar todos aqueles que possuam armas de fogo, para que elas sejam confiscadas no momento oportuno, tornando impossível qualquer resistência à causa.

04/10/2018

Como votarei em Minas Gerais

Caros, alguns leitores me perguntam como votarei aqui em Minas. Será assim:

17600 Caio Bellote
1760 Coronel Felício
777 Dinis Pinheiro
310 Carlos Viana
30 Zema
17 Bolsonaro

A situação para o Senado é a mais importante em Minas. Temos de evitar que Dilma ganhe a vaga. Carlos Viana é o segundo colocado nas pesquisas e Dinis Pinheiro é apoiado pelo Bolsonaro.

São Francisco de Assis, rogai por nós!

03/10/2018

Recordar é viver: Candidatos, meu voto está à venda!

Em 22 de agosto de 2008, publiquei um post sobre minhas considerações sobre candidatos a cargos públicos. Republico-o agora, por razões óbvias.

Candidatos, meu voto está à venda!


Como todos sabem, época de eleição é um bom momento para vendermos o voto. Tentando dar um bom exemplo a meus filhos, estou eu aqui a anunciar que meu voto está à venda.

Acautelem-se, contudo, os candidatos afoitos. Meu voto é muito caro. Eu disse muito caro. Não é qualquer depósito em conta no exterior que vai levando meu voto. Não é qualquer mensalão que vai me enganar.

Meu voto irá para o candidato que depositar na Caixa .... de correio lá de casa, uma declaração assinada e com firma reconhecida, com as seguintes afirmações (que devem também constar da propaganda do candidato no rádio e na televisão):

1. O fundamento moral de minhas ações de candidato eleito serão os Dez Mandamentos da Lei de Deus.

2. Caridade é virtude individual. Quando o governo se mete a fazer caridade com o dinheiro público é sinal de vagabundo pondo a mão no salário do trabalhador.

3. Todo cidadão tem o direito de defender a si e a sua família de criminosos e assassinos, inclusive com arma em punho. Porte de arma para o cidadão comum é fundamento da democracia.

4. Todo cidadão tem o direito a educar seus filhos segundo seus próprios valores. Educar o filho em casa é um direito básico da cidadania.

5. A escola, pública ou privada, não tem o direito de doutrinar nossos filhos. Eles têm o direito de receber uma educação baseada na verdade e nos valores da Civilização Ocidental.

6. Lugar de criminoso é na cadeia e cadeia não é colônia de férias.

7. Crimes hediondos devem ser punidos com a pena de morte.

8. ONG significa Organização Não Governamental, portanto nada de dinheiro público financiando esse tipo de organização.

9. Sou a favor de “programas de redução da mortalidade infantil”, por isso sou contra o aborto.

10. Sou favorável à “preservação das espécies em extinção”, por isso sou contra a matança generalizada de cristãos em países comunistas e islâmicos.

Esse é o preço mínimo que estou cobrando dos candidatos que desejarem o meu voto. Se quiserem pagar mais, podem adicionar itens ao decálogo acima. Por exemplo, quem afirmar que existem verdades absolutas, pois ninguém consegue negar isso sem uma afirmação autocontraditória, ganha muitos pontos no meu conceito. Quem fizer algum comentário a respeito da prova tomista, em cinco vias, da existência de Deus, ganha minha mais profunda admiração. Mas basta o decálogo, para ser um candidato de minha predileção.

01/10/2018

O deslocamento da função magisterial depois do Concílio Vaticano II, por Romano Amerio - Parte III


III – O Papa abdica de sua função magisterial na medida em que não prega mais a fé sobrenatural 

7. Na época do Concílio, estava-se consciente de que a virtude didática lembrada aqui estava em vias de se dissolver na incerteza, como demonstra a declaração autorizada do Cardeal Heenan, Primaz da Igreja da Inglaterra, que numa das primeiras sessões do Concílio se exprimia assim: “Hoje, na Igreja, não há mais o ensinamento dos bispos; estes não são mais a referência na Igreja. O único ponto sobre o qual se atualiza a função magisterial da Igreja é o Soberano Pontífice”. Isto é, onde não há mais pessoas ensinando, todos ensinam; e onde não há mais uma verdade ensinada, ensina-se uma multidão de opiniões. 

8. Mas essa declaração do Primaz da Inglaterra, há trinta anos de distância, parece bem otimista, pois hoje, a função magisterial não se exerce nem mais pelo Pontificado. Se, como vimos, o Magistério é a manifestação da Palavra divina depositada na Igreja, que a Igreja tem por missão e dever de ensinar e pregar, essa manifestação da Palavra divina no Pontificado atual tem estado ausente ou, ao menos, em declínio: eu não teria escrito 57 glosas sobre o documento Tertio Millenio Adveniente se o Santo Padre tivesse sempre ensinado e manifestado a Palavra divina que é, ela, o verdadeiro “Magistério vivo” na Igreja, e se ele não tivesse, de boa vontade, deixado de exprimir diretamente e claramente a verdade da maneira explícita. 

9. Mas eu redigi justamente essas glosas porque o Santo Padre não prega aos fiéis, no exercício pleno de seu magistério, auxílio que eles esperam do Magistério Supremo; ele fala, mas não manifesta aquilo que deveria manifestar. Assim, é preciso dizer, mesmo nos documentos mais importantes, cada palavra do Papa não é mais o Magistério, mas, doravante e muito frequentemente, ela não é mais que a expressão de visões, de pensamento, de considerações difundidas na Igreja: o que quero dizer precisamente é que o Papa, em suas alocuções, reflete todo um sistema de pensamento que é aquele em que o homem de hoje se compraz. 

10. Uma doutrina privada é a elaboração própria de um indivíduo, mas não se trata disso aqui: trata-se de doutrinas que são difundidas e que se tornaram preponderantes numa grande parte da teologia. Lê-se assim na Tertio Millenio: “Cristo é o cumprimento do anelo de todas as religiões do mundo, constituindo por isso mesmo o seu único e definitivo ponto de chegada.” (N. 6); e ainda ...o encontro do cristianismo com aquelas antiquíssimas formas de religiosidade, que significativamente são caracterizadas por uma orientação monoteísta.” (N. 38), e ainda, “[Para o diálogo inter-religioso] deverão ter lugar proeminente os hebreus e os muçulmanos” (N. 53).  E na Ut Unum Sint: “... a infalibilidade do Papa é uma verdade da Igreja à qual não se pode renunciar. Mas deverá se conceber uma nova forma de interpretá-la.1 Então, mesmo as manifestações do Papa assumiram um caráter estranho à função magisterial suprema. Quando o Papa não manifesta a Palavra divina que lhe é confiada e que ele tem a obrigação de manifestar, ele exprime suas visões pessoais na acepção mais elevada; mas ele não exprime a Palavra de Deus. Nos encontramos assim diante da manifestação da decadência do Magistério ordinário da Igreja. O Papa deve guardar e manifestar o Depósito da Fé, da Revelação divina, mas ele não o manifesta senão escassamente. Desde o instante em que o Papa abdica da realização de seu principal dever, uma grande crise ocorre na Igreja, pois é o seu centro que é atingido. Mas não existe nenhum órgão corretor superior ao Pontífice: de fato, o Primado do Pontífice romano é um dos dogmas fundamentais, pode-se dizer, da Igreja. 


CONTINUA...

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1 Não encontrei tal trecho nem na versão em português nem na versão em francês. (N. do T.)