Robert J. Siscoe
THE REMNANT, 10/05/2012
Tradução autorizada
O mês de maio é dedicado à Santíssima Virgem Maria, Mãe de
Deus. Neste artigo, consideraremos uma recente descoberta científica, que pode
ter revelado um privilégio até aqui desconhecido concedido à Virgem Maria, como
resultado de seu excelso papel de Mãe de Deus.
Antes de qualquer coisa, respondamos à pergunta: É
apropriado nos referirmos à Santíssima Mãe como Mãe de Deus? Não seria mais
apropriado nos referirmos a ela como mãe de Jesus? Afinal, alguns podem
perguntar: se Deus existia antes de Maria, como ela pode ser Mãe de Deus?
Ao dizer que Maria é Mãe de Deus, a Igreja não tem a
intenção de afirmar que ela seja a Mãe de Santíssima Trindade, ou que ela
participou da criação da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. O título Mãe de
Deus é diretamente relacionado à divindade da Pessoa de Jesus Cristo. Maria é a
Mãe de Deus porque Jesus, de quem ela é mãe, é Deus Encarnado.
Jesus Cristo é uma Pessoa – a Segunda Pessoa da Santíssima
Trindade – com duas naturezas distintas: a Natureza Divina, que Ele possui por
toda a eternidade, juntamente com o Pai e o Espírito Santo, e uma natureza
humana, recebida, no tempo, da Santíssima Virgem Maria.
A Santíssima Mãe, que deu a Jesus Cristo sua natureza
humana, deu a luz, não meramente a uma natureza, mas a uma Pessoa. E como a
Pessoa de Jesus é Deus, deduz-se que Maria, Sua mãe, é a Mãe de Deus. Negar a
Divina Maternidade da Virgem Maria é negar a Sagrada Humanidade de Jesus.
O glorioso papel da Virgem Maria como Mãe de Deus Encarnado,
o Redentor e Salvador dos homens, trouxe com ele certos privilégios. Como Maria
proveria à Segunda Pessoa da Santíssima Trindade Sua natureza humana – uma natureza
livre de todo o pecado – seria apropriado que a própria Maria fosse concebida
sem qualquer mancha de pecado. Os cientistas podem demonstrar que nossas ações
têm um efeito em nossa natureza, em nosso DNA. Uma mulher viciada em drogas
pode transmitir à criança os mesmos vícios. Repetidas ações, boas ou más, podem
também afetar nossa natureza humana, o que resulta em que inclinações dos pais,
boas ou más, passam aos filhos. Como Jesus Cristo, nosso Rei, deveria receber
sua natureza humana, seu DNA, da Santíssima Mãe, seria apropriado que a carne
da Mãe fosse sem a mínima mancha de pecado. Assim, a Virgem Mãe recebeu o
privilégio da Imaculada Conceição.
Os incríveis progressos feitos na área da biologia nas
últimas décadas possibilitaram a descoberta de um fato fascinante, que pode ter
revelado um privilégio verdadeiramente incrível recebido pela Santíssima Virgem
Maria. Antes de discutir essa descoberta, e de como ela se relaciona à Virgem
Santíssima, examinemos um ensinamento da Igreja acerca da união hipostática.
O termo união hipostática se refere à união das duas
naturezas de Jesus – a humana e a divina – numa só Sagrada Pessoa do Verbo de
Deus. Por causa da união hipostática, toda a natureza humana de Jesus, tanto o
corpo quanto a alma, estava unida ao Verbo de Deus, de tal forma que quando Seu
corpo e alma foram separados na morte, Seu corpo, enquanto ainda no sepulcro,
permanecia unido ao Verbo de Deus. Isso mostra que a união hipostática não é
somente a união entre o Verbo de Deus e a alma humana de Jesus, mas é também a
união do Verbo de Deus com o corpo de Jesus – mesmo quando o corpo e a alma
estão separados. Com isso em mente, consideremos uma recente descoberta
científica na área das células-tronco fetais.
Em dezembro de 2007, Roberto Krulwich, do NPR, entrevistou o
Dr. Kirby Johnson, professor e pesquisador da Universidade de Tufts, acerca da
recente descoberta de que as células-tronco fetais de um bebê permaneciam
dentro da mãe depois do nascimento. Em vez de serem atacadas rapidamente pelo sistema
imunológico da mãe, como seria de se esperar, foi descoberto que as
células-tronco sobreviviam por décadas.
O que se segue é um excerto da
entrevista:
O
que você diria se lhe contassem que quando uma mulher tem um bebê, ela ganha
não só um filho ou filha, mas também um exército de células protetoras –
presentes de sua criança, que permanecerá nela e a defenderá pelo resto da
vida? É uma ideia sedutoramente bela e os cientistas que a propõem preocupam-se
por ela ser excessivamente bela.
KRULWICH:
Pensava-se por anos que tão logo um bebê fosse concebido, uma vez que começasse
a crescer dentro da mãe, ele conseguisse seu próprio espaço privativo.
Dr.
KIRBY JOHNSON, PH.D.: Sim, a placenta.
KRULWICH:
Exato.
Dr.
JOHNSON.: Considerava-se que a placenta fosse uma barreira dificilmente
penetrável. (...)
KRULWICH:
... E eis a surpresa! Quando cientistas da Tufts coletaram sangue de mães
grávidas...
Dr.
JOHNSON.:Nós encontramos, por exemplo, numa colher de chá de sangue, dúzias,
talvez centenas de células.
KRULWICH:
Do bebê?
Dr.
JOHNSON: Do bebê.
KRULWICH:
Então, células dos bebês estavam vazando da placenta para dentro das mães. Mas,
como os bebês têm genes diferentes...
Dr.
JOHNSON: Esperar-se-ia que elas seriam atacadas muito rapidamente, dentro de
dias, para não dizer horas. O que descobrimos é que isto não acontece
absolutamente.
KRULWICH:
Constatou-se que as células dos bebês permanecem em suas mães, não por dias ou
semanas, mas por décadas.
Dr.
JOHNSON: Quatro ou cinco décadas após a última gravidez.
KRULWICH:
Então, 40 anos depois da concepção, aquele filho ou filha que pode ser um farmacêutico
de meia idade, tem ainda suas células flutuando dentro da mãe?
Dr.
JOHNSON: Sim.
KRULWICH:
Mesmo dentro de uma mãe de 60 anos de idade? 70?
Dr.
JOHNSON: 70, 80, talvez 90 anos de idade.
KRULWICH:
O senhor está certo disto?
Dr.
JOHNSON: Absolutamente.
Então, segundo esta descoberta, as
células-tronco de Jesus Cristo, Deus Encarnado, teriam permanecido dentro da
Santíssima Mãe. Lembre-se que essas células diferem das outras células: em vez
de serem “atacadas e mortas” dentro de poucos dias, elas mantêm suas
identidades específicas por décadas. Agora, se consideramos a doutrina da união
hipostática, que nos ensina que a carne de Jesus permanece unida ao Verbo de
Deus, mesmo quando está separada da alma, há razão para acreditar que as
células-tronco que permaneceram em Maria, teriam continuado a estar unidas ao
Verbo de Deus.
Isto significaria que, não somente a
alma de Maria seria um “templo do Espírito Santo” (1Cor 6:19), mas também seu
corpo teria sido um “tabernáculo do Altíssimo” (Sl 46:5) – isto é, um
tabernáculo vivo do Verbo de Deus. Não somente sua alma “participa da natureza
Divina” (2Pd 1:4) (o que ocorre com todos que estão em estado de graça), mas
seu corpo teria “participado” da união hipostática, por meio da posse da
própria carne de seu Filho, Deus Encarnado.
Isso tudo não traria novo entendimento
acerca da razão da Assunção do corpo de Nossa Senhora aos céus? Afinal, seria
apropriado que Deus deixasse o corpo dela, divinizado por participação, na
terra, enquanto sua Alma gloriosa estivesse no céu?
Mas esse assunto é um território inexplorado,
e como tal, sobre ele não afirmo nada com certeza. Contudo, é certamente um
assunto fascinante para investigação e consideração adicionais. Por agora,
fiquemos com as palavras de Santo Atanásio:
Ó nobre Virgem, vós sois
verdadeiramente maior que qualquer outra grandeza. Pois quem pode ser-vos igual
em grandeza, ó morada do Verbo Divino? A quem, dentre as criaturas, posso
comparar-vos, ó Virgem? Vós sois maior que todas elas, ó Arca da Aliança,
vestida de pureza em vez de ouro! Vós sois a Arca em que foi encontrado o pote
dourado contendo o verdadeiro maná, isto é, a Carne em que a Divindade reside.
9 comentários:
Excelente postagem, professor!
No sexto parágrafo, o senhor não quis escrever Mãe ao invés de "Mão"?
Um abraço, e que Nossa Senhora o abençoe!
Caro Professor Angueth, sou católico e admirador de seu blog.
Este trecho me deixou pensativo:
"Os cientistas podem demonstrar que nossas ações têm um efeito em nossa natureza, em nosso DNA. Uma mulher viciada em drogas pode transmitir à criança os mesmos vícios. Repetidas ações, boas ou más, podem também afetar nossa natureza humana, o que resulta em que inclinações dos pais, boas ou más, passam aos filhos."
Onde posso encontrar literatura sobre isso. Há respaldo disso onde? Pensei que só fossem transmitidos caracteres biológicos, como assim as ações ou comportamentos podem ser transmitidos?
Um abraço, obrigado.
Caro Israel, já corrigi. Obrigado.
Caro Roberto, penso como você. Há uma pequena imprecisão no texto em relação à herança genética.
Ad Iesum per Mariam.
Aí não entraria propriamente no ramo da psicologia. Caracteristicas psicológicas poderem ser transmitidas, por exemplo, sobre aquela teoria (ou teoria comprovada, não sei) de que a mãe transmite sensações, reações de vivências ao feto... pensei nisso também.
Um abraço.
Pax!
Salve Maria.
Lipot Szondi trata deste assunto. Um ótimo começo é este artigo do professor Olavo:
"O carma familiar, chave do destino humano?"(http://dennymarquesani.sites.uol.com.br/semana/carma.htm
Em JMJ
Marcos Paulo.
Antonio e Marcos,mas no fim das contas o que Lipot Szondi diz não é a mera constatação da mancha do pecado original que trazemos em nós e que gera todas estas coisas desordenadas que temos dentro de nós? E dai a necessidade de nossa conversação e nos colocarmos em estado de graça pelos sacramentos reconhecendo assim nossa pequenez e necessidade do auxilio das graças de Nosso Senhor?
Muito bom o post,Antonio.Gostei de saber que vai melhorar o equipamento.No post da última palestra quase comentei pedindo para você aproximar mais o microfone para melhor captar sua voz e afastar os sons que vem da rua.
Fiquem com Deus.
Flavio.
Antonio e Marcos,
Mas o que diz o Szondi não é a mera constatação da mancha do pecado original que gera essas coisas desordenadas que trazemos dentro de nós?Dai a necessidade de termos consciência de nossas misérias e nossa pequenez,nos convertermos e nos colocarmos em estado de graça atravês dos sacramentos e com isso, com a graça de Deus,combatermos e nos afastarmos destas coisas desordenadas que o pecado original gerou em nós?
Fiquem com Deus.
Flavio.
http://www.veritatis.com.br/article/3153
http://www.veritatis.com.br/article/3221
Há também um outro "argumento inverso": se Cristo compartilhava da carne de Maria Virgem, e Cristo não padeceu da corrupção do Corpo pela sua excelsa dignidade, seria adequado, próprio, justo e necessário que a SSma Virgem também não padecesse de tal situação!
Com amizade;
MMLPimenta
P.S.: Professor, e os livros de Chesterton, quando virão a lume?...
Caro Marcus,
Salve Maria!
Sobre os livros de Chesterton: tem um quase saindo do forno; já devia ter saído, na verdade. O outro ainda demora uns seis meses.
Obrigado por perguntar.
Ad Iesum per Mariam.
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