31/10/2011

Meu Deus, como as coisas são antigas!


Num post do Reinaldo Azevedo que me enviaram, a respeito do câncer de Lula, o jornalista comenta um artigo de Gilberto Dimenstein, que diz que o câncer do ex-presidente vai servir de lição para que as pessoas parem de fumar. Diz textualmente, segundo Azevedo: “Infelizmente é desse jeito, com as pessoas sentindo-se próximas e vulneráveis diante de uma ameaça, que se consegue mudar atitudes.”

Quanto essa atitude de Dimenstein é velha, meu Deus! Essa gente é toda de uma mesma patota, há séculos. Em 1908, Chesterton, no seu extraordinário Hereges, diz:

Um jovem pode evitar o vício pela lembrança contínua da doença. Pode evitá-lo também pela lembrança contínua da Virgem Maria. Pode haver dúvida sobre qual método é mais razoável, ou mesmo qual é mais eficiente. Mas certamente não pode haver dúvida sobre qual é mais saudável.

Lembro-me de um panfleto, escrito por um secularista hábil e sincero, Sr. G.W. Foote, que continha uma frase que simbolizava e dividia agudamente esses dois métodos. O panfleto se chamava “A cerveja e a Bíblia”, estas duas coisas muito nobres, tanto mais, na medida em que associadas ao Sr. Foote, que, em seu modo rígido de um velho puritano, parecia estar sendo sarcástico, mas que para mim estava sendo apropriado e cheio de charme. Não tenho o panfleto comigo, mas lembro que o Sr. Foote desprezava fortemente qualquer tentativa de tratar o problema da bebida por meios religiosos, e disse que o quadro do fígado de um bêbado seria mais eficaz, em matéria de temperança, do que qualquer oração ou louvor. Essa pitoresca expressão, parece-me, contém perfeitamente a incurável morbidez da ética moderna. Naquele templo, as luzes são poucas, as pessoas estão de joelhos, hinos solenes são entoados. Mas no altar diante do qual os homens se ajoelham não existe mais a carne perfeita, o corpo e a substância do homem perfeito; é ainda carne, mas está doente. É o fígado do bêbado do Novo Testamento que está desfigurado por nós, que o tomamos como lembrança dele.

Bem, é este grande abismo da ética moderna, a ausência de quadros vívidos de pureza e triunfo espiritual.”

Dimenstein e o Sr. Foote pertencem ao mesmo clube, que Chesterton delicadamente chama de secularista. Eu diria que são simplesmente ateus cientificistas que querem impor a todos sua mórbida moral.

30/10/2011

Festa de Cristo-Rei

Ó Deus onipotente e eterno, que tudo quisestes incorporar em vosso amado Filho, o Rei de todas as coisas, concedei, propício, que todas as famílias das nações desagregadas pela chaga do pecado, se submetam ao seu suavíssimo poder, Ele que, sendo Deus, convosco vive e reina.

Oratio, Missa da Festa de Cristo-Rei



Ato de Consagração ao Sagrado Coração de Jesus

Dulcíssimo Jesus, Redentor do gênero humano, lançai os vossos olhares sobre nós, humildemente prostrados diante de vosso altar. Nós somos e queremos ser vossos; e para que possamos viver mais intimamente unidos a Vós, cada um de nós neste dia se consagra espontaneamente ao vosso Sacratíssimo Coração.

Muitos nunca Vos conheceram; muitos desprezaram os vossos mandamentos e Vos renegaram. Benigníssimo Jesus, tende piedade de uns e de outros e trazei-os todos ao vosso Sagrado Coração.

Senhor, sede o Rei não somente dos fiéis que nunca de Vós se afastaram, mas também dos filhos pródigos que Vos abandonaram; fazei que eles tornem, quanto antes, à casa paterna, para que não pereçam de miséria e de fome.

Sede o Rei dos que vivem iludidos no erro, ou separados de Vós pela discórdia; trazei-os ao porto da verdade e à unidade da fé, a fim de que em breve haja um só rebanho e um só pastor.

Sede o Rei de todos aqueles que estão sepultados nas trevas da idolatria e do islamismo, e não recuseis conduzi-los todos à luz e ao Reino de Deus.

Volvei, enfim, um olhar de misericórdia aos filhos do que foi outrora vosso povo escolhido; desça também sobre eles, num batismo de redenção e vida, aquele sangue que um dia sobre si invocaram.

Senhor, conservai incólume a vossa Igreja, e dai-lhe uma liberdade segura e sem peias; concedei ordem e paz a todos os povos; fazei que de um a outro pólo do mundo, ressoe uma só voz: Louvado seja o Coração divino, que nos trouxe a salvação! A Ele, honra e glória por todos os séculos dos séculos. Amém.

S.S. Pio XI, 11 de dezembro de 1925

_________________________________________

ADOREMOS a Cristo, Rei dos séculos!
Pe. João Batista Lehmann
Na Luz Perpétua 

ADOREMOS a Cristo, Rei dos séculos! Cristo entrou no mundo como Rei. Como rei do mundo, sacrificou-se na Cruz. Como rei de todos os homens, deles e de todas as gerações espera que lhe rendam as homenagens que lhe são devidas.
1.    Em primeiro lugar é a homenagem da união com Ele, que lhe devemos. “Eu sou a luz do mundo” – com estas palavras se nos apresenta; -- quem não segue esta luz, anda, nas trevas. “Eu sou o caminho” – é outra palavra do mesmo Cristo. Quem não anda neste caminho, cairá no abismo. “Eu sou a Vida”. Quem não tem parte nesta Vida, fica morto. “Eu sou a porta única, que abre para o rebanho de Deus. Quem não entra por esta porta, não verá o Pai.” “Eu sou a verdadeira vide. O ramo, uma vez separado da vide, será cortado e atirado ao fogo”. Ele é o único Rei de Sião, o único Salvador, o único Juiz. “Só nele há salvação. Do céu abaixo, nenhum outro nome foi dado aos homens pelo qual nos cumpra fazer a nossa salvação”. (At. 4. 12). Quem deliberadamente se separa de Cristo, será condenado eternamente. Ou com Cristo ou contra Cristo, eis o dilema, em face do qual devemos tomar nossa decisão.

27/10/2011

50 anos de Vaticano II: Encontro de Assis; reparação ao Sagrado Coração de Nosso Senhor .

Sugiro a todos os católicos que puderem uma visita ao Santíssimo hoje, dia 27 de outubro, em reparação ao Encontro de Assis. Ofereçamos a Nosso Senhor nossas orações, nossos sofrimentos e nossa perplexidade. A FSSPX está recomendando que se reze a Missa Pro Fidei Propagatione

Santa Margarida Maria Alacoque, rogai por nós.

Uma palestra sobre algo diferente

A palestra cujo vídeo vai abaixo, eu a proferi na UFMG em maio passado. Ela tem como tema um assunto de minha área de especialidade profissional, o eletromagnetismo; mais propriamente a história de como esta teoria veio a ser concebida. Os três personagens principais da história são três grandes cientistas, dois ateus e um protestante. Oliver Heaviside, um gênio eremita esquisitão, era um ateu convicto. Homem que quando, num relato, na terceira pessoa, de suas experiências numa biblioteca pública, escreve: “Alguns livros eram puro veneno: teologia e metafísica, em particular; eles eram fechados com um “plac”. Mas os trabalhos científicos eram melhores, havia algum sentido em se procurar as leis de Deus por observação e experimento, e por raciocínio nisto fundamentado. Alguns livros enormes, portando nomes estupendos, como Newton, Laplace, etc. atraiam sua atenção. Depois de examiná-los, ele concluiu que poderia compreendê-los, se tentasse.” O Deus de Heaviside era o Deus das leis físicas, pelas quais ele tinha verdadeira veneração.

George Fitzgerald, o protestante, um grande físico-matemático, vinha de uma linhagem de protestantes irlandeses. Era admirador do idealismo filosófico de Berkeley e em suas tentativas de adaptar suas concepções e teorias físicas à sua religião. Como todos sabem, a gnose é o fundamento último do protestantismo e é inevitável que Fitzgerald não consiga sair dessa arapuca. Fitzgerald chegou a acreditar piamente que todo o movimento é uma manifestação objetiva do pensamento de Deus e que se pudéssemos conhecer as leis do movimento, teríamos desvendado o segredo divino.

Oliver Lodge, nosso segundo ateu, foi um grande cientista experimental e depois se tornou uma figura de projeção na Inglaterra do início do século XX. Sua história tangencia a de Chesterton num episódio fortuito. Ele foi convidado pela Coroa Britânica a ser reitor da recém fundada Universidade de Birmingham. Ele aceitou o cargo em 1909, quando já era um cientista muito famoso. Logo depois de assumir o cargo, ele teria convidado Chesterton para assumir um cargo de professor de Literatura na universidade nascente, o que Chesterton polidamente recusou. Depois, em vários artigos de jornal, Chesterton critica o já então Sir Oliver Lodge, por suas idéias, ora materialistas, ora espíritas. Sim, o empedernido ateu, depois da morte de sua esposa, se tornou adepto do espiritismo. Acabou seus dias se dedicando à comunicação com os mortos, certamente almejando conversar com sua esposa. Triste fim para um homem com tantos dons especiais, que está reservado a todo aquele que despreza as Revelações de Nosso Senhor e a Sua Igreja.

Mas a história, do ponto de vista científico, é muito interessante e espero que os leitores gostem.


24/10/2011

São Francisco, o padre e o cão


Vejo a foto no Fratres e penso várias coisas. Em primeiro lugar, penso na minha cadela Mila que morreu há dois meses. Ela ganhava grandes beijos de todos aqui de casa. Depois, penso que padre só deve se ajoelhar diante de Deus e logo imagino: será que este padre dá comunhão a quem está de pé, ou exige que o fiel se ajoelhe? Sim, porque ele entende que ajoelhar-se é, no mínimo, homenagear, demonstrar respeito, carinho, amor. Daí, penso também: será que ele usa batina o tempo todo, ou foi só para beijar o cão que ele a usou? Ao sair, será que ele foi logo colocando uma calça jeans? Mas a referência que mais me deteve foi a São Francisco de Assis. Sei que os ateus modernos gostam de São Francisco porque o vêem como um ambientalista avant la lettre. Parece que o padre também o vê assim, um amante da natureza, um panteísta como os ecologistas modernos. Pena que o padre não leu a biografia que Chesterton escreveu sobre São Francisco, pois, se tivesse lido, leria o seguinte. [Uso aqui a 3a. edição da Ediouro, 2001]

“São Francisco não era amante da natureza. Se entendermos essa expressão de maneira adequada, amante da natureza é exatamente o que ele não era. Do contrário, aceitaria o universo material como um ambiente vago, uma espécie de panteísmo sentimental. No período romântico da literatura inglesa, na época de Lord Byron e de Sir Walter Scott, era bem fácil imaginar que um eremita nas ruínas de uma capela (de preferência à luz da lua) pudesse encontrar a paz e algum prazer na harmonia de florestas solenes e estrelas silenciosas, enquanto pensava em algum pergaminho ou volume com iluminuras, sobre a natureza litúrgica de que o autor falou um tanto por alto. Em resumo, o eremita poderia amar a natureza como um segundo plano. Ora, para São Francisco nada estava em segundo plano. Poderíamos dizer que sua mente não comportava um segundo plano, exceto talvez a divina escuridão a partir da qual o amor divino anunciara uma a uma cada criatura dotada de cor. Ele via todas as coisas como personagens dramáticos, distintos de seu cenário, jamais como um quadro, mas em ação, como numa peça teatral. Um pássaro se aproximava dele com uma flecha; algo como uma história e um propósito, mas que era propósito de vida, não de morte. Um arbusto o fazia parar do mesmo modo que uma brigada; e ele estava igualmente pronto para dar as boas-vindas tanto à brigada como ao arbusto.

“Em uma palavra, estamos falando de um homem que não tomava a floresta pelas árvores. São Francisco era um homem que não tomava a floresta pelas árvores. Queria ver cada árvore como algo separado e quase sagrado, como um filho de Deus e, portanto, como irmão ou irmã do homem. Mas não queria ficar à frente de um cenário usado apenas como pano de fundo e demarcado: “Cenário: uma floresta”. Poderíamos dizer que ele era dramático demais para o drama. (...) Ele não chamava a natureza de mãe; chamava um burrico específico de irmão ou uma pomba de irmã. Se chamasse uma garça de tia ou um elefante de tio, como possivelmente o faria, ainda assim estaria indicando que ele eram criaturas específicas às quais o Criador atribuíra um lugar particular, não meras expressões da energia evolutiva das coisas. É nisso que seu misticismo se aproxima tanto do senso comum da criança. Uma criança não tem dificuldades para entender que Deus fez o cão e o gato, mesmo que saiba bem que a criação de cães e gatos a partir do nada é um processo misterioso que está além de sua imaginação. Mas nenhuma criança entenderia qual a intenção de se misturar o cão, o gato e tudo o mais para formar um monstro como inúmeras pernas e dar a ele o nome de natureza. A criança se recusaria terminantemente a entender um animal assim. São Francisco era um místico, mas acreditava no misticismo, não na mistificação. Como místico, era inimigo mortal de todos os místicos que diluíam as extremidades das coisas e as faziam desaparecer em seu ambiente. Era um místico da luz do dia e da escuridão, mas não um místico do crepúsculo. Era exatamente o oposto do visionário oriental que só é místico porque é cético demais para ser materialista.”


19/10/2011

Hoje é dia de São Pedro de Alcântara, o Padroeiro do Brasil.

São Pedro de Alcântara foi confirmado Padroeiro do Brasil, por solicitação de D. Pedro I, pelo Papa Leão XII, em 31 de maio de 1826.

A oração ao nosso padroeiro, que constava dos Missais até a década de 1940, é a seguinte:

Ó grande amante da Cruz e servo fiel do divino Crucificado, São Pedro de Alcântara; à vossa poderosa proteção foi confiada a nossa querida Pátria brasileira com todos os seus habitantes.

Como varão de admirável penitência e altíssima contemplação, alcançai aos vossos devotos estes dons tão necessários à salvação.

Livrai o Brasil dos flagelos da peste, fome e guerra e de todo mal. Restituí à Terra de Santa Cruz a união da fé e o verdadeiro fervor nas práticas da religião.

De modo particular, vos recomendamos, excelso Padroeiro do Brasil, aqueles que nos foram dados por guias e mestres: os padres e religiosos.

Implorai numerosas e boas vocações para o nosso país.

 Inspirai aos pais de família uma santa reverência a fim de educarem os filhos no temor de Deus não se negando a dar ao altar o filho que Nosso Senhor escolher para seu sagrado ministério.

Assisti, ó grande reformador da vida religiosa, aos sacerdotes e missionários nos múltiplos perigos de que esta vida está repleta.

Conseguí-lhes a graça da perseverança na sublime vocação e na árdua tarefa que por vontade divina assumiram.

Lá dos céus onde triunfais, abençoai aos milhares de vossos protegidos e fazei-nos um dia cantar convosco a glória de Deus na bem-aventurança eterna. Assim seja.

É forçoso querido Padroeiro, que adicionemos mais uma súplica a esta bela oração: Livrai o Brasil dos flagelos do comunismo e do abortismo.

O que vai abaixo é a tradução do blog da vida de São Pedro de Alcântara escrita por Pe. Alban Butler, um dos grandes hagiólogos de todos os tempos, de quem o blog já traduziu a vida de São José. Butler escreveu a vida dos santos em doze volumes que foram publicados entre 1779-1780, obra que é considerada uma reprodução resumida, mas fiel, da famosa Acta Sanctorum.

A Oratio da Missa Tridentina de 19 de outubro, dedicada a este santo reza:

Ó Deus, que fizestes brilhar S. Pedro, vosso Confessor, com os Dons de uma admirável penitência e de uma contemplação sublime, permiti, Vos pedimos, que, auxiliados com os seus méritos, e mortificando a nossa carne, obtenhamos mais facilmente os bens celestiais.

Com a palavra, Pe. Butler.

17/10/2011

Santa Margarida Maria Alacoque, rogai por nós!

Hoje é dia de Santa Margarida. Fiz um vídeo sobre sua vida e mensagens recebidas de Nosso Senhor que espero seja útil a todos. Repito aqui as palavras da Coleta da Missa Tridentina de hoje, 17 de outubro:

Senhor Jesus Cristo, que Vos dignastes revelar à bem-aventurada Margarida Maria as insondáveis riquezas do vosso Coração, fazei por seus merecimentos que, amando-Vos, a seu exemplo, em tudo e sobre todas as coisas, mereçamos ter morada para sempre no vosso divino Coração. Vós que viveis e reinais.




14/10/2011

Missa Tridentina em Betim e Contagem: atualização.

Seguem informações auspiciosas e atualizadas das Missas em Betim e Contagem. São Pio V, rogai por nós!

Em Contagem/MG, a primeira missa será celebrada no dia 02 de novembro de 2011 (dia dos fiéis defuntos) as 10:00 na Igreja de São Geraldo que se localiza na Rua Cruzeiro do Sul, 410, bairro Novo Progresso (esquina com Rua Balneário). Contatos pelo telefone 9991-1622 - Falar com Rafael Horta.

Em Betim/MG, a primeira missa será celebrada no dia 17 de novembro de 2011 (quinta-feira), as 19:00 na Igreja de São Judas Tadeu situada a Avenida Luiz de Souza Braz, 270, bairro Bueno Franco. Contatos aqui neste blog ou no facebook ou por e-mail (gmoreiradeabreu@yahoo.com.br).

Missa Tridentina em Betim

Rafael e Geovanne, dois lutadores pela Missa de Sempre em Betim, MG, criaram um blog específico sobre a Missa. Já há um padre interessado em celebrar e os moradores de lá estão prestes a poder mergulhar neste manancial infinito de graças de Nosso Senhor. 

Lembrem-se de que não há nada mais belo neste mundo que a Missa Tridentina; nada que nos proporcione maior número de graças dos céus que o Rito de São Pio V.

Que Deus lhes cubra de bençãos, caros Rafael e Geovanne!

13/10/2011

50 anos de Vaticano II: uma pesquisa acadêmica resolverá a hermenêutica do CVII.

Recebo do amigo e irmão na Fé, Renato Salles, a notícia cujo trecho vai abaixo. Comento logo a seguir.

Exatamente em um ano, a Pontifícia Comissão para as Ciências Históricas organizará, em  colaboração com o Centro de Estudos sobre o Concílio Vaticano II, um congresso  internacional em Roma (3 a 6 de outubro de 2012) sobre a interpretação do Concílio, no qual serão  fixados os critérios para essa pesquisa. "Será o ponto de chegada de uma ampla pesquisa internacional realizada pela Sociedade de História Eclesiástica e pelas Associações de Arquivística Eclesiástica de diversas nações, sob a égide do Pontifício Comitê de Ciências Históricas".

O Centro de Estudos sobre o Concílio Vaticano II da Pontifícia Universidade Lateranense  também é o promotor de um ciclo de conferências organizadas em colaboração  com o Centre  Saint-Louis de France. Os encontros serão realizados entre fevereiro e maio de 2012 sobre o tema "Reler os grandes textos do Concílio Vaticano II. História e teologia".

Dom Enrico dal Covolo esclarece que a Pontifícia Universidade Lateranense  pretende examinar “sem preconceitos nem conclusões predeterminadas todas  as cartas disponíveis sobre os trabalhos do Concílio, começando com as anotações e os diários dos pais e dos peritos teológicos que participaram da elaboração das declarações e dos outros documentos aprovados”.

“Só assim, isto é, com um trabalho verdadeiramente científico e imparcial, será possível verificar qual das duas hermenêuticas, de fato, é a mais correta. Para trazer tudo à luz como nos propomos – explica o reitor –, o trabalho de pesquisa deverá ser absolutamente imparcial”. Para o bispo salesiano, a reflexão referente à "vexata quaestio" [questão polêmica] da hermenêutica do Concílio é emblemática da missão de uma universidade como a Lateranense.

Bem, caros leitores, estamos agora todos tranqüilos. Depois de uma pesquisa internacional conduzida pela “Sociedade de História Eclesiástica e pelas Associações de  Arquivística Eclesiástica de diversas nações, sob a égide do Pontifício Comitê de Ciências Históricas”, tudo se esclarecerá sobre o CVII. Todos sabem que o que faltava era uma pesquisa acadêmica, destas que terminam em dissertações e teses, para que a Igreja descobrisse o que significou o Concílio Vaticano II.

O bispo Dom Enrico dal Covolo ainda nos esclarece que a Pontifícia Universidade Lateranense pretende examinar “sem preconceitos nem conclusões predeterminadas todas as cartas disponíveis sobre os trabalhos do Concílio, começando com as  anotações e os diários dos pais e dos peritos teológicos que participaram da  elaboração das declarações e dos outros documentos aprovados. Só assim, isto é, com um trabalho verdadeiramente científico e imparcial, será possível verificar qual das duas hermenêuticas, de fato, é a mais  correta.” 

12/10/2011

A CRUZ DO ROSÁRIO

No dia de Nossa Senhora Aparecida, uma historinha de criança para abrir os olhos dos adultos.


Sobre S. Pedro, o chaveiro do céu, há várias lendas, sendo a seguinte bastante interessante e instrutiva.

Dizem que, um belo dia, S. Pedro fechou a porta do céu por fora e veio dar umas voltas pelo mundo, para ver como andavam as coisas por aqui. Parecia-lhe que estava chegando pouca gente ao céu e era preciso conhecer a causa dessa triste situação.

Terminado o seu inquérito, e achando mais prudente não conceder entrevista aos jornais bisbilhoteiros, dirigiu seus apressados passos lá para cima. Aconteceu, porém, que, ao chegar à porta do paraíso, meteu a mão nos bolsos e, ai! não encontrou mais a chave. Perdera-a e não sabia nem onde nem como. Que fazer em tamanha aflição?

- Descerei de novo à terra, disse, e procurarei um bom serralheiro que me faça um,a nova chave.
De fato, não custou a encontrar um muito entendido e disse-lhe:
- Olhe, eu preciso com urgência de uma chave para abrir a porta do céu. Você pode fazê-la?
- Perfeitamente, mas custará mais, porque há de ser uma chave extraordinária.
- Que homens! disse consigo S. Pedro, nem para o céu fazem uma chave de graça!... Bem! Não há dúvida; vamos lá para cima.

10/10/2011

50 anos de Vaticano II: como os padres se vestiam antes do CVII.


UFA! Que bom ver padres vestidos como padres. E vejam que ousadia de alguns: com o Crucifixo no peito! Só mesmo a FSSPX para nos brindar com uma cena dessas. 

Isto já é parte da resposta à Roma, certamente. Ou seja, o pré-preâmbulo doutrinal da FSSPX é este: padre usa batina e ponto final.


Do FratresInUnum


07/10/2011

Sermão de Johann Tauler: os cinco pórticos da piscina Betesda.

Nota do blog: o Pe. Tauler foi um dos grandes sermonistas da Igreja e uma figura proeminente na Alemanha do século XIV. Dois outros textos do padre Tauler se encontram aqui e aqui.

No Evangelho de São João (João 5:1-11), lemos que Jesus foi a Jerusalém num dia de festa dos Judeus. Havia uma piscina com cinco pórticos, onde um grande número de enfermos jazia esperando que um anjo do Senhor descesse e agitasse as águas da piscina. A primeira pessoa que mergulhasse na água depois de ela ser agitada seria curada de sua doença. Havia um homem cuja doença durava já trinta anos. Quando o senhor Jesus o viu e soube que ele lá jazia por tanto tempo, Ele disse: “Queres ser curado?” O doente respondeu: “Senhor, não tenho ninguém que me lance na piscina, tão logo a água seja posta em agitação; e, enquanto eu vou, outro desce antes de mim.” Nosso Senhor disse: “Levanta-te, toma a tua enxerga e anda.” Ele foi perguntado logo depois, mas ele não sabia se fora Jesus que tinha feito aquilo por ele. Mais tarde, contudo, nosso Senhor o encontrou e disse: “Eis que ficaste curado. Não tornes a pecar, para não te suceder coisa pior.”

Essa piscina de água significa o Filho, nosso querido Senhor Jesus Cristo, e as águas que se agitam na piscina significam o Precioso Sangue do Filho querido de Deus, que é Deus e homem. Ele nos lavou totalmente em Seu precioso sangue, e em Seu amor Ele lavará todos os que vierem a Ele até o final dos tempos. O grande número de enfermos que esperavam, nas margens da piscina, a agitação das águas significa, em certo sentido, toda a raça humana. Eles esperaram por toda a vida, sob a Lei Antiga, e depois que morreram, esperaram no limbo até que o Precioso Sangue nessa adorável piscina pudesse se agitar para curá-los; pois até que isso acontecesse, eles nunca conseguiriam recuperar sua saúde e ser salvos. Mesmo atualmente, quando nossa salvação já foi forjada, ninguém pode ser salvo, ou recuperar a saúde, exceto por meio da maravilhosa água da piscina, isto é, do sangue de nosso Senhor Jesus Cristo. E o doente que não vier a ela, deve morrer e perecer eternamente.

Havia cinco pórticos que levavam a essa piscina. Num certo sentido, eles significam as cinco chagas de nosso Senhor, por meio das quais e nas quais somos todos curados. Mas em outro sentido, esses cinco pórticos significam cinco virtudes que devemos praticar. Cada um de nós precisa de todas elas, mas cada um é mais particularmente doente numa parte de sua natureza que o outro e, portanto, precisa de exercitar uma particular virtude mais que as outras. O primeiro pórtico, a primeira virtude a ser praticada, é uma profunda e abjeta humildade. Um homem deve se considerar um nada. Deve saber como subjugar-se pacientemente a Deus e a todas as Suas criaturas, e aceitar tudo, qualquer que seja sua causa, como vindo diretamente de Deus e de ninguém mais. Deve confiar em Deus com humilde temor, desprezando-se verdadeiramente em tudo que lhe ocorrer, tanto na alegria quanto na tristeza, na riqueza ou na pobreza.

04/10/2011

Leitor em dúvida sobre seminário da PUC/Pernambuco: o que uma universidade católica deve ensinar?


Leitor deixa o comentário abaixo no post 50 anos de Vaticano II: Simpósio Gaysista na PUC do Pernambuco. A seguir, tento respondê-lo.
 

1. Concordo com enfoque católico e até mesmo apóio a veemência.
2. Porém, cumpre indagar: a PUC/Pernambuco promove Simpósio em um de seus Cursos de Direito?
3. Porque se assim for, a discussão (não religiosa) do tema é inafastável. A formação do Bacharel em Direito (ainda que pela PUC) não pode prescindir da discussão (no âmbito civil) das relações denominadas "homoafetivas". Recentemente o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu sobre conversão de "união estável" em "casamento" (CIVIL, VALE REPISAR); adoção de órfãos por casal homossexual e assim por diante. Como poderia um aluno de Direito ficar fora dessa discussão no ãmbito do direito civil e do direito constitucional? Até que ponto uma Universidade Católica poderia suprimir o ensino da matéria, tal como é vista hoje pelos Tribunais Superiores (e não pelas Ordens Religosas).
Essa a reflexão que tomo a liberdade de trazer. Ainda somada a uma sincera indagação: como tratar com amor cristão aquele que  psicologicamente não se sente pertencente ao sexo físico? A OMS até já classificou o quadro como distúrbio psiquiátrico. Até o SUS (já tão enfraquecido no suporte da saúde pública em geral) autoriza cirurgia nesses casos de "extremo sofrimento emocional" por parte do "paciente" homossexual, desde que mediante fundamentado e minucioso atestado médico-psíquiátrico. Fraternalmente (e lembrando que não sou homossexual),  JBM.
 
Caro JBM,

Há variados aspectos no que você escreve. O primeiro deles, que salta aos olhos, é o seguinte: você divide a questão em dois âmbitos, o civil (jurídico, social, político) e o religioso (de cunho pessoal, individual). Essa divisão é derivada do protestantismo e apareceu fortemente com a reforma. Ela tem várias roupagens além da que você expressa. Uma delas, por exemplo, é a que divide fé e razão. A idéia por traz disso tudo é o liberalismo que acolhe sob o manto do estado todas as religiões desde que elas não interfiram com a administração estatal; administração da justiça, da economia, das relações sociais. Esta é a raiz do ecumenismo moderno, que infelizmente infesta a nossa amada Igreja. Contra tudo isso se levanta o Papa Pio XI com sua encíclica Quas Prima, de leitura obrigatória a todo o católico. Esta encíclica nos lembra o Reinado Social de Nosso Senhor e estabelece a festa de Cristo-Rei, rei com poder absoluto sobre tudo, sobre todos os aspectos de nossa vida, incluindo-se aí o jurídico, econômico, social, pessoal, psicológico, etc.

Outro aspecto de seu comentário é suas referências à OMS, SUS, sociedades psiquiátricas, etc. Ora, estas instituições em si, não são nada frente ao Reinado Social de Nosso Senhor. Agora, se você estudar um pouquinho mais sobre cada uma delas, você perceberá que nenhuma delas tem estofo moral para sequer sugerir como você deve cortar suas unhas. Se você estudar um pouquinho a história de como essas autoridades modernas que, falando em nome de uma suposta ciência, querem controlar todos os aspectos de nossas vidas, você se convencerá do que digo. Leia, por exemplo: Hope of the Wicked, de Ted Flynn; Libido Dominandi: Sexual Liberation and Political Control, de E Micharel Jones; The Acendancy of the Scientific Dictatorship, de Phillip. D. Collins e Paul. D. Collins; e Sexual Sabotage, de Judith Reisman.

Você pergunta: Até que ponto uma Universidade Católica poderia suprimir o ensino da matéria, tal como é vista hoje pelos Tribunais Superiores (e não pelas Ordens Religiosas)? Ora bolas”! uma Universidade Católica deve ensinar o que a Igreja ensina há milênios: sua doutrina religiosa e social, que inclui todos os aspectos da vida em sociedade. Deve ensinar também, é claro, o que acontece nas sociedades atuais, mas da perspectiva católica (se quiser, da perspectiva das Ordens Religiosas, como você se expressou). O problema é que nossas universidades católicas já não acreditam que a doutrina da Igreja inclui todos os aspectos da vida em sociedade; não acredita que na Igreja há resposta para todas as mais importantes indagações humanas. O problema com nossas universidades católicas é que elas já não mais são católicas.

Você ainda pergunta: como tratar com amor cristão aquele que psicologicamente não se sente pertencente ao sexo físico? Uma resposta simples: devemos tratar desta forma.

Como você vê, já não nos é possível ser católico sem muito estudo, exceto se formos brindados com graças especiais de Deus. Isso acontece porque já não vivemos, como durante séculos no passado, sob um imaginário católico, mas sim sob um imaginário ateu. Plagiando uma suposta frase de Chesterton que ninguém nunca encontrou em suas obras, o ateu não é aquele que não acredita em Deus, mas aquele que O substitui por todo o tipo de coisas que lhe parecem mais convenientes no momento, sempre fundamentado pela divindade-mor que é o cientificismo, ou a mistificação da ciência. Ou seja, o ateu moderno se assemelha mais a um politeísta materialista, muito mais rasteiro e rude que o politeísta da antiguidade greco-romana. Este ateísmo é hoje um de nossos maiores inimigos; quando caímos em suas garras, podemos ter certeza que estamos nos afastando da Igreja de Nosso Senhor, a Igreja Católica, a única que salva. É o que acontece com nossas PUC’s.